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Departamento de Matemática da FCTUC

Análise Matemática I

Licenciatura e Mestrado Integrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores


25 de janeiro de 2022 Segunda Frequência

Resolução

1. Averigúe a natureza do integral impróprio


Z +∞ √
x+53x+1+2
dx
1 x5 + 1
Resposta:
Por definição, o integral impróprio é convergente se existir o limite seguinte:

M √
x+53x+1+2
Z
lim dx
M →+∞ 1 x5 + 1
Isto implica calcular primeiro o integral dependente de M e depois calcular o limite. Mas não nos
pedem para determinar o valor do integral que, se existir, será o valor do limite obtido. Por isso
poderemos recorrer a um dos critérios de comparação e determinar apenas se o integral impróprio
é convergente ou divergente. Há duas possibilidades.

Primeira resolução: Observemos que



x+53x+1+2 x + 5(x + 1) + 2 1 1
< =6 4 +7 5
x5 + 1 x5 x x
Sabemos que o integral impróprio
Z +∞
1
dx
1 xα
é convergente quando α > 1 pelo que a função integranda dada sendo positiva e majorada pela
função integranda de um integral impróprio convergente é também ele convergente. Assim, o integral
impróprio dado é convergente.
Segunda resolução: Poderemos comparar a função integranda com outra função desde que o
limite do quociente seja real e positivo. Neste caso temos
√ √
x+5 3 x+1+2
x5 +1 x5 + 5x4 3 x + 1 + 2x4
lim 1 = lim =1
x→+∞
x4
x→+∞ x5 + 1

Logo, o integral impróprio dado e o integral impróprio


Z +∞
1
dx
1 x4
são da mesma natureza. Como este é convergente o integral impróprio dado é também convergente.

1
2. (a) Utilize uma substituição adequada para mostrar que
Z
1
dx = x − ln(1 + ex ) + C
ex +1
Resposta:
Consultando a tabela concluı́mos que se deve utilizar a substituição ex = t. Como x0 (t) = 1/t
temos
Z Z Z
1 1 1 1
dx = dt = dt
ex + 1 t+1 t t(t + 1)
Trata-se da primitiva de uma fração racional pelo que, decompondo em frações simples se
conclui que
Z Z Z
1 1 1
dt = dt − dt = ln t − ln(1 + t) = x − ln(1 + ex ) + C
t(t + 1) t t+1
(b) Resolva em R a seguinte equação diferencial:

1
y0 = .
(ex + 1)(y + 1)
Resposta:
Trata-se de uma equação de variáveis separáveis pois se pode pôr na forma:

1
(y + 1)y 0 = .
ex + 1
Integrando obtemos
Z Z
1
(y + 1) dy = dx
ex + 1
e recorrendo à primitiva calculada na alı́nea anterior concluı́mos que:

y2
+ y = x − ln(1 + ex ) + C
2
(c) Determine a função y cujo gráfico passa pelo ponto (0, 1) e em que os declives das retas
tangentes ao gráfico de y satisfazem a equação diferencial:

e−x
y0 = − y.
(ex+ 1)
Resposta:

Pretende-se determinar y(x) que satisfaça

e−x
y0 = − y.
(ex+ 1)
Mas esta igualdade pode ser escrita como

e−x
y0 + y = .
(ex+ 1)
Trata-se de uma equação linear de primeira ordem que pode ser resolvida por dois métodos
diferentes, o método do fator integrante e o método da equação homogénea.

Resolução pelo método da equação homogénea:

2
A equação homogénea correspondente é y 0 + y = 0. A solução é y(x) = ke−x . Fazendo
”variar a constante” k, substituı́mos y(x) = k(x)e−x na equação completa e obtemos, depois
de simplificação, o seguinte:

1
k 0 (x) =
ex +1
Usando a primitiva calculada na primeira alı́nea concluı́mos que

k(x) = x − ln(1 + ex ) + C
e assim

y(x) = (x − ln(1 + ex ) + C)e−x

Finalmente temos de determinar a constante C para obter a função y(x) cujo gráfico passa pelo
ponto (0, 1). Terá de ser pois 1 = (0 − ln(1 + e0 ) + C)e0 pelo que C = 1 + ln 2 e assim a função
pedida é

y(x) = (x − ln(1 + ex ) + 1 + ln 2)e−x

3. A equação diferencial

d2 x
m +kx = 0
dt2
representa uma mola esticada x(t) unidades a partir do seu tamanho natural, que varia com o
tempo t. A mola tem massa m e k é a constante elástica, que é positiva.

(a) Determine a solução geral da equação diferencial.

Resposta:

Trata-se de uma equação diferencial linear de segunda ordem homogénea de coeficientes con-
stantes. Para a resolver recorremos à equação auxiliar ou caracterı́stica mr2 + k = 0.qEsta
k
equação algébrica do segundo grau tem duas soluções imaginárias conjugadas r = +i m e
q
k
r = −i m . Assim, a solução geral da equação diferencial dada é
r r
k k
x(t) = C1 cos( t) + C2 sin( t)
m m
(b) Pela Lei de Hooke, se uma mola for esticada x unidades a partir do seu tamanho natural,
então ela exerce uma força que é proporcional a x e igual a −kx. Suponha que a mola tem uma
massa de 2 kg e tem comprimento natural de 0,5 m. Uma força de 25,6 N é necessária para
mantê-la esticada até um comprimento de 0,7 m. Se a mola é esticada até um comprimento de
0,7 m e, em seguida, libertada com uma velocidade inicial nula, encontre a posição da massa
em qualquer momento t.
Resposta:

Com os dados fornecidos teremos de determinar as constantes C1 e C2 . Dos dados obtemos


que 25, 6 = −k(−0, 2) pelo que k = 128. É dado que m = 2. Temos ainda x(0) = −0, 2 e
x0 (0) = 0. Temos pois

k k
x(0) = C1 cos(0) + C2 sin(0), x0 (0) = −C1 sin(0) + C2 cos(0)
m m
Finalmente obtemos C1 = −0, 2, C2 = 0. A posição da massa em qualquer momento t será
dada por:

3
r
128
x(t) = −0, 2 cos( t) = −0, 2 cos(8t)
2
4. Escolha apenas duas das quatro afirmações seguintes e diga, justificando, quais são verdadeiras e
quais são falsas. No caso das falsas, justifique a resposta apresentando um contra-exemplo:
 
ln x
(a) x, 2 é um sistema fundamental de soluções da equação x3 y 000 + 6x2 y 00 + 4xy 0 − 4y = 0.
x
Resposta:
Falsa, pois um sistema fundamental de soluções de uma equação diferencial linear de terceira
ordem deve ter três funções e não apena duas.
Z 1
1
(b) dx = 2.
−1 x2
Resposta:

Este é um integral impróprio pois a função integranda não é limitada no intervalo de integração
[-1,1]. Assim teremos de decompor o integral
Z 1 Z 0 Z 1
1 1 1
dx = dx + dx
−1 x2 −1 x2 0 x2
Para que o integral impróprio seja convergente (e possa ter um valor numérico) é preciso que
ambos os integrais impróprios do lado direiro sejam convergentes. Temos
Z M  M  
1 1 1
lim dx = lim − = lim − − 1 = +∞
M →0− −1 x2 M →0− x −1 M →0− M
Assim este integral impróprio é divergente e o integral impróprio dado é divergente e a
afirmação é pois falsa. Note-se que não é preciso calcular o segundo integral pois basta que
um dos dois seja divergente para o dado ser divergente.
Z x
2 2
(c) e−t dt é uma primitiva de −ex .
0

Resposta:

Pelo Teorema Fundamental do Cálculo Integral temos que


Z x 
d −t2 2
e dt = e−x
dx 0

pelo que a afirmação é falsa.

(d) yp (x) = cosh x é solução particular da equação diferencial sinh x y 00 − cosh x y 0 − 4y = 5 sinh x.

Resposta:

Para determinar se a função dada é solução da equação diferencial dada temos de substituir a
função na equação e ver se obtemos suma igualdade verdadeira. Temos

sinh x yp00 (x) − cosh x yp0 (x) − 4yp (x) = 5 sinh x

sinh x cosh x − cosh x sinh x − 4 cosh x = 5 sinh x

4
−4 cosh x = 5 sinh x
Como obtemos uma igualdade falsa, a função yp (x) = cosh x não é solução da equação difer-
encial sinh x y 00 − cosh x y 0 − 4y = 5 sinh x pelo que a afirmação dada é falsa.

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