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CÁLCULO 2 – ESTATÍSTICA
(MONTAGEM A PARTIR DE PARTES DAS NOTAS DE AULAS DAS DISCIPLINAS
CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL 1 E 3 DO CURSO DE MATEMÁTICA)
EDSON AGUSTINI
MATEMÁTICA
IMPORTANTE:
Sumário
1 Integrais Indefinidas 5
1.1 Primitivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.2 Algumas Primitivas Imediatas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.3 Técnicas de Integração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.3.1 Método da Substituição (ou Método da Mudança de Variáveis) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.3.2 Método da Integração por Partes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.3.3 Método da Integração de Funções Racionais por soma de Frações Parciais . . . . . . . . . . . . 14
Seção de Exercı́cios Propostos: Integrais Indefinidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2 Integrais Definidas 21
2.1 Integrais e Áreas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.2 O Teorema Fundamental do Cálculo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.3 Técnicas de Integração na Integral Definida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.3.1 O Método da Substituição (ou Método da Mudança de Variáveis) na Integral Definida . . . . . 31
2.3.2 O Método da Integração por Partes na Integral Definida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
2.4 Integrais Definidas em Coordenadas Polares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.4.1 O Sistema de Coordenadas Polares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.4.2 Curvas e Funções em Coordenadas Polares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
2.4.3 Áreas e Integrais Definidas no Plano Polar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
Seção de Exercı́cios Propostos: Integrais Definidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3 Integrais Impróprias 43
Seção de Exercı́cios Propostos: Integrais Impróprias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Capı́tulo 1
Integrais Indefinidas
1.1 Primitivas
Recordemos que uma função f com domı́nio X ⊂ R e contradomı́nio R, que associa cada elemento x ∈ X a um
único elemento y ∈ R, é denotada por f : X ⊂ R → R, y = f (x).
Geralmente, quando não há dúvidas sobre o domı́nio e contradomı́nio de f, é comum indicar a função apenas pela
expressão analı́tica de f. Por exemplo, f (x) = x2 indica a função f com domı́nio R e contradomı́nio R que associa x
em R a y = x2 também em R.
Às vezes utilizamos a notação mais completa para indicar uma função:
f: X⊂R −→ R .
x 7−→ y = f (x)
Dada uma função f : X ⊂ R → R, y = f (x), uma primitiva (ou antiderivada) de f em X é uma função derivável
F : X ⊂ R → R, y = F (x), tal que
F0 (x) = f (x)
para qualquer x ∈ X.
Por exemplo, F (x) = cos (x) + 1 é uma primitiva de f (x) = − sen (x), pois F0 (x) = f (x) para qualquer x ∈ R.
Observemos que a definição acima não estabelece unicidade de primitiva para f. De fato, podem existir infinitas
funções F tais que F0 = f. Por exemplo, F1 (x) = x2 + 1, F2 (x) = x2 + 2 são primitivas de f (x) = 2x, pois F01 (x) =
F02 (x) = f (x).
Neste ponto é natural questionar a respeito da relação entre as primitivas de uma dada função. A proposição
abaixo esclarece a esse respeito.
Proposição 1.1 Se F1 , F2 : X ⊂ R → R são primitivas de f : X ⊂ R → R, então existe k ∈ R tal que F1 (x) = F2 (x) + k
para qualquer x ∈ X, ou seja, as primitivas de uma função diferem apenas por uma constante.
Proposição
R 1.2 (Propriedades
R da integral
R indefinida) Sejam f, g : X ⊂ R → R integráveis e α constante real.
(1) R (f (x) ± g (x)) dxR = f (x) dx ± g (x) dx;
(2) (αf (x)) dx = α f (x) dx.
0 0 R
(2) Como (αF (x))
R = αF (x) = αf R (x) temos αf (x) dx = αF (x).
Conclusão: (αf (x)) dx = α f (x) dx.
R
√ −1 dx = arccos (x) + k, −1 < x < 1.
1−x2
R √
3x2 + 5 + 3
Exemplo 1.2 (i) Calculemos x dx.
Temos:
Z Z Z Z
√ 1 4
3x2 + 5 + 3x2 dx + 5dx + x 3 dx = x3 + k1 + 5x + k2 + 34 x 3 + k3
3
x dx =
√
= x3 + 5x + 34 x 3 x + k.
R 4 √x
(ii) Calculemos x +3 √3
x
dx.
Temos:
Z √
ZÄ ZÄ Z Z Z
x4 +3 x 4− 1 1
− 1
ä 11 1
ä 11 1
11
−1 11 +1 1
√
3
x
dx = x 3 + 3x 2 3 dx = x + 3x dx = x dx + 3x dx = 3 + 1
3 6 3 6 x 3 + k1 + 3 x 6 dx
−1 1 +1
3 14 3 14
Ä 7 ä
= 14 x 3 + k1 + 3 61 + 1 x 6 + k2 = 14 x 3 + k1 + 3 67 x 6 + k2
√ √
3 4 3 2
= 14 x x + 18 6
7 x x + k.
R
sec2 (x) + x22 dx.
Exemplo 1.3 (i) Calculemos
Temos:
Z Z Z Z
−1
sec2 (x) + x22 dx = sec2 (x) dx + 2x−2 dx = tg (x) + k1 + 2 x−2 dx = tg (x) + k1 + 2 x−1 + k2
2
= tg (x) − x + k.
R x
x
(ii) Calculemos 2 sen 2 cos 2 dx.
Temos:
Z Z
x x
2 sen 2 cos 2 dx = sen (x) dx
= − cos (x) + k.
R 2
Exemplo 1.4 (i) Calculemos x2x+1 dx.
Temos:
Z Z ZÄ Z Z
x2 x2 +1−1
ä
1 1
x2 +1
dx = x2 +1
dx = 1− x2 +1
dx = 1dx − 1+x2
dx = x + k1 − arctg (x) + k2
= x − arctg (x) + k.
R √
x+√ 1−x2
(ii) Calculemos x 1−x2
dx.
Temos:
Z √
ZÄ ä Z Z
x+√ 1−x2 √ 1 1 √ 1 1
x 1−x2
dx = 1−x2
+ x dx = 1−x2
dx + x dx = arcsen (x) + k1 + ln (|x|) + k2
Lembrando que cos (x) = cos2 x2 − sen2 x2 e que sen2 x2 = 1 − cos2 x2 temos cos2 x2 = 1+cos(x)
2 . Assim,
Z x Z Z Z Z
cos2 dx = 1+cos(x)
2 dx = 12 dx + cos(x) 1 1 1 1
2 dx = 2 x + k1 + 2 cos (x) dx = 2 x + k1 + 2 sen (x) + k2
2
= 21 (x + sen (x)) + k.
R
(ii) Calculemos sen2 x2 dx.
Lembrando que cos (x) = cos2 x2 − sen2 x2 e que cos2 x2 = 1 − sen2 x2 temos sen2 x2 = 1−cos(x)
2 . Assim,
Z Z Z Z Z
sen2 x2 dx = 1−cos(x) dx = 12 dx − cos(x) 1 1 1 1
2 2 dx = 2 x + k1 − 2 cos (x) dx = 2 x + k1 − 2 sen (x) + k2
1
= 2 (x − sen (x)) + k.
Observações.
(i) A demonstração do teorema acima é uma aplicação imediata da Regra da Cadeia, pois F ◦ g : J ⊂ R → R é primitiva
de (f ◦ g) · g0 : J ⊂ R → R. De fato:
0
((F ◦ g) (x) + k) = F0 (g (x)) g0 (x) = f (g (x)) g0 (x) = (f ◦ g) (x) g0 (x) .
(ii) Um procedimento prático: chamando u = g (x) temos u0 = g0 (x) que na notação de Leibniz é du
dx = g0 (x), ou
seja, du = g0 (x) dx. Fazendo essa substituição na integral temos
Z Z
f (g (x)) g0 (x) dx = f (u) du = F (u) + k = F (g (x)) + k,
ou seja, podemos fazer uma mudança de variáveis (de x para u) com o objetivo de tornar a integral mais simples de
ser calculada.
R
Exemplo 1.6 Calculemos a integral x cos x2 dx.
Fazendo u = x2 temos du du
dx = 2x, ou seja, xdx = 2 . Logo,
Z Z Z
x cos x2 dx = cos (u) du 1 1
2 = 2 cos (u) du = 2 sen (u) + k
= 21 sen x2 + k.
R R
Fazendo a correlação com o teorema acima: x cos x2 dx = 12 cos x2 2xdx e, portanto, f (x) = cos (x), g (x) =
x2 , g0 (x) = 2x e F (x) = sen (x).
R
Exemplo 1.7 Calculemos a integral e3x dx.
Fazendo u = 3x temos du du
dx = 3, ou seja, dx = 3 . Logo,
Z Z Z
e3x dx = eu du 3 = 1 u 1 u
3 e du = 3 e + k
= 13 e3x + k.
R 3
Exemplo 1.8 Calculemos a integral (2x + 1) dx.
Fazendo u = 2x + 1 temos dx = 2, ou seja, dx = du
du
2 . Logo,
Z Z Z
3
(2x + 1) dx = u3 du 2 = 1 3
2 u du =
11 4
2 4u +k
1 4
= 8 (2x + 1) + k.
R x
Exemplo 1.9 Calculemos a integral 1+x 2 dx.
Fazendo u = 1 + x2 temos du
dx = 2x, ou seja, xdx = du2 . Logo,
Z Z Z
x
1+x2
dx = u 2 = 2 u1 du =
1 du 1 1
2 ln (|u|) + k
= 12 ln 1 + x2 + k.
= 12 arctg x2 + k.
R √
Exemplo 1.12 Calculemos a integral x 1 + x2 dx.
Fazendo u = 1 + x2 temos du du
dx = 2x, ou seja, xdx = 2 . Logo,
Z p Z Z Z 3
√
√ du 1
√ 1 1
1u
2
1
x 1 + x2 dx = u 2 = 2 udu = 2 u 2 du = 2 3 +k= 3 u3 + k
2
»
1 3
(1 + x2 ) + k.
= 3
R
Exemplo 1.13 (i) Calculemos a integral tg (x) dx, x 6= π2 + kπ, k ∈ Z.
Aqui temos um “truque”: multiplicar e dividir tg (x) por sec (x). Logo,
Z Z
tg (x) dx = sec(x) tg(x)
sec(x) dx.
du
Fazendo u = sec (x) temos dx = sec (x) tg (x), ou seja, sec (x) tg (x) dx = du. Logo,
Z Z Z
tg (x) dx = sec(x) tg(x)
sec(x) dx = 1
u du = ln (|u|) + k
= ln (|sec (x)|) + k.
R
(ii) Calcular a integral sec (x) dx, x 6= π2 + kπ, k ∈ Z.
Aqui também temos um “truque”: multiplicar e dividir sec (x) por tg (x) + sec (x). Logo,
Z Z
2
sec (x) dx = sec tg(x)+sec(x)
(x)+sec(x) tg(x)
dx.
= arcsen x2 + k.
R√
Exemplo 1.17 Calcule a integral 1 + x2 dx.
dx
Fazendo x = tg (u) temos du = sec2 (u), ou seja, dx = sec2 (u) du. Para que possamos inverter a função tangente
tomemos − π2 < u < π2 . Desta forma,
Zp Z» Z» Z
1 + x2 dx = 1 + tg2 (u) sec2 (u) du = sec2 (u) sec2 (u) du = sec3 (u) du.
O Método de Integração por Partes que veremos adiante permite calcular essa última integral:
Z
sec3 (u) du = sec(u) tg(u)+ln(|sec(u)+tg(u)|)
2 +k
ZÄ 7 5 3
5 3 1
ä u2 u2 u2
= u 2 − 2u 2 + u 2 du = 7 − 2 5 + 3 + k
2
» » » 2 2
2 7 4 5 2 3
= 7 (1 + x) − 5 (1 + x) + (1 + x) + k.
3
0
Proposição 1.4 Sejam f, g : I ⊂ R → R deriváveis. Suponhamos que (gf) : IR⊂ R → R e gf0 : I ⊂ R → R possuam
primitivas. Então, uma primitiva para fg0 : I ⊂ R → R é dada por f (x) g (x) − g (x) f0 (x) dx, ou seja,
Z Z
0
f (x) g (x) dx = f (x) g (x) − g (x) f0 (x) dx.
Observações.
(i) A proposição acima é justificada pela Regra do Produto para derivação, pois:
0 0
(f (x) g (x)) = f0 (x) g (x) + f (x) g0 (x) ⇒ f (x) g0 (x) = (f (x) g (x)) − f0 (x) g (x) ⇒
Z Z Z Z
0 0
f (x) g0 (x) dx = (f (x) g (x)) dx − f0 (x) g (x) dx = (f (x) g (x)) dx − g (x) f0 (x) dx ⇒
Z Z
f (x) g0 (x) dx = f (x) g (x) − g (x) f0 (x) dx
R 0
sendo que no cálculo de (f (x) g (x)) dx a constante de integração foi tomada nula.
R A notação
(ii) de Leibniz para derivada fornece um procedimento prático para o cálculo de integrais por partes. Em
f (x) g0 (x) dx façamos:
u = f (x) ⇒ du
dx = f (x) ⇒ du = f (x) dx
0 0
dv = g0 (x) dx ⇒ dv
dx = g0 (x) ⇒ v = g (x)
Logo,
Z Z Z Z
f (x) g0 (x) dx = f (x) g (x) − g (x) f0 (x) dx ⇒ udv = uv − vdu
dv = cos (x) dx ⇒ dv
dx = cos (x) ⇒ v = sen (x)
temos:
Z Z Z Z
x cos (x) dx = udv = uv − vdu = x sen (x) − sen (x) dx
R
(ii) Calculemos a integral x2 sen (x) dx.
Fazendo:
u = x2 ⇒ du
dx = 2x ⇒ du = 2xdx
dv = sen (x) dx ⇒ dv
dx = sen (x) ⇒ v = − cos (x)
temos:
Z Z Z Z Z
x2 sen (x) dx = udv = uv − vdu = −x2 cos (x) − − cos (x) 2xdx = −x2 cos (x) + 2 x cos (x) dx.
Assim,
Z
x2 sen (x) dx = −x2 cos (x) + 2x sen (x) + 2 cos (x) + k
R
Exemplo 1.20 Calculemos a integral arctg (x) dx.
Fazendo:
u = arctg (x) ⇒ dudx = 1+x2 ⇒ du = 1+x2
1 dx
dv = 1dx ⇒ dv
dx =1⇒v=x
temos: Z Z Z Z Z
dx x
arctg (x) dx = udv = uv − vdu = arctg (x) x − x 1+x 2 = x arctg (x) − 1+x2
dx.
R x dw
Para resolver a integral 1+x2
dx fazemos a substituição w = 1 + x2 , portanto, 2 = xdx. Logo,
Z Z
x 1 1 1 1
ln 1 + x2 + k0 .
1+x2
dx = 2 w dw = 2 ln (|w|) + k = 2
Assim, Z
1
ln 1 + x2 + k.
arctg (x) dx = x arctg (x) − 2
R
Exemplo 1.21 Calcule a integral ex cos (x) dx.
Fazendo:
u = ex ⇒ du dx = e ⇒ du = e dx
x x
dv = cos (x) dx ⇒ dv
dx = cos (x) ⇒ v = sen (x)
temos: Z Z Z Z
e cos (x) dx = udv = uv − vdu = e sen (x) − sen (x) ex dx.
x x
(∗)
R
Quanto a ex sen (x) dx procedemos por integração por partes de novo:
u = ex ⇒ dudx = e ⇒ du = e dx
x x
dv = sen (x) dx ⇒ dv
dx = sen (x) ⇒ v = − cos (x)
Logo, Z Z Z Z
ex sen (x) dx = udv = uv − vdu = −ex cos (x) − − cos (x) ex dx.
R
Exemplo 1.22 Calculemos a integral cos2 (x) dx.
Fazendo:
u = cos (x) ⇒ du
dx = − sen (x) ⇒ du = − sen (x) dx
dv = cos (x) dx ⇒ dv
dx = cos (x) ⇒ v = sen (x)
temos:
Z Z Z Z
cos2 (x) dx = udv = uv − vdu = cos (x) sen (x) − − sen2 (x) dx ⇒
Z Z
cos2 (x) dx = cos (x) sen (x) + 1 − cos2 (x) dx ⇒
Z Z Z
sen(2x)
2
cos (x) dx = 2 + 1dx − cos2 (x) dx ⇒
Z
2 cos2 (x) dx = sen(2x)
2 + x + k0 ⇒
Z
cos2 (x) dx = sen(2x)
4 + x2 + k.
R
Exemplo 1.23 Calculemos a integral x ln (x) dx, x > 0.
Fazendo:
u = ln (x) ⇒ dx = ⇒ du =
du 1 dx
x x
x2
dv = xdx ⇒ dv
dx =x⇒v= 2
temos:
Z Z Z Z
x2 x2 dx
x ln (x) dx = udv = uv − vdu = ln (x) −
2 2 x ⇒
Z Z
2
x ln (x) dx = x2 ln (x) − 12 xdx ⇒
Z
2 2
x ln (x) dx = x2 ln (x) − x4 + k ⇒
Z Ä ä
x ln (x) dx = x2 ln(x) 1
2 − 4 + k.
R
Exemplo 1.24 Calcule a integral sec3 (x) dx, x 6= π2 + kπ, k ∈ Z. (usamos essa integral no Exemplo 1.17 de
substituição trigonométrica acima)
Fazendo:
u = sec (x) ⇒ du
dx = sec (x) tg (x) ⇒ du = sec (x) tg (x) dx
dv = sec2 (x) dx ⇒ dv
dx = sec2 (x) ⇒ v = tg (x)
temos:
Z Z Z Z
sec3 (x) dx = udv = uv − vdu = sec (x) tg (x) − tg2 (x) sec (x) dx ⇒
Z Z
sec (x) dx = sec (x) tg (x) − sec2 (x) − 1 sec (x) dx ⇒
3
Z Z
sec3 (x) dx = sec (x) tg (x) − sec3 (x) − sec (x) dx ⇒
Z Z Z
sec (x) dx = sec (x) tg (x) − sec (x) dx + sec (x) dx ⇒
3 3
Z
2 sec3 (x) dx = sec (x) tg (x) + ln (|sec (x) + tg (x)|) + k0 ⇒
Z
sec3 (x) dx = sec(x) tg(x)+ln(|sec(x)+tg(x)|)
2 + k.
p(x)
Proposição 1.5 Sejam f : I ⊂ R → R dada por f (x) = q(x) função racional com coeficientes reais de tal modo que as
raı́zes de q sejam todas reais e ∂p < ∂q.Ä Então, para ä∂q = 2 existem A, B constantes reais tais que:
p(x)
(1) f (x) = q(x) = a(x−xp(x) =
1 )(x−x2 )
1 A
a x−x1 + B
x−x sendo x1 6= x2 raı́zes de q.
2
p(x) p(x)
(2) f (x) = q(x) = a(x−x )2
= a1 x−xA
1
B
+ (x−x )2
sendo x1 raiz de multiplicidade 2 de q.
1 1
p(x)
Proposição 1.6 Sejam f : I ⊂ R → R dada por f (x) = q(x) função racional com coeficientes reais de tal modo que as
raı́zes de q sejam todas reais e ∂p < ∂q. Então,
Ä para ∂q = 3 existem ä A, B, C constantes reais tais que:
p(x) p(x) 1 A B C
(1) f (x) = q(x) = a(x−x1 )(x−x =
2 )(x−x3 ) a x−x1 + x−x2 + x−x sendo x1 , x2 , x3 raı́zes distintas de q.
3
p(x) p(x)
(2) f (x) = q(x) = a(x−x )(x−x )2 = a1 x−x A B
+ x−x + (x−xC
2 sendo x1 6= x2 e x2 raiz de multiplicidade 2 de q.
1 2
1 2
2 )
p(x) p(x) 1 A B C
(3) f (x) = q(x) = a(x−x )3 = a x−x1 + (x−x )2 + (x−x )3 sendo x1 raiz de multiplicidade 3 de q.
1 1 1
x+3
R
Exemplo 1.25 Calculemos a integral x2 −3x+2 dx, x 6= 1 e x 6= 2.
2
Temos x − 3x + 2 = (x − 1) (x − 2). Assim,
x+3
x2 −3x+2
= A
x−1 + B
x−2 ⇒ x2 −3x+2
x+3
= A(x−2)+B(x−1)
(x−1)(x−2) ⇒ x + 3 = (A + B) x − 2A − B ⇒
A +B=1
⇒ A = −4 e B = 5.
− 2A − B = 3
Logo,
Z ZÄ ä ZÄ ä
x+3 A B 4 5
x2 −3x+2
dx = x−1 + x−2 dx = − x−1 + x−2 dx
x2 +2 x2 − 3x + 2
− x2 + 3x − 2 x2 + 2 = 1 x2 − 3x + 2 + 3x.
1 =⇒
3x
Logo,
Z Z Z Z
x2 +2 1(x2 −3x+2)+3x x2 +2
x2 −3x+2
= x2 −3x+2
=1+ 3x
x2 −3x+2
⇒ x2 −3x+2
dx = 1dx + 3x
x2 −3x+2
dx =x+ 3x
x2 −3x+2
dx.
R 3x
Quanto ao cálculo de x2 −3x+2
dx temos x2 − 3x + 2 = (x − 1) (x − 2). Assim,
A(x−2)+B(x−1)
3x
x2 −3x+2
= A
x−1 + B
x−2 ⇒ 3x
x2 −3x+2
= (x−1)(x−2) ⇒ 3x = (A + B) x − 2A − B ⇒
A +B=3
⇒ A = −3 e B = 6.
− 2A − B = 0
Logo,
Z ZÄ ä ZÄ ä
3x A B 3 6
x2 −3x+2
dx = x−1 + x−2 dx = − x−1 + x−2 dx = −3 ln (|x − 1|) + 6 ln (|x − 2|) + k.
Conclusão: Z
x2 +2
x2 −3x+2
dx = x − 3 ln (|x − 1|) + 6 ln (|x − 2|) + k.
R 4 +2x+1
Exemplo 1.27 Calculemos a integral xx3 −x 2 −2x dx, x 6= −1, x 6= 0 e x 6= 2.
Observemos que o grau do polinômio do numerador é maior do que o grau do polinômio do denominador. Logo,
podemos dividir um polinômio pelo outro:
x4 + 2x + 1 x3 − x2 − 2x
− x4 + x3 + 2x2 x+1
x3 + 2x2 + 2x + 1 x4 + 2x + 1 = x3 − x2 − 2x (x + 1) + 3x2 + 4x + 1 .
=⇒
− x3 + x2 + 2x
3x2 + 4x + 1
Logo,
Logo,
Z ZÄ ZÇ
− 12 7
å
3x2 +4x+1
ä
A B C
x3 −x2 −2x
dx = x+1 + x + x−2 dx = + 2 dx = − 12 ln (|x|) + 7
2 ln (|x − 2|) + k.
x x−2
Conclusão: Z
x4 +2x+1 x2 1 7
x3 −x2 −2x
dx = 2 +x− 2 ln (|x|) + 2 ln (|x − 2|) + k.
Logo,
Z Z ZÇ 1 1 3
å
2x+1 A B C 4 4 2
x3 −x2 −x+1
dx = x+1 + x−1 + (x−1)2
dx = − + + 2
dx
x+1 x−1 (x − 1)
−1
3 (x−1)
= − 41 ln (|x + 1|) + 1
4 ln (|x − 1|) + 2 −1 + k
= − 14 ln (|x + 1|) + 1
4 ln (|x − 1|) − 3
2(x−1) + k
Uma Observação Importante: Notemos que o método da frações parciais exposto acima pressupõe que as raı́zes do
polinômio do denominador sejam todas reais. Mas, e quando isso não acontece? Os dois próximos exercı́cios ilustram
essa situação.
R
Exemplo 1.29 Calculemos a integral x22x+1 +2x+2
dx.
As raı́zes do polinômio do denominador são −1 + i e −1 − i (complexas!). Logo, o método estudado acima não se
aplica. Entretanto, Z Z
2x+1 2x+1
x2 +2x+2
dx = 1+(x+1) 2 dx.
2x+3
R
Exemplo 1.30 Calculemos a integral x2 +x+1
dx.
√ √
As raı́zes do polinômio do denominador são − 12 + 23 i e − 12 − 3
2 i (complexas!). Logo, o método estudado acima
não se aplica. Entretanto,
Z Z Z Z Z
2x+3 2x+1 2 2x+1 1
x2 +x+1
dx = x2 +x+1
dx + x2 +x+1
dx = x2 +x+1
dx +2 dx
1 2 3
x+ +
Z Z Z 2
Z
4
2x+1 1 2x+1 8 1
= x2 +x+1
dx +2 Ç Å ã2 å dx = x2 +x+1
dx + 3 Ä ä2 dx.
x+ 1 2x+1
3
1+ √ 2 1+ √
3
4 3
2
du
Fazendo u = x2 + x + 1 na primeira integral temos dx = 2x + 1, ou seja, (2x + 1) dx = du.
√
2x+1 dv 2 3
Fazendo v = √
3
na segunda integral temos dx = √ , ou seja, dx =
3 2 dv.
Logo,
Z Z Z √
3 √
2x+3 1 8
x2 +x+1
dx = u du + 3
2
dv = ln (|u|) + 4 3 3 arctg (v) + k
1 + v2
√ Ä ä
= ln x2 + x + 1 + 433 arctg 2x+1
√
3
+ k.
Z Z Z Z
−4 1
(ii) xdx (vi) x dx (x) sen (2x) dx (xiv) cos (3x) + 2 sen (4x) dx
Z Z Z Z
1 1 3x
x5 dx
(iii) (vii) x3
dx (xi) cos (5x) dx (xv) 3e + sen (3x) dx
Z Z Z Ä√ Z
√ x+x2
ä sen(2x)
(iv) xdx (viii) x2
dx (xii) cos 3x dx (xvi) cos(x) dx
1 1 1 1
Exercı́cio 1.2 (i) Verifique que sen2 (x) = 2 − 2 cos (2x) e que cos2 (x) = 2 + 2 cos (2x).
(ii) ZCalcule: Z Z Z
2 2 2
(a) sen (x) dx (b) cos (x) dx (c) cos (2x) dx (d) sen2 (3x) dx
1
R
Exercı́cio 1.3 Determine α e β de modo que p−q
sen (6x)
cos (x) = 2 (sen (αx) + sen (βx)) e calcule sen (6x) cos (x) dx.
(sugestão: sen (p) + sen (q) = 2 sen p+q
2 cos 2 )
R
Exercı́cio 1.4 (Resolvido) Vamos generalizar o Exercı́cio 1.3, calculando sen (ax) cos (bx) dx, sendo |a| 6= |b| cons-
tantes fixadas.
Logo,
sen(ax+bx)+sen(ax−bx)
sen (ax) cos (bx) = 2 .
Assim,
Z Z
sen(ax+bx)+sen(ax−bx)
sen (ax) cos (bx) dx = 2 dx
ÅZ Z ã
1
= 2 sen ((a + b) x) dx + sen ((a − b) x) dx
Ä ä
= 12 − cos((a+b)x)
a+b − cos((a−b)x)
a−b +k
cos((a−b)x) cos((a+b)x)
= 2(b−a) − 2(a+b) +k
Z Z Z» Z
√ 2 10
(ii) √ 1 dx (vii) 3− 4x2 dx (xii) 9 − (x − 1) dx (xvii) x2 (x + 1) dx
4−x2
Z Z Z Z
2 √ √
(iii) √ 1 dx (viii) √x dx (xiii) 9 − 4x2 dx (xviii) x2 x − 1dx
4+x2 1−x2
Z Z Z Z
1 2
√ √ 1√
(iv) 4+x2
dx (ix) x 1− x2 dx (xiv) −x2 + 2x + 2dx (xix) 1+ x
dx
Z Z Z Z
1
(v) sen2 (x) cos (x) dx (x) sen (2x + 7) dx (xv) (3x−5)8
dx (xx) sec2 (5x) dx
Z Z Z Z
2 2x
x3 cos x2 dx
(ii) x sen (x) dx (vi) x ln (x) dx (x) xe dx (xiv)
Z Z Z Z
(iii) x2 ex dx (vii) x sec2 (x) dx (xi) ex cos (x) dx (xv) e−x cos (2x) dx
Z Z Z Z
(iv) x ln (x) dx (viii) x ln2 (x) dx (xii) e−2x sen (x) dx (xvi) x2 sen (x) dx
R
Exercı́cio 1.7 Resolva cos3 (x) dx por dois métodos: integração por partes e substituição.
Dicas:
• por partes: escreva cos3 (x) = cos2 (x) cos (x) e faça 2
u = cos (x) e dv = cos (x) dx;
• por substituição: escreva cos3 (x) = 1 − sen2 (x) cos (x) e faça u = sen (x).
R
A resposta é cos3 (x) dx = sen (x) − 31 sen3 (x) + k.
R
Exercı́cio 1.8 Resolva arcsen (x) dx.
Dica: faça u =
R arcsen (x) e dv = 1dx. √
A resposta é arcsen (x) dx = x arcsen (x) + 1 − x2 + k.
R √
Exercı́cio 1.9 (Resolvido) Calcule x2 a2 + x2 dx, sendo a > 0 constante fixada.
R
Quanto a sec3 (u) du, sabemos calcular por integração por partes (Exemplo 1.24 deste capı́tulo):
Z
sec3 (u) du = sec(u) tg(u)+ln(|sec(u)+tg(u)|)
2 +k
R R
Quanto a sec5 (u) du = sec3 (u) sec2 (u) du façamos, também, integração por partes:
u = sec3 (u) ⇒ du = 3 sec2 (u) sec (u) tg (u) du ⇒ du = 3 sec3 (u) tg (u) du
dv = sec2 (u) du ⇒ v = tg (u)
Logo,
Z Z Z Z
5 3 2
sec (u) du = sec (u) sec (u) du = udv = uv − vdu
Z
= sec3 (u) tg (u) − tg (u) 3 sec3 (u) tg (u) du
Z
= sec (u) tg (u) − 3 tg2 (u) sec3 (u) du
3
Z Z
= sec3 (u) tg (u) − 3 sec5 (u) du + 3 sec3 (u) du ⇒
Z Z
4 sec5 (u) du = sec3 (u) tg (u) + 3 sec3 (u) du ⇒
Z Z
3
sec5 (u) du = sec (u)
4
tg(u)
+ 3 3
4 sec (u) du.
Substituindo:
Z p Z Z
2 4 5 4
x a2 + x2 dx =a sec (u) du − a sec3 (u) du
Å Z ã Z
3
= a4 sec (u)
4
tg(u)
+ 3
4 sec 3
(u) du − a4
sec3 (u) du
Å Z ã
4
= a4 sec3 (u) tg (u) − sec3 (u) du
4
Ä ä
= a4 sec3 (u) tg (u) − sec(u) tg(u)+ln(|sec(u)+tg(u)|)
2
4
Ä ä
= a4 sec3 (u) tg (u) − sec(u)2tg(u) − ln(|sec(u)+tg(u)|)
2
√
Uma curiosidade: ao calcularmos uma primitiva para a função f (x) = x2 a2 + x2 , desse exercı́cio, no software
GeoGebra, fixando um valor para a constante a, encontramos a seguinte solução:
Ä 3 2
äp 4
Äp ä
F(x) = x4 + a8 x x2 + a2 + a8 ln x2 + a2 − x .
Será que está certo? O segundo termo parece diferente da solução que encontramos acima...
Mas está certo. Veja:
Ä 3 2
äp 4
Äp ä
F(x) = x4 + a8 x x2 + a2 + a8 ln x2 + a2 − x (resposta do GeoGebra)
Ä 3 2
äp 4
ÄÄp ä√ 2 2 ä
= x4 + a8 x x2 + a2 + a8 ln x2 + a2 − x √xx2 +a +x
+a2 +x
Ä 3 2
äp 4
Ä 2 2 2ä
= x4 + a8 x x2 + a2 + a8 ln √ x +a −x
x2 +a2 +x
Ä 3
a2 x 4
a2
äp Ä ä
x a
= 4 + 8 x2 + a2 + 8 ln √x2 +a 2 +x
Ä 3 ÅÄ √ ä−1 ã
2 4
äp
x2 +a2 +x
= x4 + a8 x x2 + a2 + a8 ln a2
Ä 3 2
äp 4
Ä√ 2 2 ä
= x4 + a8 x x2 + a2 − a8 ln x +a a2
+x
Ä 3 2
ä p 4
Ä Äp ä ä
= x4 + a8 x x2 + a2 − a8 ln x2 + a2 + x − ln a2
Ä 3 2
äp 4
Äp ä 4
= x4 + a8 x x2 + a2 − a8 ln x2 + a2 + x + a8 ln a2
Ä 3 2
äp 4
Äp ä
= x4 + a8 x x2 + a2 − a8 ln x2 + a2 + x + k (resposta acima)
Z Z Z Z
x x+3 x+1 x+5
(ii) x2 −5x+6
dx (vi) (x−1)2
dx (x) x(x−2)(x+3) dx (xiv) x3 −4x2 +4x
dx
Z Z Z Z
x x2 +3x+1 x4 +x+1 x2 +1
(iii) x2 −4
dx (vii) x2 −2x−3
dx (xi) x3 −x
dx (xv) (x−2)3
dx
Z Z Z Z
2x+1 x2 +1 2 x5 +3
(iv) x2 −1
dx (viii) (x−2)3
dx (xii) (x+2)(x−1)2
dx (xvi) x3 −4x
dx
Capı́tulo 2
Integrais Definidas
P
5
2i = 2 + 4 + 6 + 8 + 10
i=1
P
6
j 3 4 5 6
2j+1 = 7 + 9 + 11 + 13
j=3
P
n
k = 1 + 2 + 3 + ··· + n
k=1
A chamada integral definida, que definiremos abaixo, está relacionada com o chamado “Problema das Áreas”: como
calcular a área de figuras planas mais gerais que as elementares?
A Área A = ?
A
A
Por volta do século III a.C., Arquimedes estudou esse problema por meio do chamado “Método da Exaustão” que
consiste em aproximar a área da figura em questão pela soma das áreas de figuras elementares (geralmente triângulos).
B r1 // AB
r3 r2 // AC
r3 // BC
A1 A3
A A E r
1
r2 3
S Ai @ A
A2 D C i=1
Vamos considerar a situação no qual desejamos calcular área A da região sob o gráfico de uma função limitada não
negativa f : [a, b] ⊂ R → R, y = f (x) > 0, sendo a < b.
Como calcular a área abaixo do gráfico de f, acima do eixo cartesiano x e entre as retas verticais x = a e x = b?
A
x
a b
Seja P = {x0 , x1 , . . . , xn } ⊂ R tal que a = x0 < x1 < · · · < xn = b. O conjunto P é chamado de partição de
[a, b] e divide esse intervalo em n subintervalos. Também chamamos de norma da partição, e indicamos por |P|, o
comprimento do maior desses subintervalos.
Tomemos xi ∈ [xi−1 , xi ] com i = 1, . . . , n e consideremos os retângulos Ri de base em [xi−1 , xi ] e altura f (xi ).
y
gráfico de f
0 < f(x1)
n =7
x
a = x0 x1 x2 x3 x4 x5 x6 b = x7
x1 x2 x3 x4 x5 x6 x7
Desta forma, podemos definir a área A como sendo limite de Somas de Riemann quando |P| tende a zero, ou seja,
P
n
A = lim f (xi ) ∆xi .
|P|→0 i=1
Quando o limite acima existe, ele é chamado de Integral de Riemann, ou Integral Definida, de f no intervalo
[a, b], denotado por
Zb
A = f (x) dx
a
Notemos também que, ao contrário da integral indefinida, que é um conjunto de funções, a integral definida é um
número. R P
Por fim, devemos notar que a sı́mbolo da integral lembra um “s” e é inspirado no sigma maiúsculo da soma
que aparece no limite da definição da integral definida. Além disso o elemento de comprimento dx está correlacionado
com o ∆x.
Observações importantes:
Rb
(i) Se y = f (x) 6 0 for limitada não positiva, o raciocı́nio acima nos conduz a a f (x) dx = −A, sendo A a área acima
do gráfico de f, abaixo do eixo x, entre x = a e x = b.
y
a xi b x
0 > f(xi)
gráfico de f
Rb
(ii) Seja f : [a, b] → R limitada. Se f (x) > 0 para a 6 x 6 c e f (x) 6 0 para c < x 6 b temos a
f (x) dx = A1 − A2 ,
sendo:
A1 a área abaixo do gráfico de f, acima do eixo x, entre x = a e x = c.
A2 a área acima do gráfico de f, abaixo do eixo x, entre x = c e x = b.
y
A1 c b
a x
A2
gráfico de f
(iii) Se a = b, não é possı́vel tomar partições de [a, b] conforme fizemos acima, mas é natural considerar geometrica-
Rb
mente que, neste caso, a f (x) dx = 0.
Rk
Sendo assim, definimos que k f (x) dx = 0 sendo k número real fixo.
(iv) O desenvolvimento que fizemos acima só faz sentido para a < b. Entretanto, há situações em que é interessante
Rb Rb Ra
considerar a f (x) dx com a > b. Neste caso, definimos que a f (x) dx = − b f (x) dx.
(v) Toda função f contı́nua em [a, b] é, naturalmente, integrável. Entretanto, há funções limitadas não contı́nuas que
também são integráveis.
y
gráfico de f
A x
a c b
Rb Rb Rb
A= a
g (x) dx − a
f (x) dx = a
(g (x) − f (x)) dx > 0.
y
gráfico de g
gráfico de f
x
a b
R R
b b
(5) a f (x) dx 6 a |f (x)| dx.
(2) Temos:
Zb
P
n P
n P
n
kf (x) dx = lim kf (xi ) ∆xi = lim k f (xi ) ∆xi = k lim f (xi ) ∆xi
a |P|→0 i=1 |P|→0 i=1 |P|→0 i=1
Zb
=k f (x) dx.
a
(3) Sejam P1 = {y0 , y1 , . . . , yn1 } e P2 = {z0 , z1 , . . . , zn2 } partições de [a, c] e [c, b], respectivamente. Logo, yn1 =
z0 = c. Definamos P = P1 ∪ P2 como partição de [a, b]. Adotemos a notação P = {x0 , x1 , . . . , xn } sendo n = n1 + n2
(isto significa que x0 = y0 , . . . , xn1 = yn1 , xn1 +1 = z1 , . . . , xn1 +n2 = zn2 e que x1 = y1 , . . . , xn1 = yn1 , xn1 +1 =
z1 , . . . , xn1 +n2 = zn2 ).
Definamos
f (x) , se x ∈ [a, c]
f (x) =
0, se x ∈ (c, b]
0, se x ∈ [a, c)
f (x) =
f (x) , se x ∈ [c, b]
Logo,
Zc Zb
P
n1 P
n2 Pn Pn
f (x) dx + f (x) dx = lim f (yi ) ∆yi + lim f (zi ) ∆zi = lim f (xi ) ∆xi + lim f (xi ) ∆xi
a c |P1 |→0 i=1 |P2 |→0 i=1 |P|→0 i=1 |P|→0 i=1
P P P P
Å n n
ã n Ä ä n
= lim f (xi ) ∆xi + f (xi ) ∆xi = lim f (xi ) + f (xi ) ∆xi = lim f (xi ) ∆xi
|P|→0 i=1 i=1 |P|→0 i=1 |P|→0 i=1
Zb
= f (x) dx.
a
(4) Temos:
Zb Zb
P
n P
n
f (x) dx = lim f (xi ) ∆xi 6 lim g (xi ) ∆xi = g (x) dx.
a |P|→0 i=1 |P|→0 i=1 a
(5) Lembremos que se |r| 6 s, então −s 6 r 6 s. Particularmente, como |f (x)| 6 |f (x)|, então − |f (x)| 6 f (x) 6
|f (x)|. Destas últimas desigualdades, e das propriedades (2) e (4) acima, temos
Zb Zb Zb
− |f (x)| dx 6 f (x) dx 6 |f (x)| dx ⇒
a a a
Zb Zb Zb
− |f (x)| dx 6 f (x) dx 6 |f (x)| dx ⇒
a a a
Z Z
b b
f (x) dx 6 |f (x)| dx,
a a
como querı́amos.
Proposição 2.2 (Teorema Fundamental do Cálculo - TFC) Seja f : [a, b] ⊂ R → R integrável e F : [a, b] ⊂ R → R
uma primitiva de f. Então,
Zb
f (x) dx = F (b) − F (a) .
a
x=b b Rb
É comum escrever F (b)−F (a) = F (x)|x=a ou, simplificadamente, F (b)−F (a) = F (x)|a . Desta forma, a
f (x) dx =
b
F (x)|a .
F (b) − F (a) = F (xn ) − F (xn−1 ) + F (xn−1 ) − F (xn−2 ) + F (xn−2 ) − F (xn−3 ) + · · · + F (x2 ) − F (x1 ) + F (x1 ) − F (x0 )
Pn
= (F (xi ) − F (xi−1 )) .
i=1
Mas F é uma primitiva, portanto, derivável e, consequentemente, contı́nua em ]a, b[. Assim, pelo Teorema do
Valor Médio, para cada i, existe xi ∈ ]xi−1 , xi [ tal que F (xi )−F (xi−1 ) = F0 (xi ) (xi − xi−1 ), ou seja, F (xi )−F (xi−1 ) =
f (xi ) ∆xi . Logo,
P
n P
n
F (b) − F (a) = (F (xi ) − F (xi−1 )) = f (xi ) ∆xi ⇒
i=1 i=1
P
n
lim (F (b) − F (a)) = lim f (xi ) ∆xi ⇒
|P|→0 |P|→0 i=1
Zb
F (b) − F (a) = f (x) dx,
a
como querı́amos.
Notemos que a demonstração acima fez uso do importante Teorema do Valor Médio (TVM), que vimos no capı́tulo
de derivadas. Entretanto, há uma outra demonstração do TFC, para o caso em que f é contı́nua, que faz uso de um
teorema muito interessante, similar ao TVM, só que para integrais.
Proposição 2.3 (Teorema do Valor Médio para Integrais) Seja f : [a, b] ⊂ R → R contı́nua. Então, existe θ ∈ ]a, b[
Rb
tal que a f (x) dx = f (θ) (b − a).
f(q)
A
x
a q b
Na figura acima, sendo f positiva, A é a área abaixo do gráfico de f entre a e b, e as duas regiões hachuradas
Rb
possuem a mesma área. Claramente temos A = a f (x) dx = f (θ) (b − a).
Vamos fazer novamente a demonstração do TFC, para o caso em que f é contı́nua, usando o TVM para integrais.
Demonstração da Proposição 2.2 (Teorema Fundamental do Cálculo) para o caso em que f é contı́nua.
Rx
Definamos a função A : [a, b] ⊂ R → R tal que A (x) = a f (u) du (estamos utilizando a variável u no integrando
para não confundir com a variável x do extremo).
Notemos que
Rx A está bem definida, pois quando se f é contı́nua em [a, b], então f é integrável em [a, b], o que
significa que a f (u) du é um número para qualquer x ∈ [a, b].
Quando f é não negativa, A (x) representa a área abaixo do gráfico de f, acima do eixo das abscissas no intervalo
[a, x].
y
gráfico de f
A(x)
x
a x b
Duas perguntas: A é derivável em ]a, b[? Se A for derivável, como calcular sua derivada?
Vamos respondê-las.
Consideremos h > 0 “pequeno” de tal modo que x + h ∈ ]a, b[. Temos
Z x+h Zh Zx Z x+h Zx
A (x + h) − A (x) = f (u) du − f (u) du = f (u) du + f (u) du − f (u) du
a a a x a
Z x+h
= f (u) du.
x
Sendo f contı́nua, podemos aplicar o Teorema do Valor Médio para Integrais, ou seja, existe θ ∈ ]x, x + h[ tal
que
Z x+h
f (u) du = f (θ) (x + h − x) = f (θ) h.
x
Assim,
A(x+h)−A(x)
A (x + h) − A (x) = f (θ) h ⇒ h = f (θ) .
Tomando limites com h → 0 temos
A(x+h)−A(x)
lim h = lim f (θ) .
h→0 h→0
Quanto ao primeiro limite, é precisamente o limite da definição de derivada de A em x, ou seja, A0 (x). Quanto
ao segundo limite, notemos que quando h → 0 temos θ → x, ou seja, lim f (θ) = lim f (θ). Mas f é contı́nua. Logo,
h→0 θ→x
recordando a definição de continuidade de função, temos lim f (θ) = f (x).
θ→x
Desta forma, a última igualdade significa
A0 (x) = f (x) ,
ou seja, A é uma primitiva de f.
No capı́tulo de integrais indefinidas vimos a Proposição 1.1: se F é uma primitiva qualquer de f, então existe
uma constante k tal que
A (x) = F (x) + k.
como querı́amos.
x
0 b
x2
(i) Pelo TFC temos f (x) = x e F (x) = 2 (uma primitiva de f) sendo 0 6 x 6 b. Logo,
Zb
2 b
2 2 2
xdx = x2 = b2 − 02 = b2 .
0 0
b 2b 3b
(ii) Utilizando definição: fixemos n ∈ N e tomemos a partição P = {x0 , x1 , . . . , xn } = 0, n , n , n , . . . , nb
n .
b
Escolhamos os números xi , 1 6 i 6 n, nos extremos superiores dos subintervalos da partição, ou seja, xi = i n .
y gráfico de f
f(xn) = xn y=x
f(x3) = x3
f(x2) = x2
f(x1) = x1
x
0 b 2b 3b ... b
n n n
x1 x2 x3 ... xn
P
n
b b b
P
n
b2
b2
Pn
= lim in in − (i − 1) n = lim in 2 = lim n2 i
n→+∞ i=1 n→+∞ i=1 n→+∞ i=1
P
n
2
Mas a soma i pode ser calculada. Para tanto, lembremos que (k + 1) − k2 = (k + 1 + k) (k + 1 − k) = 2k + 1.
i=1
Logo,
k=1 −→ 6 22 − 12 = 2.1 + 1
6 32 − 6 22
k =2 −→ = 2.2 + 1
k=3 −→ 6 42 − 6 32 = 2.3 + 1
k=4 −→ 6 52 − 6 42 = 2.4 + 1
..
.
2
k=n −→ (n + 1) − 6 n2 = 2.n + 1
P
n
n(n+1)
i= 2
i=1
Substituindo:
Zb
b2
P
n
b2 n(n+1) b2 (n+1) b2 (1+ n
1
) b2
f (x) dx = lim 2 i = lim 2n2
= lim 2n = lim 2 = 2 .
0 n→+∞ n i=1 n→+∞ n→+∞ n→+∞
Rb
Exemplo 2.2 Calcule 0
x2 dx sendo b > 0 constante de duas formas diferentes: usando o TFC e usando diretamente
a definição.
Observe a área sob o gráfico neste caso. Não dá para calculá-la utilizando fórmulas de geometria plana elementar.
y gráfico de f
b2 y = f(x) = x2
A
x
0 b
x3
(i) Pelo TFC temos f (x) = x2 e F (x) = 3 (uma primitiva de f) sendo 0 6 x 6 b. Logo,
Zb b
x3 b3 03 b3
x2 dx = 3 0 = 3 − 3 = 3 .
0
b 2b 3b
(ii) Utilizando definição: fixemos n ∈ N e tomemos a partição P = {x0 , x1 , . . . , xn } = 0, n , n , n , . . . , nb
n .
b
Escolhamos os números xi , 1 6 i 6 n, nos extremos superiores dos subintervalos da partição, ou seja, xi = i n .
f(x3) = x32
f(x2) = x22
f(x1) = x12 x
0 b 2b 3b ... b
n n n
x1 x2 x3 ... xn
P
n 2 P
n 3
b3
Pn
b b b
i2 n
b
i2
= lim in in − (i − 1) n = lim 3 = lim n3
n→+∞ i=1 n→+∞ i=1 n→+∞ i=1
P
n
Mas a soma i2 também pode ser calculada. Para tanto, lembremos que
i=1
3
Ä 2
ä
(k + 1) − k3 = (k + 1 − k) (k + 1) + (k + 1) k + k2
= k2 + 2k + 1 + k2 + k + k2
= 3k2 + 3k + 1
Logo,
k=1 −→ 6 23 − 13 = 3.12 + 3.1 + 1
6 33 − 6 23 = 3.22 + 3.2 + 1
k=2 −→
k=3 −→ 6 43 − 6 33 = 3.32 + 3.3 + 1
k=4 −→ 6 53 − 6 43 = 3.42 + 3.4 + 1
..
.
3
k=n −→ (n + 1) − 6 n3 = 3.n2 + 3.n + 1
Somando as igualdades temos
3
(n + 1) − 1 = 3 12 + 22 + 32 + · · · + n2 + 3 (1 + 2 + 3 + · · · + n) + (1 + 1 + · · · + 1) ⇒
| {z }
n vezes
3
P
n P
n P
n (n + 1) − (n + 1) − 3 n(n+1)
Å ã Å ã
3
(n + 1) − 1 = 3 i2 + 3 i +n⇒ i2 = 2
⇒
i=1 i=1 i=1 3
P
n
2(n+1)3 −2(n+1)−3n(n+1) P
n (n+1)(2(n+1)2 −2−3n)
i2 = 6 ⇒ i2 = 6 ⇒
i=1 i=1
P
n (n+1)(2(n2 +2n+1)−2−3n) P
n (n+1)(2n2 +n) P
n
n(n+1)(2n+1)
i2 = 6 ⇒ i2 = 6 ⇒ i2 = 2
i=1 i=1 i=1
Substituindo:
Zb
b3
Pn
b3 n(n+1)(2n+1)
f (x) dx = lim n3 i2 = lim 6n3
0 n→+∞ i=1 n→+∞
1 1
b3 1 +
3 2+ b3
= lim b (n+1)(2n+1)
6n2
= lim n n
= 3 .
n→+∞ n→+∞ 6
Z2
Exemplo 2.3 Resolva x3 dx.
−1
Pelo TFC:
Z2 2
x4 24 (−1)4
x3 dx = 4 −1 = 4 − 4 = 15
4 .
−1
(i) O gráfico de f (x) = x3 está abaixo do eixo x no intervalo [−1, 0]. Logo, sendo A1 a área acima do gráfico de f e
R0 4 0
abaixo do eixo x no intervalo [−1, 0], temos −A1 = −1 x3 dx = x4 = 0 − 41 , ou seja, A1 = 14 .
−1
(ii) O gráfico de f (x) = x3 está acima do eixo x no intervalo [0, 2]. Logo, sendo A2 a área abaixo do gráfico de f e
R2 4 2
4
acima do eixo x no intervalo [0, 2], temos A2 = 0 x3 dx = x4 = 24 − 0, ou seja, A2 = 4.
0
R2 R0 R2
Como −1 x3 dx = −1 x3 dx + 0 x3 dx = − 14 + 4 = 15 4 vemos que o valor da integral corresponde a A2 − A1 , ou
seja, área acima do eixo x menos área abaixo do eixo x.
gráfico de f
A2
-1 x
A1 0 2
(iii) Se quiséssemos calcular essa integral utilizando diretamente a definição de integral definida, precisarı́amos de uma
P
n
expressão para a soma i3 . É um bom exercı́cio provar que
i=1
P
n Ä n(n+1) ä2
i3 = 2 .
i=1
Exemplo 2.4 Obter a área limitada pela curva y = x2 − x3 e o eixo das abscissas.
gráfico de f
x
0 1
Proposição 2.4 Sejam f : [a, b] → R contı́nua em [a, b] e g : [c, d] → [a, b] tal que g0 é contı́nua, g (c) = a e g (d) = b.
Então, Z Z b d
f (x) dx = f (g (u)) g0 (u) du.
a c
como querı́amos.
R1 10
Exemplo 2.5 Calculemos 0
(x − 1) dx.
du
Façamos a mudança de variáveis u = x − 1. Logo, dx = 1, ou seja, du = dx.
Quando x = 0 em u = x − 1 temos u = −1.
Quando x = 1 em u = x − 1 temos u = 0.
Fazendo a substituição na integral temos
Z1 Z0 0
10 u11 (−1)11
(x − 1) dx = u10 du = 11 −1 =0− 11 = 1
11 .
0 −1
10
Observação 1: fazendo correlação com a Proposição 2.4 acima, temos a = 0, b = 1, f (x) = (x − 1) , x = g (u) =
u + 1, c = −1, d = 0 (pois g (−1) = a = 0 e g (0) = b = 1), f (g (u)) = u10 e g0 (u) du = 1du.
10
Observação 2: obviamente podemos usar o TFC direto se tivermos uma primitiva de f (x) = (x − 1) , que neste
11
caso pode ser F (x) = (x−1)
11 . Assim,
Z1 1
10 (x−1)11 (−1)11 1
(x − 1) dx = 11
0
=0− 11 = 11 .
0
Rπ
Exemplo 2.6 Calculemos 0
sen (5x) dx.
du du
Façamos a mudança de variáveis u = 5x. Logo, dx = 5, ou seja, dx = 5 .
Quando x = 0 em u = 5x temos u = 0.
Quando x = π em u = 5x temos u = 5π.
Fazendo a substituição na integral temos
Zπ Z 5π Z 5π Ä ä
du 1 1 5π
sen (5x) dx = sen (u) 5 = 5 sen (u) du = 5 − cos (u)|0
0 0 0
1 1
= 5 (− cos (5π) − (− cos (0))) = 5 (− (−1) − (−1)) = 25 .
R1 √
Exemplo 2.8 Calculemos −1
|x| 1 + x2 dx.
√
Observemos que se fizermos u = 1 + x2 temos x = g (u) = ± u − 1 (pois −1 6 x 6 1) e, portanto, g não está
bem definida. Temos que separar a integral em duas: uma para x negativo e outra para x positivo. Lembrando que
|x| = −x para x negativo e |x| = x para x positivo, temos:
Z1 p Z0 p Z1 p
|x| 1 + x dx =
2 − x 1 + x dx + x 1 + x2 dx.
2
−1 −1 0
√ 2
Para a primeira integral façamos x = − u − 1, ou seja, u = 1 + (−x) . Logo, du dx = 2 (−x) (−1) = 2x, ou seja,
du
dx = 2x .
2
Quando x = −1 em u = 1 + (−x) temos u = 2.
2
Quando x = 0 em u = 1 + (−x) temos u = 1.
Fazendo a substituição na integral temos
Z0 Z1 Z1 Å √ 1 ã
p √ du 1
√ 3
2
− x 1 + x dx = − x u 2x = − 2 udu = − 2 2 3u
1
−1 2 2 2
Ä √ ä √
1 2 4 2 2 2−1
= −2 3 − 3 = 3 .
√
Para a segunda integral façamos x = u − 1, ou seja, u = 1 + x2 . Logo, dudx = 2x, ou seja, dx =
du
2x .
Quando x = 0 em u = 1 + x2 temos u = 1.
Quando x = 1 em u = 1 + x2 temos u = 2.
Fazendo a substituição na integral temos
Z1 p Z2 Z2 Å √ 2 ã
√ du 1
√ 3
2
x 1 + x dx = x u 2x = 2 udu = 2 2 3u
1
0 1 1
Ä √ ä 1√
= 12 4 3 2 − 23 = 2 32−1 .
Assim,
Z1 p Ä √ ä
|x| 1 + x2 dx = 2
3 2 2−1 .
−1
Proposição 2.5 Sejam f, g : [a, b] ⊂ R → R deriváveis e com derivadas contı́nuas. Suponhamos que
0
(gf) : [a, b] ⊂ R → R e gf0 : [a, b] ⊂ R → R possuam primitivas. Então,
Zb Zb
0 b
f (x) g (x) dx = f (x) g (x)|a − g (x) f0 (x) dx.
a a
Fazendo
u = ln (x) ⇒ ⇒ du =
du 1 dx
dx = x x
x2
dv = xdx ⇒ dv
dx =x⇒v= 2
temos:
Z Z Z
x ln (x) dx = udv = uv − vdu ⇒
Z2 2 Z 2 2 2 Å 2 ã
2
x2 x2
x ln (x) dx = x2 ln (x) − x dx
2 x = ln (x) − 1
⇒
1 2 1 2 2 1
1 1
Z2
22 12 22 12
Ä ä
x ln (x) dx = 2 ln (2) − 2 ln (1) − 1
2 2 − 2 ⇒
1
Z2
x ln (x) dx = 2 ln (2) − 34 .
1
Até aqui estudamos integrais de funções no Sistema de Coordenadas Cartesianas Ortogonais, entretanto, sabemos
da Geometria Analı́tica que há o chamado Sistema de Coordenadas Polares. Antes de introduzir as integrais em
coordenadas polares, relembremos de forma resumida tal sistema.
Consideremos um eixo de origem O em um plano (esse eixo pode ser pensado como sendo o eixo das abscissas Ox
do sistema cartesiano). Chamaremos este eixo de eixo polar e a origem O será chamada de pólo. Dizemos que um
plano com um eixo polar fixado está munido do Sistema de Coordenadas Polares que, simplificamente, será dito
plano polar. Semelhante ao sistema cartesiano, é usual chamar os números reais associados aos pontos do eixo polar
de abscissas (o ponto O possui abscissa nula). Por fim, para manter a analogia com o o eixo das abscissas do sistema
cartesiano, também indicaremos o eixo polar com a notação Ox.
Dado um par ordenado (r, θ) de números reais, há um único ponto P no plano polar associado a este par ordenado,
e sua localização se processa do seguinte modo:
no sentido anti-horário, quando θ > 0; ou
no sentido horário, quando θ < 0.
O ponto P está associado, portanto, às coordenadas polares (r, θ) e escrevemos P (r, θ). Alguns autores utilizam
a notação P (r; θ), com ponto e vı́gula separando as coordenadas. Adotaremos essa notação.
A figura abaixo ilustra o procedimento acima para r > 0, r < 0, θ > 0 e θ < 0.
r >0
P(r;q)
- q>0 + - O +
O x x
q<0
r >0
P(r;q)
r <0
P(r;q)
- q>0 + - O +
O x x
q<0
r <0
P(r;q)
Observa-se imediatamente que no procedimento (2) descrito acima, para P 6= O, temos r > 0 e 0 6 θ < 2π. Na
verdade, partindo do ponto P, precisamos apenas de r e θ nesses intervalos para que tenhamos uma correspondência
biunı́voca entre os pontos do plano polar, sem o pólo O, e as coordenadas polares dos mesmos.
Ao contrário do sistema cartesiano, onde o plano está em correspondência biunı́voca com R2 , no sistema de
coordenadas polares isso não ocorre. Por exemplo, em coordenadas polares, P1 (1; π), P2 (1; −π), P3 (1; 3π), P4 (−1; 0)
e P5 (−1; 2π) são todos, na verdade, um mesmo ponto (que é o ponto P (−1, 0) em coordenadas cartesianas).
Embora haja a desvantagem da ausência de bijeção entre pontos do plano e R2 no sistema de coordenadas polares,
o que interessa para nosso estudo é o procedimento (1) descrito acima, ou seja, temos as coordenadas (r; θ) (ou melhor,
uma equação envolvendo as coordenadas r e θ) e queremos localizar os pontos associados no plano polar.
Por fim, é extremamente importante relacionarmos as coordenadas cartesianas e as coordenadas polares. Essa
relação é dada pela proposição abaixo:
Proposição 2.6 Consideremos um plano munido do Sistema de Coordenadas Cartesianas Ortogonais e do Sistema de
Coordenadas Polares, nos quais os eixos polar e das abscissas coincidem. Então, as coordenadas cartesianas (x, y) e as
coordenadas polares (r; θ) de um mesmo ponto P satisfazem
x = r cos (θ)
.
y = r sen (θ)
Ä√ ä
Exemplo 2.10 O ponto P (1, 1) em coordenadas cartesianas pode ser escrito em coodenadas polares como P 2; π4 .
Observemos que
√
1 = √2 cos π4
.
1 = 2 sen π4
A figura abaixo ilustra esse exemplo.
Ö2
=
P(Ö2;p/4) em coord. polares
r
O q = p/4 x
1
P2
P4
3p/4
p/4 P1
7p/4 1 2 3
P5
P3
P1 (x, y) = P1 (r cos (θ) , r sen (θ)) = P1 (2 cos (0) , 2 sen (0)) = P1 (2, 0)
Ä √ √ ä
P2 (x, y) = P2 (r cos (θ) , r sen (θ)) = P2 3 cos π4 , 3 sen π4 = P2 3 2 2 , 3 2 2
Ä √ √ ä
P3 (x, y) = P3 (r cos (θ) , r sen (θ)) = P3 −3 cos π4 , −3 sen π4 = P2 − 3 2 2 , − 3 2 2
Ä √ √ ä
P4 (x, y) = P4 (r cos (θ) , r sen (θ)) = P4 2 cos 3π 3π
4 , 2 sen 4 = P2 − 2, 2
Ä√ √ ä
P5 (x, y) = P5 (r cos (θ) , r sen (θ)) = P5 2 cos 7π 7π
4 , 2 sen 4 = P2 2, − 2
Exemplo 2.12 A equação polar r = 2 representa uma circunferência de raio 2 e centro no pólo. No plano cartesiano,
trata-se de uma circunferência de raio 2 e centro na origem. De fato:
2 2
x2 + y2 = 22 ⇐⇒ (r cos (θ)) + (r sen (θ)) = 22 ⇐⇒
r2 cos2 (θ) + sen2 (θ) = 22 ⇐⇒ r2 = 22 ⇐⇒ r = ±2.
Exemplo 2.13 A equação θ = π4 representa uma reta com coeficiente angular 1 passando pelo pólo. No plano
cartesiano, trata-se de uma reta de coeficiente angular 1 passando pela origem. De fato:
Exemplo 2.14 A equação r = sen (θ), com 0 6 θ < π, representa uma circunferência de raio 12 passando pelo pólo e
centro no ponto π2 ; 12 . No plano cartesiano, trata-se de uma circunferência de raio 12 passando pela origem e centro
no ponto 0, 12 . De fato:
1 2 1 2 2 1 2 1 2
x2 + y − ⇐⇒ (r cos (θ)) + r sen (θ) − ⇐⇒
2 = 2 2 = 2
r cos (θ) + r sen (θ) − r sen (θ) + = ⇐⇒ r cos (θ) + sen (θ) − r sen (θ) = 0 ⇐⇒
2 2 2 2 1 1 2 2 2
4 4
r (r − sen (θ)) = 0 ⇐⇒ r (r − sen (θ)) = 0 ⇐⇒ r − sen (θ) = 0 (pois r 6= 0) ⇐⇒ r = sen (θ)
Abaixo seguem alguns exemplos mais gerais de curvas em coordenadas polares (não necessariamente gráficos de
funções em coordenadas polares).
Exemplo 2.15 Retas. No plano polar, o lugar geométrico (conjunto) dos pontos P (r; θ) tais que:
(i) θ = k (k ∈ R constante) é uma reta passando pelo pólo.
(ii) r cos (θ) = k é uma reta perpendicular à reta Ox.
(iii) r sen (θ) = k é uma reta paralela à reta Ox.
Na figura abaixo no canto superior esquerdo temos a reta de equação polar θ = π4 .
Exemplo 2.16 Circunferências. No plano polar, o lugar geométrico dos pontos P (r; θ) tais que:
(i) r = k (k 6= 0 constante real) é uma circunferência de centro no pólo e raio |k|.
(ii) r = k cos (θ), k 6= 0, é uma circunferência de centro na reta Ox e raio k2 .
k r = k sen (θ), k 6= 0, é uma circunferência de centro na reta perpendicular à reta Ox passando pelo pólo e raio
(iii)
.
2
1
Na figura abaixo na parte superior central temos a circunferência de equação polar r = sen (θ) (que tem raio 2 e centro
cartesiano 0, 12 ).
Exemplo 2.17 Espirais. No plano polar, o lugar geométrico dos pontos P (r; θ) tais que:
(i) r = kθ (k 6= 0 constante real) é uma Espiral de Arquimedes.
(ii) r = kθ , k 6= 0, é uma espiral hiperbólica. (obviamente, θ 6= 0)
(iii) r = kcθ , k > 0, k 6= 1, c 6= 0, é uma espiral logarı́tmica.
√
(iv) r = k θ, k 6= 0, é uma espiral parabólica. (obviamente, θ > 0)
Na figura abaixo no canto superior direito temos a Espiral de Arquimedes de equação polar r = θ, com θ > 0.
Exemplo 2.18 Rosáceas. No plano polar, o lugar geométrico dos pontos P (r; θ) tais que:
(i) r = k cos (nθ) (k 6= 0 constante real e n > 2 constante inteira), é uma rosácea de 2n laços, quando n é par, e n
laços, quando n é ı́mpar.
(ii) r = k sen (nθ), com as mesmas considerações acima.
Na figura abaixo no canto inferior esquerdo temos a rosácea de equação polar r = cos (2θ).
Exemplo 2.19 Limaçons. No plano polar, o lugar geométrico dos pontos P (r; θ) tais que:
(i) r = k + l cos (θ) (k, l 6= 0 constantes reais), é um limaçon (do latim limax, que significa caracol). Quando |k| < |l|
o limaçon apresenta um laço. Quando |k| = |l| o limaçon apresenta um “bico” e é, também, chamado de cardióide,
devido ao formato de coração.
(ii) r = k + l sen (θ), com as mesmas considerações acima.
Na figura abaixo na parte inferior central temos o cardióide de equação polar r = 1 − cos (θ).
Exemplo 2.20 Lemniscatas. No plano polar, o lugar geométrico dos pontos P (r; θ) tais que:
(i) r2 = k cos (2θ) (k 6= 0 constante real), com θ variando em intervalos nos quais o segundo membro é positivo, é uma
lemniscata (do latim lemniscus, que significa faixa suspensa).
(ii) r2 = k sen (2θ), com as mesmas considerações acima.
Na figura abaixo no canto inferior direito temos a lemniscata de equação polar r2 = 4 sen (2θ).
p 0 p 0 p 0
p 0 p 0 p 0
No sistema cartesiano a aproximação de áreas por Somas de Riemann teve por base retângulos, com base ∆xi e
altura f (xi ) sendo y = f (x) uma função.
No sistema polar, também podemos adaptar a mesma ideia de aproximação de áreas por Somas de Riemann.
Entretanto, nesse caso, ao invés de retângulos, consideramos setores angulares de abertura (medida de ângulo) ∆θi =
θi − θi−1 e raio ri = f θi . Obviamente, devemos ter uma função r = f (θ) em coordenadas polares. A figura abaixo
ilustra essa ideia.
Ai
f(qi)
gráfico de r = f(q) em
coordenadas polares
qi qi
qi-1
O
Recordemos da Geometria Euclidiana Plana que a área de um setor angular de abertura θ (em radianos) e raio r
r2 θ
é 2 .
θ
De fato, a área de um cı́rculo de raio r é πr2 . A área do setor em questão é 2π da área do cı́rculo (pois um cı́rculo
θ
pode ser pensado como um setor angular de abertura 2π), ou seja, a área é 2π πr2 .
Consideremos uma curva em coordenadas polares dada por r = f (θ), sendo f (θ) > 0.
Queremos deduzir a área A da região delimitada por tal curva e pelos raios θ = α e θ = β, ou seja, α 6 θ 6 β.
Para tanto, consideremos uma partição P = {α = θ0 , θ1 , . . . , θn−1 , θn = β} do intervalo [α, β]. Tomemos números
θi ∈ [θi−1 , θi ] com i = 1, . . . , n. Consideremos os setores angulares de abertura ∆θi = θi − θi−1 e raio f θi .
2
f(θi ) ∆θi
Denotemos por Ai = 2 a área de cada setor angular.
Naturalmente, a soma das áreas de tais setores é uma aproximação para a área A procurada. Temos assim, Somas
de Riemann em coordenadas polares:
∼ P Ai = P f(θi ) ∆θi .
n n 2
A= 2
i=1 i=1
Fazendo a norma da partição tender a zero temos a integral definida que fornece a área procurada:
Zβ
P
n f θ 2 ∆θ
( i) f(θ)2
⇒ A=
i
A = lim 2 2 dθ .
|P|→0 i=1 α
Exemplo 2.22 Calculemos a área da região limitada pela curva de equação polar r = 2 − cos (θ).
Tal curva é um limaçon, cuja imagem pode ser vista abaixo:
y
2
A
-3 x
O 1
-2
Exemplo 2.23 Calculemos a área da intersecção das regiões limitadas pelas curvas de equações polares r = 2−cos (θ)
e r = 1 + cos (θ).
Ambas as curvas são limaçons. No entanto, r = 1 + cos (θ) é um caso particular de limaçon chamado cardióide,
por possuir um “bico”. As imagens podem ser vistas na figura abaixo:
y
2
-3 p/3 x
O 1 2
-1
-2
A área pedida pode ser calculada decompondo a região de interesse em quatro partes. Para tanto, precisamos dos
ângulos dos pontos de intersecção entre os limaçons. Assim, precisamos resolver a equação
Exercı́cio 2.7 Calcule as seguintes integrais definidas utilizando a técnica que achar mais conveniente:
Z1 Z4 Z1 Z2
(1) (x + 3) dx (2) 1
(3) (2x + 1) (2x − 1) dx (4) 1+x
5 3 dx
2 dx
√
0 x
0 −1 1
Z1 Z2 Z2 Z3
√ √ √
xπ +
(5) 4
x dx 1+t2 u2 − 2 u + 3 du
s2 + 3 3 s + 1 ds
(6) t4
dt (7) (8)
0 1 1 0
Z π2 Z0 Z1 Z0
(9) cos (2x) dx (10) sen (3x) dx (11) 1
dt (12) e−2x dx
−π 1+t2
3 −π 0 −1
Z2 Z2 Z1 Z1
1
(13) 1+x dx (14) 2x dx (15) 2x
1+x2
dx (16) te−t dt
0 0 0 0
Z π2 Z π2 Z π4 Z 12
2 2 2 √ 1
(17) cos (x) dx (18) sen (x) dx (19) sec (x) dx (20) dx
0 1−x2
0 0 0
Z1 Z1 Z π4 Z3
3 x4 x x
(21) x e dx (22) 3 e dx (23) tg2 (x) dx (24) 1
x ln(x) dx
−1 0 0 2
Z π6 Z3 Z2 Z π4
1
(25) cotg (3x) dx (26) 1−x2
dx (27) ln (x) dx (28) tg (x) dx
π
9
2 1 1
Exercı́cio 2.8 (i) Calcule a área entre as curvas y = x2 e y = 4 no intervalo [−2, 2].
Resposta: 32
3
(3) A é a região interna ao limaçon oval (oval quer dizer sem o “laço”) r = 4 + 2 cos (θ).
(4) A é a região interna ao cardióide r = a (1 + cos (θ)), sendo a > 0.
(5) A é a região de uma “pétala” da rosácea de quatro “pétalas” r = cos (2θ).
(6) A é a região de uma “pétala” da rosácea de três “pétalas” r = cos (3θ).
(7) A é região interna de uma “alça” da lemniscata r2 = 4 sen (2θ).
(8) A é a intersecção das regiões internas aos cı́rculos r = 2 cos (θ) e r = 2 sen (θ).
(9) A é a intersecção das regiões internas aos cı́rculos r = 1 e r = 2 sen (θ).
(10) A é a intersecção das regiões internas ao cı́rculo r = 2 e ao cardióide r = 2 (1 − cos (θ)).
√
(11) A é a região dentro da lemniscata r2 = 6 cos (2θ) e fora do cı́rculo r = 3.
(12) A é a região dentro do cı́rculo r = 3a cos (θ) e fora do cardióide r = a (1 + cos (θ)), a > 0.
(13) A é a região interna ao cı́rculo r = −2 cos (θ) e externa ao cı́rculo r = 1.
(14) A é a região interna ao cı́rculo r = 6 e acima da reta r = 3 cossec (θ).
(15) A é a região interna ao cı́rculo r = 4 cos (θ) e à direita da reta vertical r = sec (θ).
(16) A é a região interna ao cı́rculo r = 4 sen (θ) e abaixo da reta horizontal r = 3 cossec (θ).
Exercı́cio 2.11 Uma partı́cula desloca-se sobre o eixo x do plano cartesiano com velocidade dada por v (t) = 2t − 3,
t > 0.
(a) Calcule o deslocamento da partı́cula entre os instantes t = 1 e t = 3.
(b) Calcule a distância percorrida pela partı́cula entre os instantes t = 1 e t = 3.
(c) Descreva o movimento realizado pela partı́cula entre os instantes t = 1 e t = 3.
Capı́tulo 3
Integrais Impróprias
A motivação para essa seção vem do seguinte problema: “Uma região plana não limitada pode ter área finita? ”
Vamos a um exemplo:
Considere a região delimitada pelas curvas y = 21x , y = 0 e x = 0. Essa região S é não limitada.
y
curva y = 1/2x
... x
0 1 2 3
Consideremos retângulos de bases unitárias e alturas 1, 21 , 14 , 81 , 16
1 1
, 32 , . . . dispostos conforme a figura acima (a
figura não está em escala).
Obviamente a área de S e menor do que a soma de todas as áreas dos retângulos, ou seja,
1 1 1 1 1 1
A (S) < 1 + 2 + 4 + 8 + 16 + 32 + ··· = 1
= 2.
1− 2
A soma de infinitos termos acima é a soma dos termos uma progressão geométrica de razão 12 e primeiro termo
igual a 1 (portanto, a soma possui valor finito). Desta forma, a área da região ilimitada S é finita! (e menor do que 2)
Mas, então, surge a pergunta: “Como calcular, exatamente, tais áreas? ”
A resposta nos conduz naturalmente à consideração de integrais definidas em intervalos não limitados.
Sendo assim, em muitas situações é importante calcularmos integrais cujo integrando está definido em intervalos
não limitados do tipo [a, +∞[, ]−∞, b] ou mesmo na reta toda ]−∞, +∞[.
Em outras situações temos um integrando que não está definido em um ponto e queremos calcular a integral a
partir desse ponto, ou até esse ponto. Geralmente os domı́nios do integrando são intervalos da forma ]a, b], [a, b[ ou
[a, c[ ∪ ]c, b].
Ainda há situações que combinam os casos acima, com intervalos da forma ]a, +∞[ ou ]−∞, b[.
Para as situações descritas acima procedemos de acordo com as seguintes definições:
quando os limites existirem (como números) ou forem infinitos e não ocorrer uma indeterminação na soma acima,
sendo c ∈ R um número real qualquer.
É possı́vel demonstrar que a escolha do número real c não interfere no valor ou natureza da soma dos limites do
terceiro caso acima.
As integrais acima definidas são chamadas de integrais impróprias do primeiro tipo.
Quando uma integral imprópria do primeiro tipo é um número real dizemos que ela é convergente, ou que ela
converge.
Quando uma integral imprópria do primeiro tipo é infinita, ou quando qualquer um dos limites acima definidos
não existir, ou quando o segundo membro da terceira definição acima apresentar uma indeterminação, dizemos que
ela é divergente, ou que ela diverge.
Quando f : [a, b[ → R é não limitada e integrável em [a, x] para qualquer a 6 x < b definimos
Zb Zx
f (x) dx = lim− f (x) dx
a x→b a
quando as integrais que compõem o segundo membro existirem (como números reais) ou forem infinitas e não
ocorrer uma indeterminação na soma. Observemos que as integrais do segundo membro são as que definimos nos
dois itens acima.
As integrais acima definidas são chamadas de integrais impróprias do segundo tipo. Elas são muito comuns
quando temos uma função que apresenta assı́ntota vertical ao seu gráfico.
De forma análoga às integrais impróprias do primeiro tipo, quando uma integral imprópria do segundo tipo é um
número real dizemos que ela é convergente, ou que ela converge.
Quando uma integral imprópria do segundo tipo é infinita, ou quando qualquer um dos limites acima definidos não
existir, ou quando o segundo membro da terceira definição acima apresentar uma indeterminação, dizemos que ela é
divergente, ou que ela diverge.
Há também a situação em que temos uma combinação das integrais impróprias do primeiro e do segundo tipo.
Vamos às definições:
Quando f : ]a, +∞[ → R é não limitada e integrável em [x1 , x2 ] para quaisquer a < x1 < x2 definimos
Z +∞ Zc Z +∞
f (x) dx = f (x) dx + f (x) dx
a a c
quando as integrais que compõem o segundo membro existirem (como números reais) ou forem infinitas e não
ocorrer uma indeterminação na soma.
Quando f : ]−∞, b[ → R é não limitada e integrável em [x1 , x2 ] para quaisquer x1 < x2 < b definimos
Zb Zc Zb
f (x) dx = f (x) dx + f (x) dx
−∞ −∞ c
quando as integrais que compõem o segundo membro existirem (como números reais) ou forem infinitas e não
ocorrer uma indeterminação na soma.
O número c é arbitrário no domı́nio de f.
Observemos que as integrais dos segundos membros são as que definimos acima.
Naturalmente, quando f é não negativa, a área A da região abaixo do gráfico de f e acima do eixo x pode ser
definida em termos de integrais impróprias. É comum termos regiões não limitadas cuja área é finita. Quando f é não
positiva, a integral imprópria pode ser associada à área da região acima do gráfico de f e abaixo do eixo x multiplicada
por −1 (de modo análogo ao que estudamos nas integrais não impróprias).
As situações mais comuns são ilustradas nas figuras abaixo.
y y y
A
A A x
0 a x x b 0 x1 0 c x2
+¥ b c +¥
A= ò a
f(x)dx A= ò -¥
f(x)dx A= ò -¥
f(x)dx + ò c
f(x)dx
y y y
A A
a 0 x b 0 a x b a 0 x1 c x2 b x
b b c b
A= ò f(x)dx
a
A= ò f(x)dx
a
A= ò f(x)dx + ò f(x)dx
a c
R+∞ 1
Exemplo 3.1 Calculemos 1 x2
dx.
De acordo com a definição temos
Z +∞ Zx
1 1
Ä x ä Ä x ä
− x1 1 = lim − x1 1 = lim − x1 + 1 = 1.
x2
dx = lim x2
dx = lim
1 x→+∞ 1 x→+∞ x→+∞ x→+∞
y +¥
A= ò 1
f(x)dx
A
0 1
R+∞ 1
Exemplo 3.2 Calculemos 1 x dx.
y 1
A= ò 0
f(x)dx
A
0 1 x
Portanto, temos uma integral convergente.
R π9
Exemplo 3.4 Calculemos 0
cotg (3x) dx.
De acordo com a definição temos
Z π9 Z π9 π Å ã
ln(|sen(3x)|) 9 ln(sen( π
3 )) ln(sen(3x))
cotg (3x) dx = lim+ cotg (3x) dx = lim+ 3 = lim+ 3 − 3 = +∞.
0 x→0 x x→0 x x→0
y p/9
A= ò 0
f(x)dx
A
p/6
0 p/9 p/3 x
R+∞
Exemplo 3.5 Calculemos a
e−x dx.
De acordo com a definição temos
Z +∞ Z +∞
x
e−x dx = lim e−x dx = lim −e−x a = lim −e−x − −e−a = e−a .
a x→+∞ a x→+∞ x→+∞
R+∞ 2x
Exemplo 3.6 Calculemos −∞ 1+x2
dx.
Tomemos c = 0. Observemos que
Z +∞ Z0 Zx
2x 2x 2x
1+x2
dx = lim 1+x2
dx + lim 1+x2
dx
−∞ x→−∞ x x→+∞ 0
0 x
= lim ln 1 + x2 + lim ln 1 + x2
x→−∞ x x→+∞ 0
= lim ln (1) − ln 1 + x2 + lim ln 1 + x2 − ln (1)
x→−∞ x→+∞
= lim − ln 1 + x2 + lim ln 1 + x2 ,
x→−∞ x→+∞
R+∞
cujo segundo membro apresenta uma indeterminação do tipo −∞ + ∞. Logo, de acordo com a definição, −∞ 2x
1+x2
dx
é divergente. R+∞ 2x Rx 2x
Neste exemplo, é importante notar que não podemos fazer −∞ 1+x 2 dx = lim −x 1+x 2 dx. De fato,
x→+∞
Zx
x Ä Ä 2
ää
2x
dx = lim ln 1 + x2 = lim ln 1 + x2 − ln 1 + (−x)
lim 1+x2
= lim 0 = 0,
x→+∞ −x x→+∞ −x x→+∞ x→+∞
R+∞ 2x
que nos levaria à conclusão errada de que −∞ 1+x2
dx seria convergente.
Em determinados casos, é possı́vel saber se uma integral imprópria é convergente ou divergente sem precisar
calculá-la. As proposições abaixo fornecem informações sobre esse assunto.
Proposição 3.1 (Teste da comparação direta) Sejam f e g funções contı́nuas em [a, +∞) tais que 0 6 f (x) 6 g (x)
para todo x ∈ [a, +∞). Então:
Z +∞ Z +∞
g (x) dx converge ⇒ f (x) dx converge
a a
Z +∞ Z +∞
f (x) dx diverge ⇒ g (x) dx diverge.
a a
Proposição 3.2 (Teste de comparação no limite) Sejam f e g funções contı́nuas em [a, +∞) tais que 0 6 f (x) 6
f(x)
g (x), para todo x ∈ [a, +∞), e lim g(x) = L com 0 < L < +∞. Então:
x→∞
Z +∞ Z +∞ Z +∞ Z +∞
f (x) dx e g (x) dx convergem ou f (x) dx e g (x) dx divergem.
a a a a
R+∞ 1
Exemplo 3.9 Verifiquemos se a integral imprópria 1 1+x2
dx é convergente ou divergente.
1 1 1 1
Como 1 + x2 > x2 temos 0 6 1+x 2 6 x2 , sendo que as funções f (x) = 1+x2 e g (x) = x2 são contı́nuas em [1, +∞).
R+∞ 1
Vimos nos exemplos acima que 1 x2 dx é convergente. Logo, pelo Teste da comparação direta, temos que
R+∞ 1
1 1+x2
dx é convergente.
R+∞
Exemplo 3.10 Verifiquemos se a integral imprópria 1 √x21−0,1 dx é convergente ou divergente.
√ √
Como x2 > x2 − 0, 1, para x ∈ [1, +∞), temos 0 6 √1 2 6 √x21−0,1 , sendo que as funções f (x) = √1 e
x x2
1
g (x) = √ são contı́nuas em [1, +∞).
x2 −0,1 R+∞
Mas no intervalo [1, +∞) temos √1 2 = x1 e vimos nos exemplos acima que 1
x dx é divergente. Logo, pelo Teste
R+∞x 1
da comparação direta, temos que 1 √x21−0,1 dx é divergente.
R+∞ 1−e−x
Exemplo 3.11 Verifiquemos se a integral imprópria 1 x dx é convergente ou divergente.
−x
1−e 1−e−x
Temos 0 6 x 6 x1 , para x ∈ [1, +∞), sendo que as funções f (x) = x e g (x) = 1
x são contı́nuas em [1, +∞).
Mas
1−e−x
x
= lim 1 − e−x = lim 1
lim 1
1− ex = 1.
x→+∞ x→+∞ x→+∞
x
R+∞ 1
Vimos nos exemplos acima que 1 x dx é divergente. Logo, pelo
Teste da comparação no limite, temos que
R+∞ 1−e−x
1 x dx é divergente.
Observemos que o Teste da comparação direta é ineficaz nesse caso.
R+∞ 1
Exercı́cio 3.2 Calcule −∞ 1+x dx. Trace o gráfico do integrando.
R+∞ 1 Ä2 0
ä x π π
Resposta: −∞ 1+x2 dx = lim arctg (x)|x + lim arctg (x)|0 = 2 + 2 = π (convergente).
x→−∞ x→+∞
R1 1
Exercı́cio 3.3 Calcule 0 √1−x dx.
R1 1 Ä √ x ä
Resposta: 0 √1−x dx = lim− −2 1 − x0 = 2 (convergente).
x→1
R+∞ 1
Exercı́cio 3.4 Calcule 0 (1+x)3
dx.
R+∞ 1
Exercı́cio 3.5 Calcule 0 x(x+2) dx.
R2 ln(x)
Exercı́cio 3.6 Calcule 0
√ dx.
x
R4 1
Exercı́cio 3.7 Calcule 0 (x−2)2
dx.
Z0 Z +∞ Z +∞ Z0
1 1 1 x
(5) 1+x2
dx (6) x−1 dx (7) x2 −1
dx (8) 1+x4
dx
−∞ 2 2 −∞
Z +∞ Z1 Z1 Z3
2
1 1 √x
(9) e−|x| dx (10) √
3
x
dx (11) x dx
(12) x3 −1
dx
−∞ 0 0 1
Z1 Z1 Z2 Z2
(13) ln (x) dx (14) √ 1 dx (15) √ 1 dx (16) 1
dx
1−x2 2−x 4−x2
0 0 0 −1
Z1 Z1 Z π2 Z π2
1
√ x (18)
(17) 1−x2
dx |x| dx (19) tg (x) dx (20) tg (x) dx
0 −1 0 −π
2
Capı́tulo 4
S fatia
x
0
As diversas áreas das fatias de S dão origem a uma função de x que indicamos por y = A (x). Logo, temos uma
função área, que pode ou não ser integrável. Analisemos o que representa a integral de y = A (x).
Suponhamos que o sólido S e o eixo x estejam posicionados no espaço de tal forma que o fatiamento de S ocorra
no intervalo [a, b] do eixo x.
Tomemos uma partição P = {a = x0 , x1 , . . . , xn−1 , xn = b} de [a, b] e consideremos os sólidos cilı́ndricos Ci de base
na fatia de S de área A (xi ) e altura ∆xi = xi − xi−1 com i = 1, . . . , n.
A(xi) S
n = 10
xi-1 xi x
0 a b
Dxi = xi - xi-1
x0 x1 x2 x3 x4 x5 x6 x7 x8 x9 x10
O volume de cada sólido cilı́ndrico Ci é definido por V (Ci ) = A (xi ) ∆xi (ou seja área da base vezes altura).
Observemos que sólidos cilı́ndricos podem ter as mais variadas formas, dependendo do formato da fatia.
h V = Ah
h h
A A h A A
Logo, é razoável considerar o volume V (S) do sólido S como sendo dado, aproximadamente, pela soma dos volumes
dos sólidos cilı́ndricos Ci , ou seja,
∼ P V (Ci ) = P A (xi ) ∆xi .
n n
V (S) =
i=1 i=1
Mas a última soma é uma Soma de Riemann de y = A (x) relativa à partição P e aos números xi . Supondo que
exista o limite das Somas de Riemann quando fazemos a norma da partição P tender a zero (o que implica em n → ∞)
temos a integral definida
Zb
Pn
A (x) dx = lim A (xi ) ∆xi
a |P|→0 i=1
e percebemos que, à medida que refinamos a partição, há uma melhora na aproximação do volume de S pelas Somas
de Riemann.
Logo, quando a integral acima existe, é natural definir o volume de S como sendo
Zb
V (S) = A (x) dx .
a
Exemplo 4.1 Uma pirâmide com 3 metros de altura tem base quadrada com lados medindo 3 metros. Calculemos
seu volume pelo método das secções planas paralelas.
Posicionemos o eixo x de tal modo que passe pelo vértice e pelo centro da base da pirâmide S, sendo x = 0 associado
ao vértice e x = 3 associado ao centro da base.
z
x/2 3
x O x
3
y
Desta forma, uma secção perpendicular ao eixo x feita à distância x do vértice é um quadrado de lados medindo
x, ou seja, sua área é A (x) = x2 . Levando-se em conta que as secções estendem-se de x = 0 até x = 3 temos
Z3 Z3
3 3
V (S) = A (x) dx = x2 dx = x3 = 9 (metros cúbicos).
0 0 0
Exemplo 4.2 Uma cunha curva de um cilindro circular de raio 3 foi cortada por dois planos. Um plano é perpendicular
ao eixo do cilindro. O segundo plano atravessa o primeiro plano formando um ângulo de medida 45◦ no centro do
cilindro. Determinemos o volume da cunha.
Considere a cunha S posicionada no sistema de coordenadas conforme a figura abaixo.
z y
3
Ö9-x2
y x
3 x
0 x
O
-Ö9-x2
x -3
45o
x
x
2Ö9-x2
√
Uma secção transversal
√ perpendicular ao eixo x é um retângulo com base medindo 2 9 − x2 e altura x. Portanto,
sua área é A (x) = 2x 9 − x2 .
Observemos que a base de um retêngulo secção está sobre uma corda perpendicular ao eixo √ x do semicı́rculo
√ de
equação x2 +y2 = 32 , com x > 0. Daı́, os extremos da√base serem os pontos de ordenadas y = − 9 − x2 e y = 9 − x2 ,
de onde concluimos que o comprimento da corda é 2 9 − x2 .
Levando-se em conta que as secções estendem-se de x = 0 até x = 3 temos
Z3 Z3 p √ 3
2 2 (9−x2 )3
V (S) = A (x) dx = 2x 9 − x dx = − 3 = 18.
0 0 0
x
0
região R curva g
a x b eixo x
0
r(x)
2
Assim, a área de cada secção será dada por A (x) = πr (x) e o volume do sólido de revolução será
Zb Zb
2
V (S) = A (x) dx = πr (x) dx .
a a
Esse caso particular do Método das Secções Planas Paralelos para sólidos de revolução recebe o nome de Método
dos Discos.
√
Exemplo 4.3 A região delimitada pelas curvas y = x, y = 0 e x = 4 (observe que 0 6 x 6 4) é girada em torno do
eixo x, gerando um sólido S de revolução. Calculemos o volume de S.
Lembremos da Geometria Analı́tica que o sólido de revolução S é delimitado por um paraboloide circular. Veja a
figura abaixo.
y z
y = Öx
Öx r
x
x O
x 4
0 x 4 y A
√
Cada secção plana de S perpendicular ao eixo x é um disco de raio r = x, sendo 0 6 x 6 4. A área de cada uma
2
dessas secções é A (x) = πr (x) .
Pelo Método dos Discos temos
Z4 Z4
√ 2
Å 4 ã
2
V (S) = π x dx = π xdx = π x2 = 8π.
0 0 0
√
Exemplo 4.4 A região delimitada pelas curvas y = x, y = 1 e x = 4 (observe que 1 6 x 6 4) é girada em torno da
reta y = 1, gerando um sólido S de revolução. Calculemos o volume de S.
Considere a figura abaixo com as informações fornecidas.
Exemplo 4.5 Vamos obter o volume de uma esfera de raio ρ pelo Método dos Discos.
Consideremos a esfera com centro na origem do sistema de coordenadas. Logo, sua equação será x2 + y2 + z2 = ρ2 .
Ao tomarmos secções da esfera perpendiculares ao eixo Ox no ponto de abscissa x temos cı́rculos de equação
p y2 + z2 =
ρ2 − x2 no plano yz da secção. Desta forma, a secção pode ser considerada um disco de raio r = ρ2 − x2 , sendo
−ρ 6 x 6 ρ.
z
0 x r
x
y r r
r = Ör2-x2
Naturalmente, a esfera pode ser considerada um sólido S de revolução e a área de cada secção é um disco de área
2
Äp ä2
A (x) = πr (x) = π ρ2 − x2 . Logo, pelo Método dos Discos:
Z ρ Äp Zρ Å ã
3 ρ
ä2
ρ2 − x2 dx = π ρ2 x − x3
V (S) = π ρ2 − x2 dx = π
−ρ −ρ −ρ
Ä 3 Ä 3 ää
ρ ρ
= π ρ3 − − −ρ3 + = π 2ρ3 − 23 ρ 3
= 43 πρ3 .
3 3
Exemplo 4.6 Vamos obter o volume de um cone circular reto de altura h e raio da base ρ pelo Método dos Discos.
Primeiramente observemos que o ângulo de medida θ que uma geratriz qualquer do cone forma com seu eixo é tal
ρ
que tg (θ) = h .
Consideremos o cone com vértice na origem do sistema de coordenadas e eixo sobre o eixo Ox. A intersecção do
cone com o plano coordenado xz é constituida por duas geratrizes do cone, sendo que aquela do primeiro quadrante
ρ
está sobre a reta de equação z = h x (pois o coeficiente angular dessa reta é tg (θ)).
Ao tomarmos secções do cone perpendiculares ao eixo Ox no ponto de abscissa x temos cı́rculos de equação
ρ
2 ρ
y2 + z2 = h x no plano yz da secção. Desta forma, a secção pode ser considerada um disco de raio r = h x, sendo
0 6 x 6 h.
z
r
r= x
h r
r
0 q
x
x h
y
Naturalmente, o cone pode ser considerado um sólido S de revolução e a área de cada secção é um disco de área
2 ρ
2
A (x) = πr (x) = π h x . Logo, pelo Método dos Discos:
Zh Zh Å h ã
2
πρ2 2 2
ρ
2 x3 h3
V (S) = π h x dx = πρh2 x 2
dx = h 2 3 = πρh2 3
= πρ3 h .
0 0 0
4.1.2 Caso Particular: Volume de Sólidos de Revolução - Método dos Anéis Circulares
Outro caso particular importante do Método das Secções Planas Paralelas é obtido quando o sólido S é também
um sólido de revolução, obtido do seguinte modo: tomamos um eixo x e uma região plana R delimitada por duas
curvas curvas g1 e g2 e por dois segmentos perpendiculares ao eixo x, conforme figura abaixo. O sólido S é a região
do espaço descrita por R à medida em que R é girada de 360◦ em torno do eixo x.
Sólido de 360o
Revolução S
x
0
curva g1
curva g2 região R
Notemos que, ao contrário do que ocorre no caso particular anterior, dependendo das curvas g1 e g2 , podemos ter
sólidos “furados” ao longo do eixo x, como ocorre no exemplo da figura acima.
As curvas g1 e g2 são chamadas de geratrizes da superfı́cie de revolução que envolve o sólido S.
Neste caso, as secções por planos paralelos perpendiculares ao eixo x são anéis circulares. Suponhamos que seja
possı́vel encontrar expressões analı́ticas r (x) e R (x) para os raios internos e externos, respectivamente, desses anéis
em função de x. Suponhamos também que a projeção ortogonal da região R sobre o eixo x esteja delimitada pelo
segmento [a, b]. Logo, a 6 x 6 b.
anéis
a x b eixo x
0
r(x) R(x)
2 2
Ä 2 2
ä
Assim, a área de cada secção será dada por A (x) = πR (x) − πr (x) = π R (x) − r (x) e o volume do sólido de
revolução será
Zb Zb Ä ä
2 2
V (S) = A (x) dx = π R (x) − r (x) dx .
a a
Esse caso particular do Método dos Planos Paralelos para sólidos de revolução recebe o nome de Método dos
Anéis Circulares.
Exemplo 4.7 A região limitada pela curva y = x2 + 1 e pela reta y = −x + 3 é girada em torno da reta x para gerar
um sólido de revolução S. Determinemos o volume do sólido.
A figura abaixo ilustra a região em questão.
y
5 z
-x+3
-x+3
3
x2+1
x2+1 r
2 y
R
1
x
-2 x 0 1
As abscissas dos pontos que são as intersecções da curva y = x2 + 1 com a reta y = −x + 3 podem ser obtidos
igualando as ordenadas y nas duas equações, ou seja, x2 + 1 = −x + 3. Assim, x2 + x − 2 = 0 cujas raı́zes são x = −2
e x = 1.
As secções planas de S perpendiculares ao eixo x são anéis
Ä de raio externo
ä R = −x + 3 e raio interno r = x2 + 1,
2 2
sendo −2 6 x 6 1. A área de um desses anéis é A (x) = π R (x) − r (x) .
Logo, pelo Método dos Anéis Circulares temos
Z1 Z1 Z1
Ä 2 2
ä 2 2
2
x2 − 6x + 9 − x4 − 2x2 − 1 dx
V (S) = π R (x) − r (x) dx = π (−x + 3) − x + 1 dx = π
−2 −2 −2
Z1 Å 1 ã
5 3
−x4 − x2 − 6x + 8 dx = π − x5 − x3 − 3x2 + 8x
=π
−2 −2
1 1 32 8
117
= π − 5 − 3 − 3 + 8 − 5 − 3 + 12 + 16 = 5 π
Exemplo 4.8 Calculemos o volume de um toro de revolução, cujo raio do cı́rculo interno central (raio maior) é a e
raio do cı́rculo de revolução (raio menor) é b.
Posicionemos o toro com centro na origem e o cı́rculo interno central de raio a no plano yz (veja figura).
círculo
x2+(z-a)2=b2 z
a+Öb2-x2 z
a+Öb2-x2
z
y a a
a a-Öb2-x2
a-Öb2-x2 x r
a x x y
-b b
b -a+Öb -x
2 2
b R
-a -a
-a-Öb2-x2 círculo
x2+(z+a)2=b2
2 2
O plano coordenado xz intersecta o toro em dois cı́rculos de raio b de equações x2 + (z − a) = b2 e x2 + (z + a) =
2
b , sendo −b 6 x 6 b. √
As secções
√ planas do toro S perpendiculares ao eixo x são anéis de raio externo
Ä R = a + ä b2 − x2 e raio interno
2 2 2 2
r = a − b − x , sendo −b 6 x 6 b. A área de um desses anéis é A (x) = π R (x) − r (x) .
Logo, pelo Método dos Anéis Circulares temos
Zb Ä ä Z b ÅÄ p ä2 Ä p ä2 ã
2 2
V (S) = π R (x) − r (x) dx = π a + b2 − x2 − a − b2 − x2 dx
−b −b
Zb Ä p p ä
=π a2 + 2a b2 − x2 + b2 − x2 − a2 + 2a b2 − x2 − b2 + x2 dx
−b
Zb q Z0
x 2
= 4abπ − b sen2 (u) du; (fazendo cos (u) = x
= 4abπ 1− b dx b)
−b π
Zπ Å ã
1 π
= 4ab2 π − cos(2u)
2 du = 2ab 2
π u − sen(2u)
2
2
0 0
A fórmula do volume do toro pode ser facilmente memorizada se observarmos que V (S) = (2πa) πb2 , ou seja, o
volume do toro é o produto do comprimento do cı́rculo interno central, que é 2πa, pela área do cı́rculo de revolução,
que é πb2 .
eixo de rotação
Sólido de Revolução
O método consiste em posicionar o sólido S e o eixo x de tal modo que possamos fatiar o sólido por meio de
cilindros circulares todos com o mesmo eixo. O eixo dos cilindros coincide com o próprio eixo de rotação do sólido
S. Além disso, este posicionamento do eixo x e do sólido S permite que escrevamos os raios e as alturas dos cilindros
circulares em função de x. Como sabemos calcular a área de um cilindro circular reto podemos integrá-la e obter o
volume desejado.
Planificação
da superfície
h(x) h(x) lateral do cilindro
r(x)
2pr(x)
A = 2pr(x)h(x)
Consideremos a região R no plano xy delimitada lateralmente pelas retas verticais x = a e x = b, acima pelo gráfico
da função integrável y = f (x) e abaixo pelo gráfico da função integrável y = g (x), sendo a 6 x 6 b. Tomemos uma
reta vertical x = L e rotacionemos 360◦ a região R no espaço em torno da reta x = L. O sólido de revolução descrito
por R no espaço será o sólido S que desejamos calcular o volume.
eixo de rotação
y = f(x)
Sólido S
Região R
L a b eixo x
y = g(x)
f(xi)
anel cilíndrico Ai
xi-1
L a xi b
hi
eixo x
ri
ri
g(xi)
sendo que 2πρi é o comprimento da base da superfı́cie cilı́ndrica externa planificada de Ai , hi é sua altura e ∆xi =
ρi − ri = xi − xi−1 é a espessura do anel.
Aproximação da
ri planificação do
hi hi anel cilíndrico Ai
ri
Dxi
2pri
anel cilíndrico Ai
Fazendo a norma da partição P tender a zero temos o volume V (S) definido como:
Pn
V (S) = lim i=1 2π (xi − L) (f (xi ) − g (xi )) ∆xi ⇒
|P|→0
Zb
V (S) = 2π (x − L) (f (x) − g (x)) dx .
a
Exemplo 4.9 Calculemos o volume do sólido de revolução S obtido pelo giro da região delimitada pelas parábolas
y = 3x − x2 e y = x2 − 3x em torno do eixo y.
A figura abaixo reune as condições do enunciado.
y y
2
-x +3x -x2+3x
0 h = 2(3x-x2)
x x
0 x 3 x
z
x2-3x x2-3x
Temos f (x) = 3x − x2 , g (x) = x2 − 3x e o eixo y possui equação x = 0, ou seja, L = 0 na fórmula do Método das
Cascas Cilı́ndricas.
Fazendo a intersecção das duas parábolas temos 3x − x2 = x2 − 3x, ou seja, x = 0 ou x = 3, que correspondem a
y = 0. Temos, portanto, que 0 6 x 6 3.
Uma casca cilı́ndrica do sólido S, com eixo no eixo y, e de raio x possui altura h = f (x) − g (x) = 2 3x − x2 .
Exemplo
√ 4.10 Calculemos o volume do sólido de revolução S obtido pelo giro da região delimitada pelas curvas
y = x, x = 4 e o eixo x em torno do eixo y.
A figura abaixo reune as condições do enunciado.
y
y = Öx y
Öx Öx
h=Öx
x 0
x
0 x 4 x
z
√
Temos f (x) = x, g (x) = 0 e o eixo y possui equação x = 0, ou seja, L = 0 na fórmula do Método das Cascas
Cilı́ndricas. Notemos que 0 6 x 6 4.
√
Uma casca cilı́ndrica do sólido S, com eixo no eixo y, e de raio x possui altura h = f (x) − g (x) = x.
Pelo Método das Cascas Cilı́ndricas temos
Z4 Z4 Ç
5 4
å
√ 3
2x
V (S) = 2πx x dx = 2π x 2 dx = 2π 2
5 = 128
5 π.
0 0 0
eixo y
A7
linha poligonal gráfico de f
A2
f(x2)
A1 f(x2)-f(x1)
f(x1) n =7
x2-x1
A0
a = x0 x1 x2 x3 x4 x5 x6 x7 = b eixo x
A reunião de todos os segmentos Ai−1 Ai , que indicamos por A0 A1 . . . An , chamamos de linha poligonal e os
pontos Aj , 0 ≤ j ≤ n, são os vértices da linha poligonal.
Temos assim, que o comprimento do gráfico de f é aproximadamente o comprimento da linha poligonal A0 A1 . . . An .
2 2 2
Mas, pelo Teorema de Pitágoras: (Ai−1 Ai ) = (xi − xi−1 ) + (f (xi ) − f (xi−1 )) , ou seja,
»
2 2
Ai−1 Ai = (xi − xi−1 ) + (f (xi ) − f (xi−1 )) ⇒
…
2
2
Ai−1 Ai = (xi − xi−1 ) 1 + (f(x(xi )−f(x i−1 ))
2 ⇒
i −xi−1 )
…
Ä ä2
Ai−1 Ai = (xi − xi−1 ) 1 + f(xxii)−f(x
−xi−1
i−1 )
.
Chamando ∆xi = xi − xi−1 temos que o comprimento do gráfico de f é dado aproximadamente pela Soma de
Riemann
P
…
n ä2
∼
Ä
C= 1 + f(xxii)−f(xi−1 )
−xi−1 ∆xi .
i=1
Fazendo a norma da partição |P| tender a zero temos n → ∞ e uma melhora na aproximação do comprimento do
gráfico de f pelo comprimento da linha poligonal. Deste modo, definimos o comprimento do gráfico de f como sendo
P
…
n Ä ä2
C = lim 1 + f(xxii)−f(xi−1 )
−xi−1 ∆xi ⇒
|P|→0 i=1
Z b»
2
C= 1 + f0 (x) dx .
a
√ √
4 2
Exemplo 4.11 Determinemos o comprimento da curva y = x3
− 1 para 0 6 x 6 1.
3
√ √
A curva em questão pode ser vista como gráfico da função f (x) = 4 3 2 x3 − 1, sendo 0 6 x 6 1.
√ √
Assim, temos f0 (x) = 2 2 x.
Sendo C o comprimento do gráfico de f, temos, pela fórmula do comprimento de curva:
Z 1… Ä √ √ ä2 Z1 1
√ »
3
C= 1 + 2 2 x dx = 1 + 8xdx = 12 (1 + 8x) = 13
1
6 .
0 0 0
x3 1
Exemplo 4.12 Determinemos o comprimento da curva y = 12 + x para 1 6 x 6 4.
x3
A curva em questão pode ser vista como gráfico da função f (x) = 12 + x1 , sendo 1 6 x 6 4.
y
x
0 1 4
1
Exemplo 4.13 Determinemos o comprimento da curva y = 2 (ex + e−x ) para 0 6 x 6 2.
A curva em questão pode ser vista como gráfico da função f (x) = 21 (ex + e−x ), sendo 0 6 x 6 2.
Assim, temos f0 (x) = 12 (ex − e−x ).
Sendo C o comprimento do gráfico de f, temos, pela fórmula do comprimento de curva:
Z 2q Z 2» Z 2q
1
2 1 e2x 1 e−2x
C= 1+ 2 (ex − e−x ) dx = 1+ 4 (e2x −2+ e−2x )dx = 4 + 2 + 4 dx
0 0 0
Z2 Ä
…
ä2 Z2 Ä 2
x −x x −x x −x
ä
e e e e e e
= + dx = + dx = −
2 2 2 2 2 2
0
0 0
e2 −2
e 1 1 1
e − e−2 .
2
= 2 − 2 − 2 + 2 = 2
ex +e−x
Observação: cosh (x) = 2 , ou seja, a curva em questão é uma catenária.
360o
a b x
0
x
0 a = x0 x1 x2 x3 x4 x5 = b
n =5
Observemos que cada segmento Ai−1 Ai dá origem a uma superfı́cie de um tronco de cone (ou cilindro, se Ai−1 Ai
for paralelo ao eixo x). Os raios maior e menor desse tronco de cone são f (xi−1 ) e f (xi ) (não necessariamente f (xi−1 )
é maior e f (xi ) é menor). Podemos construir um cilindro de raio médio ri = f(xi )+f(x
2
i−1 )
e altura hi = Ai−1 Ai . A
área lateral desse cilindro é aproximadamente a área lateral do tronco de cone e a aproximação é tanto melhor quanto
menor for o comprimento de Ai−1 Ai . Notemos que se o giro de Ai−1 Ai em torno do eixo x já for um cilindro não
precisamos do procedimento de aproximação de tronco de cone por cilindro descrito neste parágrafo.
Ai-1 ri Ai
f(xi-1)
f(xi)
xi-1 xi
hi
Planificando a superfı́cie lateral de um cilindro de raio ri e altura hi temos um retângulo de área Ri = 2πri hi que
é a área da superfı́cie lateral do cilindro e que é uma aproximação da área da superfı́cie lateral do tronco de cone.
Planificação
da superfície
lateral do cilindro
hi hi
ri 2pri
Área: Ri = 2prihi
Desta forma, chamando ∆xi = xi − xi−1 temos que a área da superfı́cie de rotação S é dada aproximadamente pela
Soma de Riemann:
∼ P 2π f(xi )+f(xi−1 ) 1 + f(xi )−f(xi−1 ) 2 ∆xi
…
n Ä ä
A (T ) = 2 xi −xi−1
i=1
Fazendo a norma da partição |P| tender a zero temos n → ∞ e uma melhora na aproximação da área da superfı́cie
de rotação S pela área da superfı́cie de rotação T . Deste modo, definimos a área da superfı́cie S como sendo
P
…
n Ä ä2
f(xi )+f(xi−1 )
A (S) = lim 2π 2 1 + f(xxii)−f(x
−xi−1
i−1 )
∆xi ⇒
|P|→0 i=1
Zb »
2
A (S) = 2πf (x) 1 + f0 (x) dx .
a
√ √
A curva y = 2 x pode ser vista como gráfico da função f (x) = 2 x, sendo 1 6 x 6 2.
Assim, temos f0 (x) = √1x .
Sendo A (S) a área da superfı́cie gerada pela rotação da curva em torno do eixo x, seu valor é dado pela fórmula:
Z2 … Z2 »
√ Ä ä2 √
A (S) = 2π 2 x 1 + √1x dx = 4π x 1 + x1 dx
1 1
Z2 Ç √ 2 å
√ 2 (x+1)3
Ä √ √ ä
= 4π x + 1dx = 4π 3 = 4π 6 3 3 − 4 3 2
1 1
Ä √ √ ä
8π
= 3 3 3−2 2 .
Exemplo 4.15 Determinemos a área da superfı́cie gerada pela rotação do segmento y = −x + 1, para 0 6 x 6 1, em
torno do eixo x. Esta superfı́cie é a lateral de um cone reto de revolução sem a base.
A superfı́cie S em questão pode ser vista na figura abaixo.
y
1
y = -x+1
-1
x
0 1
z 1
-1
Observação: da Geometria Euclidiana Espacial, sabemos que a fórmula para a área lateral de um cone reto de
revolução é dada
√ por A = πrg, sendo r o raio da base do cone e g o comprimento das geratrizes. Neste caso, temos
r = 1 e g = 2 (confira).
(27) sólido de revolução obtido pelo giro da região do primeiro quadrante, limitada pela parábola y = x2 , abaixo pelo
eixo x e à direita pela reta x = 2 em torno do eixo y.
(28) sólido de revolução√obtido pelo giro da região√do primeiro quadrante, limitada à esquerda pelo cı́rculo x2 + y2 = 3,
à direita pela reta x = 3 e acima pela reta y = 3 em torno do eixo y.
(29) sólido de revolução obtido pelo giro da região do primeiro quadrante, limitada acima por y = x2 , abaixo pelo eixo
x e à direita pela reta x = 1 em torno da reta x = −1.
(30) sólido de revolução obtido pelo giro da região do segundo quadrante, limitada acima por y = −x3 , abaixo pelo
eixo x e à esquerda pela reta x = −1 em torno da reta x = −2.
Exercı́cio 4.2 No espaço cartesiano calcule os volumes dos seguintes sólidos pelo “Método das Secções Cilı́ndricas”.
Faça uma figura sempre que possı́vel.
(1) sólido de revolução obtido pelo giro da região limitada por y = 3x, y = 0 e x = 2 em torno da reta x = 4.
(2) sólido de revolução obtido pelo giro da região limitada por y = 3x, y = 0 e x = 2 em torno da reta y = 7.
(3) sólido de revolução obtido pelo giro da região limitada por y = x3 , y = 8 e x = 0 em torno da reta x = −2.
(4) sólido de revolução obtido pelo giro da região limitada por y = x3 , y = 8 e x = 0 em torno da reta y = −1.
(5) sólido de revolução obtido pelo giro da região limitada por y = x + 2 e y = x2 em torno da reta x = 2.
(6) sólido de revolução obtido pelo giro da região limitada por y = x + 2 e y = x2 em torno da reta y = 4.
(7) sólido de revolução obtido pelo giro da região limitada por y = x4 e y = 4 − 3x2 em torno da reta x = 1.
1
(8) sólido de revolução obtido pelo giro da região do primeiro quadrante limitada acima pela curva y = 1 , à esquerda
x4
1
pela reta x = e abaixo pela reta y = 1 em torno da reta x.
16
Calcule o volume desse sólido também pelo método do fatiamento.
(9) sólido de revolução obtido pelo giro da região do primeiro quadrante limitada acima pela curva y = √1 , à esquerda
x
1
pela reta x = e abaixo pela reta y = 1 em torno da reta y.
4
Calcule o volume desse sólido também pelo método do fatiamento.
(10) Uma conta (de um colar) é feita de uma esfera de raio 5, ao se perfurar diametralmente a esfera usando uma
broca de raio 3. Determine o volume da conta e o volume da porção removida da esfera.
Exercı́cio 4.3 No plano cartesiano calcule os comprimentos das curvas seguintes. Se possı́vel, utilize o GeoGebra
para visualizar as curvas.
3
(1) y = 13 x2 + 2 2 de x = 0 a x = 3.
3
(2) y = x 2 de x = 0 a x = 4.
y3 1
(3) x = 3 + 4y de y = 1 a y = 3.
3
y2 1
(4) x = 3 − y 2 de y = 1 a y = 9.
y4 1
(5) x = 4 + 8y2
de y = 1 a y = 3.
y3 1
(6) x = 6 + 2y de y = 2 a y = 3.
4 2
(7) y = 34 x 3 − 38 x 3 + 5, 0 6 x 6 8.
x3 1
(8) y = + x2 + x + 4x+4
3 , 0 6 x 6 2.
Rx p
(9) y = 0 cos (2t)dt de x = 0 a x = π4 .
2 2
(10) x 3 + y 3 = 1. Esta curva chama-se astróide e tem formato de um “quadrado com lados curvados para dentro”
com vertices (0, ±1) e (±1, 0).
Exercı́cio 4.4 No plano cartesiano calcule as áreas das seguintes superfı́cies de revolução. Se possı́vel, esboce a
superfı́cie.
(1) superfı́cie de revolução gerada pelo giro de y = x2 , 0 6 x 6 4, em torno do eixo x.
(2) superfı́cie de revolução gerada pelo giro de y = x2 , 0 6 x 6 4, em torno do eixo y.
Capı́tulo 5
Neste capı́tulo abordaremos algumas classes das chamadas equações diferenciais ordinárias (EDO’s) de 1 a . ordem
e técnicas de resolução que fazem uso direto das integrais de funções reais de uma variável real que foram estudadas
previamente.
Uma equação diferencial é uma equação envolvendo uma função, suas derivadas e suas variáveis independentes.
Pelo menos uma das derivadas deve estar presente na equação.
Quando em uma equação diferencial temos uma função, por exemplo, y = f (x) e suas derivadas (todas dependentes
da variável x), é comum escrever y = y (x) no lugar de y = f (x) e y0 = y0 (x) no lugar de y0 = f0 (x). Mais ainda:
é comum simplificar a notação, omitindo a variável independente x e escrevendo apenas a variavel dependente y no
lugar de y (x). De forma análoga com mais do que uma variável independente: escrevemos y = y (u, v) no lugar de
∂y ∂f
y = f (u, v), yu = yu (u, v) no lugar de yu = fu (u, v) (ou no lugar de ∂u = ∂u (u, v)), e assim por diante. Mas
atenção: sempre deve ficar muito claro quais são as variáveis dependentes e quais são as variáveis independentes na
equação diferencial. Vejamos alguns exemplos para fixar a notação e entender melhor essas considerações.
Exemplo 5.1 y0 = 3y2 sen (t + y), sendo y = y (t), é uma equação diferencial.
Observação: y = y (t) significa que y é uma função de t, ou seja, y depende de t. Assim, t é variável independente e
y é variável dependente.
Exemplo 5.2 y000 = e−y + t + y00 , sendo y = y (t), é uma equação diferencial.
Exemplo 5.3 y00 = ax + bx + c, sendo a, b e c constantes reais e y = y (x), é uma equação diferencial.
Exemplo 5.4 y00 = a, sendo a constante real e y = y (x), é uma equação diferencial.
0
Exemplo 5.5 1
γ (γT 0 ) = 0, sendo T = T (γ), é uma equação diferencial.
Exemplo 5.6 yuu + yv + ey = uv, sendo y = y (u, v), é uma equação diferencial.
Observação: Note que aqui y depende de duas variáveis, que são u e v. A notação yv significa que estamos derivando
a função y em relação à variável v, enquanto que yuu significa que estamos derivando y em relação à variável u duas
vezes. As funções de várias variáveis, suas derivadas (chamadas de derivadas parciais) e suas integrais (chamadas de
integrais múltiplas) são estudadas à parte.
Observações.
dy
(i) Em muitas situações é útil utilizar a notação fracional para derivadas em equações diferenciais, ou seja, y0 = dx
2 2
(notação de Leibniz), sendo y = y (x). Analogamente, y00 = ddxy2 , yv = ∂y ∂ y
∂v , yuu = ∂u2 , etc (essas duas últimas
são notações de Leibniz para derivadas parciais). Por exemplo, a equação diferencial do Exemplo 5.1 ficaria dy
dt =
∂2 y ∂y
3y2 sen (t + y), enquanto que a do Exemplo 5.6 ficaria ∂u2
+ ∂v + ey = uv.
(ii) Resolver (ou integrar ) uma equação diferencial significa encontrar uma função que a satisfaça. A função
solução pode não ser única. Por exemplo, y = y (x) = k sen (x), sendo k constante real, é solução da equação diferencial
y00 + y = 0. Observemos que para cada k, uma solução!
(iii) Lembremos que “encontrar” uma solução para uma equação diferencial pode ser de forma implı́cita, por meio
de uma equação envolvendo a função e suas variáveis. Por exemplo, uma solução y = y (x) para y0 = yeyy−2x é
dada implicitamente por xy2 − y2 − 2y + 2 ey = 0 (verifique). Observemos que não dá para isolar a função y nesta
equação.
Uma equação diferencial cuja função depende apenas de uma variável é chamada de Equação Diferencial Or-
dinária (EDO).
Uma equação diferencial cuja função depende de mais do que uma variável é chamada de Equação Diferencial
Parcial (EDP).
A ordem de uma equação diferencial é a maior ordem de derivada que aparece na equação.
Dos exemplos acima: o Exemplo 5.1 é EDO de ordem 1; o Exemplo 5.2 é EDO de ordem 3; os Exemplos 5.3, 5.4 e 5.5
são EDO’s de ordem 2; e o Exemplo 5.6 é EDP de ordem 2.
Uma EDO de ordem n pode ser escrita genericamente como E x, y, y0 , . . . , y(n) = 0, sendo y = y (x). No Exemplo
5.1 acima, E (t, y, y0 ) = y0 − 3y2 sen (t + y).
Há uma classe de EDO’s que é de interesse especial:
Exemplo 5.7 y00 + ty = 0, com y = y (t), é EDO de 2a . ordem linear homogênea, sendo P2 (t) = 1, P1 (t) = 0,
P0 (t) = t e Q (t) = 0.
Exemplo 5.8 y0 = 5x + 2, com y = y (x), é EDO de 1a . ordem linear não homogênea, sendo P1 (x) = 1, P0 (x) = 0 e
Q (x) = 5x + 2.
Exemplo 5.9 ey y00 + 2y0 = 2, com y = y (x), é EDO de 2a . ordem não linear, pois ey não é função conhecida de x.
Exemplo 5.10 4y000 + sen (x) y00 + 5xy = 0, com y = y (x), é EDO de 3a . ordem linear homogênea, sendo P3 (x) = 4,
P2 (x) = sen (x), P1 (x) = 0, P0 (x) = 5x e Q (x) = 0.
6 √
Exemplo 5.11 ty000 + t2 (y0 ) − sen t y = t2 − t + 1, com y = y (t), é EDO de 3a . ordem não linear, pois y0 possui
√
potência 6 e − sen t y não é da forma Pk (x) y(k) com k inteiro não negativo.
0
Exemplo 5.12 (y0 ) = x, com y = y (x), não é equação diferencial. É equação algébrica (x = 1).
(0)
Observação: se fosse (y0 ) = x terı́amos y0 = x e, portanto, EDO de 1a . ordem linear.
A solução de uma EDO pode não ser única. Elas são classificadas do seguinte modo:
- Solução geral: é um conjunto de soluções padrão para a EDO considerada.
- Solução particular: é uma única solução, obtida da solução geral, satisfazendo algumas condições pré-fixadas,
chamadas de condições iniciais.
- Solução singular: é uma solução da EDO que não provém da solução geral.
Uma Equação Diferencial Ordinária (EDO) de 1a . Ordem é uma equação E (x, y, y0 ) = 0 envolvendo:
- uma função derivável y = y (x) de uma variável real;
- a derivada primeira y0 = y0 (x) da função y;
- a variável independente x da função y;
sendo que a derivada y0 deve estar presente na equação.
Uma EDO de 1a . ordem E (x, y, y0 ) = 0, sendo y = y (x), sujeita à condição y (x0 ) = y0 , com x0 e y0 dados, é
chamada de problema de valor inicial (PVI). A condição y (x0 ) = y0 também é chamada de condição inicial.
√ √
Exemplo 5.13 2 xyy0 = 1, sendo y = y (x). Neste caso, E (x, y, y0 ) = 2 xyy0 − 1.
y0 2 √ 2 y0 2 √ 2
Exemplo 5.14 x = yex + 2 yex , sendo y = y (x). Neste caso, E (x, y, y0 ) = x − yex − 2 yex .
Exemplo 5.15 y0 = ky, sendo y = y (x) e k constante real. Neste caso, E (x, y, y0 ) = y0 − ky.
2 2
Exemplo 5.16 y0 = y 3 cos t2 + y , sendo y = y (t). Neste caso, E (t, y, y0 ) = y0 − y 3 cos t2 + y .
Exemplo 5.17 y0 + P (x) y = Q (x), sendo P = P (x) e Q = Q (x) funções dadas e y = y (x). Neste caso, E (x, y, y0 ) =
y0 + P (x) y − Q (x).
0 0
Exemplo 5.18 ey + 2y0 + x2 y = 0, sendo y = y (x). Neste caso, E (x, y, y0 ) = ey + 2y0 + x2 y.
Iremos trabalhar apenas com EDO’s nas quais é possı́vel isolar y0 , ou seja, E (x, y, y0 ) = 0 que pode ser escrita como
y0 = F (x, y). Dos exemplos acima, apenas a EDO do Exemplo 5.18 não pode ser escrita como y0 = F (x, y).
Problemas Aplicados.
Problema (1) Um balão sobe com velocidade constante de 4 m/s e está à altura de 25 m acima do solo quando
uma pedra é solta do balão. Quanto tempo a pedra gasta para chegar ao solo? (Obs.: despreze a resistência do ar e
considere a aceleração da gravidade com intensidade g = 9, 8 m/s2 .
Resolução.
Orientemos o movimento do balão por meio de um eixo vertical escalonado para representar a altura do balão em
metros, com origem no solo.
vbalão
vbalão(t) = 4 m/s é constante
balão
s = s(t) é variável
vpedra = v(t) é variável
a(t) = -9,8 m/s2 é constante
pedra
s vpedra +
a altura
solo 0
Sejam s = s (t) distância da pedra ao solo em metros, v = v (t) a velocidade da pedra em m/s e a = a (t) a aceleração
da gravidade em m/s2 , todas essas funções dependentes do tempo t, medido em segundos. Lembremos que a velocidade
v é a taxa de variação instantânea da distância em relação ao tempo, ou seja, v (t) = s0 (t), e que a aceleração é a taxa
0
de variação instantânea da velocidade em relação ao tempo, ou seja, a (t) = v (t) .
Seja t = 0 s o instante em que a pedra é lançada. Nesse instante a velocidade v = v (t) da pedra é de 4 m/s, ou
seja, v (0) = 4 m/s (positiva, pois a distância da pedra ao solo está aumentando nesse instante). Já a aceleração é
a (t) = −9, 8 m/s2 para qualquer instante t (negativa, pois a velocidade da pedra depois de lançada sempre decresce,
mesmo quando está negativa).
Sendo assim, de a (t) = v0 (t) temos v0 = −9, 8 (uma EDO de 1a . ordem linear), sujeita à condição inicial v (0) = 4.
Portanto,
v0 (t) = −9, 8 ⇒ v (t) = −9, 8t + k1 .
Uma observação interessante sobre esse problema: a velocidade da pedra é positiva quando ela é lançada e negativa
quando atinge o solo (pois nesse instante a distância da pedra ao solo está diminuindo). Sendo v = v (t) uma função
contı́nua, deve haver um instante t0 em que a velocidade da pedra se anula. Nesse instante a pedra deixa de subir e
começa a descer e, portanto, este é o instante em que a pedra está à sua maior altura s0 em relação ao solo. Calculemos
t0 e s0 . O instante t0 é tal que
2
Para t0 = 4,9 temos
2 2 2 ∼ 25, 82
s0 = s (t0 ) = −4, 9 4,9 +4 4,9 + 25 =
Portanto, após 0, 41 segundos do lançamento da pedra, ela atinge a altura máxima de 25, 82 metros. Por fim, obser-
vemos que após 0, 41 segundos o balão está à altura de 25 + 4 (0, 41) = ∼ 26, 64 metros. A figura abaixo apresenta o
gráfico da função distância e sintetiza os valores de tempo e altura que encontramos no problema.
s (em metros)
25,82
25 (gráfico fora de escala)
t (em segundos)
0 0,41 2,7
Problema (2) Determine a curva y = f (x) do plano cartesiano √ xy que passa pelo ponto A (9, 4) e cujo coeficiente
angular da reta tangente em cada ponto P (x, y) da curva é 3 x.
Resolução.
Sabemos que o coeficiente angular m da reta tangente ao gráfico de uma função derivável √ y = f (x) em um ponto
P (x, y) desse gráfico é m = f0 (x). Isto significa que temos a EDO de 1a . ordem linear y0 = 3 x.
y reta tangente de coeficiente angular f¢(x)
gráfico de f
(genérico)
x
x
Assim, √
√
y0 = 3 x ⇒ y = f (x) = 2 x3 + k.
Mas o ponto A (9, 4) está
√ na curva y = f (x). Isto significa que f (9) = 4 (ou y (9) = 4) é condição incial para a EDO
√
y0 = 3 x. Assim, 4 = 2 93 + k, ou seja, k = −50.
Problema (3) Determine a curva y = f (x) do plano cartesiano xy com as seguintes propriedades:
(i) y00 = f00 (x) = 6x;
(ii) Seu gráfico passa pelo ponto A (0, 1), e possui nesse ponto uma reta tangente horizontal.
Quantas curvas como essa existem no plano cartesiano?
Resolução.
Da EDO de 2a . ordem linear y00 = 6x temos:
O coeficiente angular m da reta tangente ao gráfico de y = f (x) em um ponto P (x, y) desse gráfico é dado por
m = f0 (x). Mas no ponto A (0, 1) a reta tangente é horizontal, ou seja, seu coeficiente angular é nulo, o que no conduz
2
à equação 0 = f0 (0) = y0 (0) = 3 (0) + k1 . Portanto, k1 = 0.
Desta forma, temos a equação y = x3 + k2 .
Por fim, A (0, 1) está na curva y = x3 + k2 . Portanto, 1 = 03 + k2 , ou seja, k2 = 1.
Conclusão: y = x3 + 1 é a curva pedida.
y gráfico de f
A(0,1)
reta tangente
x
-1 0
Notemos que y (0) = 1 e y0 (0) = 0 são condições iniciais para a EDO y00 = 6x. Essas condições iniciais fazem com
que a solução encontrada seja única, ou seja, não restam constantes a serem determinadas na equação da curva.
Suponhamos que B (x, y) = f (y) e A (x, y) = g (x), ou seja, B é função de y e A é função de x apenas.
Logo,
Z Z Z Z
g(x)
dy
dx = f(y) ⇒ f (y) dy
dx = g (x) ⇒ f (y) dy
dx dx = g (x) dx ⇒ f (y) dy = g (x) dx
e, com isso, caso seja possı́vel calcular as integrais, criamos uma equação algébrica em x e y apenas. Se for possı́vel,
isolamos a solução y e obtemos uma solução explı́cita da EDO.
Observação: No procedimento descrito acima, se tivermos uma condição inicial y (x0 ) = y0 , ela pode ser incorporada
às integrais. Observamos:
Z Z
f (y) dy = g (x) dx ⇐⇒ F (y) = G (x) + c, sendo F0 (y) = f (y) e G0 (x) = g (x) .
Como y (x0 ) = y0 deve satisfazer a equação acima, temos F (y0 ) = G (x0 ) + c, ou seja, c = F (y0 ) − G (x0 ). Logo,
Zy Zx
F (y) = G (x) + F (y0 ) − G (x0 ) ⇐⇒ F (y) − F (y0 ) = G (x) − G (x0 ) ⇐⇒ f (y) dy = g (x) dx .
y0 x0
Exemplo 5.19 Resolver o problema de valor inicial y0 + 2xy = 0, sendo y = y (x), com y (1) = e1 .
Resolução:
Temos
Utilizando a observação acima, a solução também pode ser alcançada do seguinte modo:
Zy Zx
2
1
−2xdx ⇒ ln (|y|) − ln 1e = −x2 + 12 ⇒ ln (|y|) + ln (e) = −x2 + 12 ⇒ |y| = e−x .
y dy =
1
e 1
2 2
1
Como y (1) = e > 0 e e−x > 0 temos y = y (x) = e−x .
Uma dúvida que pode surgir neste exemplo: seria possı́vel existir x1 6= 1 tal que y (x1 ) < 0? A resposta é não, porque
y deve ser derivável e, portanto, contı́nua. Como y nunca se anula, chegamos à conclusão de que y nunca muda de
sinal.
Exemplo 5.20 Resolver a EDO y0 = (1 + y) ex , sendo y = y (x) > −1.
Resolução:
Temos
Z Z
dx = (1 + y) e ⇒ 1+y dx = e ⇒ 1+y dx dx = e dx ⇒
dy x 1 dy x 1 dy x
Z Z
x x
1
1+y dy = ex dx ⇒ ln (|1 + y|) = ex + c ⇒ 1 + y = ee +c ⇒ y = Aee − 1 ,
sendo A = ec .
Exemplo 5.21 Resolver a EDO y (x + 1) y0 = x y2 + 1 , sendo x > −1 e y (0) = 0.
Resolução:
Temos
Zy Zx
y (x + 1) dy 2
⇒ y dy x
⇒ y dy
x+1 dx ⇒
x
dx = x y + 1 y2 +1 dx
= x+1 y2 +1 dx
dx =
0 0
Zy Zx Ä ä ln(y2 +1) ln(02 +1)
2
y
y +1
dy = 1
1 − x+1 dx ⇒ 2 − 2 = x − ln (|x + 1|) − 0 + ln (|0 + 1|) ⇒ y2 + 1 = e2x−2 ln(x+1) ⇒
0 0
…
ä2
e2x e2x ex
Ä
2
y = ln((x+1)2 )
−1⇒y = 2
(x+1)2
−1⇒ y= x+1 −1 .
e
Exemplo 5.22 Resolva o problema de valor inicial y0 + P (x) y = 0 (EDO de 1a . ordem linear homogênea), sendo
y = y (x), com y (x0 ) = y0 .
Resolução:
Temos
Zy Zx Zy Zx
y + P (x) y = 0 ⇒ dx = −P (x) y ⇒ y dx = −P (x) ⇒
0 dy 1 dy 1 dy
y dx dx = −P (x) dx ⇒ 1
y dy = −P (x) dx ⇒
y0 x0 y0 x0
Zx Z x Rx
−P(x)dx y0
ln (|y|) − ln (|y0 |) = −P (x) dx ⇒ ln yy0 = −P (x) dx ⇒ y
= ±e x0
⇒y=± Rx .
y0 P(x)dx
x0 x0 e x0
Exemplo 5.23 Resolva o problema de valor incial y0 + sen (t) y = 0, sendo y = y (t), com y (0) = 23 .
Resolução:
Vamos resolver essa EDO de 1a . ordem linear homogênea sem aproveitar a solução já obtida no exemplo anterior.
Temos
Z Z
y + sen (t) y = 0 ⇒ dt = − sen (t) y ⇒ y dt = − sen (t) ⇒ y dt dt = (− sen (t)) dt ⇒
0 dy 1 dy 1 dy
Z Z
1
y dy = (− sen (t)) dt ⇒ ln (|y|) = cos (t) + c ⇒ y = Aecos(t) .
3 3 3 cos(t)
Como y (0) = 2 temos A = 2e . Logo, y = 2e e .
3 3
2 2 3 cos(t)
Se utilizarmos a solução do exemplo anterior temos y = Rt = = .
2e e
e 0
sen(t)dt e− cos(t)+1
Exemplo 5.24 Resolva o problema de valor inicial (4y − cos (y)) y0 − 3x2 = 0, sendo y = y (x), com y (0) = 0.
Resolução:
Temos
Z Z
(4y − cos (y)) y − 3x = 0 ⇒ (4y − cos (y)) dx = 3x ⇒ (4y − cos (y)) dx dx = 3x2 dx ⇒
0 2 dy 2 dy
Z Z
(4y − cos (y)) dy = 3x2 dx ⇒ 2y2 − sen (y) = x3 + c.
Exemplo 5.25 Resolva o problema de valor inicial −yy0 + ex = 0, sendo y = y (x), com y (0) = 0.
Resolução:
Temos
Z Z
−yy0 + ex = 0 ⇒ y dy dx = ex
⇒ y dy
dx dx = ex dx ⇒
Z Z
2
ydy = ex dx ⇒ y2 = ex + c.
√
Como y (0) = 0 temos c = −1. Logo, y = ± 2ex − 2 e, neste caso, x ≥ 0. Além disso, com a condição inicial dada,
há duas soluções.
sendo Pn 6= 0. A “homogeneidade” dessa EDO é caracterizada pelo segundo membro da equação ser a função nula
(Q (x) = 0).
A inspiração para usar a palavra homogênea nesse tipo de equação vem dos sistemas lineares homogêneos, nos quais
os termos independentes são todos nulos.
Entretanto, a palavra homogênea também é usada para designar outro tipo de EDO na área de Equações Diferenciais,
conforme definição a seguir.
Uma EDO de 1a . ordem y0 = F (x, y), y = y (x), é chamada de EDO de 1a . ordem homogênea quando puder
Ä ä
ser escrita na forma y0 = G yx ou y0 = G yx .
Entretanto, quando se diz que uma EDO de 1a . ordem linear é homogênea, estamos diante de dois conceitos distintos
e não equivalentes de homogeneidade. Por exemplo:
• y0 + sen (x) y = 0 é EDO de 1a . ordem linear homogênea no sentido da definição da Seção 5.1, mas não no sentido
da definição acima.
• y0 + x1 y = 1 é EDO de 1a . ordem linear homogênea no sentido da definição acima (neste caso, y0 = G yx = 1 − yx ),
mas não no sentido da definição da Seção 5.1.
• y0 + x1 y = 0 é EDO de 1a . ordem linear homogênea nos dois sentidos possı́veis da palavra.
como quociente de transformações homogêneas de mesmo grau (teorema!). Daı́ a inspiração para se chamar esse tipo
de EDO de homogênea. Quando às EDO’s lineares homogêneas já comentamos que a inspiração vem dos sistema
lineares homogêneos.
Para a pergunta (2) temos a seguinte resposta: existe uma técnica simples de resolução desse tipo de EDO, que é por
meio de uma mudança de variáveis. Acompanhe o desenvolvimento abaixo.
Transformando EDO de 1a . ordem homogênea em EDO de variáveis separáveis
Suponhamos que y0 = G yx . Fazendo a mudança de variáveis u = yx temos y0 = G (u). Como y = y (x) temos que u
pode ser colocada em função de x, ou seja, u = u (x). Deste modo, podemos fazer uma separação de variáveis:
y = ux ⇒ y0 = u0 x + u ⇒ G (u) = u0 x + u ⇒ G (u) − u = x du
dx ⇒
1 du
G(u)−u dx = x1 ,
Caso a integral do primeiro membro seja possı́vel de ser calculada, encontramos a função u = u (x) e, portanto, temos
a função y = y (x) = xu (x).
Ä ä
Supondo y0 = G yx também podemos fazer a mudança de variáveis u = yx e separar as variáveis u e x.
−x cos yx y0 = x − y cos y
x ; sendo y = y (x)
Exemplo 5.26 Resolvamos o PVI .
y (1) = 0
Trata-se de uma EDO de 1a . ordem homogênea, pois
x − y cos yx 1 − yx cos yx
0 y
y = = =G .
−x cos yx − cos yx x
De y = xu temos
Ä Ä ää
1
y = y (x) = x arcsen ln |x| .
Qual é o domı́nio de y = y (x)? Vejamos. O domı́nio de f (x) = arcsen (x) é [−1, 1]. Logo,
Ä ä
1
−1 ≤ ln |x| ≤ 1 ⇒ e−1 ≤ |x|
1
≤ e ⇒ e−11
≥ |x| ≥ 1e ⇒ e−1 ≤ |x| ≤ e.
X = −e, − e1 ∪ 1e , e .
2
−x2
Exemplo 5.27 Resolvamos o PVI 2yy0 = y x ; sendo y = y (x) .
y (1) = 0
Trata-se de uma EDO de 1a . ordem homogênea, pois
Ç å
y2 −x2
Ä ä 1
y0 = 1 y x 1 y y
2yx = 2 x − y = 2 x − y =G x .
x
y
temos y = ux e, portanto, y0 = u0 x + u. Além disso, y0 = G (u) = 1 1
Fazendo u = x 2 u− u . Assim,
2
1 1
= u0 x + u ⇒ x du 1 1
− u ⇒ x du u 1
⇒ x du
dx = − 2u ⇒ − 1+u2 dx = x .
1+u 2u du 1
2 u− u dx = 2 u− u dx = − 2 − 2u
De y = xu temos
»
1
y = y (x) = ±x |x| −1 .
0≤ 1
|x| −1⇒1≤ 1
|x| ⇒ 1 ≥ |x| ⇒ −1 ≤ x ≤ 1.
X = [−1, 0[ ∪ ]0, 1] .
2xyy0 − y2 + x2 = 0; sendo y = y (x)
Exemplo 5.28 Resolvamos o PVI .
y (1) = 1
Primeiramente, observemos tratar-se de uma EDO de 1a . ordem homogênea, que é a mesma do exemplo acima, apenas
a condição inicial é diferente.
Aproveitando o que fizemos acima, temos u (1) = y(1) 1
1 = 1 = 1 e, portanto, de (∗):
Zu Zx »
x dx ⇒ − ln 1 + u + ln (2) = ln (|x|) ⇒ 1 + u2 = |x| ⇒ u = |x|
2u 1 2 2 2
− 1+u 2 du = −1 .
1 1
0≤ 2
|x| −1⇒ 1
2 ≤ 1
|x| ⇒ 2 ≥ |x| ⇒ −2 ≤ x ≤ 2.
X = [−2, 0[ ∪ ]0, 2] .
u0 = 1 + ey y0 ⇒ ey y0 = u0 − 1.
u0 − 1 = au − 1 ⇒ u0 = au ⇒ du
dx = au ⇒ 1 du
u dx = a,
Sendo y (0) = 0 temos a escolha pelo sinal positivo no segundo membro, ou seja:
u0 = y0 − 1 ⇒ y0 = u0 + 1.
2
Logo, fazendo a substituição de u e de y0 em y0 = (y − x) temos:
u0 + 1 = u 2 ⇒ du
dx = u2 − 1 ⇒ 1 du
u2 −1 dx
= 1,
Sendo y (0) = 0 temos a escolha pelo sinal negativo no segundo membro, ou seja:
x+1+e2x (x−1)
y−x−1
= −e2x ⇒ y − x − 1 = −e2x (y − x + 1) ⇒ 1 + e2x y = x + 1 + e2x (x − 1) ⇒ y =
y−x+1 1+e2x
.
O domı́nio de y = y (x) é X = R2 .
(2x − 4y + 5) y0 + x − 2y + 3 = 0; sendo y = y (x)
Exemplo 5.31 Resolvamos o PVI .
y (0) = 0
Primeiramente, observemos que a EDO acima pode ser escrita na forma (2 (x − 2y) + 5) y0 + (x − 2y) + 3 = 0.
Fazendo a mudança de variáveis u = x − 2y temos
1−u0
u0 = 1 − 2y0 ⇒ y0 = 2 .
Infelizmente, a solução y = y (x) é dada implicitamente pela equação acima (não dá para isolar y). Naturalmente, o
domı́nio de y = y (x) deve ser composto por valores x ∈ R tais que 4x − 8y + 11 6= 0.
Equações como a acima podem ser facilmente resolvidas, desde que P seja integrável.
Para tanto, definamos a função
R
P(x)dx
v (x) = e ,
que é chamada de fator integrante da EDO y0 + P (x) y = Q (x), sendo y = y (x).
R
P(x)dx
O fator integrante v (x) = e cumpre a seguinte propriedade:
R
ÅZ ã0
v0 (x) = e P(x)dx P (x) dx = v (x) P (x) .
O fato de v 6= 0 permite realizar a divisão acima, obtendo uma solução explı́cita da EDO quando vQ for integrável.
Observação 1: No procedimento descrito acima, se tivermos uma condição inicial y (x0 ) = y0 , ela pode ser
incorporada nas integrais. Vejamos:
R
Temos v (x) = e P(x)dx
= eP(x)+k1 , sendo P0 (x) = P (x). Fazendo v0 = v (x0 ) temos v0 = eP(x0 )+k1 , ou seja,
ek1 = v0 e−P(x0 ) .
Substituindo, v (x) = eP(x) v0 e−P(x0 ) = v0 eP(x)−P(x0 ) , ou seja,
Rx
P(x)dx
v (x) = v0 e x0
.
Temos Z Rx Z Rx Rx
1 −P(x)dx P(x)dx −P(x)dx
y= v(x) v (x) Q (x) dx = e x0
e x0
Q (x) dx = e x0
(Q (x) + k2 ) ,
Rx
P(x)dx
sendo Q0 (x) = e x0
Q (x). Logo,
Rx
0 −P(x)dx
y0 = e x0
(Q (x0 ) + k2 ) = Q (x0 ) + k2 .
Portanto, k2 = y0 − Q (x0 ).
Substituindo,
Rx Rx ÅZ x Rx ã
−P(x)dx −P(x)dx P(x)dx
y=e x0
(Q (x) + y0 − Q (x0 )) = e x0
e x0
Q (x) dx + y0 ,
x0
ou seja,
Rx ÅZ x Rx ã
−P(x)dx P(x)dx
y (x) = e x0
e x0
Q (x) dx + y0 .
x0
Infelizmente, esta fórmula não é muito prática, exceto quando Q (x) = 0. Neste caso, temos
Rx
−P(x)dx
y (x) = y0 e x0
.
Observação 2: Uma análise mais atenta do papel do fator integrante na EDO y0 + P (x) y = Q (x) permite
observarmos que ao multiplicar a EDO por v, a transformamos em uma EDO com a estrutura “derivada de uma
função desconhecida igual a uma função conhecida”, ou seja,
0
(uma função desconhecida) = (uma função conhecida) ,
o que permite integrar a equação e encontrar a solução da EDO. Essa finalidade da função v é que sugere o nome
“fator integrante”, ou seja, v é a função-fator que permite integrar a EDO e encontrar a solução.
A procura por fatores integrantes para EDO’s seguindo a ideia do parágrafo acima não é exclusividade de EDO’s
lineares. Isso pode ser desenvolvido para certos tipos de EDO’s não lineares. A razão pela qual estamos tratando
o caso linear com exclusividade se deve ao fato, apenas, de que neste caso é mais fácil calcular fatores integrantes.
Entretanto, mais adiante, estenderemos a técnica do fator integrante para uma classe mais abrangente de EDO’s
na qual a linear de primeira ordem está inserida.
Assim, Z Z
1
x−3 ek xdx = x3 x−2 dx = x3 −x−1 + c ⇒ y = −x2 + cx3 ,
y= x−3 ek
Exemplo 5.33 Um tanque contém 500 litros de água doce. Uma solução que contém 0, 5 kg / l de fertilizante solúvel
escoa para o tanque a uma taxa de 1 l / min, e a mistura é bombeada para fora do tanque a uma taxa de 3 l / min.
Depois de quanto tempo a quantidade de fertilizante será máxima no tanque?
Resolução.
Considere a figura abaixo.
0,5 kg/l
1 l/min
3 l/min
500 l
Para simplificar, chamaremos o fertilizante solúvel apenas de sal.
Seja y = y (t) a quantidade, em quilogramas, de sal no tanque no instante t, medido em minutos. Logo, y (0) = 0.
Seja y0 = y0 (t) a taxa de variação instantânea da quantidade de sal em relação ao tempo, medida em kg / min.
Seja V = V (t) = 500 − (3 − 1) t = 500 − 2t o volume, em litros, de solução no tanque no instante t. Logo, 0 ≤ t ≤ 250
min.
y(t)
A taxa de variação da quantidade de sal por litro no instante t é, portanto, V(t) kg / l. Essa também é taxa de saı́da
de sal por litro do tanque.
Naturalmente, a quantidade de sal no tanque em um determinado instante é igual à quantidade de sal que entrou
menos a quantidade de sal que saiu até aquele instante. Isto nos leva a considerar que a taxa de variação da quantidade
de sal por minuto passando pelo tanque no instante t, medida em kg / min, é igual à taxa de entrada (em kg / min)
menos a taxa de saı́da (em kg / min). Esquematicamente temos:
kg kg kg kg kg l kg l
min tanque = min entra − min sai =⇒ min tanque = l . min entra − l . min sai
Matematicamente temos:
y(t)
y0 (t) = (0, 5) . (1) − V(t) .3 =⇒ y0 (t) + 3
500−2t y (t) = 0, 5 .
3
que é uma EDO linear de 1a . ordem não homogênea, sendo P (t) = 500−2t e Q (t) = 0, 5.
Seu fator integrante é
R R
Ä ä
−3
k ln (500−2t)
3 ln(|500−2t|) 2
P(t)dt 3
500−2t dt +k −3
v (t) = e =e =e −2 =e e = ek (500 − 2t) 2
.
A solução é
Z Z Z
−3 3
1 1 ek (500−2t) 2 (500−2t) 2 −3
y = y (t) = v(t) v (t) Q (t) dt = −3 2 dt = 2 (500 − 2t) 2
dt
ek (500−2t) 2
(500−2t) 2
3
−1
500−2t
1
Ä √ ä
= 2 (500 − 2t) 2
+c = 2 1 + c (500 − 2t) 2 = (250 − t) 1 + c 500 − 2t .
√
Mas sabemos que y (0) = 0. Logo, (250 − 0) 1 + c 500 − 0 = 0, ou seja, c = − 101√5 . Portanto,
Ä √ ä
500−2t
y = y (t) = (250 − t) 1 − √
10 5
.
O gráfico de y está representado na figura abaixo. Observemos que há um ponto crı́tico. Vamos encontrá-lo.
y
40 gráfico de y = y(t)
20
t
0 50 100 150 200 250
Temos
√ √ √ √ √ √
2(500−2t)−20 5 500−2t+500−2t
y0 (t) = 500−2t
√
10 5
−1+ √500−2t
√
20 5 500−2t
= √ √
20 5 500−2t
= 3 500−2t−20
√
20 5
5
⇒ y0 (t) = 3 500−2t
√
20 5
−1 .
Por fim, observemos que y00 (t) = − 20√5√3500−2t < 0 para 0 < t < 250, o que significa que o gráfico de y = y (t) possui
concavidade para baixo e o ponto crı́tico t1 é de máximo global.
Conclusão: após aproximadamente 138, 9 minutos teremos a maior quantidade de sal no tanque e essa quantidade
∼ 37 quilogramas.
será de y (138, 9) =
Geralmente, em problemas envolvendo a Lei de Variação Exponencial, y = y (t) representa a quantidade de indivı́duos
de uma população no instante t, sendo t, naturalmente, a variável independente tempo. Portanto, y0 = y0 (t) é a taxa de
crescimento ou decrescimento da quantidade y em relação ao tempo. Quando não há fatores inibidores nessa população
(como doenças, fome, guerras ou escassez de recursos) essa taxa y0 é proporcional a y e representa, aproximadamente,
a diferença entre quantos indivı́duos estão nascendo e quantos indivı́duos estão morrendo na população, por unidade
de tempo, no instante t.
A EDO y0 = ky é separável:
Z Z
y = ky ⇒
0 1 dy
y dt =k⇒ 1 dy
y dt dt = kdt ⇒
Z Z
1
y dy = kdt ⇒ ln (|y|) = kt + c ⇒ |y| = ekt+c ⇒ |y| = ekt ec ⇒ |y| = Aekt ,
sendo A = ec > 0 constante. Quando y representa quantidade de indivı́duos de uma população, temos y > 0 e
y = Aekt .
Exemplo 5.34 Um grupo de 10.000 pessoas doentes está sendo tratado. Verificou-se que o número dos que estão se
curando no grupo, no instante t, é proporcional ao número de doentes no grupo nesse instante. Isso significa que a
taxa de cura, em relação ao tempo, é proporcional à quantidade de doentes. Após um ano do inı́cio do tratamento,
2.000 pessoas se curaram. Quanto tempo decorrerá para que o número de doentes chegue a apenas 1.000 pessoas?
Resolução.
Façamos y = y (t) como sendo o número de doentes no grupo no instante t, sendo t medido em anos.
Assim, y = 10.000eln(0,8)t .
Queremos o instante t1 tal que 1.000 = 10.000eln(0,8)t1 , ou seja, t1 = ln(0,1) ∼ 10, 32 anos.
=
ln(0,8)
Por exemplo:
• Carbono-14 é um isótopo radioativo do carbono e pode decair (“transformar-se”), com o passar do tempo, em
Nitrogênio-14, que é estável (não radioativo). O isótopo “comum” do carbono, o Carbono-12 é estável, ou seja, não é
radioativo.
Obs.: dois elementos quı́micos são isótopos quando possuem o mesmo número de prótons e elétrons, mas diferem no
número de neutrons.
• Urânio-238 é radioativo e pode dacair, após uma série de transformações intermediárias, em Chumbo-206, que não
é radioativo.
O tempo de decaimento de um átomo que iniciou esse processo de transformação depende do elemento quı́mico.
É comprovado experimentalmente que a taxa de decaimento radioativo de um elemento quı́mico, em relação ao tempo,
em uma amostra, é proporcional à quantidade de átomos do elemento presente na amostra. Isto significa que a taxa
de decaimento radioativo segue a Lei de Variação Exponencial, que vimos acima.
Se y = y (t) é a quantidade de átomos radioativos da amostra no instante t, então y0 = ky. Isso significa que, a menos
de sinal, y0 (t) é a quantidade de átomos da amostra que está deixando de ser radioativo, por unidade de tempo, no
instante t.
Para evitar trabalhar com k negativo, alguns autores adotam k = −λ com λ positivo. Sendo assim, a EDO considerada
é y0 = −λy, cuja solução é y = Ae−λt .
Todo ser vivo (animal ou vegetal) possui Carbono-14 em uma quantidade proporcional ao Carbono-12 no corpo. Essa
proporção é aproximadamente a mesma proporção de Carbono-14 e Carbono-12 na atmosfera. Quando o organismo
morre, o Carbono-14 presente no corpo começa a decair. Sabemos, por meio de experimentos, que o tempo necessário
para que a metade dos átomos de Carbono-14 de uma amostra decaia é de aproximadamente 5.700 anos. Esse é o
chamado tempo de meia-vida do Carbono-14. Sendo assim, por meio da medição da quantidade de Carbono-14 em
um corpo que já foi orgânico é possı́vel saber a data aproximada de sua morte.
Carbono-14
Exemplo 5.35 Por meio da comparação da relação Carbono-12 na atmosfera e Carbono-14
Carbono-12 em um osso fossilizado,
concluimos que 10% do Carbono-14 do osso decaiu. Qual é a idade aproximada do fóssil? Consideremos que o tempo
de meia-vida do Carbono-14 é de 5.700 anos.
Resolução.
Seja y = y (t) a quantidade de átomos de Carbono-14 no osso fossilizado, sendo t o tempo medido em anos.
Queremos t1 .
Como o decaimento radioativo segue a Lei de Variação Exponencial, temos y0 = ky, cuja solução é y = Aekt .
ln(0,5)
y (5700) = 0, 5y (0) ⇒ Aek5700 = 0, 5Aek0 ⇒ 5700k = ln (0, 5) ⇒ k = 5700 .
Deste modo,
ln(0,5)
= ln (0, 9) ⇒ t1 = 5700 ln(0,9) ∼ 866 anos.
5700 t1 ln(0,5) =
Após o término da Segunda Guerra Mundial, em 1945, os governos dos paı́ses europeus, dentre eles o governo holandês,
empenharam esforços em investigações para localizar, prender e julgar criminosos de guerra e colaboradores dos nazis-
tas. Nesse perı́odo, foram encontradas pelo exército aliado, em uma mina de sal na Áustria, uma enorme quantidade
de obras de arte pilhadas dos paı́ses ocupados pelos alemães e escondidas lá pelos nazistas. Imediatamente, foram
convocados especialistas em arte, para a identificação e o repatriamento das obras. Entretanto, havia uma pintura
antiga adquirida pelo alto comandante nazista Hermann Wilhelm Goering, intitulada “Woman taken in adultery”,
do famoso pintor holandês do século XVII Johannes Vermeer (1632 - 1675), que os especialistas desconheciam. Na
busca efetuada pelo governo holandês, pela origem da obra, foram descobertos registros de uma empresa que atuou
durante a guerra vendendo inúmeras obras de arte holandesas para os nazistas. Dentre as vendas, havia a da referida
obra. Essa venda foi feita a Goering intermediada por um banqueiro que afirmou agir em nome de um pintor holandês
chamado Henricus Antonius Van Meegeren de quem a obra procedia.
Em 29 de maio de 1945, Van Meegeren foi localizado e preso sob a acusação de colaborar com o inimigo por meio de
venda clandestina de patrimônio cultural holandês, uma vez que ele não revelou a procedência da obra. A sentença
para crimes de colaboracionismo com inimigos de guerra era a pena de morte.
Neste ponto, cabe ressaltar que não era raro surgirem “obras perdidas” de grandes pintores depois de muito tempo de
sua morte, na posse de famı́lias, geralmente, abastadas. Em particular, Vermeer não era muito conhecido no mundo
da arte até o inı́cio do século XX, quando seu talento fora, então, reconhecido. É sabido que Vermeer morreu muito
pobre e que, antes de morrer, trocava quadros por comida. Sua viúva, para sobreviver, vendeu todos os seus quadros
remanescentes a preços irrisórios e, provavelmente, muitas de suas obras se perderam. Hoje, certamente, não restam
mais do que cerca de 40 de suas pinturas. Sendo assim, os peritos em arte acreditaram, em um primeiro momento,
que a obra “Woman taken in adultery” era um “Vermeer perdido”.
Entretanto, no dia 12 de julho de 1945, para tentar escapar da pena de morte, Van Meegeren surpreendeu o mundo
ao revelar que a referida obra não era original. Ele mesmo a havia pintado entre 1941 e 1942, utilizando as técnicas e
o estilo de Vermeer, do qual ele era profundo conhecedor. Além disso, ele também revelou que a obra “The disciples
at Emmaus”, confeccionada entre 1936 e 1937, e outros quatro “Vermeer’s”, além de dois “De Hoogh’s” (outro pintor
holandês do século XVII) eram falsificações de sua autoria.
Essas revelações, embora chocantes, não foram em um primeiro momento levadas muito a sério. As autoridades
holandesas desconfiavam que Van Meegeren queria escapar a todo custo da morte e que, por isso, estava inventando
essa história. Além disso, a obra “The disciples at Emmaus” foi atestada como original, um “Vermeer perdido”, após
uma análise detalhada de dois dias por um famoso historiador de arte chamado Abraham Bredius. No entanto, para
comprovar a veracidade de sua história, Van Meegeren predispôs-se a pintar, em sua cela, uma obra chamada “Jesus
amongst the doctors” para demonstrar o quanto era habilidoso na imitação do estilo de Vermeer. Durante a execução
dessa obra, Van Meegeren colaborou com as autoridades, revelando suas técnicas e procedimentos de falsificação e
envelhecimento de obras de arte.
Não demorou muito para as autoridades levarem a sério a história de Van Meegeren. Ele, de fato, era muito habilidoso.
Uma equipe de quı́micos, fı́sicos, técnicos e peritos em arte foi montada para examinar as obras citadas por Van
Meegeren (e outras de origem duvidosa) para comprovarem se as obras eram, de fato, falsas.
Naturalmente, as falsificações não foram desvendadas tão facilmente, uma vez que Van Meegeren conhecia muito
bem as técnicas empregadas pelos peritos. De fato, as telas utilizadas eram do século XVII e ele procurava utilizar
os mesmos pigmentos de tinta que Vermeer utilizava, além de “cozer” as pinturas em forno para que assumissem
o aspecto de envelhecidas pelo tempo. Van Meegeren comprava pinturas do século XVII de pouco valor e raspava
a velha tinta endurecida para aproveitar a tela. Para o processo de envelhecimento da tinta, ele às vezes utilizava
fenoformaldeı́do que após o “cozimento” endurecia enormemente a tinta. Resquı́cios desse produto quı́mico (que só
foi descoberto no século XIX) foram encontrados pelos peritos em várias das obras de Van Meegeren. Além disso,
pigmentos do moderno “azul cobalto” (que não existia na época de Vermeer) também foram encontrados em algumas
das referidas obras. Radiografias foram empregadas para tentar descobrir se a tela era originalmente de uma outra
pintura. Em particular, a obra “Woman taken in adultery”, comprada por Goering, era uma pintura de uma batalha
com cavalos.
Após essas evidências, em 2 de outubro de 1947, a acusação de colaboração com o inimigo contra Van Meegeren foi
comutada pela de falsário e ele foi condenado a mais um ano de prisão. Como ele esperava ser liberto sem condenação,
Van Meegeren recusou-se a terminar a obra “Jesus amongst the doctors” que estava pintando na cela, não mostrando, na
prática, como seria o processo de envelhecimento da obra. Entretanto, Van Meegeren já havia colaborado enormemente
com as autoridades, revelando suas técnicas e, de certo modo, ajudando na arte de desvendar detalhes sutis em pinturas
falsas. Talvez por esse motivo, sua pena tenha sido pequena; afinal, ele acabou ganhando a fama de ser o holandês
que enganou os nazistas.
Infelizmente, Van Meegeren jamais saiu da prisão. Em 30 de dezembro de 1947, ele sofreu um ataque cardı́aco em sua
cela e morreu.
Mas a história não acabou com sua morte. Mesmo com as provas apresentadas pelos peritos, muitas pessoas, algumas
delas altamente qualificadas no ramo da arte, recusavam-se a acreditar que a obra “The disciples at Emmaus”, que fora
inclusive comprada pela prestigiada Sociedade Rembrandt por cerca de 170.000 dólares (atuais), era uma falsificação,
pois se tratava de um quadro extremamente bem feito com qualidade impecável, ao contrário das demais obras listadas
por Van Meegeren. Os peritos justificaram que essa obra fora a primeira falsificação de Van Meegeren, que, por não ter
sido reconhecido como um grande pintor pela sociedade holandesa, queria provar o contrário pintando algo excepcional.
Entretanto, essa justificativa não satisfez os céticos, que queriam uma prova eficaz e definitiva para essa suposta obra
de Van Meegeren.
É curioso como a história desenrola-se de modo diferente para certos personagens. É conhecı́vel que inúmeros grandes
gênios da humanidade, não só da pintura mas também da escultura, da literatura e da música, não tiveram grande
reconhecimento durante a vida e muitos morreram muito pobres. Isso ocorreu com o próprio Vermeer citado acima, mas
também com Vincent van Gogh, Rembrandt, Aleijadinho, Edgar Allan Poe, Oscar Wilde, Franz Schubert, Wolfgang
Amadeus Mozart e muitos outros. É inegável que alguém que produziu obras que enganaram tanta gente capacitada
no mundo da arte tenha talento. É verdade também que Van Meegeren era muito rico para a época, pois ganhou muito
dinheiro com suas falsificações durante a Segunda Guerra Mundial (estimativas atuais calculam que sua fortuna girava
em torno de 25 milhões de dólares!), mas hoje ele é apenas lembrado como um falsário aproveitador. Sua imagem na
história, certamente, seria outra se ele tivesse se conformado em levar uma vida honesta.
Vale a pena lembrar que Goering foi o fundador da terrı́vel Gestapo, a polı́cia secreta nazista, e que esteve à frente de
terrı́veis atrocidades durante o holocausto, sendo inclusive indicado, durante a primeira metade da guerra, como um
possı́vel sucessor do próprio Adolf Hitler. Ele foi capturado em 6 de maio de 1945 e, após julgamento no Tribunal de
Nurenberg, foi condenado à forca em 15 de outubro de 1946. Ele cometeu suicı́dio um dia antes da execução, ingerindo
cianeto de potássio.
A desejada prova definitiva de que a obra “The disciples at Emmaus” era falsa veio somente em 1967, quando uma
equipe de cientistas da Canergie Mellon University dos Estados Unidos aplicaram o método de datação por decaimento
radioativo. Embora a radiação tenha sido descoberta em 1896 por Henri Becquerel e algumas de suas propriedades
tenham sido descobertas por Marie Curie em 1898, foi por volta de 1906 que Ernest Rutherford descobriu o decaimento
radioativo. A partir de então, a ciência não parou de progredir no campo da datação de fósseis (que algum dia foram
seres orgânicos), rochas e objetos manufaturados a partir dos minérios que são extraı́dos das rochas.
Vimos na seção acima a EDO (que alguns autores chamam de modelo matemático) y0 = ky para datação, por
decaimento radioativo, de determinado elemento quı́mico. Como k < 0, adotemos k = −λ, com λ > 0. Vamos adotar,
portanto, a EDO
y0 = −λy,
sendo λ a constante de decaimento radioativo do elemento quı́mico e y = y (t) a quantidade de átomos radioativos do
elemento na amostra no instante t.
Resolvendo:
Z Z Z Z
y0 = −λy ⇒ 1 dy
y dt = −λ ⇒ 1 dy
y dt dt = (−λ) dt ⇒ 1
y dy = (−λ) dt ⇒ ln (|y|) = −λt + k1 ⇒ y (t) = k2 e−λt .
Assim,
y0 = k2 e−λt0 ⇒ k2 = y0
e−λt0
.
Logo,
y0
y (t) = e−λt0
e−λt = y0 e−λ(t−t0 ) . (2)
y(t1 )
Se fizermos t = t1 tal que y0 = 12 , temos que t1 − t0 é o tempo de meia-vida do elemento quı́mico. Assim,
ln(2)
1
2 = e−λ(t1 −t0 ) ⇒ t1 − t0 = λ ,
ou seja,
∼
t1 − t0 = 0,6931
.
λ
Isótopo Urânio-238: 4.500.000.000 anos. (urânio é o elemento de maior número atômico que encontramos na natureza)
4 4 4
234 2 α 230 2 α 226 2 α
92 U − Urânio-234 −→ 90 Th − Tório-230 −→ 88 Ra − Rádio-226 −→
200.000 anos 80.000 anos 1600 anos
42 α 218 4 0
α −1 β
222 2
214
86 Rn − Radônio-222 −→ 84 Po − Polônio-218 −→ 82 Pb − Chumbo-214 −→
3,8 dias 3 minutos 27 minutos
0 4 0
−1 β α −1 β
214 214 2
210
83 Bi − Bismuto-214 −→ 84 Po − Polônio-214 −→ 82 Pb − Chumbo-210 −→
20 minutos menos de 1 segundo 22 anos
sendo:
→ número atômico = número de prótons = número de elétrons.
→ número de massa = número de prótons + número de neutrons.
→ 42 α é partı́cula a chamada partı́cula alfa (ou núcleo de hélio 42 He), composta por dois prótons e dois neutrons que
são emitidos do núcleo.
→ 0−1 β é partı́cula beta, (ou elétron 0−1 e), composta, naturalmente, por um elétron. Nesse processo, um neutron se
transforma em um próton e um elétron. O elétron é emitido do núcleo.
Um determinado pigmento (corante) branco chamado de alvaiade (ou óxido de chumbo, ou ainda chumbo branco) é
usado pelo menos por mais de 2.000 anos em tintas usadas para pinturas de obras de arte. O alvaiade é feito a partir
do chumbo (metal) que, por sua vez, é obtido do minério de chumbo por um método chamado redução ou fundição
que visa separar o metal do resı́duo (chamado de lava).
Esse processo elimina de 90 a 95 por cento do Rádio-226 e seus descendentes radioativos presentes no minério, exceto
o Chumbo-210 que se agrega ao Chumbo-206 (metal).
Desta forma, pinturas contêm Chumbo-210 e uma pequena quantia de Rádio-226.
Logo, é natural tomar o Chumbo-210 como elemento quı́mico usado na datação das obras de arte.
Assim, se y (t) é a quantidade de Chumbo-210 em um grama de alvaiade na obra de arte no instante t e r (t) é a taxa
de desintegração do que restou do Rádio-226 no instante t, temos:
( r (t) é medida em número de átomos de Rádio-226 desintegrados em Chumbo-210 por grama por minuto - note que
o tempo de desintegração do Radônio-222 até o Chumbo-210 é muito pequeno comparado ao tempo considerado na
datação)
Ainda: λ é a constante de desintegração radioativa do Chumbo-210 e y (t0 ) = y0 é a quantidade de átomos de
Chumbo-210 no instante de fabricação do alvaiade.
A equação (3) acima justifica-se do seguinte modo:
Seja y = y + x, sendo y (t) quantidade de Chumbo-210 proveniente da fabricação do alvaiade no instante t e x (t) a
quantidade de Chumbo-210 proveniente do pouco que restou do Rádio-226 no instante t. Logo,
Mas a quantidade de Chumbo-210 que vem do Rádio-226 é muito pequena (pois, além da quantidade deste último ser
∼ y e temos a equação (3).
pequena, o tempo de meia-vida do Rádio-226 é de 1.600 anos). Logo, y =
Como o interesse é analisar obras de arte que possuam por volta de 300 anos, consideremos que r (t) = r (constante)
nesse perı́odo (isso é razoável devido ao longo perı́odo de meia-vida do Rádio-226).
Logo, a equação fica
y0 (t) = −λy (t) + r ⇒ y0 + λy = r. (4)
De y0 = y (t0 ) temos
y0 eλt0 eλt0
y0 = r
λ + cre−λt0 ⇒ c = r − λ .
Assim,
que será o modelo matemático para datação de quadros de Vermeer e de Van Meegeren.
Suponhamos que a idade do quadro que queremos datar seja de 300 anos. Será que a equação (5) conduzirá a um
absurdo se o quadro tiver 20 anos? (lembre-se que no caso das obras de arte de Van Meegeren, a datação ocorreu
vinte anos (1967) depois de sua morte em 1947).
Observação: O que é mensurável na prática não é quantidade de átomos de um determinado elemento, mas sim a
quantidade de radiação α42 que o núcleo do elemento emite, ou seja, o que é mensurável é a taxa de desintegração
com radiação alfa. Por esse motivo, precisamos analisar o Polônio no lugar do Chumbo, que só emite radiação beta e,
portanto, não é mensurável na prática. Já no caso de r não há problema, pois o Rádio-226 emite radiação alfa.
No caso do quadro “The disciples at Emmaus”, a taxa de desintegração do Polônio-210 é 8, 5 átomos por grama por
minuto de alvaiade e a taxa de desintegração do Rádio-226 é de 0, 8 átomos por grama por minuto de alvaiade.
Temos r = 0, 8.
ln(2) ln(2)
Temos λ = t1 −t0 = 22×525.600 min .
ou seja, a taxa de desintegração do Chumbo-210 no momento da fabricação do alvaiade seria de 98.050 átomos por
grama de alvaiade por minuto.
A taxa de desintegração do Chumbo-210 original é a mesma taxa de desintegração do Urânio-238 original do minério,
pois é esse último que mantém a taxa do Chumbo-210 na natureza, devido à sua enorme meia-vida. Logo,
Temos
z0 = 98.050
ln(2) = 3, 346 × 1020
(4,5×109 )×525.600
Nono passo: e daı́ que em cada grama do minério de chumbo pode haver 3, 346 × 1020 átomos de Urânio-238?
Sabemos dos conceitos de quı́mica básica que 6, 02 × 1023 átomos de Urânio-238 têm massa 238 gramas. Assim, temos
238(3.346×1020 )
que 3, 346 × 1020 átomos tem massa 6.02×1023
= 0, 132 gramas.
Logo, um grama do minério de chumbo utilizado para fabricar o alvaiade do quadro “The disciples at Emmaus”
possuiria 0, 132 gramas de Urânio-238, ou seja, uma concentração de 13, 2% de Urânio-238.
Acontece que não existe minério de chumbo com uma concentração tão elevada de Urânio na natureza (no máximo
temos 3%).
Concluimos que o quadro “The disciples at Emmaus” não pode ser um quadro de 300 anos.
Procedimento análogo mostra que “The Washing of the Feet” (Lavando os Pés), “Woman Reading Music” (Mulher
Lendo Música) e “Woman Playing Music” (Mulher Tocando Bandolin) são falsos também (pois as taxas de desinte-
gração do 210 226
84 Po e 88 Ra são muito discrepantes), enquanto “Lacemaker” (Rendeira) e “Officer” (Garota Sorrindo)
são verdadeiros, ou pelo menos não podem ser falsificações modernas (pois as taxas são muito próximas).
“The washing of the feet” “Woman reading music” “Woman playing music”
“Lacemaker ” “Officer ”
Exemplo 5.36 Um ovo cozido a 98◦ C é colocado em uma pia com água a 18◦ C. Após 5 minutos a temperatura do
ovo é de 38◦ C. Supondo que a temperatura da água da pia não tenha aumentado significativamente, quanto tempo
levará para o ovo chegar a 20◦ C?
Resolução.
Seja T = T (t) a temperatura no ovo no instante t, com t medido em minutos.
Seja Ta = 18 a temperatura, em graus Celsius, da água. Além disso, T (0) = 98 e T (5) = 38.
Queremos t1 tal que T (t1 ) = 20.
De T (0) = 98 temos
T (t) = Aekt + Ta ⇒ 98 = Aek0 + 18 ⇒ A = 80.
De T (5) = 38 temos
ln(0,25)
T (t) = 80ekt + Ta ⇒ 38 = 80ek5 + 18 ⇒ k = 5 .
Assim,
ln(0,25)
t
T (t) = 80e 5 + 18.
Como T (t1 ) = 20 temos
5 ln( 40
1
) ∼ 13,3 minutos .
ln(0,25)
ln(0,25)
T (t1 ) = 20 ⇒ 80e t1
+ 18 = 20 ⇒ 1
⇒ t1 =
5
5 t1 = ln 40 ln(0,25) =
y0 = − M(x,y)
N(x,y) .
Portanto, dy
dx = − M(x,y)
N(x,y) , o que significa:
M (x, y) dx + N (x, y) dy = 0 .
Dizemos que uma EDO de 1a . ordem M (x, y) dx + N (x, y) dy = 0 é exata quando existir uma função u = u (x, y)
contı́nua e derivável tal que
∂u
∂x (x, y) = M (x, y)
∂u .
∂y (x, y) = N (x, y)
Mais adiante veremos uma justificativa para o nome “exata” para esse tipo de EDO.
Uma EDO exata pode ser resolvida facilmente. Observe:
M (x, y) dx + N (x, y) dy = 0 ⇒ ∂u
∂x (x, y) dx + ∂u
∂y (x, y) dy = 0 ⇒
∂u
∂x (x, y) dx
dx + ∂u
∂y (x, y) dy
dx = 0
dx ⇒ ∂u
∂x (x, y) dx
dx + ∂u
∂y (x, y) dy
dx = 0
Mas,
∂u
∂x (x, y) dx
dx +
∂u
∂y (x, y) dy
dx =
du
dx (x, y)
pela Regra da Cadeia para funções de duas variáveis (lembre-se que u = u (x, y (x)) pode ser vista, na verdade, como
função de x apenas, daı́ o uso da notação du
dx (x, y)).
sendo k constante.
Se for possı́vel, isolamos y em u (x, y) = k e obtemos uma solução explı́cita da EDO, caso contrário, a solução é dada
de forma implı́cita por essa equação.
É importante enfatizar que a função de duas variáveis u = u (x, y) não é, necessariamente, uma função constante em
todo o seu domı́nio X ⊂ R2 . Ela “torna-se” uma função constante quando substituimos y = y (x) solução da EDO,
ou seja, u = u (x, y) é constante na restrição y = y (x) em seu domı́nio, o que faz com que y = y (x) seja uma curva
de nı́vel da função u = u (x, y). Nos exemplos adiante isso ficará mais claro.
Observação: uma análise atenta do desenvolvimento acima revela ideias já consideradas neste texto. Observemos
que a função u = u (x, y (x)) com y = y (x) solução da EDO obedece a estrutura
0
(uma função desconhecida) = (uma função conhecida) ,
0
neste caso, a função conhecida é a função nula: (u (x, y (x))) = 0.
Observe que esta é a mesma ideia que está por trás dos fatores integrantes que estudamos quando abordamos as
EDO’s lineares.
Como é fácil perceber, a existência de uma função u = u (x, y) que cumpre a definição de EDO exata é uma condição
bastante forte... Como saber se tal função existe ou, em outras palavras, como saber se uma EDO é exata? Como
resposta temos a seguinte proposição.
Proposição 5.2 (Condição para uma EDO ser exata) Uma EDO de 1a . ordem y0 = F (y, x), escrita na forma
M (x, y) dx + N (x, y) dy = 0,
com M e N contı́nuas e deriváveis em um retângulo D = ]a, b[ × ]c, d[ é exata se, e somente se,
∂M ∂N
∂y (x, y) = ∂x (x, y) .
∂M y
M (x, y) = y cos (x) + 2xey ∂y (x, y) = cos (x) + 2xe
⇒ ⇒ ∂M
∂y = ∂x
∂N
N (x, y) = sen (x) + x2 ey + 2 ∂N
(x, y) = cos (x) + 2xey
∂x
g0 (y) = 2 ⇒ g (y) = 2y + d.
Portanto:
u (x, y) = y sen (x) + x2 ey + 2y + d
Como para y = y (x) temos u (x, y) = k, chegamos a y sen (x) + x2 ey + 2y + d = k, ou seja,
y sen (x) + x2 ey + 2y = c.
y sen (x) + x2 ey + 2y = 0 .
Infelizmente não dá para isolar o y = y (x) na expressão acima (y é dada implicitamente pela equação acima).
(ln (x) − 2) y0 = − yx − 6x, sendo y = y (x) , x > 0 e x 6= ln (2)
Exemplo 5.38 Resolvamos o PVI .
y (1) = 0
Temos yx + 6x dx + (ln (x) − 2) dy = 0, ou seja:
∂M 1
M (x, y) = yx + 6x ∂y (x, y) = x
⇒ ∂N 1
⇒ ∂M∂y = ∂x
∂N
N (x, y) = ln (x) − 2 ∂x (x, y) = x
Portanto:
u (x, y) = y ln (x) + 3x2 − 2y + d
Como para y = y (x) temos u (x, y) = k, chegamos a y ln (x) + 3x2 − 2y + d = k, ou seja,
c−3x2
y= ln(x)−2 .
M (x, y) dx + N (x, y) dy = 0 .
Uma função v = v (x, y) é chamada de fator integrante da EDO de 1a . ordem não exata quando
é EDO exata.
Uma vez obtido um fator integrante para a EDO, ela torna-se exata e, portanto, pode ser resolvida conforme já
estudamos, ou seja, existe u = u (x, y) tal que
∂u
∂x (x, y) = v (x, y) M (x, y)
∂u
∂y (x, y) = v (x, y) N (x, y)
e, por consequência, para a solução y = y (x) da EDO tem-se u (x, y) = k. Se conseguirmos isolar o y nesta equação,
temos uma solução explı́cita da EDO, caso contrário, a solução é dada implicitamente pela equação u (x, y) = k.
Observação: mais uma vez percebemos a ideia da manipulação de uma EDO para chegarmos à estrutura
0
(uma função desconhecida) = (uma função conhecida) ,
neste caso, a função desconhecida u = u (x, y (x)) provém das EDO’s exatas, enquanto que a função conhecida é a
0
função nula: (u (x, y (x))) = 0. Integrando essa equação chegamos à solução (que poder ser explı́cita ou implı́cita).
Isso significa que os fatores integrantes sempre devem conduzir a uma equação fácil de ser integrada (daı́ o nome,
como já tivemos oportunidade de comentar quando estudamos as EDO’s lineares). Além disso, quando não há
necessidade de um fator integrante para que a EDO possa ser manipulada na estrutura acima, temos uma situação
de “exatidão”, ou seja, não precisamos do “ajuste” que o fator integrante desempenha na EDO original para que
ela possa ser integrada facilmente. Daı́ a motivação para chamamos as EDO’s da seção anterior de “exatas”.
É impossı́vel considerar a definição de fator integrante acima sem a seguinte questão: Sempre existe um fator integrante
v = v (x, y) que torna a EDO exata? A resposta, infelizmente, é: nem sempre. Mas há dois casos interessantes a
serem considerados. Observe:
Suponha que exista v = v (x, y) que torna a EDO exata. Vamos adotar a notação simplificada: vMdx + vNdy = 0.
Logo, (Proposição 5.2):
∂y (vM) = ∂x (vN) ⇒ ∂y M + v ∂y = ∂x N + v ∂x .
∂ ∂ ∂v ∂M ∂v ∂N
(∗)
∂v
(i) Suponha que v dependa apenas de x. Logo, ∂y = 0 e a equação (∗) se escreve
∂M ∂N
∂y − ∂x
Ä ä
v ∂M ∂x ⇒ ⇒
∂v
∂y = ∂x N + v ∂N ∂v
∂x N =v ∂M
∂y − ∂N
∂x
∂v
∂x = N v.
∂v
Como ∂x depende apenas de x, então
∂M ∂N
∂y − ∂x
R= N
Proposição 5.3 (Fatores integrantes) Seja y0 = F (y, x) EDO de 1a . ordem não exata, sendo y = y (x), escrita na forma
M (x, y) dx + N (x, y) dy = 0.
∂M ∂N R
∂y − ∂x Rdx
(i) Se R = N depende apenas de x, então v = e é um fator integrante da EDO.
∂N ∂M R
∂x − ∂y
(ii) Se R = M depende apenas de y, então v = e Rdy é um fator integrante da EDO.
Ä ä
(iii) Se y0 = F (x, y) for homogênea, ou seja, y0 = G yx ou y0 = G yx , então v = xM+yN1
é um fator integrante da
1
EDO. ( )
Algumas observações:
(1) Quando R depende de x e y, pode ser que não exista fator integrante para a EDO (há exceções: ver livros do
Boyce e do Ayres). Isso explica porque muitas EDO’s de 1a . ordem não podem ser resolvidas analiticamente.
(2) Fatores integrantes de uma EDO, quando existem, não são únicos. É bem fácil de ver que se v = v (x, y) é fator
integrante de y0 = F (x, y), então v = v (x, y) = kv (x, y), sendo k ∈ R∗ constante, também é um fator integrante da
mesma y0 = F (x, y).
(3) Já estudamos um caso particular interessante de fator integrante: quando
y0 + P (x) y = Q (x)
dy
(EDO de 1a . ordem linear) temos dx = Q (x) − P (x) y, ou seja,
(P (x) y − Q (x)) dx + dy = 0.
Assim,
M (x, y) = P (x) y − Q (x)
N (x, y) = 1
e ∂M ∂N
∂y − ∂x P(x)−0
R= N = 1 = P (x)
depende apenas de x. Portanto, R
P(x)dx
v = v (x) = e ,
que é o fator integrante que já havı́amos introduzido.
Continuando:
v (x) (P (x) y − Q (x)) dx + v (x) dy = 0
é exata. Logo, existe u = u (x, u) tal que
∂u
∂y (x, y) = v (x) ⇒ u (x, y) = v (x) y + h (x) ⇒
∂u
∂x (x, y) = v0 (x) y + h0 (x) = v (x) P (x) y + h0 (x) .
Como
∂u
(x, y) = v (x) (P (x) y − Q (x)) ,
∂x
Z
0
temos h (x) = −v (x) Q (x), ou seja, h (x) = − v (x) Q (x) dx.
que é a solução que já havı́amos encontrado pela técnica da separação de variáveis.
1 Este item (iii) vem do livro do Ayres (Coleção Schaum), páginas 40 e 44. Além desse, no Exercı́cio 24, página 62, do livro do Boyce,
há um outro tipo de EDO, não abordado nessa proposição, no qual se pode achar um fator integrante.
∂u
Logo, existe u = u (x, y) tal que ∂x (x, y) = M (x, y) e ∂u
∂y (x, y) = N (x, y). Portanto,
∂u y2 x 2x
∂x (x, y) = 2 e + 2ye
(1)
∂u x 2x (2)
∂y (x, y) = ye + e
Da Equação (1):
y2 x
u (x, y) = 2 e + ye2x + g (y) ⇒ ∂u
∂y (x, y) = yex + e2x + g0 (y)
que, comparada com a Equação (2), fornece:
g0 (y) = 0 ⇒ g (y) = d.
Portanto:
y2 x
u (x, y) = 2 e + ye2x + d.
y2 x
Como para y = y (x) temos u (x, y) = k, chegamos a 2 e + ye2x + d = k, ou seja,
y2 x
2 e + ye2x = c.
y2 dx + 2xy − y2 ey dy = 0,
pois,
• se y ≥ 0, então |y| ydx + |y| (2x − yey ) dy = yydx + y (2x − yey ) dy = y2 dx + 2xy − y2 ey dy;
• se y < 0, então |y| ydx + |y| (2x − yey ) dy = −yydx − y (2x − yey ) dy = − y2 dx + 2xy − y2 ey dy ;
Chamemos
M (x, y) = y2
N (x, y) = 2xy − y2 ey
∂u
Logo, existe u = u (x, y) tal que ∂x (x, y) = M (x, y) e ∂u
∂y (x, y) = N (x, y). Portanto,
∂u 2
∂x (x, y) = y (1)
∂u 2 y
∂y (x, y) = 2xy − y e (2)
Da Equação (1):
u (x, y) = y2 x + g (y) ⇒ ∂u
∂y (x, y) = 2xy + g0 (y)
Portanto:
u (x, y) = y2 x − y2 − 2y + 2 ey + c.
y2 x − y2 − 2y + 2 ey = d.
Temos x2 dy 2
dx = − sen (xy) cos (xy) − xy, ou seja, (sen (xy) cos (xy) + xy) dx + x dy = 0. Portanto,
sen(2xy) ∂M
M (x, y) = sen (xy) cos (xy) + xy = + xy ∂y (x, y) = cos (2xy) x +x
2 ⇒ ∂N
⇒ ∂M
∂y (x, y) 6= ∂N
∂x (x, y) ,
N (x, y) = x2 ∂x (x, y) = 2x
x 2 du x 2 0
dx = − sen u cos u − u ⇒
x x
x x
x
x
− u u u = sen u cos u + u , (∗)
Temos
sen( 2x
u ) x
M (x, u) = 2 + u
N (x, u) = − ux 2
e, de acordo com o item (iii) da Proposição 5.3, um fator integrante para a EDO (∗) é dado por
v = v (x, u) = 1
= Å sen 1ã
= 1
x sen( 2x
⇒ v (x, u) = 2
. (∗∗)
xM(x,u)+uN(x,u) ( 2x
u ) x x 2 u ) x sen( 2x
u )
x 2 +u +u −( u ) 2
Logo,
Å ã
sen( 2x
u )
Ä
x 2
ä
v (x, u) 2
x
dx + v (x, u) − u
+ u du = 0 ⇒
Å ã
sen( 2x
u ) x 2
2 x
dx − x sen2 2x u du = 0 ⇒
2x
x sen( u ) 2 +u
(u)
Å ã
1 2 2x
x + u sen( 2x
dx − u2 sen du = 0
u ) ( 2x
u )
temos
−2 sen( 2x 2x 2x
u )+u cos( u ) − 2 −2 sen( 2x 4x 2x
u )+ u cos( u )
∂M
(x, u) = 2
u
= 2
∂u (u sen( )) 2x
(u sen( 2x
u ))
u
⇒ ∂M
(x, u) = ∂N
(x, u)
2( u 2
sen( 2x 2 2x 2
u ))−2x(u cos( u ) u ) −2 sen( 2x 4x 2x
u )+ u cos( u )
∂u ∂x
∂N
∂x (x, u) = − 2 = 2
2 2x
(u sen( u )) 2x
(u sen( u ))
∂w
Logo, existe w = w (x, u) tal que ∂x (x, u) = M (x, u) e ∂w
∂u (x, u) = N (x, u). Portanto,
∂w
∂x (x, u) = x1 + u sen2 2x (1)
(u)
∂u (x, u) = − 2
∂w 2x
u sen( 2x
u )
(2)
Da Equação (1):
sec2 ( u
x
)
∂w
∂x (x, u) = 1
x + u sen( x
1
= 1
x + ⇒ 1
= 1
x +
u ) cos( ) x
u ) 2 x sen(
u tg( u
x
) x
u
cos ( u ) u
cos( ) x
u
x
+ g (u) ⇒
w (x, u) = ln (|x|) + ln tg u
2 x
sec ( ) − x
∂w
∂u (x, u) =
u
tg( ux
u2
+ g0 (u) = − u2 sen xx cos x + g0 (u) = − u2 sen
2x
+ g0 (u)
) (u) (u) ( 2x
u )
g0 (u) = 0 ⇒ g (u) = c.
Portanto:
+ c ⇒ w (x, u) = ln x tg x + c.
x
w (x, u) = ln (|x|) + ln tg u u
x
Como para u = u (x) temos w (x, u) = k, chegamos a ln x tg u + c = k, ou seja,
x
ln x tg u = d.
1
Como u = y temos
ln (|x tg (xy)|) = d ⇒ x tg (xy) = ±ed .
π
Como y (1) = 4 temos x tg (xy) = ed e d = 0. Logo,
x tg (xy) = 1 ⇒ y = y (x) = 1 1
x arctg x ,
2
Uma observação sobre o fator integrante v = v (x, u) = x sen( 2x
encontrado em (∗∗): se voltarmos para as variáveis
u )
1
x e y (lembrando que u = y ), teremos um fator integrante para a EDO original, ou seja
2
v = v (x, y) = x sen(2xy)
De fato, chamando
2 sen(2xy)−2y cos(2xy)2x
Ä sen(2xy)
ä
2 1 2y ∂M
M (x, y) = x sen(2xy) 2 + xy = x + sen(2xy) ∂y (x, y) = sen2 (2xy)
⇒ ⇒ ∂M
= ∂N
∂x .
N (x, y) = 2 2 2x ∂N 2 sen(2xy)−2x cos(2xy)2y ∂y
x sen(2xy) x = sen(2xy) ∂x (x, y) = sen2 (2xy)
∂u
Logo, existe u = u (x, y) tal que ∂x (x, u) = M (x, y) e ∂u
∂y (x, y) = N (x, y). Portanto,
∂u 1 2y
∂x (x, y) = x + sen(2xy) (1)
∂u 2x (2)
∂y (x, y) = sen(2xy) = 2x cosec (2xy)
Da Equação (2):
g0 (x) = 1
x ⇒ g (x) = ln (|x|) + c.
Portanto:
u (x, y) = ln (|cosec (2xy) − cotg (2xy)|) + ln (|x|) + c = ln x 1−cos(2xy)
sen(2xy) + c ⇒
2
(xy)+sen2 (xy)
u (x, y) = ln x 1−cos
2 sen(xy) cos(xy) + c ⇒ u (x, y) = ln (|x tg (xy)|) + c.
ln (|x tg (xy)|) = d
Finalizamos esta seção com um resultado matemático simples e bastante interessante: Suponhamos que uma EDO
de 1a . ordem seja não exata, mas que possua uma solução y = y (x) dada (implicitamente ou explicitamente) pela
equação u (x, y (x)) = k, sendo k uma constante real e u = u (x, y) uma função de duas variáveis com derivadas
parciais contı́nuas em um retângulo aberto do plano cartesiano. Pelo fato da solução ser dada por uma equação
similar à equação que encontramos na resolução de EDO exatas, surge, então, uma pergunta natural: Existe um fator
integrante que torna a EDO original (não exata) em exata? A resposta é sim. E a proposição abaixo ensina como
obtê-lo.
Proposição 5.4 Suponhamos que y0 = F (x, y), escrita na forma M (x, y) dx + N (x, y) dy = 0, seja uma EDO de 1a .
ordem não exata que possui solução y = y (x) dada pela equação u (x, y (x)) = k, sendo k uma constante real e u = u (x, y)
uma função de duas variáveis com derivadas parciais contı́nuas em um retângulo aberto do plano cartesiano. Então,
∂u ∂u
∂y
v1 = v1 (x, y) = ∂x
M (x, y) ou v2 = v2 (x, y) = N (x, y)
Demonstração.
De M (x, y) dx + N (x, y) dy = 0 temos
dy
dx = −M
N. (∗)
De u (x, y (x)) = k temos
d
dx u (x, y (x)) =0⇒ ∂u dx
∂x dx + ∂u dy
∂y dx = 0 (Regra da Cadeia) ⇒
∂u
∂u
∂x + ∂u dy
∂y dx =0⇒ dy
dx =− ∂x
∂u . (∗∗)
∂y
temos a uma nova EDO dada por M (x, y) dx + N (x, y) dy = 0. Esta última EDO é exata. Vejamos:
∂M ∂v ∂M
∂y = ∂y M + v ∂y
,
∂N ∂v ∂N
∂x = ∂x N + v ∂x
mas, de
∂2 u
vN = ∂u
∂y ⇒ ∂v
∂x N + v ∂N
∂x = ∂x∂y
⇒ ∂v
∂x N + v ∂N
∂x =
∂v
∂y M + v ∂M
∂y (Pelo Lema de Schwarz ).
∂2 u
vM = ∂u
∂x ⇒ ∂v
∂y M + v ∂M
∂y = ∂y∂x
Logo,
∂M ∂N
∂y = ∂x
e, pela Proposição 5.2 temos que a EDO M (x, y) dx + N (x, y) dy = 0 é realmente exata.
A resolução da EDO acima conduz (como era de se esperar) à equação u (x, y (x)) = k. De fato:
Obs.: É por causa do Lema de Schwarz que precisamos que a função u = u (x, y) tenha derivadas parciais contı́nuas
em um retângulo aberto do plano cartesiano.
Logo,
y−n dy
dx + P (x) y
1−n
= Q (x) ⇒ 1 du dy
1−n dy dx + P (x) u = Q (x) ⇒
1 du
1−n dx + P (x) u = Q (x) ⇒ u0 + (1 − n) P (x) u = (1 − n) Q (x)
Logo,
Z R
1−n 1−n 1 (1−n)P(x)dx
y =y (x) = e
R
(1−n)P(x)dx e (1 − n) Q (x) dx .
y0 + y = xy2 , sendo y = y (x)
Exemplo 5.42 Resolvamos o PVI .
y (0) = 2
Trata-se de uma equação de Bernoulli, sendo P (x) = 1, Q (x) = x e n = 2.
R
−1dx
Logo, o fator integrante é dado por v (x) = e = e−x+c = e−x A.
Assim,
Z Z
y−1 = e−x A
1
e−x
A. (−1) xdx ⇒ y −1
= ex
− xe−x dx ⇒
Å Z ã
y−1 = ex −x −e−x − − e−x (−1) dx ⇒ y−1 = ex xe−x + e−x + k ⇒
ex
Obviamente, o domı́nio de y = y (x) deve excluir valores de x tais que 1 + x − 2 = 0.
Exercı́cio 5.1 Determine a√curva y = f (x) no plano xy que passa pelo ponto (9, 4) e cujo coeficiente angular da reta
tangente em cada ponto é 3 x.
Exercı́cio 5.3 Suponha que a velocidade, em m/s, de um ponto que se desloca ao longo do eixo s seja v = 10t − 10
e que no instante t = 0 ele esteja em s = 0. Determine:
(i) A distância percorrida pelo ponto entre t = 0 e t = 2;
(ii) O deslocamento do ponto no eixo s entre t = 0 e t = 2 (o deslocamento é a distância entre as posições inicial e
final do ponto).
(iii) A distância percorrida pelo ponto entre t = 2 e t = 3;
(iv) O deslocamento do ponto no eixo s entre t = 2 e t = 3;
(v) A distância percorrida pelo ponto entre t = 0 e t = 3;
(vi) O deslocamento do ponto no eixo s entre t = 0 e t = 3.
Exercı́cio 5.4 Um foguete decola verticalmente da superfı́cie da terra com uma aceleração constante e igual a 20
m/s2 . Qual será sua velocidade e altura atingida após 1, 10 e 100 segundos?
Exercı́cio 5.5 Uma bola de naftalina (C10 H18 ), quando posta em uma gaveta, tinha 1 cm de raio. Um mês depois
seu raio decresceu 0, 5 cm. Admitindo que a naftalina perde volume de forma homogênea com taxa proporcional à
área de sua superfı́cie (e, portanto, permanece com formato esférico até sumir), determine a expressão do raio da
naftalina em função do tempo. Quanto tempo ela levará para desaparecer?
Exercı́cio 5.6 O Césio-137 desintegra-se segundo a Lei de Variação Exponencial. Se a sua meia-vida é de 30 anos e
se a massa inicial de uma amostra é de 100 g, determinar a massa presente de Césio-137 em um tempo arbitrário t e
quanto tempo é necessário para essa massa decair a 10 g.
Exercı́cio 5.7 O tempo de meia-vida do Urânio-238 é 4, 56 × 109 anos. Aplicando a Lei de Variação Exponencial
calcule quanto de 2 mg de U238 restará após meio milhão de anos.
Exercı́cio 5.8 Suponha que o número de bactérias do cólera, em uma colônia controlada em laboratório, possa crescer
sem controle (isto é, não há morte de bactéria) segundo a Lei de Variação Exponencial. A colônia começa com uma
bactéria e dobra de tamanho a cada meia hora. Quantas bactérias existirão ao final de 24 horas?
Obs.: sob condições favoráveis, criadas em laboratório, o número de bactérias do cólera pode realmente dobrar a cada
30 minutos. Em uma pessoa infectada, muitas bactérias são destruı́das (pelo organismo ou medicamentos), mas esse
exemplo ajuda a explicar porque alguém que se sente bem de manhã pode estar gravemente enfermo à noite.
Exercı́cio 5.9 Uma colônia de bactérias é cultivada sob condições ideais em laboratório, de modo que a população
aumenta segundo a Lei de Variação Exponencial. Ao final de 3 horas existem 10.000 bactérias. Ao final de 5 horas,
40.000. Quantas bactérias havia inicialmente?
Exercı́cio 5.10 Uma população de bactérias cresce sem fatores inibidores segundo a Lei de Variação Exponencial.
Suponhamos que em um dado momento a população seja de 1000 bactérias e que a população dobra a cada hora.
Determine:
(i) A população apos 6 horas.
(ii) O tempo gasto para a população triplicar.
Exercı́cio 5.11 No modelo logı́stico de EDO de crescimento da raça humana há duas constantes: o coeficiente α de
crescimento e o coeficiente β de inibição. Suponha que α = 0, 029 (obtido experimentalmente). Em 1961 a população
do planeta era de (3, 06) × 109 habitantes e que crescia à taxa relativa de 2% ao ano. Determine a população máxima
do planeta.
Exercı́cio 5.12 Suponha que, após 10 minutos em uma sala cuja temperatura seja de 20◦ C, a temperatura de uma
tigela com sopa tenha passado de 90◦ C para 60◦ C. Usando a Lei do Resfriamento de Newton responda:
(i) Quanto tempo mais levará para que a sopa chegue a 35◦ C?
(ii) Em vez de ser deixada na sala, a tigela com a sopa de 90◦ C é colocada em um freezer, cuja temperatura é −15◦ C,
quanto tempo levará para a sopa esfriar de 90◦ C a 35◦ C?
Exercı́cio 5.13 Uma panela de agua morna a 46◦ C foi colocada no refrigerador. Dez minutos mais tarde, a tempe-
ratura da água era de 39◦ C. Em outros dez minutos já atingia 33◦ C. Use a Lei do Resfriamento de Newton para
estimar a temperatura do refrigerador.
Exercı́cio 5.14 Uma batata com temperatura 32◦ C é colocada em um ambiente a 18◦ C. Usando a Lei do Resfria-
mento de Newton, qual sua temperatura após 10 minutos? Suponha que o coeficiente de resfriamento da batata seja
0, 1 min−1 .
Exercı́cio 5.15 Suponhamos que uma placa de mármore foi aquecida a 110◦ C e é colocada em um ambiente a 10◦ C.
Após uma hora, sua temperatura é de 60◦ C. Usando a Lei do Resfriamento de Newton, quanto tempo ainda resta
para que a placa chegue a 30◦ C.
Exercı́cio 5.16 Um cadáver é encontrado e sua temperatura superficial é de 30◦ C. Duas horas depois, sua tempera-
tura é de 23◦ C. A temperatura ambiente é de 20◦ C. Usando a Lei do Resfriamento de Newton, quanto tempo antes
de ser encontrado o cadáver, ocorreu a morte? (Suponha a temperatura corpórea normal como sendo 37◦ C)
Exercı́cio 5.17 A mais antiga múmia humana congelada conhecida, chamada Otzi, descoberta na geleira Schnalstal,
nos Alpes italianos, em 1991, foi encontrada usando sapatos de palha e vestindo um casaco de couro com pele de
cabra, e também segurando um machado de cobre e um punhal de pedra. Estima-se que Otzi tenha morrido 5000
anos antes de ser descoberto na geleira em processo de derretimento. Quanto de carbono 14 original restava em Otzi
no momento em que ele foi encontrado?
Exercı́cio 5.18 Uma pintura atribuı́da ao pintor holandês Vermeer (1632-1675), que deveria conter não mais do que
96, 2% de seu carbono 14 original, em vez disso continha 99, 5%. Qual a idade dessa falsificação?
Exercı́cio 5.19 Um ciclista de 66 kg em uma bicicleta de 7 kg está a 9 m/s em um trecho plano e retilı́neo quando
deixa de pedalar. Supondo que a constante de proporcionalidade da força de resistência à velocidade seja de 3, 9 kg/s,
calcule:
(i) a distância percorrida entre o momento que o ciclista deixa de pedalar e a parada completa da bicicleta.
(ii) o tempo necessário para que a velocidade do ciclista caia para 1 m/s.
Dicas: F = −kv ⇒ ma = −kv ⇒ mvÄ0 = −kv. ä
−3,9 −3,9
s0 = v, v (t) = 9e 73 t , s (t) = 9(73)
3,9 1 − e 73 t .
t → +∞ ⇒ stotal = 9(73) ∼
3,9 = 168, 46.
73 ln(9) ∼
v (t) = 1 ⇒ t = 3,9 = 41, 13.
Exercı́cio 5.20 (EDO linear não homogênea) Um tanque contém 500 litros de água doce. Uma solução que contém
0, 5 kg/l de fertilizante solúvel escoa para o tanque a uma taxa de 1 l/ min, e a mistura é bombeada para fora do
tanque a uma taxa de 3 l/ min. Depois de quanto tempo a quantidade de fertilizante será máxima no tanque?
Exercı́cio 5.21 (EDO linear não homogênea) Uma sala contém 216 m3 de ar inicialmente isento de monóxido de
carbono. A partir do tempo t = 0, fumaça de cigarro contendo 4% de monóxido de carbono é expelida para a sala a
uma taxa de 8 l/ min. Um ventilador mantém a poluição bem distribuida na sala e a mistura também sai à mesma
taxa de 8 l/ min. Determine o momento em que a concentração de monóxido de carbono na sala atinge 0, 01%.
Exercı́cio 5.22 Um tanque contém 100 l de H2 O. Despeja-se H2 O contendo 0, 5 kg de NaCl (sal de cozinha) por
litro a uma taxa de 2 litros por minuto no tanque. Deixa-se a água do tanque escoar à mesma taxa (2 l/ min).
Determine a função que dá a quantidade de sal no tanque em função do tempo.
PARTE 2: Cálculo
Exercı́cio 5.23 (i) Verifique que y = y (x) = e2x é solução (particular) da EDO y0 − y = e2x .
(ii) Verifique que y = y (x) = xc + 2, sendo c constante real é solução (geral) da EDO y0 = x1 (2 − y).
(iii) Verifique que y = y (x) = (x + 1) − 13 ex é solução (particular) da EDO y0 = y − x sujeita à condição inicial
y (0) = 32 .
(iv) Verifique que y = y (x) = e2x + aex , sendo a constante real é solução (particular) da EDO y0 + y = 3e2x + 2aex .
(v) Verifique que y = y (x) = e2x +aex + ecx , sendo a e c constantes reais é solução (geral) da EDO y0 +y = 3e2x +2aex .
Exercı́cio 5.24 Resolva o Problema de Valor Inicial (PVI) y0 = 1 + x + y2 + xy2 , sendo y = y (x), com y (0) = 0.
Resolução.
Temos
Zy Zx
dy
= 1 + x + y2 + xy2 ⇒ dy 2
⇒ 1+y 2 dx = 1 + x ⇒
1 dy 1 dy
(1 + x) dx ⇒
dx dx = (1 + x) 1 + y 1+y2 dx
dx =
0 0
Zy Zx
2 x
x2 x2
y
Ä ä
1
1+y2
dy = (1 + x) dx ⇒ arctg (y)|0 = x + x2 ⇒ arctg (y) = x + 2 ⇒ y = y (x) = tg x + 2 ,
0 0 0
x2 π
sendo x + 2 6= 2 + kπ, com k ∈ Z.
Exercı́cio 5.25 Resolva o Problema de Valor Inicial (PVI) y0 = − yt , sendo y = y (t), com y (1) = 1.
Resolução.
Temos
Zy Zt Zy Zt
y t
dy
dt = − yt ⇒ 1 dy
y dt = − 1t ⇒ 1 dy
y dt dt = − 1t dt ⇒ 1
y dy = − 1t dt ⇒ ln (|y|)|1 = − ln (|t|)|1 ⇒
1 1 1 1
ln (|y|) = − ln (|t|) ⇒ |y| = 1
|t| ⇒ y = ± 1t .
1
Como y (1) = 1 temos y = y (t) = t , com t 6= 0, como resposta.
Exercı́cio 5.26 Resolva as seguintes EDO’s de 1a . ordem, sendo y = y (x), utilizando a técnica da separação de
variáveis.
√
(i) 2 xyy0 = 1, sendo x, y > 0. sen(x)
(viii) y0 = y1+2y 2 .
√
(ii) y0 = x2 y, sendo y > 0. 0
(ix) y + y cos (x) = 0.
(iii) y0 = ex−y . (x) 1 + x2 y3 = − 1 − y2 x3 y0 .
√ √
(iv) xy0 = ey+ x , sendo x > 0. (xi) 4y + yx2 y0 = − 2x + xy2 .
(v) sec (x) y0 = ey+sen(x) , sendo 0 < x < π2 . (xii) sec2 (x) tg (y) = − sec2 (y) tg (x) y0 , sendo 0 < x, y < 0.
2 √ 2
(vi) x1 y0 = yex + 2 yex , sendo x, y > 0. (xiii) ey sen (2x) = − cos (x) e2y − y y0 .
√
Exercı́cio 5.27 Resolva o Problema de Valor Inicial (PVI) y0 + 1 + t2 y = 0, sendo y = y (t), com y (0) = 5.
√ t3
(Resposta: y = 5e−t− 3 ).
Exercı́cio 5.28 Resolva as seguintes EDO’s de 1a . ordem lineares, sendo y = y (x) (use o Método do Fator Integrante).
(i) xy0 + y = ex , sendo x > 0. (vii) y0 − yx = x − 2.
x 0 x
(ii) e y + 2e y = 1. (viii) y0 − y tg (x) = sen (x), sendo − π2 < x < π2 .
(iii) xy0 + 3y = sen(x) , sendo x > 0. (x) x2 y0 − 2xy − 3 = 0.
x2
(iv) y0 + tg (x) y = cos2 (x), sendo − π2 < x < π2 . (xi) xy0 − y = x2 ex .
(v) xy0 − y = 2x ln (x), sendo x > 0. (xii) y + xy sen (x) − 3 sen (x) + xy0 = 0.
(vi) xy0 = cos(x) − 2y, sendo x > 0. (ix) y + sen (x) − 1 − cos (x) y0 = 0.
x
(em (ix) deixe as integrais indicadas - são difı́ceis de calcular)
Ä ä
y
Exercı́cio 5.29 Resolva as seguintes EDO’s de 1a . ordem homogêneas (no sentido y0 = G x
ou y0 = G
y x ), sendo
y = y (x).
2
(i) y0 = yx + yx2 + 1, sendo x, y > 0.
(ii) y2 + xy = x2 y0 .
(iii) 2x2 y = 3x3 + y3 y0 .
Ä ä
Exercı́cio 5.30 Resolver a EDO exata x
y2
+ 1
y − 1 y0 = 1
x + 1
y − 1, sendo x, y > 0 e y (1) = 1.
Resolução.
Ä ä Ä ä
Temos 1 − x1 − y1 dx + yx2 + 1
y − 1 dy = 0, ou seja:
1 1
∂M 1
M (x, y) = 1 − x − y ∂y (x, y) = y2
x 1
⇒ ∂N 1
⇒ ∂M
∂y = ∂N
∂x
N (x, y) = y2
+ y −1 ∂x (x, y) = y2
Da Equação (1):
u (x, y) = x − ln (|x|) − x
y + g (y) ⇒ ∂u
∂y (x, y) = x
y2
+ g0 (y)
que, comparada com a Equação (2), fornece:
g0 (y) = 1
y − 1 ⇒ g (y) = ln (|y|) − y + d.
Portanto:
x
u (x, y) = x − ln (|x|) − y + ln (|y|) − y + d.
x
Como para y = y (x) temos u (x, y) = k, chegamos a x − ln (|x|) − y + ln (|y|) − y + d = k, ou seja,
x
x − ln (x) − y + ln (y) − y = c,
(lembrando que x, y > 0). Da condição inicial y (1) = 1 temos c = −1. Logo,
x y
x−y− y + ln x +1=0 .
Infelizmente não dá para isolar o y = y (x) na expressão acima, (y é dada implicitamente pela equação acima).
2 2
Exercı́cio 5.31 Resolver a EDO exata y0 = − 3x2xy
+y
, com x > 0 e sujeita à condição inicial y (1) = 0.
Resolução.
Temos 3x2 + y2 dx + (2xy) dy = 0, ou seja:
∂M
M (x, y) = 3x2 + y2 ∂y (x, y) = 2y
⇒ ⇒ ∂M
∂y = ∂N
∂x
N (x, y) = 2xy ∂N
∂x (x, y) = 2y
g0 (y) = 0 ⇒ g (y) = d.
Portanto:
u (x, y) = x3 + xy2 + d.
Como para y = y (x) temos u (x, y) = k, chegamos a x3 + xy2 + d = k, ou seja,
x3 + xy2 = c.
sendo 0 < x ≤ 1.
Ä √ ä
y
Exercı́cio 5.32 Resolver a EDO exata x cos (xy) + 2 x + y1 y0 = −y cos (xy) − √
x
, com x, y > 0 e sujeita à
condição inicial y (π) = 1.
Resolução.
Ä
y
ä Ä √ ä
Temos y cos (xy) + √
x
dx + x cos (xy) + 2 x + y1 dy = 0, ou seja:
y ∂M √1
M (x, y) = y cos (xy) + ∂y (x, y) = cos (xy) − y sen (xy) + x
√
x
√ ⇒ ∂N
⇒ ∂M
∂y = ∂N
∂x
1 √1
N (x, y) = x cos (xy) + 2 x + y ∂x (x, y) = cos (xy) − x sen (xy) + x
g0 (y) = 1
y ⇒ g (y) = ln (|y|) + d.
Portanto: √
u (x, y) = sen (xy) + 2y x + ln (|y|) + d.
√
Como para y = y (x) temos u (x, y) = k, chegamos a sen (xy) + 2y x + ln (|y|) + d = k, ou seja,
√
sen (xy) + 2y x + ln (|y|) = c.
√
Da condição inicial y (π) = 1 temos c = 2 π. Logo, lembrando que y > 0:
√ √
sen (xy) + 2y x + ln (y) = 2 π .
Infelizmente não dá para isolar o y = y (x) na expressão acima, (y é dada implicitamente pela equação acima). O
domı́nio de y é composto por x > 0 tais que y (x) > 0.
a EDO exata sen (x) sen (y) sec2 (y) y0 = − cos (x) sec (y), com 0 ≤ x, y ≤ π
Exercı́cio 5.33 Resolver 2 e sujeita à
condição inicial y π4 = π4 .
Resolução.
Temos cos (x) sec (y) dx + sen (x) sen (y) sec2 (y) dy = 0, ou seja:
∂M (x, y) = cos (x) sec (y) tg (y) = cos (x) sen(y)
M (x, y) = cos (x) sec (y) ∂y cos2 (y)
⇒ ⇒ ∂M
= ∂N
N (x, y) = sen (x) sen (y) sec2 (y) ∂N (x, y) = cos (x) sen (y) sec2 (y) = cos (x) sen(y)
2
∂y ∂x
∂x cos (y)
g0 (y) = 0 ⇒ g (y) = d.
Portanto:
u (x, y) = sen (x) sec (y) + d.
Como para y = y (x) temos u (x, y) = k, chegamos a sen (x) sec (y) + d = k, ou seja,
π
O domı́nio de y é composto por x ∈ R tais que 0 ≤ x ≤ 2.
(v) 2x − y + 1 − (x + 3y − 2) y0 = 0.
(vi) xy0 − y = x2 ex .
Exercı́cio 5.35 Resolver as EDO’s abaixo encontrando um fator integrante e transformando-as em EDO’s exatas,
sendo y = y (x).
(i) x2 − y2 + 2xyy0 = 0.
(ii) x + 4y2 + 2yy0 = 0.
0
(iii) y2 + (xy
+0 1) y = 0.
2
(iv) y − x y + y = 0.
(v) (linear) y0 − tg (x) y = 2esen(x) , − π2 ≤ x ≤ π2 .
Exercı́cio 5.36 Resolver os Problemas de Valor Inicial (PVI) envolvendo as EDO’s abaixo, encontrando um fator
integrante etransformando-as em EDO’s exatas, sendo y = y (x).
(i) x2 + y2 y0 = −3x2 y − 2xy − y3 , com y (0) = 1.
(ii) (linear)
Ä y0 = ä
e2x + y − 1, com y (0) = 2.
(iii) yx − sen (y) y0 = −1, com y (0) = π.
Exercı́cio 5.37 Resolver as EDO’s abaixo pelo método que achar mais apropriado.
(i) y0 = cotg (y + x) − 1, sendo 0 < y + x < π.
(ii) xy0 = e−xy − y.
y−x
(iii) y0 = y−x−1 , sendo y − x − 1 > 0.
Ä ä
x 0
(iv) x ln y y − y = 0, sendo y > 0.
(v) 2xyy0 − y2 + x2 = 0.
(vi) yx + y3 − ln (x) y0 = 0, sendo x > 0.
0
(vii) ex + (ex cotg (y) + 2y cossec (y)) 0 y = 0, sendo 0 < y < π.
2 3 2 2
(viii) 3x y + 2xy + y + x + y y = 0.
(ix) y0 + y = 1+x 1
2 . (deixe as integrais indicadas - são difı́ceis de calcular)
0 1
(x) y − tg (x) y = cos(x) , sendo 0 < x < π2 .
(xi) xy0 + y − ex = 0.
(xii) −y + xy0 = 0.
Exercı́cio 5.38 Resolva os seguintes Problemas de Valor Inicial (PVI) envolvendo EDO’s de 1a . ordem:
(i) z0 − z = −1 + 2t, sendo z = z (t) e z (0) = 1.
(ii) cV 0 + V
R = 5T , sendo V = V (T ), c, R constantes reais não nulas e V0 = V (T0 ).
di
(iii) 2V = bi + L dt , sendo i = i (t), V, b, L constantes reais e i0 = i (t0 ).
Exercı́cio 5.39 Resolva o seguinte Problema de Valor Inicial (PVI) envolvendo EDO de 1a . ordem:
y0 = x+y
x , sendo y = y (x) , com x > 0 e y (1) = 0,
Exercı́cio 5.40 Dada a EDO de 1a . ordem linear y0 + P (x) y = Q (x), Q (x) 6= 0 para qualquer x, sujeita à condição
inicial y (x0 ) = y0 , deduza a fórmula da solução:
Rx ÅZ x Rx ã
−P(x)dx P(x)dx
y (x) = e x0
e x0
Q (x) dx + y0
x0
Resolução.
Temos
dy
dx = −P (x) y + Q (x) ⇒ (P (x) y − Q (x)) dx + dy = 0.
Chamemos
∂M
M (x, y) = P (x) y − Q (x) ∂y (x, y) = P (x)
⇒ .
N (x, y) = 1 ∂N
∂x (x, y) = 0
Como, geralmente, P (x) 6= 0 temos que, nessa situação, a EDO não é exata.
R
R(x)dx
Vimos que um fator integrante para a EDO é v = v (x) = e , com
∂M ∂N
∂y − ∂x
R= N ,
Desta forma,
v (x) (P (x) y − Q (x)) dx + v (x) dy = 0
é exata. Chamemos
M (x, y) = v (x) (P (x) y − Q (x))
.
N (x, y) = v (x)
2 Na Seção 5.6 fizemos a dedução dessa fórmula, mas sem transformarmos a EDO em exata.
g0 (y) = 0 ⇒ g (y) = d1 ,
como querı́amos.
de duas formas diferentes: pela fórmula do Exercı́cio 5.40 e transformando a EDO em exata.
Resolução.
Temos uma EDO de 1a . ordem linear não homogênea (isto é, Q (x) 6= 0): seja P (x) = − tg (x) e Q (x) = 2esen(x) .
Pela fórmula:
Rx ÅZ x Rx ã Rx
ÅZ x R ã
−P(x)dx P(x)dx x
y = y (x) = e x0
e x0
Q (x) dx + y0 = e 0 tg(x)dx e 0 − tg(x)dx 2esen(x) dx + 1
x0 0
ÅZ x ã Å Zx ã
= e− ln|cos(x)| eln(|cos(x)|) 2esen(x) dx + 1 = cos(x)
1
2 cos (x) esen(x) dx + 1 ; (lembrando que − π
2 <x< π
2)
0 0
x ÄÄ ä ä
1 sen(x) 1 sen(x)
− 2 + 1 ⇒ y = y (x) = cos(x)1
2esen(x) − 1 .
= cos(x) 2 e + 1 = cos(x) 2e
0
Transformando em exata:
De y0 − tg (x) y = 2esen(x) temos
Ä ä M (x, y) = − tg (x) y − 2esen(x)
dy
dx = tg (x) y + 2esen(x) ⇒ − tg (x) y − 2esen(x) dx + dy = 0 ⇒ .
N (x, y) = 1
Como
∂M
∂y (x, y) = − tg (x)
∂N
⇒ ∂M
∂y 6= ∂N
∂x ,
∂x (x, y) = 0
∂M ∂N
∂y − ∂x
R (x, y) = N (x, y) = − tg (x) ⇒ R = R (x) = − tg (x)
e R R
− tg(x)dx
v = v (x) = e R(x)dx
=e = eln(|cos(x)|)+k = A cos (x)
é fator integrante da EDO que a transforma em exata (lembrando que − π2 < x < π2 ). Façamos A = 1.
Assim, Ä ä
cos (x) − tg (x) y − 2esen(x) dx + cos (x) dy = 0
é exata.
Façamos
∂M
M (x, y) = − cos (x) tg (x) y + 2esen(x) (x, y) = − sen (x)
⇒ ∂y
(de fato, exata!)
N (x, y) = cos (x) ∂N
(x, y) = − sen (x)
∂x
Logo, existe u = u (x, y) tal que para y = y (x), solução da EDO, temos u = u (x, y (x)) = k e tal que
∂u sen(x)
∂x (x, y) = M (x, y) = − sen (x) y − 2 cos (x) e (1)
∂u
∂y (x, y) = N (x, y) = cos (x) (2)
Da equação (1) temos
de duas formas diferentes: pela fórmula do Exercı́cio 5.40 e transformando a EDO em exata.
Resposta: z = z (t) = −2t − 1 + et , t ∈ R. (dica: na fórmula do Exercı́cio 5.40 use integração por partes)
de duas formas diferentes: pela fórmula do Exercı́cio 5.40 e transformando a EDO em exata.
m m −n
L t,
Resposta: i = i (t) = n − ne t ∈ R.
(ii) Sendo y = y (t), t ≥ 0, resolva o PVI y0 + by = ay2/3 , sendo a e b constantes e y (0) = 0. Calcule também
lim y (t).
t→∞
Capı́tulo 6
n+1 1
Ä n+1
ä
Exemplo 6.2 A sequência f : N → R dada por f (n) = xn = (−1) n é indicada por (x n ) n∈N = (−1) 1
n n∈N ,
n+1 1
Ä n+1 1
ä
ou então, 1, − 21 , 13 , − 14 , 15 , . . . . Neste caso, xn = (−1)
n é o termo geral da sequência (−1) n n∈N
.
Exemplo 6.3 A sequência f : N → R dada por f (n) = xn = c, constante real, é indicada por (xn )n∈N = (c)n∈N , ou
então, (c, c, c, . . .). Neste caso, xn = c é o termo geral da sequência (c)n∈N .
P
n P
n
Å ã
Exemplo 6.4 A sequência f : N → R dada por f (n) = xn = ai é indicada por (xn )n∈N = ak , ou então,
i=1 k=1 n∈N
P P P P
Ç å
1 2 3 n
ak , ak , ak , . . . = (a1 , a1 + a2 , a1 + a2 + a3 , . . .). Neste caso, xn = ak é o termo geral da sequência
k=1 k=1 k=1 k=1
P
Å n ã
ak .
k=1 n∈N
Observações.
(1) A representação gráfica de uma sequência no plano cartesiano é constituida por um conjunto discreto de pontos
cujas abscissas são os números naturais.
De modo não preciso, do ponto de vista matemático, em um conjunto discreto de pontos cada ponto está “isolado”
ou “separado” dos demais.
1 1
, n ∈ N, cujo gráfico (somente os pontos sobre a curva y = x1 )
No Exemplo (1) acima, n n∈N
é a função f (n) = n
segue abaixo.
y
curva y = 1/x
(fora de escala)
1
1/2
1/3
1/n
... x
0 1 2 3 n
(2) Não confundir o conjunto imagem de f : N → R com a sequência. Por exemplo, f : N → R dada por f (n) = 1,
∀n ∈ N, é uma sequência que pode ser representada por (1)n∈N = (1, 1, 1, . . .) e é diferente do conjunto imagem de f,
que é representado apenas por {1}.
Exemplo 6.5 A sequência (xn )n∈N = (2n)n∈N = (2, 4, 6, 8, . . .) é a sequência dos números pares maiores do que ou
iguais a 2.
Exemplo 6.6 A sequência (xn )n∈N = (2n − 1)n∈N = (1, 3, 5, 7, . . .) é a sequência dos números ı́mpares maiores do
que ou iguais a 1.
nπ
Exemplo 6.7 Sequência (xn )n∈N = sen 2 n∈N
= (1, 0, −1, 0, 1, 0, −1, 0, . . .).
Exemplo 6.8 O termo xn = xn−1 +2n com x1 = 0 é o termo geral da sequência (xn )n∈N = (0, 4, 10, 18, 28, 40, 54, . . .).
Exemplo 6.9 O termo xn = xn−1 + r com x1 = a é o termo geral de (xn )n∈N = (a, a + r, a + 2r, a + 3r, a + 4r, . . .)
cujos termos formam uma PA (progressão aritmética) de razão r e 1o . termo a.
Exemplo 6.10 O termo xn = qxn−1 com x1 = a é o termo geral da sequência (xn )n∈N = a, qa, q2 a, q3 a, q4 a, . . .
cujos termos formam uma PG (progressão geométrica) de razão q e 1o . termo a.
Uma sequência é convergente quando seus termos tornam-se arbitrariamente próximos de um determinado
número real à medida que n aumenta.
De modo matematicamente preciso:
Indicamos a convergência da sequência (xn )n∈N por lim xn = L ou xn → L e dizemos que (xn )n∈N converge
n→∞
para L.
Quando não existe o L ∈ R tal que lim xn = L dizemos que a sequência (xn )n∈N diverge, ou é divergente.
n→∞
1 1
Exemplo 6.11 A sequência n n∈N converge para 0 pois lim = 0.
n→∞ n
Uma sequência (xn )n∈N é chamada de sequência de Cauchy quando os seus termos tornam-se arbitrariamente
próximos uns dos outros à medida que n aumenta.
De modo matematicamente preciso:
1 1 1 1 1
Exemplo 6.13 A sequência n n∈N é de Cauchy pois n→∞
lim −m = 0, ou seja, n
n em são números arbitrariamente
m→∞
n
próximos à medida que m e n aumentam. Já a sequência (−1) n∈N = (−1, 1, −1, 1, −1, 1, . . .) não é de Cauchy, pois
xn = 1, para n par, e xm = −1, para m ı́mpar, não são números que se tormam arbitrariamente próximos à medida
que m e n aumentam.
Proposição 6.1 (Critério de convergência de Cauchy) Uma sequência (xn )n∈R é convergente se, e somente se,
(xn )n∈N é de Cauchy.
n
Exemplo 6.14 A sequência (−1) n∈N
não é de Cauchy. Logo, é divergente.
Exemplo 6.15 A sequência (n)n∈N tem termos que não se tornam arbitrariamente próximos à medida que n aumenta.
Logo, não é de Cauchy e, portanto, é divergente.
Proposição 6.2 (Propriedades operatórias) Sejam (xn )n∈N e (yn )n∈N sequências convergentes tais que lim xn = a
n→∞
e lim yn = b. Então:
n→∞
(1) lim (xn ± yn ) = lim xn ± lim yn = a ± b.
n→∞ n→∞ n→∞
(2) lim (xn yn ) = lim xn lim yn = ab. Em particular, se xn = c, então lim cyn = c lim yn = cb.
n→∞ n→∞ n→∞ n→∞ n→∞
lim xn
(3) Se b 6= 0, então lim xn = n→∞
lim yn = a
b.
n→∞ yn n→∞
n−1 n−1 1 1
Exemplo 6.17 A sequência n é tal que lim = lim 1− = lim 1 + lim = 1 − 0 = 1.
n∈N n→∞ n n→∞ n n→∞ n→∞ n
5 5 1
lim 1
Exemplo 6.18 A sequência n2 n∈N
é tal que lim 2 = 5 lim = 5.0.0 = 0.
n→∞ n n→∞ n n→∞ n
4
4
−7 lim −7 lim 46 − lim 7
4−7n6 6 n6
Ä ä
n→∞ n
Exemplo 6.19 A sequência n6 +3 n∈N
é tal que lim 4−7n
6 = lim n6
1+ 36
= n→∞
= n→∞
3 = 0−7
1+0 =
n→∞ n +3 n→∞ n lim 1+ 3 lim 1+ lim 6
n→∞ n6 n→∞ n→∞ n
−7.
Proposição 6.3 (Teorema do Confronto para sequências) Sejam (xn )n∈N , (yn )n∈N e (zn )n∈N sequências tais que
xn 6 yn 6 zn , para n > n0 fixado, e tais que lim xn = lim zn = L. Então, lim yn = L.
n→∞ n→∞ n→∞
Ä cos(n) ä
Exemplo 6.20 A sequência n é tal que lim cos(n)
n
1
= 0. De fato, fazendo xn = − n ; yn = cos(n)
n e zn = 1
n
n∈N n→∞
1 cos(n) 1 1
1 cos(n)
temos − n 6 n 6 n e lim − n = lim n = 0. Pelo Teorema do Confronto para sequências, lim n = 0.
n→∞ n→∞ n→∞
f é contı́nua em a
A proposição acima afirma que no caso de f ser contı́nua, podemos encontrar lim f (xn ) calculando lim f (x) (ou
n→∞ x→a
lim f (x)).
x→+∞
1
ln(n) ln(x) x
lim = lim = lim = 0 (Regra de L’Hospital).
n→∞ n x→∞ x x→∞ 1
Ä ln(nc ) ä
Exemplo 6.22 A sequência (xn )n∈N = n é convergente.
n∈N
ln(nc ) c ln(n) ln(n)
De fato, lim n = lim n = c lim n = c.0 = 0.
n→∞ n→∞ n→∞
Ä än
n+1
Exemplo 6.23 A sequência (xn )n∈N = n−1 é convergente.
Ä äx
De fato, seja f (x) = x+1
x−1 , que é contı́nua para x > 1.
Temos lim n = +∞. Logo, pela proposição acima (segunda parte),
n→∞
x+1
än äx ln ( x−1 )
x ln( x+1
x−1 )
Ä Ä 1
n+1 x+1
lim n−1 = lim x−1 = lim e = lim e x
n→∞ x→∞ x→∞ x→∞
− 2
lim
ln ( x+1
x−1 ) lim
x2 −1
1 − 1
= ex→∞ x = ex→∞ x2 (Regra de L’Hospital)
2
lim 2x
2
=e x→∞ x −1 = e2 .
n
Exemplo 6.24 A sequência (xn )n∈N = 1 + nc é convergente.
x
De fato, seja f (x) = 1 + xc é contı́nua para x > 0.
Temos lim n = +∞. Logo, pela proposição acima (segunda parte),
n→∞
(
ln 1+ c
x )
c n c x x ln(1+ x
c
) 1
lim 1+ n = lim 1 + x = lim e = lim e x
n→∞ x→∞ x→∞ x→∞
c
lim
(
ln 1+ c
x ) lim
−
x(x+c)
1 − 1
=e x→∞ x = ex→∞ x2 (Regra de L’Hospital)
cx
lim x+c
= ex→∞ = ec .
Os resultados abaixo são demonstrados em cursos mais avançados de sequências numéricas (cursos de Análise
Real ). Vamos utilizá-los em nossos exemplos.
√
(i) lim n a = 1 para a > 0.
n→∞
√
(ii) lim n n = 1.
n→∞
(iv) Para n suficientemente grande temos logb (n) nk an n! nn , sendo b > 1, k ∈ N e a > 1.
(Obs. o sı́mbolo significa “muito menor do que”)
logb (n) nk an n!
(v) lim nk
= lim a n = lim = lim n = 0.
n→∞ n→∞ n→∞ n! n→∞ n
√
n
Exemplo 6.25 A sequência (xn )n∈N = nc com c ∈ N é tal que
√
n
√ c √ √ √ √
lim nc = lim n
n = lim n
n... n
n = lim n n . . . lim n n = 1 . . . 1 = 1.
n→∞ n→∞ n→∞ | {z } n→∞ n→∞
c vezes
n
Ä n+(−1)n ä
(1) (xn )n∈N = 2 + (0, 1) n∈N
(2) (xn )n∈N = n n∈N
Ä ä Ä ä
1−2n 2n+1
(3) (xn )n∈N = 1+2n n∈N (4) (xn )n∈N = √
1−3 n n∈N
1−5n4
Ä ä Ä ä
n+3
(5) (xn )n∈N = n4 +8n3 n∈N
(6) (xn )n∈N = n2 +5n+6 n∈N
n2 −2n+1 1−n3
Ä ä Ä ä
(7) (xn )n∈N = n−1 (8) (xn )n∈N = 70−4n2 n∈N
n∈N
n n 1
(9) (xn )n∈N = 1 + (−1) n∈N
(10) (xn )n∈N = (−1) 1− n n∈N
n+1 1 1 1
(11) (xn )n∈N = 2n 1− n n∈N
(12) (xn )n∈N = 2− 2n 3+ 2n n∈N
(−1)n+1 n ä
Ä
(13) (xn )n∈N = 2n−1 (14) (xn )n∈N = − 12
n∈N n∈N
Ä» ä Ä ä
2n 1
(15) (xn )n∈N = n+1 n∈N (16) (xn )n∈N = (0,9)n n∈N
π 1
(17) (xn )n∈N = sen 2 + n n∈N
(18) (xn )n∈N = (nπ cos (nπ))n∈N
sen2 (n)
Ä sen(n) ä
(19) (xn )n∈N = n (20) (xn )n∈N = 2n
n∈N n∈N
3n
Ä ä
n
(21) (xn )n∈N = 2n n∈N (22) (xn )n∈N = n3 n∈N
Ä ln(n+1) ä Ä ln(n)
ä
(23) (xn )n∈N = √
n
(24) (xn )n∈N = ln(2n) n∈N
n∈N
Ä 1ä 1
(25) (xn )n∈N = 8 n (26) (xn )n∈N = (0, 03) n
n∈N n∈N
7 n 1 n
Ä ä Ä ä
(27) (xn )n∈N = 1+ n (28) (xn )n∈N = 1− n
n∈N n∈N
Ä√
n
ä Ä√
n
ä
(29) (xn )n∈N = 10n (30) (xn )n∈N = n2
n∈N n∈N
3
n1 1
(31) (xn )n∈N = n (32) (xn )n∈N = (n + 4) n+4
n∈N n∈N
ln(n)
(33) (xn )n∈N = 1 (34) (xn )n∈N = (ln (n) − ln (n + 1))n∈N
nn n∈N
Ä√
n
ä Ä√
n
ä
(35) (xn )n∈N = 4n n (36) (xn )n∈N = 32n+1
n∈N n∈N
Ä (−4)n ä
n!
(37) (xn )n∈N = nn n∈N (38) (xn )n∈N = n! n∈N
n! n!
(39) (xn )n∈N = 106n n∈N
(40) (xn )n∈N = 2n 3n n∈N
Resolução.
De fato, de xn = 1 + a + a2 + · · · + an temos axn = a + a2 + a3 + · · · + an+1 e xn − axn = 1 − an+1 , de onde
n+1
concluı́mos que xn = 1−a
1−a .
1− lim an−1
1−an−1 n→∞ 1
Logo, lim xn = lim = = 1−a .
n→∞ n→∞ 1−a 1−a
Exercı́cio 6.3 Assuma que cada sequência (xn )n∈N dada de forma recursiva é convergente. Encontre o limite.
72 xn +6
(1) x1 = 2 e xn+1 = 1+xn (2) x1 = −1 e xn+1 = xn +2
√ √
(3) x1 = −4 e xn+1 = 8 + 2xn (4) x1 = 0 e xn+1 = 8 + 2xn
√ √
(5) x1 = 5 e xn+1 = 5xn (6) x1 = 3 e xn+1 = 12 − xn
Ñ é Ç
√ p √ » √ √
q å
1 1 p » p
(7) 2, 2 + 12 , 2 + 1
,2 + 1
,... (8) 1, 1 + 1, 1 + 1 + 1, 1 + 1 + 1 + 1, . . .
2+ 2 2+ 1
2+ 2
Capı́tulo 7
Desta forma, uma série é simplesmente a soma dos infinitos termos de uma sequência.
P
n P
∞
A soma finita sn = xk = x1 + x2 + · · · + xn é chamada de soma parcial de ordem n da série xn .
k=1 n=1
Por meio das somas parciais de uma série é possı́vel estudar o comportamento da mesma.
P
∞ P
n
Seja xn uma série de números reais e sn = xk sua soma parcial de ordem n. Quando existe s ∈ R, tal
n=1 k=1
P
∞ P
∞
que lim sn = s, dizemos que a série xn converge, ou é convergente, e denotamos xn = lim sn = s.
n→∞ n=1 n=1 n→∞
P
∞
Quando não existe s ∈ R tal que lim sn = s dizemos que xn diverge, ou é divergente.
n→∞ n=1
P
∞
A série qn = q + q2 + q3 + · · · , sendo q ∈ R, é dita série geométrica de razão q.
n=1
P
∞
Exemplo 7.1 Mostremos que a série geométrica qn é convergente para |q| < 1 e divergente para |q| > 1.
n=1
De fato, primeiramente, encontremos uma expressão geral para a soma parcial de ordem n da série para o caso em
que q 6= ±1.
Temos sn = q + q2 + · · · + qn (soma dos n primeiros termos de uma PG de razão q e 1o . termo q) e qsn =
q + q3 + · · · + qn+1 . Logo, sn − qsn = q − qn+1 . Portanto,
2
q(1−qn )
sn = 1−q .
q(1−qn ) P
∞
(i) Se |q| < 1, temos lim qn = 0. Logo, lim sn = lim 1−q = q
1−q e, pela definição, qn = q
1−q é convergente.
n→∞ n→∞ n→∞ n=1
Neste caso a série é a soma dos termos de uma PG infinita de razão −1 < q < 1.
(ii) Se |q| > 1, temos lim qn = +∞, para q > 1, e @ lim qn para q < −1.
n→∞ n→∞
q(1−qn ) q(1−qn )
Desta forma, lim sn = lim 1−q = +∞, para q > 1 e @ lim sn = lim 1−q para q < −1.
n→∞ n→∞ n→∞ n→∞
P
∞
Como q 6= 0 temos que não existe lim sn e, portanto, nessa situação, qn é divergente.
n→∞ n=1
Observações.
P
∞
(a) Não é difı́cil adaptar a resolução do exemplo acima e provar o mesmo resultado acima para a série aqn com
n=1
a 6= 0.
(b) Não mudamos o caráter de convergência ou divergência de uma série se suprimirmos ou acrescentarmos um número
finito de termos, mas podemos alterar o valor de sua soma no caso da série original ser convergente.
Além da série geométrica, há uma outra série muito importante, cuja definição segue abaixo:
P
∞
1
A série np = 1 + 21p + 31p + · · · , sendo p ∈ R, é dita série harmônica de ordem p, ou p-série, ou ainda,
n=1
série hiper-harmônica.
Mais adiante faremos uma análise sobre a convergência ou divergência dessa série em função de p. Por enquanto,
vamos nos concentrar na ordem p = 1.
P
∞
1
A série de ordem 1, dada por n , inspira o adjetivo “harmônica”, que vem da música, e é devido à semelhança
n=1
com a proporcionalidade dos comprimentos de onda de uma corda vibrante.
Por enquanto, vamos mostrar o incrı́vel resultado de que a série harmônica de ordem 1 é divergente. A divergência
dessa série é bastante “lenta” e, para se ter uma ideia, é preciso somar os 675.000 primeiros termos da série para se
ter soma parcial igual a 14, aproximadamente.
P
∞
1
Exemplo 7.2 Mostremos que a série harmônica de ordem 1, dada por n, é divergente.
n=1
P
∞
1 1 1 1
Para tanto, mostremos que n = lim sn = lim 1+ 2 + 3 + ··· + n = +∞.
n=1 n→∞ n→∞
1
Consideremos o gráfico da função f (x) = x com x > 0.
1 curva y = 1/x
(fora de escala)
1/2
1/3
1/4
1/n
... x
0 1 2 3 4 n
1 1 1
P
∞
1
A soma das áreas dos retângulos hachurados é 1 + 2 + 3 + 4 + ··· = n.
n=1
R+∞
A área abaixo do gráfico de f (x) = x1 a partir do ponto de abscissa 1 no eixo x é a integral imprópria 1
x dx =
Rx 1 1
lim dx.
x→∞ 1 x
P∞
1
Rx 1 x
Desta forma, n > lim 1 x dx = lim ln (|x|)|1 = lim (ln (x) − ln (1)) = lim (ln (x)) = +∞.
n=1 x→∞ x→∞ x→∞ x→∞
y
curva y = ln(x)
x
0 1
P
∞
1
P
∞
1
P
∞
1
Logo, n > +∞, ou seja, n = +∞. Portanto, n é divergente.
n=1 n=1 n=1
P
∞ Ä
n
ä
Exemplo 7.3 Mostremos que a série ln n+1 é divergente.
n=1
Temos
P
n Ä
k
ä
1
2
3
n−1
Ä
n
ä
sn = ln k+1 = ln 2 + ln 3 + ln 4 + · · · + ln n + ln n+1
k=1
Ä ä Ä ä
123
= ln 234 · · · n−1 n 1
n n+1 = ln n+1
Logo,
P
∞ Ä
n
ä Ä
1
ä
ln n+1 = lim sn = lim ln n+1 = −∞,
n=1 n→∞ n→∞
P
∞
nπ
Exemplo 7.4 Mostremos que a série sen 2 é divergente.
n=1
Temos,
1 + 0 − 1 + 0 + · · · + 1 + 0 − 1 + 0 = 0, se n = 4j
Pn
kπ
1 + 0 − 1 + 0 + · · · + 1 + 0 − 1 + 0 + 1 = 1, se n = 4j + 1
sn = sen 2 =
1 + 0 − 1 + 0 + · · · + 1 + 0 − 1 + 0 + 1 + 0 = 1, se n = 4j + 2
k=1
1 + 0 − 1 + 0 + · · · + 1 + 0 − 1 + 0 + 1 + 0 − 1 = 0, se n = 4j + 3
P
∞
nπ
Assim, (sn )n∈N = (1, 1, 0, 0, 1, 1, 0, 0, . . .), ou seja, lim sn não existe. Portanto, sen 2 diverge.
n→∞ n=1
P
∞ P
∞
Proposição 7.1 Se a série xn é convergente e sua soma é s, então a série cxn , c constante real, é convergente
n=1 n=1
e sua soma é cs.
P
∞ P
∞ P
∞
Observação. Se xn é divergente, então cxn é divergente para c 6= 0 (para c = 0, cxn = 0).
n=1 n=1 n=1
P
∞ P
∞
Proposição 7.2 Se as séries xn e yn convergem para as somas s e s, respectivamente, então as séries
n=1 n=1
P
∞ P
∞
(xn + yn ) e (xn − yn ) convergem para as somas s + s e s − s, respectivamente.
n=1 n=1
s n = a 1 + b1 + a 2 + b2 + · · · + a n + bn
= (a1 + a2 + · · · + an ) + (b1 + b2 + · · · bn )
= sn + sn
P
∞
Logo, lim sn = lim sn + sn = s + s, ou seja (xn + yn ) = s + s.
n→∞ n→∞ n=1
P
∞
O procedimento para a série (xn − yn ) é feito de modo análogo.
n=1
P
∞
Uma série xn é chamada de série telescópica quando o termo geral xn puder ser escrito na forma xn =
n=1
P
∞ P
∞
an − an+1 , ou seja, xn = (an − an+1 ).
n=1 n=1
P
∞
1
Exemplo 7.5 Estudemos a série n2 +n
, encontrando sua soma, caso seja convergente.
n=1
n
P
∞
1 n
Logo, sn = n+1 e, portanto, n2 +n
= lim sn = lim = 1.
n=1 n→∞ n→∞ n+1
A(n+1)+Bn (A+B)n+A
1
n2 +n
= 1
n(n+1) = A
n + B
n+1 = n(n+1) = n2 +n
⇒
A+B=0 A=1
⇒
A=1 B = −1
1 1 1
P
∞
Logo, xn = n2 +n
= n − n+1 , ou seja, xn é uma série telescópica.
n=1
Assim,
P
∞
1
P
∞ Ä
1 1
ä P
n Ä
1 1
ä
n2 +n
= n − n+1 = lim s n = lim −
n=1 n=1 n→∞ n→∞ k=1 k k+1
ÄÄ ä Ä ä Ä ä Ä ä Ä ää
= lim 1 − 6162 + 6162 − 6163 + 6163 − 6164 + 6164 − 6561 + · · · + 6n
61
− 1
n+1
n→∞
Ä ä
1
= lim 1 − n+1
n→∞
= 1.
P
∞
1
Exemplo 7.6 Estudemos a série n3 +3n2 +2n
, encontrando sua soma, caso seja convergente.
n=1
Vamos escrever o termo geral da série como soma de frações parciais, ou seja, sejam A, B e C reais tais que
1 1 A B C A(n+1)(n+2)+Bn(n+2)+Cn(n+1)
n3 +3n2 +2n
= n(n+1)(n+2) = n + n+1 + n+2 = n(n+1)(n+2)
A(n2 +3n+2)+B(n2 +2n)+C(n2 +n) (A+B+C)n2 +(3A+2B+C)n+2A
= n3 +3n2 +2n
= n3 +3n2 +2n
1
A+B+C=0 A= 2 A = 12
⇒ 3A + 2B + C = 0 ⇒ 1
B + C = −2 ⇒ B = −1
2A = 1 2B + C = − 32 C = 21
Logo,
P
∞ P P P P
Ç1 1
å
n n n n
Å ã
1 2 1 2 1 1 1 1 1
n3 +3n2 +2n
= lim sn = lim − k+1 + = lim 2 k − k+1 + 2 k+2
n=1 n→∞ n→∞ k=1 k k+2 n→∞ k=1 k=1 k=1
Ç Ç å Ç å
1 1 1 1 1 1 1
= lim 1+ + + ··· + n − + + ··· + n + 1 +
n→∞ 2 2
|3 {z } 2
|3 {z } n+1
Ç åå
+ 12 1
+ ··· + 1 1
+ n+1 + 1
|3
{z } n n+2
Ä Ä ä Ä ää
1 1 1 1 1 1 1
= lim 2 1+ 2 − 2 + n+1 + 2 n+1 + n+2
n→∞
Ä ä
1 1 1 1
= lim 4 + n+1 + 2(n+1) + 2(n+2)
n→∞
1
= 4
P
∞
n
Exemplo 7.7 Estudemos a série 2n , encontrando sua soma, caso seja convergente.
n=1
Temos
P
∞
n 1 2 3 4 n
2n = 2 + 22
+ 23
+ 24
+ ··· + 2n+ ···
n=1
1 1 1 1 1
+ 213 + 1 1 1 1 1 1
= + + + + + + + + ··· + + ··· + + ···
2 22 22 23 23 24 24 24 24
| 2n
{z 2n
}
n termos
P
∞ Ä ä
Exemplo 7.8 Estudemos a série √1 − √1 , encontrando sua soma, caso seja convergente.
n n+1
n=1
Temos uma série telescópica:
P∞ Ä ä Pn Ä ä
√1 − √ 1 = lim s n = lim √1 − √ 1
n n+1 n→∞ n→∞ k=1 k k+1
n=1
ÅÅ ã Å ã Å ã Å ãã
6
= lim 1
√ − √
1
1
+ √ − √ + √ − √ + · · · + √61 −
6
1 6
1 6
1 6
1 √1
n+1
n→∞ 62 62 63 63 64 6n
Ä ä
1
= lim 1 − √n+1 = 1.
n→∞
P
∞
Exemplo 7.9 Estude a série √ √1 √ , encontrando sua soma, caso seja convergente.
n2 +n( n+1+ n)
n=1
Temos: √ √ √ √
n+1− n n+1− n
xn = √ √1 √ =√ √ √ √ √ = √ √ = √1 − √1 ,
n2 +n( n+1+ n) n(n+1)( n+1+ n)( n+1− n) n n+1 n n+1
P
∞ P
∞ Ä ä
ou seja, √ √1 √ = √1 − √1 é uma série telescópica.
n2 +n( n+1+ n) n n+1
n=1 n=1
Assim,
P
∞ P
∞ Ä P
n Ä ä ä
√ √1 √ = √1 = lim
− √1 √1 − √ 1
n=1
n2 +n ( n+1+ n) n=1
n n+1
n→∞ k=1 k k+1
ÅÅ ã Å ã Å ã Å ãã
√1 − √61 √61 − √61 + √61 − √61 + · · · + √61 − √1
= lim 1
+ n+1
n→∞ 62 62 63 63 64 6n
Ä ä
1
= lim 1 − √n+1 = 1.
n→∞
P
∞
Proposição 7.3 (Condição necessária para a convergência) Se xn converge, então lim xn = 0.
n=1 n→∞
P
∞ P
∞ P
∞
Mas xn converge, ou seja, existe s ∈ R tal que xn = s. Portanto, xn = lim sn = lim sn−1 = s.
n=1 n=1 n=1 n→∞ n→∞
Conclusão: lim xn = 0.
n→∞
P
∞
Corolário 7.1 Se lim xn 6= 0, então xn diverge.
n→∞ n=1
1 2 3 4 5
Exemplo 7.10 Estudemos a natureza da série 3 + 5 + 7 + 9 + 11 + · · · via o limite do termo geral.
1 2 3 4 5
P
∞
n n n 1
Temos 3 + 5 + 7 + 9 + 11 + ··· = 2n+1 . Assim, xn = 2n+1 e lim xn = lim = 6= 0.
n=1 n→∞ n→∞ 2n+1 2
P
∞
n
Portanto, pelo corolário acima, 2n+1 diverge.
n=1
Exemplo 7.11 Estudemos a natureza da série harmônica de ordem 1, dada por 1 + 12 + 31 + 41 + 51 + · · · , via o limite
do termo geral.
P
∞
Temos 1 + 12 + 31 + 14 + 15 + · · · = 1 1 1
n . Assim, xn = n e lim xn = lim n = 0.
n=1 n→∞ n→∞
Não concluı́mos a natureza da série pelo corolário acima. Entretanto, já vimos em exemplos anteriores que a série
P
∞
1
n diverge.
n=1
2 3 4 5
Exemplo 7.12 Estudemos a natureza da série geométrica de razão 23 , dada por 32 + 23 + 23 + 23 + 23 + · · · ,
via o limite do termo geral.
2 3 4 5 P
∞
2 n
n n
Temos 32 + 23 + 23 + 23 + 23 + · · · = . Assim, xn = 32 e lim xn = lim 23 = 0.
3 n→∞ n→∞
n=1
Não concluı́mos a natureza da série pelo corolário acima. Entretanto, já vimos em exemplos anteriores que a série
P
∞
2 n
3 converge.
n=1
2 3 4 5
Exemplo 7.13 Estudemos a natureza da série geométrica de razão 32 , dada por 23 + 32 + 32 + 32 + 32 + · · · ,
via o limite do termo geral.
2 3 4 5 P
∞
3 n
n n
Temos 23 + 32 + 32 + 32 + 32 + · · · = . Assim, xn = 23 e lim xn = lim 32 = +∞ 6= 0.
2 n→∞ n→∞
n=1
P
∞
3 n
Portanto, pelo corolário acima, 2 diverge.
n=1
P
∞
1
Exemplo 7.14 Estudemos a natureza da série √
n
2
via o limite do termo geral.
n=1
1 1 1 1
Temos xn = e lim xn = lim
√
n
2
√
n
2
= lim 1 = 20
= 1 6= 0.
n→∞ n→∞ n→∞ 2 n
P
∞
1
Portanto, pelo corolário acima, √
n
2
diverge.
n=1
Observação. A condição da Proposição 7.3 é necessária mas não é suficiente, isto é, a recı́proca da proposição não
P
∞
1 1
é verdadeira. Por exemplo, na série harmônica de ordem 1, dada por n , é tal que lim xn = lim n = 0, mas a
n=1 n→∞ n→∞
série diverge.
P
∞ P
∞
Proposição 7.4 (1o teste: Teste da Comparação) Consideremos as séries xn e yn de termos positivos tais
n=1 n=1
que xn 6 yn para n > n0 .
P
∞ P
∞
(i) Se yn converge, então xn converge.
n=1 n=1
P
∞ P
∞
(ii) Se xn diverge, então yn diverge.
n=1 n=1
P
∞
(i) Como yn converge, então lim sn = s ∈ R. Assim,
n=1 n→∞
Portanto, lim (sn ) deve ser um número real, pois (sn )n∈N é uma sequência crescente de números positivos
n→∞
limitada superiormente (ela não “oscila”).
P
∞
Conclusão: xn é convergente.
n=1
P
∞
(ii) Como xn diverge, então lim sn = +∞. Assim,
n=1 n→∞
P
∞
ou seja, yn é divergente.
n=1
P
∞
Exemplo 7.15 Estudemos a natureza da série √1 .
n
n=1
1
P
∞ P
∞
Temos 0 < 6 √1 , para qualquer n ∈ N. Como 1
diverge, pelo Teste da Comparação, √1 diverge.
n n n n
n=1 n=1
P
∞
1
Exemplo 7.16 Estudemos a natureza da série nn .
n=1
Temos 0 < 2n 6 nn para n ∈ N − {1}. Logo, 0 < n1n 6 21n para n > 2.
P
∞
1 n
1
2
P∞
1
Como 2 = 1
= 1 (série geométrica) converge, então, pelo Teste da Comparação, nn converge (e
n=1 1− 2 n=1
sua soma é menor do que ou igual a 1).
4 4 1 n
P
∞
1 n
P
∞
1 n
1
Temos 0 < 3n +1 6 3n =4 3 , para qualquer n ∈ N. Mas 4 3 =4 3 = 4 1−3 1 = 2 (série geométrica)
n=1 i=n 3
P
∞
1
converge, então, pelo Teste da Comparação, 3n +1 converge (e sua soma é menor do que ou igual a 2).
n=1
P
∞
arctg(n)
Exemplo 7.18 Estudemos a natureza da série 2n .
n=1
π π
Temos 0 < 4 6 arctg (n) < 2, para qualquer n ∈ N.
y
p/2 curva
y=arctg(x)
p/4
0 1 2 3 x
-p/2
arctg(n) π
π 1 n
P
∞
π 1 n
π
P
∞
1 n
π 2
1
π
Logo, 0 < 2n 6 2
2n = 2 2 . Como 2 2 = 2 2 = 2 1− 1 = 2 (série geométrica) converge,
n=1 n=1 2
P
∞
arctg(n) π
então, pelo Teste da Comparação, 2n converge (e sua soma é menor do que ou igual a 2 ).
n=1
P
∞
arctg(n)
Exemplo 7.19 Estudemos a natureza da série n .
n=1
Ä√ ä
Temos arctg (n) > arctg (2) > arctg 3 = π3 > 1 para n ∈ N − {1}.
1 arctg(n) P
∞
1
P
∞
arctg(n)
Logo, 0 < n 6 n para n > 2. Como n diverge, então, pelo Teste da Comparação, n diverge.
n=1 n=1
P
∞
Proposição 7.5 (2o teste: Teste da Razão ou Teste de D’Alembert) Consideremos a série xn de termos positivos
n=1
tal que lim xn+1 = l ∈ R.
n→∞ xn
P
∞
(i) Se l < 1, então xn converge.
n=1
P
∞
(ii) Se l > 1, então xn diverge.
n=1
Observações.
(i) Quando l = 1, não se conclui a natureza da série com o teste acima. Há exemplos de séries convergentes e séries
divergentes tais que l = 1 nesse teste.
P
∞
(ii) Se lim xn+1
xn = +∞, então a série xn diverge.
n→∞ n=1
P
∞
1
Exemplo 7.20 Usemos o Teste da Razão para estudar a natureza da série n! .
n=1
1
xn+1 (n+1)! n! 1
P
∞
1
Temos lim = lim = lim = lim = 0. Logo, pelo Teste da Razão, converge.
n→∞ xn n→∞ 1 n→∞ (n+1)! n→∞ n+1 n=1
n!
n!
P
∞
1
Exemplo 7.21 Usemos o Teste da Razão para estudar a natureza da série harmônica de ordem 1, dada por n.
n=1
xn+1
1
n+1 n
P
∞
1
Temos lim = lim = lim = 1. Logo, não concluı́mos a natureza da série pelo Teste da
n→∞ xn n→∞ 1 n→∞ n+1 n=1
n
n
Razão (embora saibamos que esta série é divergente).
P
∞
n!
Exemplo 7.23 Usemos o Teste da Razão para estudar a natureza da série 2n .
n=1
(n+1)!
P
∞
lim xn+1
n+1 n+1 n!
Temos = lim 2 n! = lim = +∞. Logo, pelo Teste da Razão, 2n diverge.
n→∞ xn n→∞ n→∞ 2 n=1
2n
P
∞
2n
Exemplo 7.24 Usemos o Teste da Razão para estudar a natureza da série nn .
n=1
2n+1
xn+1 (n+1)n+1 2nn 2nn 2
Temos lim xn = lim 2n
= lim n 6 lim n = lim = 0. Logo, pelo Teste da
n→∞ n→∞ n→∞ (n+1) (n+1) n→∞ n (n+1) n→∞ n+1
nn
P
∞
2n
Razão, nn converge.
n=1
P
∞
n!
Exemplo 7.25 Use o Teste da Razão para estudar a natureza da série nn .
n=1
(n+1)!
xn+1 (n+1)n+1 (n+1)nn 1 1 1
Temos lim = lim = lim n = lim n = 1 n = < 1. Logo, pelo Teste
n→∞ xn n→∞ n! n→∞ (n+1) (n+1) n→∞ ( n+1
n ) lim (1+ n ) e
nn n→∞
P
∞
n!
da Razão, nn converge.
n=1
P
∞
Proposição 7.6 (3o teste: Teste da Raiz ou Teste de Cauchy) Consideremos a série xn de termos positivos tal
√ n=1
que lim n xn = l ∈ R.
n→∞
P
∞
(i) Se l < 1, então xn converge.
n=1
P
∞
(ii) Se l > 1, então xn diverge.
n=1
Observações.
(i) Quando l = 1, não se conclui a natureza da série com o teste acima. Há exemplos de séries convergentes e séries
divergentes tais que l = 1 nesse teste.
√ P
∞
(ii) Se lim n xn = +∞, então a série xn diverge.
n→∞ n=1
P
∞
1
Exemplo 7.26 Usemos o Teste da Razão para estudar a natureza da série nn .
n=1
√ »
n 1 1
P
∞
1
Temos lim n
xn = lim nn = lim = 0. Logo, pelo Teste da Raiz, nn converge.
n→∞ n→∞ n→∞ n n=1
P
∞
1
Exemplo 7.27 Usemos o Teste da Razão para estudar a natureza da série harmônica de ordem 1, dada por n.
n=1
− ln(x)
√ » n1 x1 lim 1
lim (− x )
= lim e x ln( x ) = ex→∞
1 1 x
1 1 1
Temos lim n
xn = lim n
n = lim n = lim x = en→∞ = e0 = 1
n→∞ n→∞ n→∞ x→∞ x→∞
P
∞
1
(Regra de L’Hospital). Logo, não concluı́mos a natureza da série n pelo Teste da Raiz (embora saibamos que esta
n=1
série é divergente).
R
0 a x
RPor
∞ 1
exemplo: R
x x
(i) 1 x
dx = lim 1 x1 dx = lim ln (|x|)|1 = lim (ln (x) − 0) = +∞, ou seja, a integral imprópria diverge.
R∞ 1 x→∞ R∞ 1 x→∞ x→∞
x
(ii) 1 1+x 2 dx = lim 1 1+x2 dx = lim arctg (x)|1 = lim (arctg (x) − arctg (1)) = π2 − π4 = π4 , ou seja, a integra
x→∞ x→∞ x→∞
imprópria converge.
P
∞
Proposição 7.7 (4o teste: Teste da Integral) Consideremos a série xn de termos positivos e f : [1, ∞[ → R uma
n=1
função contı́nua, positiva e decrescente tal que f (n) = xn . Então,
R∞ P
∞
(i) Se 1 f (x) dx converge, então xn converge.
n=1
R∞ P
∞
(ii) Se 1
f (x) dx diverge, então xn diverge.
n=1
Observações.
R∞ R∞
Se 1 f (x) dx converge, então a f (x) dx converge para qualquer a > 1.
R∞ R∞
Se 1 f (x) dx diverge, então a f (x) dx diverge para qualquer a > 1.
P
∞ P
∞ P
∞
xn = x1 + xn = x1 + f (n)
n=1 n=2 n=2
= x1 + f (2) .1 + f (3) .1 + f (4) .1 + · · ·
| {z } | {z } | {z }
A1 A2 A3
Z∞
6 x1 + f (x) dx = x1 + c,
1
P
∞
ou seja, xn converge.
n=1
P
∞ P
∞
xn = f (n)
n=1 n=1
= f (1) .1 + f (2) .1 + f (3) .1 + · · ·
| {z } | {z } | {z }
B1 B2 B3
Z∞
> f (x) dx = +∞,
1
P
∞
ou seja, xn diverge.
n=1
P
∞
1
Exemplo 7.28 Estudemos a série harmônica de ordem p, dada por np , no caso em que p > 0 e p 6= 1, utilizando
n=1
o Teste da Integral.
Consideremos a função f : [1, ∞[ → R definida por f (x) = x1p , que é contı́nua, positiva, decrescente e tal que
f (n) = xn = n1p .
Assim, para p > 0 e p 6= 1 temos
Z∞ Z∞ Zx 1−p x 1−p
1 1 x
f (x) dx = dx = lim xp dx = lim = lim x 1−p−1 .
xp 1−p
x→∞ 1 x→∞ 1 x→∞
1 1
x1−p −1
P
∞
1
(i) Se 0 < p < 1, temos lim 1−p = +∞ e, pelo Teste da Integral, a série np diverge.
x→∞ n=1
x1−p −1 1
P
∞
1
(ii) Se p > 1, temos lim = e, pelo Teste da Integral, a série np converge.
x→∞ 1−p p−1
n=1
P
∞
1
P
∞
1
Observação. Vimos que para p = 1 a série np = n diverge. Naturalmente, quando p = 0 temos que
n=1 n=1
P
∞
1
P
∞
n0
= 1 diverge. Além disso, essa série também diverge quando consideramos p < 0, pois, nesse caso, o limite
n=1 n=1
do termo geral não é zero, ou seja, lim n1p = +∞. Resumindo: pela análise empenhada acima, a série harmônica de
n→∞
P∞
1
ordem p, dada por np , diverge para p 6 1 e converge para p > 1.
n=1
P
∞
1
Exemplo 7.29 Estudemos a série n(ln(n))p , sendo p > 0, utilizando o Teste da Integral.
n=2
Para p = 1,
Z∞ Zx Ä Ä ää
x
1
x ln(x) dx = lim 1
dx = lim ln (ln (x))|2 = lim (ln (ln (x)) − ln (ln (2))) = lim ln ln(x) .
2 x→∞ 2 x ln(x) x→∞ x→∞ ln(2) x→∞
1−p
−(ln(2))1−p
P
∞
(i) Se 0 < p < 1, temos lim (ln(x)) 1−p = +∞, ou seja a série 1
n(ln(n))p diverge.
x→∞ n=2
Ä Ä ää P∞
(ii) Se p = 1, temos lim ln ln(x)
ln(2) = +∞, ou seja a série 1
n ln(n) diverge.
x→∞ n=2
1−p
−(ln(2))1−p
1−p P
∞
(iii) Se p > 1, temos lim (ln(x)) 1−p = −(ln(2))
1−p , ou seja a série 1
n(ln(n))p converge.
x→∞ n=2
P
∞ P
∞
Proposição 7.8 (5o teste: Teste do Limite da Comparação) Consideremos as séries xn e yn de termos
n=1 n=1
positivos. Então,
xn P∞ P
∞
(i) Se lim y n
=0e yn converge, então xn converge.
n→∞ n=1 n=1
(ii) Se lim yxnn = c > 0, então ambas as séries convergem ou ambas as séries divergem.
n→∞
P∞ P∞
(iii) Se lim yxnn = +∞ e yn diverge, então xn diverge.
n→∞ n=1 n=1
P
∞
3n+1
Exemplo 7.30 Estudemos a série 4n3 +n2 −2
utilizando o Teste do Limite da Comparação.
n=1
Temos que encontrar uma série (geralmente mais simples) a qual saibamos sua natureza para compararmos com a
série dada no limite.
Observemos que
1 1
3n+1 n 3+ n 1 3+ n
xn = 4n3 +n2 −2 = 3 1
= n 2 .
− n23 1
− n23
n 4+ n 4+ n
1
Se tomarmos yn = n2
teremos
1 3+ 1
. 1 −n
n2 4+ n 2
3+ 1
xn n3 n 3
lim = lim = lim = > 0.
n→∞ yn n→∞ 1 n→∞ 4+ 1
− 2 4
n2 n n3
P
∞
1
P
∞
3n+1
Como n2
converge (série harmônica de ordem 2), pelo Teste do Limite da Camparação, 4n3 +n2 −2
converge.
n=1 n=1
P
∞
5
Exemplo 7.31 Estudemos a série √
n2 +2n+7
utilizando o Teste do Limite da Comparação.
n=1
Observemos que
5 5 5 1
xn = √
n2 +2n+7
=» = n.»
2 7 2 7
n2 1+ n + n2
1+ n + n2
5
Se tomarmos yn = n teremos
5 p 1
n. 1+ 2 + 7
n n2 1
lim xn = lim = lim » = 1 > 0.
n→∞ yn n→∞ 5 n→∞ 2 7
n 1+ n + n2
P
∞
5
P
∞
1
P
∞
5
Como n =5 n diverge (série harmônica de ordem 1), pelo Teste do Limite da Camparação, √
n2 +2n+7
n=1 n=1 n=1
diverge.
P
∞ √
3
n2 +4
Exemplo 7.32 Estudemos a série 6n2 −n−1
utilizando o Teste do Limite da Comparação.
n=1
Observemos que
» » »
4 4 4
√
3
n2 +4
3
n2 1 + n2
√
3
n2
3
1+ n2 1
3
1+ n2
xn = 6n2 −n−1
= 1 1
= n2
. 1 1
= 4 . 1 1
n2 6 − n − n2 6− n − n2
n3 6− n − n2
P
∞
1 4
P
∞ √
3
n2 +4
Como 4 converge (série harmônica de ordem 3 > 1), pelo Teste do Limite da Camparação, 6n2 −n−1
n=1 n3 n=1
converge.
P
∞
arctg(n)
Exemplo 7.33 Estudemos a série nn utilizando o Teste do Limite da Comparação.
n=1
1
Se tomarmos yn = nn teremos
arctg(n)
xn nn π
lim = lim = lim arctg (n) = > 0.
n→∞ yn n→∞ 1 n→∞ 2
nn
P
∞
1
P
∞
arctg(n)
Como nn converge (veja exemplo do Teste da Raiz ), pelo Teste do Limite da Camparação, nn converge.
n=1 n=1
P
∞
π
sen2
Exemplo 7.34 Estudemos a série n utilizando o Teste do Limite da Comparação.
n=1
π 2
Se tomarmos yn = n teremos
π
Ç π
å2
sen2
sen
lim xn = lim n
= lim π
n
= 12 = 1 > 0.
n→∞ yn n→∞ π 2 n→∞
n n
P
∞
π 2
P
∞
1
= π2
Como n n2
converge (série harmônica de ordem 2), pelo Teste do Limite da Camparação,
n=1 n=1
P
∞
π
sen2
n converge.
n=1
P
∞
1
Exemplo 7.35 Estudar a série sen n2
utilizando o Teste do Limite da Comparação.
n=1
1
Se tomarmos yn = n2
teremos
1
sen n2
lim xn = lim = 1 > 0.
n→∞ yn n→∞ 1
n2
P
∞
1
P
∞
1
Como n2
converge (série harmônica de ordem 2), pelo Teste do Limite da Camparação, sen n2
converge.
n=1 n=1
O próximo resultado matemático é devido a Leibniz e é o nosso sexto teste de convergência, exclusivo para séries
alternadas.
P
∞
Proposição 7.9 (6o teste: Teste de Leibniz ou Teste de Convergência para Séries Alternadas) Seja xn uma
n=1
série alternada. Se |xn | > |xn+1 | para qualquer n ∈ N e lim |xn | = 0, então a série alternada converge e o módulo de
n→∞
P
∞
sua soma é inferior ao módulo de x1 , ou seja, xn < |x1 |.
n=1
P
∞
n 1
Exemplo 7.36 A série (−1) n é convergente.
n=1
n 1 n+1 1 n
De fato, |xn | > |xn+1 |, pois (−1) n lim |xn | = lim (−1) 1
> (−1) n+1 . Também n→∞ = 0. Logo, pelo
n→∞ n
P
∞
n 1
Teste de Leibniz, a série alternada (−1) n converge.
n=1
P
∞
n 1
Exemplo 7.37 A série (−1) ln(n) é convergente.
n=1
n n+1 n
De fato, |xn | > |xn+1 |, pois (−1) 1
> (−1) 1
Também lim |xn | = lim (−1) 1
= 0. Logo,
ln(n) ln(n+1) . n→∞ n→∞ ln(n)
P∞
n 1
pelo Teste de Leibniz, a série alternada (−1) ln(n) converge.
n=1
Observemos que δn exprime o erro de aproximação que se comete quanto trocamos s por sn . Assim, um erro com
precisão de 1 casa decimal é tal que δn < (0, 1) 10−1 = 0, 01. Um erro com precisão de 2 casas decimais é tal que
δn < (0, 1) 10−2 = 0, 001.
A proposição abaixo ajuda na estimativa do erro δn .
P
∞
Proposição 7.10 Seja xn uma série alternada tal que |xn | > |xn+1 | para qualquer n ∈ N e lim |xn | = 0. Sejam
n=1 n→∞
P
∞ P
n
s= xn sua soma e sn = xk sua soma parcial de ordem n. Então, δn = |s − sn | < |xn+1 |.
n=1 k=1
P
∞
n−1 1
Exemplo 7.38 Considere que a série alternada (−1) (2n−1)! é converge (exercı́cio) e obtenha uma apro-
n=1
ximação da soma com cinco casas decimais de precisão.
De acordo com a Proposição 7.10 acima, δn < |xn+1 | e desejamos δn < (0, 1) 10−5 = 10−6 . Logo, se encontrarmos
n tal que |xn+1 | < 10−6 resolvemos o problema.
Assim,
(n+1)−1
|xn+1 | < 10−6 ⇒ (−1) (2(n+1)−1)! < 106 ⇒ (2n+1)! < 106 ⇒ (2n + 1) ! > 10
1 1 1 1 6
Com o auxı́lio de uma calculadora, encontramos que n = 5 é o menor n que satisfaz a desigualdade acima.
P
5
k−1 1
P
∞
n−1 1
Portanto, (−1) (2k−1)! é uma aproximação com cinco casas decimais de precisão da série (−1) (2n−1)! .
k=1 n=1
P
∞
n−1 1
Exemplo 7.39 Considere que a série alternada (−1) n! é converge (exercı́cio) e obtenha uma aproximação
n=1
da soma com três casas decimais de precisão.
De acordo com a Proposição 7.10 acima, δn < |xn+1 | e desejamos δn < (0, 1) 10−3 = 10−4 . Logo, se encontrarmos
n tal que |xn+1 | < 10−4 resolvemos o problema.
Assim,
(n+1)−1
|xn+1 | < 10−4 ⇒ (−1) 1
< 1
⇒ 1
< 1
⇒ (n + 1) ! > 104
(n+1)! 104 (n+1)! 104
Com o auxı́lio de uma calculadora, encontramos que n = 7 é o menor n que satisfaz a desigualdade acima.
P
7
k−1 1 P
∞
n−1 1
Portanto, (−1) k! é uma aproximação com três casas decimais de precisão da série (−1) n! .
k=1 n=1
P
∞
Proposição 7.11 (7o teste - Teste de Convergência para Séries de Sinais Quaisquer) Se a série xn for tal que
n=1
P
∞ P
∞
|xn | converge, então xn também converge.
n=1 n=1
P
∞
n 1
Observação. A recı́proca do teorema acima não é verdadeira. Por exemplo, (−1) n converge (Teste de Leibniz ).
n=1
P
∞
(−1)n 1
P
∞
1
Entretanto, n = n diverge (série harmônica de ordem 1).
n=1 n=1
P
∞ P
∞
Quando |xn | converge, dizemos que xn é uma série absolutamente convergente.
n=1 n=1
O teste acima afirma, portanto, que toda série absolutamente convergente é convergente.
P
∞
sen(n)
Exemplo 7.40 Estudemos a natureza da série n2
.
n=1
P∞
Temos uma série com termos de sinais quaisquer. Entretanto, |xn | = sen(n) 6 n12 . Como a série 1
é
n2 n2
n=1
P
∞ P
∞
sen(n) P∞
convergente (série harmônica de ordem p), pelo Teste da Comparação, |xn | = n2 converge. Logo, xn =
n=1 n=1 n=1
P
∞
sen(n)
n2
é absolutamente convergente e, pelo teste acima, convergente.
n=1
P
∞ cos(nπ)+sen2 ( nπ 2
2 )+3 cos(n )−5
Exemplo 7.41 Estudemos a natureza da série nn .
n=1
cos(nπ)+sen2 ( nπ 2
2 )+3 cos(n )−5 1+12 +3.1+5
Temos uma série com termos de sinais quaisquer. Entretanto, |xn | =
6 =
nn nn
10
nn .
P
∞
10
A série é convergente (use o Teste da Comparação, pois n10n 6 n102 , ou então use o Teste da Raiz ).
nn
n=1
P
∞ P∞ cos(nπ)+sen2 nπ +3 cos n2 −5
( 2 ) ( )
Assim, pelo Teste da Comparação, |xn | =
nn converge.
n=1 n=1
P∞ P
∞ cos(nπ)+sen2 nπ +3 cos n2 −5
( 2 ) ( )
Logo, xn = nn é absolutamente convergente e, pelo teste acima, convergente.
n=1 n=1
Encerramos essa seção com os Testes da Razão e da Raiz, que também possuem versões para séries com sinais
quaisquer:
Proposição 7.12 (Teste da Razão ou Teste de D’Alembert para Séries de Sinais Quaisquer) Consideremos a série
P∞
xn de termos não nulos com sinais quaisquer tal que lim xn+1
xn = l ∈ R.
n=1 n→∞
P
∞
(i) Se l < 1, então xn é absolutamente convergente.
n=1
P
∞
(ii) Se l > 1, então xn diverge.
n=1
P∞
Proposição 7.13 (Teste da Raiz ou Teste de Cauchy para Séries de Sinais Quaisquer) Consideremos a série xn
n=1
de termos não nulos com sinais quaisquer tal que lim n |xn | = l ∈ R.
p
n→∞
P
∞
(i) Se l < 1, então xn é absolutamente convergente.
n=1
P
∞
(ii) Se l > 1, então xn diverge.
n=1
Observação. Assim como nos respectivos testes de séries com termos positivos, quando l = 1 não podemos concluir
a natureza da série com os testes acima.
P
∞
n
Exemplo 7.42 Já vimos que a série (−1) é divergente.
n=1
De fato: a sequência das somas parciais desta série, dada por (sn )n∈N , é tal que
n
−1 + 1 − 1 + 1 − · · · + (−1) = −1 quando n é ı́mpar.
| {z }
n parcelas
sn = ,
n
−1 + 1 − 1 + 1 − · · · + (−1) = 0 quando n é par.
| {z }
n parcelas
ou seja,
(sn )n∈N = (−1, 0, −1, 0, −1, 0, . . .)
P
∞
n
Como a sequências das somas parciais (sn )n∈N é divergente, temos, por definição, que a série (−1) é divergente.
n=1
Mas, a propriedade associativa não é válida para esta série. Observe um raciocı́nio errado:
P
∞
n
(−1) = −1 + 1 − 1 + 1 − 1 + 1 − 1 + 1 − · · ·
n=1
= (−1 + 1) + (−1 + 1) + (−1 + 1) + (−1 + 1) + · · ·
= 0 + 0 + 0 + 0 + ···
=0 (?!)
As propriedades associativa ou comutativa não valem para quaisquer séries. Essas propriedades valem para séries
absolutamente convergentes, que não é o caso acima, daı́ a contradição.
P
∞ Ä
n
ä
Como a sequências das somas parciais (sn )n∈N é divergente, temos, por definição, que a série ln n+5 é
n=1
divergente.
Mas as propriedades de logaritmos podem ser falsas quanto lidamos com somas ou produtos com infinitos termos.
Observe im raciocı́nio errado:
P
∞ Ä
n
ä
1
2
3
4
5
6
7
8
ln n+5 = ln 6 + ln 7 + ln 8 + ln 9 + ln 10 + ln 11 + ln 12 + ln 13 + ···
n=1
1 2 3 4 5 6 7 8
= ln 6 7 8 9 10 11 12 13 · · ·
1 2 3 4 5111
= ln 1 1 1 1 1 1 1 1 ···
= ln (5!) (?!)
ou
P
∞ Ä
n
ä
1
2
3
4
5
6
7
8
ln n+5 = ln 6 + ln 7 + ln 8 + ln 9 + ln 10 + ln 11 + ln 12 + ln 13 + ···
n=1
= ln (1) − ln (6) + ln (2) − ln (7) + ln (3) − ln (8) + ln (4) − ln (9) + ln (5) − ln (10)
+ ln (6) − ln (11) + ln (7) − ln (12) + ln (8) − ln (13) + ln (9) − ln (14) + ln (10) − · · ·
= ln (1) + ln (2) + ln (3) + ln (4) + ln (5) + 0 + 0 + 0 + 0 + · · ·
= ln (1.2.3.4.5)
= ln (5!) (?!)
No primeiro caso, a propriedade relativa à soma de logaritmos é válida para somas finitas e não para somas infintas.
Já no segundo caso, temos que as propriedades associativa ou comutativa não valem para quaisquer séries. Essas
propriedades valem para séries absolutamente convergentes, que não é o caso acima, daı́ a contradição.
Ä
n
ä P∞ Ä
n
ä
Por fim, observemos que ln n+5 < ln (1) = 0, ou seja, os termos da série ln n+5 são todos negativos. Logo,
n=1
não é possı́vel que a soma convirja para ln (5!) > ln (1) = 0, que é um número positivo.
P
∞ Ä
n
ä
Naturalmente, o raciocı́nio acima pode ser aplicado à série ln n+k para qualquer k ∈ N, ou seja, trata-se de
n=1
uma série divergente.
P
∞ P
∞
n P
∞ Ä ä P
∞
sen n π2 (−1) t2n , com 0 < |t| < 1 n n
(e) (f) (g) ln n+10 (h) 3n
n=1 n=0 n=1 n=1
P
∞ P
∞
(i) √ √1 √ (j) ntn , com 0 < |t| < 1
n=1
n2 +n ( n+1+ n) n=1
Exercı́cio 7.2 Convergente ou divergente? Justifique. (Análise de termo geral e comparação com séries conhecidas)
P
∞
1
P∞
1
P
∞
n2 +7
P
∞
n
(a) √
3
n
(b) √
2−1
(c) 2n2 +3n (d) n2 +2n+1
n
n=1 n=1 n=1 n=1
P
∞
1
P
∞
2 n
P
∞
3 n
P
∞
1
(e) n sen n (f) 3 (g) 2 (h) nn
n=1 n=1 n=1 n=1
P
∞
nn
P
∞ Ä
n
än P
∞
2n+1 n
(i) n! (j) 2n+1 (k) n
n=1 n=1 n=1
Exercı́cio 7.3 Das séries de termos positivos abaixo, quais são convergentes e quais são divergentes? Justifique.
(Testes de convergência)
P
∞ Ä
2n+3
än P∞
1
P∞
2n
P
∞
n!
(1) 2n+1 (2) √
n
2
(3) 1.3.5...(2n−1) (4) nn
n=1 n=1 n=1 n=1
P
∞
e2n +e−2n
P
∞ P
∞
nn
P
∞
πn
P
∞
1
(5) 2 = cosh (2n) (6) n! (7) sen 4 (8) ln(n)
n=1 n=1 n=1 n=1 n=2
P
∞
e2n −e−2n
P
∞ P
∞
1
P
∞
1
P
∞
n
(9) 2 = senh (2n) (10) √
3
(11) (3+(−1)n )n (12) tg(n)
n=1 n=1 n=2 ln(n) n=1 n=1
P
∞ 2 P
∞
1
P
∞
1
P
∞
1
ne−n
(13) (14) arcsen n (15) n arcsen n (16) sen n
n=1 n=1 n=1 n=1
P
∞ √ Ä ä P
∞ P
∞ P
∞
(17) n + 1 arcsen √1 (18) 1
(19) 1
(20) 1
√
n+1 n ln(n) lnn (n) n
n
n=1 n=2 n=2 n=2
P
∞ √
n
P
∞
1
P
∞
1
P
∞ √
n
(21) 2 (22) nr ln(n) (23) n lnr (n) (24) n
n=2 n=2 n=2 n=2
P
∞ Ä
1 1
ä P
∞
2+cos(n) P
∞
1
P
∞
1 n
(25) n−3 − n (26) n2
(27) 3+1n (28) 1+ n
n=4 n=1 n=1 n=1
P
∞
n
Exercı́cio 7.4 Estude a série utilizando o Teste da Integral.
e n2
n=1
x −1
Dica: uma primitiva para f (x) = é F (x) = .
ex 2 2ex2
P
∞ √
n
e
Exercı́cio 7.5 Estude a série n2
utilizando o Teste da Integral.
n=1 √
x √
Dica: uma primitiva para f (x) = x2e é F (x) = − x e.
P
∞
1
Exercı́cio 7.6 Estude a série n(ln(n))(ln(ln(n)))p utilizando o Teste da Integral.
n=10
1 (ln(ln(p)))1−p
Dica: uma primitiva para f (x) = x(ln(x))(ln(ln(x)))p é F (x) = 1−p para p 6= 1 e F (x) = ln (ln (ln (x))) para
n = 1.
P
∞
arctg(n)
Exercı́cio 7.8 Estude a série 2n utilizando o Teste do Limite da Comparação.
n=1
P
∞
n 1
Exercı́cio 7.9 Estude a natureza da série alternada (−1) n! .
n=1
P
∞
n−1 1
Exercı́cio 7.10 Estude a natureza da série alternada (−1) (2n−1)! .
n=1
P
∞
n 1
Exercı́cio 7.11 Estude a natureza da série alternada (−1) (2n)! .
n=1
Exercı́cio 7.12 Verifique se as séries alternadas abaixo convergem e calcule, quando possı́vel, uma aproximação para
a soma com precisão de duas casas decimais.
P
∞
n 1 P
∞
n 1 P
∞
n 1
(a) (−1) n3
(b) (−1) n! (c) (−1) 2n
n=1 n=1 n=1
Exercı́cio 7.13 Considerando as séries acima, majore o erro de aproximação quando consideramos a soma dos quatro
primeiros termos da série como aproximação para a soma.
P
∞
n−1 1
Exercı́cio 7.14 Mostre que a série alternada (−1) n3
converge e obtenha uma aproximação da soma com três
n=1
casas decimais de precisão.
Exercı́cio 7.15 Verifique se as séries abaixo convergem e calcule quantos termos são necessários somar para que a
aproximação da soma S da série tenha erro δn < 0, 01.
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
(a) S = 2 − 4 + 8 − 16 + 32 − ··· (b) S = 1 − 3 + 9 − 27 + 81 − ··· (c) S = 1 − 3! + 5! − 7! + 9! − ···
P
∞
n+1 2 P
∞
n+1
Ä
n
än P
∞
n 2n+1 n
e−n
(d) (−1) (e) (−1) 2n+1 (f) (−1) n
n=1 n=1 n=1
P
∞
n en
(g) (−1) n!
n=1
Exercı́cio 7.17 (Resolvido parcialmente) Utilizando séries geométricas apropriadas, encontre a geratriz das se-
guintes dı́zimas periódicas:
(a) 0, 111... (b) 2, 333... (c) 3, 212121 . . . (d) 2, 721721721 . . .
Exercı́cio 7.18 (Resolvido parcialmente) Encontre as séries numéricas cujas somas são:
1 7 2 10
(a) 9 (b) 3 (c) 3 (d) 9
1
P
∞
1 n
9 = 0, 111 . . . = 0, 1 + 0, 01 + 0, 001 + · · · = 10
n=1
7
P
∞
1 n
P
∞
3
3 = 2, 333 . . . = 2 + 0, 3 + 0, 03 + 0, 003 + · · · = 2 + 3 (0, 1 + 0, 01 + 0, 001 + · · · ) = 2 + 3 10 =2+ 10n
n=1 n=1
Exercı́cio 7.19 Das séries abaixo, quais são convergentes e quais são divergentes? Justifique.
P
∞
(−1)n P
∞
(−1)n−1 P
∞
n+1 n!
(1) (2n)! (2) n (3) (−1) nn
n=1 n=1 n=1
P
∞
(−1)n−1 P
∞
sen(n) (6) 1
+ 1
− 1
− 1
+ 1
+ 1
− ···
(4) √
n+ n
(5) n2
2 22 23 24 25 26
n=1 n=1
P
∞
n ln(n)
P
∞ P
∞ (9) (−1) n
n 2 n
(7) (−1) n2n+4 (8) (−1) n
ln(n)
n=1
n=1 n=2
P
∞ √
sen( n)
P
∞ n P
∞ √
3
(12) √
3
n +4
(−10) n+1 n n=1
(10) n! (11) (−1) n+1
n=1 n=2
P
∞
n
(13) (−1) √1
n=2 n ln(n)
P
∞
2
Exercı́cio 7.20 (Resolvido) A série n2 −1
é convergente.
n=2
Resolução.
De fato, para n ∈ N temos
−2 > −2n ⇒
−1 > −2n + 1 ⇒
2
n − 1 > n2 − 2n + 1 = (n − 1) ⇒
2
1
n2 −1
6 1
(n−1)2
⇒
2 2
n2 −1
6 (n−1)2
.
Mas,
P
∞
2 2 2 2 2
P
∞
2
(n−1)2
= 12
+ 22
+ 32
+ 42
+ ··· = n2
.
n=2 n=1
P
∞
1
P
∞
2
Entretanto, como n2
é convergente (série harmônica de ordem 2), então n2
é convergente (Proposição
n=1 n=1
7.1).
P
∞
2
Pelo Teste da Comparação, n2 −1
é convergente.
n=2
Capı́tulo 8
Séries de Potências
Observações.
(i) De forma genérica, em séries de potências iniciamos a série com n = 0 e não com n = 1, conforme fizemos até aqui.
Isto faz com que a representação da série de potências se torne mais simples. Entretanto, como veremos abaixo, em
várias séries de potências é conveniente começar com n = 1. Em termos de proposições e propriedades matemáticas,
é irrelevante começar com n = 0 ou n = 1.
0
(ii) A potência (x − a) está sendo interpretada como sendo 1 para qualquer valor de x − a (mesmo quando x = a).
É apenas uma notação com o objetivo de simplificar a notação da série.
Para cada valor de x uma série de potências pode convergir ou divergir. A proposição abaixo fornece informações
a respeito desse comportamento.
P
∞
n
Proposição 8.1 Seja an (x − a) série de potências de x−a. Então, os valores de x para os quais a série de potências
n=0
converge forma um intervalo I com centro em a, ou seja: I = [a − r, a + r]; ou I = ]a − r, a + r[; ou I = [a − r, a + r[;
ou I = ]a − r, a + r]; ou I = ]−∞, ∞[ = R; ou I = [a, a] = {a}, sendo r > 0.
P
∞
n
O intervalo I no qual a série de potências an (x − a) converge é chamado de intervalo de convergência
n=0
e número r acima é chamado de raio de convergência da série. No caso em que I = R dizemos que o raio de
convergência é infinito e no caso em que I = {a} dizemos que o raio de convergência é nulo.
P
∞
n
Observação. Se definirmos a função f (x) = an (x − a) , então seu domı́nio é o intervalo de convergência I da
n=0
série de potências, ou seja, f : I → R.
P
∞
n P
∞
an (x − a)n converge em
Proposição 8.2 Se an (x − a) possui raio de convergência r > 0, então
n=0 n=0
]a − r, a + r[ e diverge em ]−∞, a − r[ ∪ ]a + r, +∞[.
P
∞
n
A proposição acima afirma que a série de potências an (x − a) é absolutamente convergente em seu intervalo
n=0
P
∞
n
de convergência. Além disso, se o intervalo de convergência de an (x − a) for I = R, então o mesmo ocorre com
n=0
P
∞
an (x − a)n (basta pensar na proposição acima fazendo r → +∞).
n=0
P
∞
an (x − a)n para x = a − r ou
Observemos, também, que a proposição acima não afirma a natureza da série
n=0
x = a + r.
Para encontrar o raio de convergência r de uma série de potências utilizamos testes de convergência de séries
numéricas de termos com sinais quaisquer. Vejamos alguns exemplos.
P
∞
xn
Exemplo 8.1 Estudemos a natureza da série de potências n! .
n=1
para qualquer x ∈ R. Logo, I = ]−∞, +∞[ = R é o intervalo de convergência da série e, portanto, seu raio de
convergência é infinito.
P
∞
Exemplo 8.2 Estudemos a natureza da série de potências nxn .
n=1
Logo, o raio de convergência da série de potência é r = 1 e, portanto, a série converge em ]−1, 1[ e diverge em
]−∞, −1[ ∪ ]1, +∞[.
P
∞ P
∞
n
Quando x = −1 temos nxn = (−1) n que diverge, pois @ lim sn neste caso.
n=1 n=1 n→∞
P
∞
n
P
∞
Quando x = 1 temos nx = n que diverge, pois lim sn = +∞ neste caso.
n=1 n=1 n→∞
Conclusão: I = ]−1, 1[ é o intervalo de convergência da série.
P
∞
n
Exemplo 8.3 Estudemos a natureza da série de potências (nx) .
n=1
P
∞
n xn
Exemplo 8.4 Estudemos a natureza da série de potências (−1) n .
n=1
(−1)n+1 xn+1
Ä
n ä
x = |x| lim n+1 = |x| .1 = |x| < 1 ⇐⇒ −1 < x < 1.
xn+1 n+1 n
lim xn = lim = lim n+1
n xn
n→∞ n→∞ (−1) n n→∞ n→∞
Logo, o raio de convergência da série de potência é r = 1 e, portanto, a série converge em ]−1, 1[ e diverge em
]−∞, −1[ ∪ ]1, +∞[.
P
∞
n n P
∞
(−1)2n P
∞
Quando x = −1 temos (−1) xn = n = 1
n que diverge (série harmônica de ordem 1).
n=1 n=1 n=1
P
∞
n n P
∞
n n P∞
n 1
Quando x = 1 temos (−1) xn = (−1) 1n = (−1) n que converge (Teste de Leibniz ).
n=1 n=1 n=1
Conclusão: I = ]−1, 1] é o intervalo de convergência da série.
(x−2)n+1
(n+1)!
= |x − 2| lim n+1 = |x − 2| .0 = 0 < 1
xn+1 x−2 1
lim xn = lim (x−2)n = lim n+1
n→∞ n→∞ n→∞ n→∞
n!
para qualquer x ∈ R. Logo, o raio de convergência da série de potências é infinito e, portanto, a série converge em
I = R.
x x2 x3 xn
Exemplo 8.6 Determinemos o domı́nio da função f dada por f (x) = 3 + 6 + 11 + ··· + 2+n2
+ ···
P
∞
xn
A função f é dada por uma série de potências: f (x) = 2+n2
, e seu domı́no é o intervalo de convergência dessa
n=1
série.
Neste caso, temos a = 0.
xn
Fazendo xn = 2+n 2 e utilizando o Teste da Razão para Séries de Termos de Sinais Quaisquer temos:
xn+1
2
2+(n+1) (2+n2 )x 2
lim 2+(n+1)2 = |x| lim n2n+2n+3 = |x| .1 = |x| < 1 ⇐⇒ −1 < x < 1.
xn+1 +2
lim xn = lim
xn = n→∞
n→∞ n→∞ 2
n→∞
2+n
Logo, o raio de convergência da série de potência é r = 1 e, portanto, a série converge em ]−1, 1[ e diverge em
]−∞, −1[ ∪ ]1, +∞[.
P
∞
n 1
Quando x = −1 temos (−1) 2+n 2 que converge (Teste de Leibniz ).
n=1
P
∞
1
Quando x = 1 temos 2+n2
que também converge (Teste da Comparação com a série harmônica de ordem 2).
n=1
Conclusão: I = [−1, 1] é o intervalo de convergência da série e, portanto, o domı́nio da função.
P
∞
(x−2)n
Exemplo 8.7 Estudemos a natureza da série de potências √ .
n+ n
n=1
1+ √1
n
= |x − 2| lim » = |x − 2| .1 = |x − 2| < 1 ⇐⇒ −1 < x − 2 < 1 ⇐⇒ 1 < x < 3.
n→∞ 1 √1 1
1+ n + n
1+ n
Logo, o raio de convergência da série de potência é r = 1 e, portanto, a série converge em ]1, 3[ e diverge em
]−∞, 1[ ∪ ]3, +∞[.
P
∞
n
Quando x = 1 temos (−1) n+1√n que converge (Teste de Leibniz ).
n=1
P
∞
1√ 1√ 1
P
∞
1
Quando x = 3 temos n+ n
que diverge (Teste da Comparação), pois n+ n
≥ 2n e 2n diverge (para
n=1 n=1
justificar que esta última integral diverge use o Teste da Integral ).
Conclusão: I = [1, 3) é o intervalo de convergência da série.
P
∞
n
an (x − a) é derivável e integrável em ]a − r, a + r[ e:
n=0
Zx
P
∞
n−1 P
∞
an (x−a)n+1
f0 (x) = nan (x − a) e F (x) = f (x) dx = n+1 .
n=1 a n=0
Observação. Embora o raio de convergência r de f, f0 e F seja o mesmo, os intervalos de convergência dessas funções
podem diferir nos extremos a − r ou a + r. Esses extremos devem ser estudados à parte na função derivada e na função
integral.
P
∞
n
Corolário 8.1 A série de potências an (x − a) é contı́nua em ]a − r, a + r[, sendo r > 0 seu raio de convergência.
n=0
P
∞
xn
Exemplo 8.8 Derivemos e integremos f (x) = 2+n2
no interior de seu intervalo de convergência.
n=1
Já vimos, em exemplo anterior, que o intervalo de convergência de f é I = [−1, 1]. Assim,
Zx
P P P P
Å ∞
ã0 ∞ ∞ ∞
xn nxn−1 xn xn+1
f0 (x) = 2+n2
= 2+n2
e F (x) = 2+n2
dx = (n+1)(2+n2 )
n=1 n=1 0 n=1 n=1
Exemplo 8.9 Encontremos uma função, com seu domı́nio, que possa ser escrita como a série de potências 1 − x +
x2 − x3 + x4 − x5 + x6 − · · · .
Notemos que a série em questão é a soma dos termos de uma PG infinita de razão −x e primeiro termo 1, que
sabemos ser convergente para |−x| < 1.
1
Se s = 1 − x + x2 − x3 + · · · e (−x) s = −x + x2 − x3 + · · · temos s − (−x) s = 1, ou seja, s = 1+x .
P
∞
n−1 P
∞
n−1 n−1
Desta forma, a função procurada é f : ]−1, 1[ → R, dada por, f (x) = 1+x1
= (−x) = (−1) x =
n=1 n=1
P
∞
n n
(−1) x (para entender essa última igualdade, faça n−1 = m na penúltima série e, depois, a reescreva novamente
n=0
com ı́ndice n).
1
Exemplo 8.10 Escrevamos f (x) = (1+x)2
, −1 < x < 1, como série de potências.
1
P
∞
n−1
Do exemplo acima, 1+x = 1 − x + x2 − x3 + x4 − · · · = (−x) para −1 < x < 1. Portanto,
n=1
Ä ä0 P
∞
n−2
1
1+x = −1 + 2x − 3x2 + 4x3 − · · · = (n − 1) (−x) (−1)
n=2
P
∞
m−1
=− (m) (−x) ; (fazendo n − 1 = m)
m=1
P∞
n−1
=− (−1) nxn−1 ; (reescrevendo com ı́ndice n)
n=1
Exemplo 8.11 Escrevamos f (x) = ln (1 + x), −1 < x < 1, como série de potências.
Observemos que f0 (x) = 1
1+x .
1
P
∞
n−1
Mas, do exemplo acima, 1+x = 1 − x + x2 − x3 + x4 − · · · = (−x) para −1 < x < 1. Portanto,
n=1
Zx Zx Zx Zx
P
∞
n−1 P
∞
n−1 P
∞
n−1 xn
f0 (x) dx = 1
1+x dx = (−x) dx = (−x) dx = (−1) n
0 0 0 n=1 n=1 0 n=1
Exemplo 8.12 Calcule ln (1, 1) utilizando séries de potências e com erro de aproximação inferior a 0, 001.
P
∞
n−1 xn P
∞
n−1 (0,1)n
Pelo Exemplo 8.11 anterior, ln (1 + x) = (−1) n . Logo, ln (1, 1) = ln (1 + 0, 1) = (−1) n =
n=1 n=1
2 3 4
0, 1 − (0,1)
2 + (0,1)
3 − (0,1)
4 + · · · que é uma série alternada.
Vimos que se queremos um erro de aproximação inferior a 0, 001; então δn = |s − sn | < 0, 001, sendo s a soma da
série e sn soma parcial de ordem n.
Entretanto, vimos também que δn < |xn+1 | (proposição). Portanto, se acharmos n tal que |xn+1 | < 0, 001
resolvemos nosso problema.
Deste modo,
n+1
(10−1 )
(n−1)+1 (0,1)n+1
|xn+1 | < 0, 001 ⇒ (−1) < 0, 001 ⇒ < 10−3 ⇒
n+1 n+1
1
(n+1)10n+1
< 1
103
⇒ (n + 1) 10n+1 > 103
Exemplo 8.13 Utilizando os três primeiros termos da série que representa ln (1, 1) nos exemplos acima, podemos
atingir quantas casas decimais de precisão para uma aproximação de ln (1, 1)?
P
∞
n−1 (0,1)n
Utilizando três termos da série ln (1, 1) = (−1) n temos um erro de aproximação δ3 = |s − s3 | para o
n=1
valor exato de ln (1, 1).
Mas, vimos por meio de proposição que δn < |xn+1 |, ou seja,
4
3
δ3 < |x4 | = (−1) (0,1)
4 =
0,0001
= 0, 000025 < 0, 0001 = (0, 1) 10−3 ,
4
P
∞
n
Se f puder ser escrita como f (x) = an (x − a) , então:
n=0
P
∞
n
f (x) = an (x − a) ⇒ f (a) = a0 ;
n=0
P∞
n−1
f0 (x) = nan (x − a) ⇒ f0 (a) = 1.a1 ;
n=1
P∞
n−2
f00 (x) = n (n − 1) an (x − a) ⇒ f00 (a) = 2.1.a2 ;
n=2
P∞
n−3
f000 (x) = n (n − 1) (n − 2) an (x − a) ⇒ f000 (a) = 3.2.1.a3 ;
n=3
..
.
P
∞
n−m
f(m) (x) = n (n − 1) (n − 2) . . . (n − m + 1) an (x − a) ⇒ f(m) (a) = m. (m − 1) . . . 3.2.1.am ;
n=m
..
.
f(n) (a)
ou seja, an = n! .
Seja f uma função de classe C∞ (isto é, derivável infinitas vezes e, portanto, com todas as derivadas
contı́nuas) em um intervalo aberto com centro a ∈ R. Definimos a série de Taylor de f em a como sendo
P
∞ (n)
f (a) n 00
2 000
3
n! (x − a) = f (a) + f0 (a) (x − a) + f 2!(a)
(x − a) + f 3!(a) (x − a) + · · · .
n=0
Observações.
(i) Lembremos que 0! = 1.
(ii) Lembremos também que f(n) representa a derivada de ordem n de f, sendo que f(0) = f, o que faz com que o
primeiro termo de uma série de Taylor seja sempre f (a).
(iii) O desenvolvimento que fizemos acima, nos diz que se uma função f puder ser desenvolvida como série de potências
de x − a, então essa série é a série de Taylor de f em a.
Proposição 8.4 Seja f : X ⊂ R → R função de classe C∞ , sendo X intervalo aberto com centro em a, e seja x ∈ X.
Então, existe θ = θ (x) ∈ [0, 1] (θ depende de x) tal que
P
n−1
f(k) (a) k f(n) (a+θ(x−a)) n
f (x) = k! (x − a) + n! (x − a) .
k=0
Observemos que na Proposição 8.4 acima, se a < x, então c = a + θ (x − a) está entre a e x. Se x < a, então
c = a + θ (x − a) está entre x e a.
A Proposição 8.4 acima possui um importante corolário:
Corolário 8.2 Seja f : X ⊂ R → R função de classe C∞ , sendo X intervalo aberto com centro em a, e seja x ∈ X. Se
(n)
n
lim f (a+θ(x−a))
n! (x − a) = 0, sendo θ = θ (x) ∈ [0, 1], dado pelo Proposição 8.4, então
n→∞
P
∞
f(n) (a) n
f (x) = n! (x − a) ,
n=0
É natural considerar o domı́nio X de uma função f, representada por sua série de Taylor, como sendo o próprio
intervalo I de convergência da série, ou seja, X = I. Além disso, quando a = 0, a série de Taylor de f em a recebe o
P∞ (n)
f (0) n
nome de série de MacLaurin. Neste caso, f (x) = n! x .
n=0
Existem exemplos de funções, mesmo de classe C∞ , que não podem ser representadas por sua série de Taylor em
seu intervalo de convergência (o que significa que o limite da hipótese do corolário não é zero para x 6= a). Um exemplo
−1
clássico é a função f (x) = e |x| para x 6= 0 e f (0) = 0 para x = 0. A série de MacLaurin de f é a série identicamente
nula, portanto, convergente em R. Entretanto, f não é a função identicamente nula.
Felizmente, a grande maioria das funções com as quais trabalhamos nas disciplinas de Cálculo Diferencial e Integral
podem ser representadas por sua série de Taylor em seu intervalo de convergência. Tais funções são chamadas, em
estudos mais avançados de Matemática, de funções analı́ticas.
Exemplo 8.14 Desenvolvamos f (x) = ex como série de MacLaurin e encontremos seu domı́nio.
Temos a = 0.
De f (x) = ex temos f(n) (x) = ex e, portanto, f(n) (θx) = eθx . Em particular, para θ ∈ [0, 1], temos
f(n) (θx) n xn
lim n! x = eθx . lim = eθx .0 = 0. (lembre-se que a variável do limite é n e não x)
n→∞ n→∞ n!
Pelo corolário acima, existe a série de MacLaurin de f e, sendo f(n) (0) = e0 = 1, temos
P
∞
f(n) (0) n P
∞
xn x2 x3
f (x) = n! x ⇒ ex = n! =1+x+ 2! + 3! + ···
n=0 n=0
Quanto ao domı́nio, vimos que o intervalo de convergência dessa série é I = R. Portanto, o domı́nio de f é X = R.
Exemplo 8.15 Desenvolvamos f (x) = cos (x) como série de MacLaurin e encontremos seu domı́nio.
Temos a = 0.
De f (x) = cos (x) temos, para k = N ∪ {0},
(n)
f(n) (x) = cos (x) , para n = 4k
f (x) = − sen (x) , para n = 4k + 1
f(n) (x) = − cos (x) , para n = 4k + 2
(n)
f (x) = sen (x) , para n = 4k + 3
(n)
Em qualquer situação, f (θx) 6 1. Em particular, para θ ∈ [0, 1], temos
(n) (n)
n f(n) (θx) n
lim f n!(θx) xn 6 lim xn! = 0 ⇒ lim f n!(θx) xn = 0 ⇒ lim x = 0.
n→∞ n→∞ n→∞ n→∞ n!
Quanto ao domı́nio, mostre que o intervalo de convergência dessa série é I = R. Portanto, o domı́nio de f é X = R.
Exemplo 8.16 Desenvolvamos f (x) = sen (x) como série de MacLaurin e encontremos seu domı́nio.
f(n) (θx) n
Temos a = 0 e a prova de que lim n! x = 0 é feita de modo totalmente análoga à do exemplo acima.
n→∞
De f (x) = sen (x) temos
P
∞
f(n) (0) n
f (x) = n! x ⇒
n=0
sen(0) 2 cos(0) 3 sen(0) 4 cos(0) 5 sen(0) 6 cos(0) 7 sen(0) 8
sen (x) = sen (0) + cos (0) x − 2! x − 3! x + 4! x + 5! x − 6! x − 7! x + 8! x + ··· ⇒
x3 x5 x7 x9
sen (x) = x − + 3! 5! − 7! + 9! − ··· ⇒
P
∞
n x2n+1
sen (x) = (−1) (2n+1)!
n=0
Quanto ao domı́nio, mostre que o intervalo de convergência dessa série é I = R. Portanto, o domı́nio de f é X = R.
ou seja, para |x| < 1 a série de MacLaurin acima converge e, portanto, o raio de convergência dessa série é 1.
f(n) (θx) n
Por fim, é possı́vel mostrar que lim n! x = 0 para |x| < 1 e θ = θ (x) ∈ [0, 1]. Logo, podemos desenvolver
n→∞
m
f (x) = (1 + x) , com m ∈ R, como série de MacLaurin para |x| < 1.
Resumindo:
m P
∞
m(m−1)...(m−n+1) n
(1 + x) =1+ n! x , sendo m ∈ R e |x| < 1 .
n=1
2
Exemplo 8.18 Calculemos a fórmula do binômio para f (x) = (1 + x) , |x| < 1, utilizando a fórmula desenvolvida
acima.
Temos m = 2 e
2 P
∞
2(2−1)...(2−n+1) n
(1 + x) = 1 + n! x
n=1
2 1 2.1 2 2.1.0 3 2.1.0.(−1) 4 2.1.0.(−1).(−2) 5 2.1.0.(−1).(−2).(−3) 6
=1+ 1! x + 2! x + 3! x + 4! x + 5! x + 6! x + ···
2
= 1 + 2x + x .
√
Exemplo 8.20 Calculemos a fórmula do binômio para f (x) = 1 + x, |x| < 1.
1
Temos m = 2 e
√ P
∞ 1 1
− 1 . . . 12 − n + 1 n
2 2
1+x=1+ x
n=1 n!
1 1 1 1 1
− 32 3 12 − 12 − 23 − 52 4 1
− 12 − 32 − 25 − 72 5
2 1 2 −2 2 2 −2 2
=1+ x + x + x + x + x + ···
1! 2! 3! 4! 5!
= 1 + 21 x − 2212! x2 + 2333! x3 − 25.3 4 7.5.3 5
4 4! x + 25 5! x −
9.7.5.3 6
26 6!
x + ···.
Temos m = − 12 e
P∞ −1 −1 − 1 . . . −1 − n + 1
√1
1+x
=1+ 2 2 2
xn
n=1 n!
− 21 1 − 12 − 32 2 − 12 − 32 − 52 3 − 12 − 32 − 52 − 27 4 − 21 − 32 − 52 − 72 − 29 5
=1+ x + x + x + x + x + ···
1! 2! 3! 4! 5!
= 1 − 21 x + 2232! x2 − 25.3 3 7.5.3 4
3 3! x + 24 4! x −
9.7.5.3 5
25 5!
x + 11.9.7.5.3
26 6!
x6 + · · · .
Resolução.
(x−2)n P
∞
(x−2)n
Pelo Teste da Razão, para todo x ∈ R tal que lim xn+1
xn < 1, sendo xn =
√ , a série √ converge.
n→∞ n+ n n+ n
n=1
Logo:
(x−2)√n+1
n+1+ n+1
lim xn+1 < 1 ⇒ lim (x−2)n < 1 ⇒
n→∞ xn n→∞ √
n+ n
x−2
√
n+1+pn(1+ 1 )
n + n
< 1 ⇒ |x − 2| . lim <1⇒
n
lim
√ »
n→∞ 1√ n→∞ 1
n+ n
n + 1 + n 1 + n
1 + √1n
|x − 2| . lim < 1 ⇒ |x − 2| < 1 ⇒ −1 < x − 2 < 1 ⇒ 1 < x < 3.
»
n→∞ 1
1+ n + √1n 1 + n 1
P
∞
(x−2)n
Assim, o raio de convergência é r = 1 e, para x ∈ ]1, 3[, a série √
n+ n
converge, enquanto que para
n=1
x ∈ ]−∞, 1[ ∪ ]3, ∞[ ela diverge (teorema).
Resta analisar o que ocorre quanto x = 1 ou quando x = 3.
P
∞
(1−2)n P∞
(−1)n
Para x = 1 temos √
n+ n
= √ , que é uma série alternada.
n+ n
n=1 n=1
Além disso, √ √
n+1+ n+1>n+ n⇒ 1√
n+1+ n+1
< 1√
n+ n
⇒ |xn+1 | < |xn | ,
(−1)n P
∞
(−1)n
e, como lim n+
√
n
= 0, temos, pelo Teste de Leibniz para séries alternadas, que a série √
n+ n
é convergente.
n→∞ n=1
P
∞
(3−2)n P
∞
1√
Para x = 3 temos √
n+ n
= n+ n
.
n=1 n=1
Mas, √
n+n≥n+ n⇒ 1
2n 6 1√
n+ n
.
P
∞
1
A série 2n diverge.
n=1
P
∞
1
P
∞
1
P
∞
1
De fato, se 2n convergisse, então 2 2n = n convergiria (Proposição 7.1), o que é uma contradição,
n=1 n=1 n=1
P
∞
1
pois n diverge (série harmônica).
n=1
P
∞
1√
Pelo Teste da Comparação, a série n+ n
diverge.
n=1
P
∞
(x−2)n
Conclusão: o intervalo de convergência de √
n+ n
é I = [1, 3).
n=1
P
∞
(x+2)n P
∞ x+ 1 n
( 2) P
∞
n P
∞
(x−2)n
(e) (2n)! (f) (2n−1)! (g) n (x − 2) (h) √
n2 + n
n=1 n=1 n=1 n=1
Algumas respostas:
(e) I = R, (f ) I = R, (g) I = ]1, 3[, (h) I = [1, 3].
(use do Teste da Razão)
Exercı́cio 8.3 Ache uma função (e dê o seu domı́nio) que possa ser escrita como a seguinte série de potências:
1 + x + x2 + x3 + x4 + · · ·
Exercı́cio 8.4 (Resolvido) Encontre a série de potências cuja soma é f (x) = ln (1 + x) e dê seu intervalo de con-
vergência.
Obs.: esta resolução é diferente daquela apresentada no Exemplo 8.11.
Resolução.
Observemos que
2 3 P
∞
n−1 P
∞
n−1
f0 (x) = 1
1+x = 1 + (−x) + (−x) + (−x) + · · · = (−x) = (−1) xn−1
n=1 n=1
que é série geométrica de razão −x e primeiro termo 1. Portanto, convergente para |x| < 1.
Desta forma,
Zx Zx ∞ Zx
P n−1 n−1 P∞
n−1 P∞
n−1 x
n
f (x) = f (x) − 0 = f (x) − f (0) = f0 (x) dx = (−1) x dx = (−1) xn−1 dx = (−1) ,
0 0 n=1 n=1 0 n=1 n
ou seja,
P
∞
(−1)n−1 n x2 x3 x4
ln (1 + x) = n x =x− 2 + 3 − 4 + · · · para |x| < 1.
n=1
1
Exercı́cio 8.5 Escreva f (x) = (1−x)2
; −1 < x < 1; como série de potências.
Exercı́cio 8.6 Encontre a série de potências cuja soma é f (x) = arctg (x) e dê seu intervalo de convergência.
Exercı́cio 8.7 Encontre a série de potências cuja soma é f (x) = arcsen (x) e dê seu intervalo de convergência.
Exercı́cio 8.8 Escreva ln (1 + x) como série de potências, determine seu intervalo de convergência e calcule ln (1, 2)
com erro de aproximação inferior a 0, 001.
Exercı́cio 8.9 Obtenha uma série de potências que represente a função arctg (x). Calcule seu intervalo de convergência
e uma aproximação para arctg (0, 3) com erro de aproximação inferior a 0, 001.
R1
Exercı́cio 8.10 Expresse 02 x arctg (x) dx como uma série numérica.
Exercı́cio 8.11 Uma bola é solta de uma altura de 12 metros. Cada vez que ela toca o chão, sobe a uma altura igual
a 34 da altura da qual ela caiu. Encontre a distância vertical total percorrida pela bola até ela parar.
Exercı́cio 8.12 Encontre os intervalos e raios de convergência de:
P
∞
xn
P
∞ n
2 (x−1)n P
∞
n x2n
P
∞
(1) n+1 (2) n2
(3) (−1) (2n)! (4) n!xn
n=1 n=1 n=1 n=1
P
∞
nxn
P
∞
n P
∞
(x−2)n P
∞
n
(5) 5n (6) n (x − 2) (7) √
n+ n
(8) nn (x + 3)
n=1 n=1 n=1 n=1
P
∞
n+1 n P
∞
n (x−3)n P
∞
n2 xn
P
∞
xn
(9) 10n (x − 4) (10) (−1) n+1 (11) 2n (12) (2n)!
n=1 n=1 n=1 n=1
P
∞
(x−2)n P
∞ x+ 1 n
( 2)
(13) √
n2 + n
(14) (2n−1)!
n=1 n=1
Exercı́cio 8.14 (Resolvido) Encontre a série de potências cuja soma é f (x) = ln (1 − x) e dê seu intervalo de
convergência.
Resolução.
Ä ä P
∞
Temos f0 (x) = −1
1−x = −1 1
1−x =− xn−1 para |x| < 1.
n=1
Assim,
Zx Zx Å ∞ Å Zx
P n−1 P
∞ P
∞
ã ã
ln (1 − x) = f (x) = f (x) − 0 = f (x) − f (0) = f0 (x) dx = − x dx = − xn−1 dx = − 1 n
nx ,
0 0 n=1 n=1 0 n=1
Ä ä
1+x
Exercı́cio 8.15 (Resolvido) Encontre a série de potências cuja soma é f (x) = ln 1−x e dê seu intervalo de
convergência.
Resolução.
Utilizando o Exercı́cio 8.14 resolvido anteriormente, temos
Ä
1+x
ä P
∞
(−1)n−1 n P
∞
1 n
f (x) = ln 1−x = ln (1 + x) − ln (1 − x) = n x − − nx
n=1 n=1
P
∞
(−1)n−1 n P
∞
1 n
P
∞
(−1)n−1
P
∞
(−1)n−1 +1 n
= n x + nx = n + 1
n xn = n x
n=1 n=1 n=1 n=1
P∞
= 2x + 23 x3 + 25 x5 + 27 x7 + · · · = 2
(2n−1) x
2n−1
,
n=1
Exercı́cio 8.16 Encontre as séries de potências e intervalos de convergência para as seguintes expressões:
1 1 1 x
(1) 1+x 2 (2) (1−x) 3 (3) (1+x 2 )2
(4) (1+x2 )2
R 21 1
Exercı́cio 8.17 Calcule com pelo menos três casas decimais exatas 0 1+x3
dx.
1
Exercı́cio 8.18 (Resolvido) Encontre a série de Taylor de f (x) = x em torno de a = −1 e dê seu intervalo de
convergência.
Resolução.
P
∞
f(n) (a) n
A série de Taylor de f em torno de a é dada por n! (x − a) .
n=0
n! n
Temos f(n) (a) = (−1) an+1 e, para a = −1, temos f(n) (−1) = −n! que pode ser generalizado, inclusive, para
(0)
n = 0, pois f (−1) = f (−1) = −1 = −0!
P
∞
−n! n P
∞
n
Logo, a série é n! (x + 1) = − (x + 1) .
n=0 n=0
Quanto ao intervalo de convergência da série:
(n+1)
f (a) n+1
(n+1)! (x − a) n+1
= lim −(x+1) n = lim (|x + 1|) = |x + 1| .
lim f(n) (a) n n→∞ −(x+1)
n→∞ n→∞
n! (x − a)
Logo, a série converge quando |x + 1| < 1, ou seja, −2 < x < 0. Para x = 0 ou x = −2 é fácil constatar que a
série diverge. Portanto, o intervalo de convergência da série é I = ]−2, 0[.
f(n) (−1+θ(x+1)) n
Resta mostrar que lim n! (x + 1) = 0 sendo θ = θ (x) ∈ [0, 1] e x ∈ ]−2, 0[ para que possamos
n→∞
igualar f (x) à sua série de Taylor no intervalo I. Mas esse limite não é muito fácil. Por isso, vamos desenvolver f
1 1 2 3 P
∞
n
f (x) = x = − 1−(x+1) = −1 − (x + 1) − (x + 1) − (x + 1) − · · · = − (x + 1)
n=0
que é uma série geométrica de razão x + 1, multiplicada por −1, que converge para |x + 1| < 1, ou seja, −2 < x < 0.
1
Exercı́cio 8.19 (Resolvido) Encontre a série de Taylor de f (x) = 1−x em torno de a = 2 e dê seu intervalo de
convergência.
Resolução.
Aproveitando a ideia do final do Exercı́cio 8.18 resolvido anteriormente,
1 1
Ä 2 3
ä P
∞
n
f (x) = 1−x = − 1+(x−2) = − 1 − (x − 2) + (x − 2) − (x − 2) + · · · = − (− (x − 2))
n=0
P
∞
n n
=− (−1) (x − 2)
n=0
que é uma série geométrica de razão − (x − 2), multiplicada por −1, que converge para |− (x − 2)| < 1, ou seja,
1 < x < 3.
Observação. Outro método: cálculo das derivadas sucessivas de f em a = 2.
Exercı́cio 8.20 (Resolvido) Encontre a série de Taylor de f (x) = ln (x) em torno de a = 1 e dê seu intervalo de
convergência.
Resolução.
P
∞
(−1)n−1 n
Vimos no Exemplo 8.11 que ln (1 + x) = n x para |x| < 1.
n=1
Façamos y = 1 + x com 0 < y < 2.
P
∞
(−1)n−1 n
Logo, ln (y) = n (y − 1) .
n=1
Reescrevendo:
P
∞
(−1)n−1 n
ln (x) = n (x − 1)
n=1
Exercı́cio 8.21 Encontre a série de Taylor de f em a e o intervalo de variação de x para o qual a função f pode ser
associada à sua série de Taylor:
(1) f (x) = x1 e a = 1 (2) f (x) = cos (x) e a = π
3
Obs.: conferir se (2) é viável (problema com o termo geral).
Exercı́cio 8.22 Encontre a série de MacLaurin de f e o intervalo de variação de x para o qual a função f pode ser
associada à sua série de MacLaurin.
1
(1) f (x) = sen2 (x) (2) f (x) = cosh (x) (3) f (x) = senh (x) (4) f (x) = 1−x
(5) f (x) = 2
1+2x
(6) f (x) = ex (7) f (x) = e−x
2
(8) f (x) = x3 e−x
2
x (10) f (x) = ln (1 + x)
Ä ä
(9) f (x) = 1−x4 (11) f (x) = ln (1 − x) (12) f (x) = ln 1+x
1−x
2
(13) f (x) = xex
Dicas:
2
No Item (8): multiplique a série de Taylor de g (x) = e−x por x3 ;
2
No Item (13): derive a série de Taylor de g (x) = ex , ou a multiplique por x.
Exercı́cio 8.23 Utilizando séries de potências, calcule uma aproximação para as integrais abaixo com quatro casas
decimais de precisão:
Z 12 Z 0,1 Z1
√ √
sen x2 dx
(a) sen x dx (b) (c) x cos x dx
0 0 0
Obs.: Na letra (a) não é bem uma série de potências!!! Na letra (b) talvez seja melhor colocar 1 no lugar de 0, 1.
√
Exercı́cio 8.24 (Resolvido) Encontre uma série numérica com todos os temos positivos cuja soma é 2.
Resolução.
1
Pretendemos utilizar a série geométrica e sabemos que 1−x = 1 + x + x2 + x3 + · · · para |x| < 1.
√ √ √
Fazendo 2 = 1−x1
temos 1 − x = 22 , ou seja, x = 1 − 22 = ∼ 0, 29 < 1.
Portanto,
√ Ä √ ä Ä √ ä2 Ä √ ä3 P
∞ Ä √ än−1
2 = 1 + 1 − 22 + 1 − 22 + 1 − 22 + · · · = 1 − 22 .
n=1
Exercı́cio 8.25 Utilizando soma de termos de uma PG de razão entre −1 e 1, encontre séries numéricas, com todos
os temos positivos, cujas somas sejam:
√ √ √
(a) 5 (b) 5 33 (c) 5 31
1
Exercı́cio 8.26 (Resolvido) Encontre a série de potências cuja soma é f (x) = 1−x4
e dê seu intervalo de con-
vergência.
Resolução.
Temos a série geométrica 1
1−x = 1 + x + x2 + x3 + · · · para |x| < 1. Logo,
P
∞
1
1−x4
= 1 + x4 + x8 + x12 + · · · = x4(n−1) ,
n=1
x
Exercı́cio 8.27 (Resolvido) Encontre a série de potências cuja soma é f (x) = 1−x4
e dê seu intervalo de con-
vergência.
Resolução.
P
∞
Do Exercı́cio 8.26 resolvido anteriormente, 1
1−x4
= x4(n−1) para |x| < 1. Logo,
n=1
P
∞ P
∞ P
∞
x
1−x4
1
= x. 1−x 4 = x. x4(n−1) = x4(n−1)+1 = x4n−3
n=1 n=1 n=1
1
−2
Exercı́cio 8.28 Encontre uma série de potências que possa ser associada a (1 + x) para |x| < 1.
Dica: use o desenvolvimento generalizado de binômio.
Exercı́cio 8.29 Encontre uma série de potências que possa ser associada a:
Dica: use o desenvolvimento generalizado de binômio.
(a) arcsen (x), com |x| < 1 (b) arccos (x), com |x| < 1
Referências Bibliográficas
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