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CHAPTER 3

INTEGRAÇÃO DAS EQUAÇÕES DE


MOVIMENTO

O objetivo da dinâmica é descrever o movimento da partı́cula a partir das forças


atuando sobre ela. No capı́tulo anterior usamos o conceito de energia para obter
informações sobre esse movimento. Apesar de ser uma abordagem extremamente
útil, e muitas vezes a mais simples, ela não nos dá a evolução temporal do sistema.
Neste capı́tulo vamos obter esta evolução, ou seja, encontraremos posição e veloci-
dade em função do tempo, através da integração explı́cita da equação de movimento
da partı́cula sob ação de diferentes tipos de forças. A estratégia nesse capı́tulo será
integrar a segunda lei de Newton para obter v(t), escrever dv dt = r e, após nova
integração, obter r(t). Pela linearidade da integral e da derivada, podemos realizar
todas essas operações vetorialmente.

3.1 Força constante

Forças constantes são simples, mas de especial interesse em mecânica, uma vez que a
força gravitacional próximo à superfı́cie da Terra, é um exemplo de tal força. Quando
43
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44 INTEGRAÇÃO DAS EQUAÇÕES DE MOVIMENTO

a força é independente da posição e do tempo, temos que

F
a= ,
m
é uma aceleração constante, em relação a um referencial inercial, e o movimento é
dito uniformemente acelerado. Separando as variáveis e integrando em ambos os
lados da equação,
Z v(t) Z t
dv = a dt,
v0 0

obtemos
v(t) = v0 + at, (3.1)
onde v0 é a velocidade no instante inicial. Reescrevendo em termos da posição e
integrando novamente,
Z r(t) Z t
dr = (v0 + at)dt,
r0 0

que nos dá


1
r(t) = r0 + v0 t + at2 , (3.2)
2
com r0 ≡ r(0). Note que a solução completa do problema só fica determinada se
conhecermos as condições iniciais r0 e v0 , o que se deve ao fato da segunda lei de
Newton corresponder a uma equação diferencial ordinária de segunda ordem.

3.2 Força dependente apenas da posição

Uma vez que a aceleração depende da posição da partı́cula e esta do tempo, as


equações (3.1) e (3.2) não são válidas. Em uma dimensão a força dependente ape-
nas da posição é conservativa e podemos sempre usar os métodos descritos na seção
2.7. Em mais dimensões o problema torna-se mais complicado, pois, em geral, as
equações de movimento formam um conjunto de equações diferenciais acopladas,

d2 x
m = Fx (x, y, z),
dt2
d2 y
m 2 = Fy (x, y, z),
dt
d2 z
m 2 = Fz (x, y, z),
dt
FORÇA DEPENDENTE APENAS DA POSIÇÃO 45

o que normalmente requer o uso de métodos numéricos. No caso particular em que


F(x, y, z) = Fx (x)î + Fy (y)ĵ + Fz (z)k̂ o sistema se desacopla e é reduzido a

d2 x
m = Fx (x), (3.3a)
dt2
d2 y
m 2 = Fy (y), (3.3b)
dt
d2 z
m 2 = Fz (z). (3.3c)
dt
Considerando a componente x, por exemplo, reescrevemos (3.3a) como

dvx
Fx (x) = m .
dt
Usando a regra da cadeia
dvx dvx dx
= ,
dt dx dt
separando as variáveis e integrando ambos os lados obtemos,
Z x Z v(x)
m
vx (x)2 − vx (x0 )2 .

Fx (x)dx = m vx dvx =
x0 v0 2

Escrevendo a velocidade em termos da taxa de variação da posição e integrando


novamente obtemos
Z x(t)
dx
t=± q Rx , (3.4)
2 2
x0 v0x + m x0 Fx (x0 )dx0

quando a velocidade não é identicamente nula. Se for, temos x(t) = x(0). A Eq.
(3.4) deve ser invertida para x(t) se quisermos a posição em função do tempo e
equações análogas são válidas para as direções y e z. Note que este sistema também
é integrável por quadraturas.

Exemplo 3.1. Uma partı́cula teste de massa m é liberada, a partir do repouso, de


uma distância z = z0 de uma partı́cula de massa M , a qual assumiremos se manter
em repouso na origem. A força sobre a partı́cula teste é

GM m K
F(r) = − 2
k̂ = − 2 k̂,
z z
onde G é a constante da gravitação universal. A equação de movimento é dada por

dvz K
m = − 2 k̂.
dt z
46 INTEGRAÇÃO DAS EQUAÇÕES DE MOVIMENTO

Queremos resolver a Eq. (3.4) para a direção z,


Z z(t)
dz
t=− q Rz ,
2 K 0
z0 −m z0 z 02 dz

onde usamos o sinal negativo, pois a velocidade é negativa. Para a primeira integral
temos Z z  
K 0 1 1
− 02 dz = K − ,
z0 z z z0
e, assim, a segunda integral fica
r Z z − 21
m 1 1
t=− − dz.
2K z0 z z0
p
Fazendo a substituição sin θ = z/z0 , obtemos
r
2mz03 θ(z) 2
Z
t=− sin θdθ,
K π
2

q
z
onde θ(z) = arcsin z0 . Portanto,
r
mz03 π
 r  r 
z 1 z
t= − arcsin + sin 2 arcsin .
2K 2 z0 2 z0

Essa equação é transcendental1 na variável z e, portanto, não pode ser resolvida


para z(t). Substituindo z = 0 encontramos o tempo que a partı́cula teste leva para
atingir a partı́cula em repouso,
r
z03
t(0) = π .
8GM

3.3 Força dependente do tempo

Se a força for dada por F = F(t), temos

dv
m = F(t),
dt

1 Equaçõestranscendentais são equações onde a solução para uma dada variável é escrita em termos de
uma função transcendental, como funções trigonométricas, da própria variável. Por exemplo, z = cos(z).
FORÇA DEPENDENTE DO TEMPO 47

a qual pode ser integrada como


Z t
1
v(t) = v0 + F(t)dt. (3.5)
m 0

A equação acima nada mais é do que o Princı́pio do Momento Linear, aplicado a


uma força que depende apenas do tempo, o qual afirma que a variação do momento
linear é igual ao impulso da força, este último sendo a integral da força no tempo.
Integrando novamente obtemos a posição da partı́cula

1 t t
Z Z
r(t) = r0 + v0 t + F(t0 )dt0 dt. (3.6)
m 0 0

Dentre exemplos comuns de forças dependentes do tempo estão as forças periódicas


sobre osciladores forçados, normalmente escritas em termos de senos ou cossenos.
Essas forças serão estudadas com mais detalhe no próximo capı́tulo. Outro exemplo
de forças puramente temporais de grande utilidade é dado pelas forças impulsivas,
as quais agem em curtos intervalos de tempo e podem ser usadas para descrever co-
lisões. Normalmente são escritas a partir de funções de Heaviside ou deltas de Dirac.
No primeiro caso,
F (t) = F0 [θ(t − t1 ) − θ(t − t2 )] ,
onde (
0, t < t1 ,
θ(t − t1 ) =
1, t > t1 ,
é a chamada Função de Heaviside ou função degrau2 . Já no segundo caso temos

F (t) = F0 δ(t − t0 ),

com a função delta de Dirac, δ(t − t0 ), podendo ser definida a partir da sequência

δ(t − t0 ) = lim φn (t − t0 ),
n→∞

tal que
Z +∞
δ(t − t0 )dt = 1,
−∞
e Z +∞
δ(t − t0 )f (t)dt = f (t0 ).
−∞

2 Nesta convenção, o valor da função é indefinido em t . Existe outra convenção onde a função vale 1/2
1
neste ponto.
48 INTEGRAÇÃO DAS EQUAÇÕES DE MOVIMENTO

Um exemplo de função φn , a partir da qual podemos obter uma delta de Dirac é a


função Gaussiana,
n 2 2
φn (t − t0 ) = √ e−n (t−t0 ) .
π
A Fig. 3.1 mostra como a função Gaussiana vai ficando cada vez mais estreita con-
forme aumentamos n, mantendo constante a área sob a curva. No limite em que

φn

φ25

φ5
φ1
0
t0 t

Figura 3.1

n → ∞ a função é não nula apenas numa vizinha arbitrariamente pequena de t0 .


Como a área sobre a curva continua sendo unitária, o valor da função deve ser ar-
bitrariamente grande. Assim, a função delta pode ser usada para representar, por
exemplo, a força impelida a uma bolinha de golfe durante uma tacada.

Exemplo 3.2. Uma partı́cula sobre a reta, inicialmente em repouso na origem, sofre
ação da força impulsiva F (t) = F0 [θ(t − t1 ) − θ(t − t2 )], com t1 < t2 . O gráfico
da força atuando sobre a partı́cula é mostrado na figura 3.2

F0

0 t1 t2 t

Figura 3.2
FORÇA DEPENDENTE DO TEMPO 49

A partir de (3.5) temos,



 0, t < t1 ,
F0 
v(t) = t − t1 , t 1 < t < t 2 ,
m
t2 − t1 , t > t2 .

Já para obtermos a posição, de (3.6), precisamos ter cuidado com o valor da integral
interna ao longo da integração externa. Para t < t1 a integral se anula. Já para
t1 < t < t2 devemos escrever
Z tZ t Z t1 Z t Z tZ t
0 0 0 0
F (t )dt dt = F (t )dt dt + F (t0 )dt0 dt
0 0 0 0 t1 0
Z t1 Z t
= 0dt + (t − t1 )dt
0 t1
Z tZ t
(t − t1 )2
= F0 dt0 dt = .
t1 t1 2

Seguindo de maneira análoga para t > t2 , obtemos



 0, t < t1 ,
F0  1 2
2 (t − t1 ) ,
x(t) = t 1 < t < t2 ,
m 1 2 2
2 (t1 − t2 ) + t(t2 − t1 ), t > t2 .

Note que, apesar das respostas acima não estarem explı́citas para os tempos t1 e t2 ,
a solução é contı́nua quando toma-se esses limites.

3.3.1 Força dependente da velocidade


De maneira semelhante ao que aconteceu na seção 3.2, a equação vetorial

dv
m = F(v),
dt
resulta, em geral, em um sistema de equações diferenciais acopladas. Se a força for
do tipo,
F(v) = Fx (vx )î + Fy (vy )ĵ + Fz (vz )k̂,
então o sistema é desacoplado e, nesse caso, a equação de movimento em cada
direção será da forma,
dv
m = F (v).
dt
Se a força é nula, a velocidade é constante e a posição cresce linearmente com o
tempo. Caso contrário, a equação acima pode ser formalmente integrada, resultando
50 INTEGRAÇÃO DAS EQUAÇÕES DE MOVIMENTO

em Z v(t)
dv
t=m . (3.7)
v0 F (v)
Uma vez resolvida a (3.7) para v(t), uma nova integração fornece x(t).
Dentre as forças dependentes puramente da velocidade, mais importantes, estão
as forças de arrasto sobre um corpo em um fluido, as quais são resistivas, e a força
magnética sobre uma partı́cula eletricamente carregada. Uma diferença fundamental
entre as duas é que a primeira é dissipativa, enquanto que a segunda é conservativa.

Exemplo 3.3. Uma partı́cula de massa m possui velocidade inicial v0 e está sujeita
à força de arrasto linear −b1 v, onde b1 é uma constante. De (3.7) temos

m v dv
Z
m v(t)
t=− (t) = − ln .
b1 v 0 v b1 v0

Resolvendo para v(t),


b1 t
v(t) = v0 e− m .
Integrando novamente chega-se a
mv0  b1 t

x(t) = x0 + 1 − e− m .
b1
Note que, apesar do corpo nunca parar, o deslocamento máximo é finito, valendo
mv0
∆x = .
b1

3.3.2 Velocidade terminal


Para qualquer corpo em movimento em um fluido, sob ação do próprio fluido e de
alguma força propulsora constante, existe uma velocidade, chamada terminal e de-
notada por vt , para a qual a aceleração do corpo se anula. Isso acontece porque em
algum momento a força resistiva do fluido, a qual cresce com a velocidade, se iguala
à força propulsora. Neste regime, a velocidade permanece constante. Um exemplo
clássico onde esse efeito ocorre é o movimento vertical de um corpo em um campo
gravitacional uniforme em meio a um fluido. Neste caso, podemos obter a velocidade
terminal a partir da segunda lei de Newton,

mg − F (vt ) − E = 0,

onde E é o empuxo sobre o corpo e F (vt ) é a força de arrasto, sempre contrária ao


movimento.

Exemplo 3.4. Se a força de arrasto sobre o corpo em queda livre é do tipo linear,
então
dv
m = mg − b1 v − E,
dt
FORÇA DEPENDENTE DO TEMPO 51

com o eixo orientado para baixo. Desta equação, com aceleração nula, obtemos a
velocidade terminal, a qual também pode ser escrita como
 
mg ρf
vt = 1− .
b1 ρ

Aqui, ρf e ρ são as densidades do fluido e do corpo, respectivamente. Em muitos


casos podemos desprezar o termo ρf /ρ por ser desprezı́vel. Por exemplo, no movi-
mento de sólidos na atmosfera, a densidade do ar é da ordem de 100 kg / m 3 , muito
menor que densidades tı́picas de sólidos. O mesmo não é verdade quando o fluido
for um lı́quido.
Para a velocidade em função do tempo temos
Z v(t)
dv
t= ,
v0 mg − b1 v − E

que após integrarmos e resolvermos para v(t) chegamos a


b1 t
v(t) = vt − (vt − v0 )e− m .

Note que no limite t → ∞ recuperamos a velocidade terminal.


Algumas observações importantes podem ser notadas a partir deste exemplo: a
velocidade terminal não necessariamente é igual a velocidade máxima, pois o corpo
pode ter sido lançado com velocidade maior que a velocidade terminal. Neste caso,
o corpo irá perder velocidade; Se a velocidade inicial tem o mesmo sentido da re-
sultante entre o peso e o empuxo, o corpo atinge a velocidade terminal sem inverter
seu sentido de movimento. Caso contrário, o corpo vai em direção ao repouso, para
instantaneamente, e inverte seu movimento.

3.3.3 Fenomenologia do arrasto


Considere a seguinte pergunta: Qual a velocidade terminal de uma gota tı́pica de
chuva no ar parado? Para responder esta questão, precisamos saber qual a força de
arrasto sobre a gota.
Seja um sólido de revolução deslocando-se sobre um fluido, na direção paralela
ao seu eixo, com velocidade v. Se o sólido tem superfı́cie suave e lisa e a área da
maior seção reta perpendicular à direção do movimento tem raio R, então a força
de arrasto, gerada pelo fluido sobre o corpo, deve depender da densidade, ρ, e da
viscosidade, η, do fluido, além de R e v. Propondo

F ∝ ρa η b R c v d .

e fazendo análise dimensional,

[M ][L] [M ]a [M ]b [L]d
2
= 3a b b
[L]c d ,
[t] [L] [L] [t] [t]
52 INTEGRAÇÃO DAS EQUAÇÕES DE MOVIMENTO

concluı́mos que
F ∝ ρd−1 η 2−d Rd v d . (3.8)
Quando a força de arrasto é linear na velocidade, por exemplo, ela é dada por

F ∝ ηRv.

Por outro lado, se a força é quadrática na velocidade, então

F ∝ ρR2 v 2 .

Como não se conhece alguma maneira de obter a força de arrasto a partir de


primeiros princı́pios, podemos propor, por exemplo,

F = f (Re)ρR2 v 2 ,

onde f é uma função, a ser determinada, do chamado número de Reynolds,


ρvL
Re = ,
η
um parâmetro adimensional que caracteriza o escoamento do fluido. Essa função é
obtida empiricamente, ou seja, mede-se a velocidade do corpo em relação ao fluido e
a força de arrasto correspondente, e então determina-se o valor de f (Re) para que a
equação acima seja válida. O resultado é uma curva semelhante àquela mostrada na
Fig. 3.3. Para Re . 1 a curva é do tipo f = C1 /Re, onde C1 é constante. Portanto,

1 103 105 Re

Figura 3.3

quando v . η/ρR o arrasto é linear, ou seja

F = C1 ηRv = b1 v.

Já no regime 103 . Re . 105 , ou seja, 103 η/ρR . v . 105 η/ρR, a função f é
aproximadamente constante, o que nos dá um arrasto quadrático

F = C2 ρR2 v 2 = b2 v 2 .
FORÇA DEPENDENTE DO TEMPO 53

As constantes b1 e b2 são chamadas de coeficientes de arrasto.3 Para uma esfera de


raio R no regime de baixas velocidades, ou seja, v . η/ρR, pode-se mostrar que
C1 = 6π, o que resulta na chamada Lei de Stokes,

F = 6πηRv. (3.9)

Agora temos condições de estimar a velocidade terminal de uma gota tı́pica de


chuva. Alguns dados que precisamos para determinar a expressão mais correta
para o arrasto: uma gota tı́pica de chuva tem raio de cerca de 0, 2 cm enquanto
que o ar a 200 C tem densidade e viscosidade de aproximadamente 1, 2 kg / m 3 e
1, 7 · 10−5 kg /m · s , respectivamente. Substituindo esses valores na definição do
número de Reynolds, encontramos que este é da ordem de 102 v m /s . Sabendo que
a velocidade terminal da gota é também sua velocidade máxima, pois ela parte do
repouso, o regime de arrasto linear seria apropriado apenas se esta fosse da ordem
de 10−2 m/ s , ou seja, alguns centı́metros por segundo. Naturalmente, essa não é
uma estimativa razoável. Nossa próxima tentativa é o regime de arrasto quadrático,
o qual corresponde a um número de Reynolds entre 103 e 105 , ou ainda, para a nossa
gota tı́pica, 101 m/ s . v . 103 m /s . Isso dá uma velocidade terminal dentro de
uma grande faixa entre alguns metros por segundo e alguns milhares de metros por
segundo, o que é plenamente aceitável. Assumindo, portanto, que o arrasto sobre a
gota é quadrático, temos, no equilı́brio de força,

mg = b2 vt2 ,

ou seja, a velocidade terminal é


r s
mg 4πρgR
vt = = ,
b2 3C2 ρ0

onde ρ e ρ0 são as densidades da água e do ar, respectivamente. Substituindo os


parâmetros para uma gota de 0, 2 cm de raio, incluindo o valor empı́rico de aproxima-
damente 0, 6 para C2 , obtemos uma velocidade terminal de cerca de 10, 7 m/ s . Ob-
viamente não esperamos que esse resultado seja exato, pois há algumas aproximações
envolvidas, como, por exemplo, o fato da gota não ser uma esfera sólida. Gotas desse
tamanho podem se deformar e até mesmo vibrar ou rodar durante a queda e isso afeta
sua velocidade terminal. Ainda assim, o resultado é apenas um pouco maior que o
observado, o qual é cerca de 9 m/s . Se tivéssemos usado o arrasto linear, terı́amos,
no regime de velocidade terminal,

mg = 6πηRvt ,

3 Note que, apesar do mesmo nome, elas são dimensionalmente diferentes.


54 INTEGRAÇÃO DAS EQUAÇÕES DE MOVIMENTO

resultando em vt = mg/6πηR ≈ 5 · 102 m/ s . Um resultado inconsistente, pois,


como vimos, para usarmos o arrasto linear é necessário que a velocidade da gota seja
da ordem de 10−2 m/ s .
Note que, em geral, as formas linear e quadrática não são as únicas possibilidades
para o arrasto de um fluido sobre um corpo. Pode haver forças de arrasto dependente
das mais diversas potências, ou ainda, combinações de diferentes tipos de arrasto.
Em muitos casos, apenas uma análise empı́rica, através do uso de túneis de ventos
será capaz de determinar a expressão correta da força de arrasto.

3.3.4 Experimento de Millikan


Em 1909, Robert Millikan iniciou uma série de medidas para obter o valor da carga
elétrica do elétron. O experimento ficou conhecido como o experimento da gota de
óleo e, após contribuição relevante de Harvey Fletcher, resultou no artigo seminal de
1913 onde Millikan apresenta o valor da carga elétrica elementar4 . O experimento
consiste em manter pequenas gotı́culas de óleo suspensas entre as placas de um ca-
pacitor de placas planas paralelas. Observa-se que após serem expelidas por um
spray, as gotı́culas são atraı́das para a placa positiva do capacitor, indicando que elas
possuem carga elétrica negativa. Com o campo elétrico orientado verticalmente para
baixo, varia-se a diferença de potencial, V , entre as placas até que a força elétrica
equilibre a força peso e as gotas fiquem em suspensão. No equilı́brio temos

|q|V d = mg,

onde q é a carga da gotı́cula, V a diferença de potencial entre as placas, d a separação


entre as placas e m a massa da gotı́cula. Dessa forma,

mg 4πR3 ρg
q=− =− ,
Vd 3V d
com ρ sendo a densidade do óleo e sabendo que a carga do elétron é negativa. No
entanto, no começo do século XIX não havia como medir diretamente a massa ou o
raio, R, de uma gotı́cula. A engenhosa alternativa encontrada por Millikan foi obter
R a partir da velocidade terminal da gotı́cula. Considerando a força de arrasto dada
pela lei de Stokes, (3.9), obtemos

4πR3 ρg
6πηRvt = mg = ,
3
a qual resulta em r
9ηvt
R= .
2ρg

4 R.
A. Millikan, On the Elementary Electrical Charge and the Avogadro Constant, Phys. Rev. 2, 109,
1913.
MOVIMENTO DE PROJÉTEIS 55

Substituindo o valor encontrado de R na expressão para q, Millikan encontrou


s
18π η 3 vt3
q=− .
Vd 2ρg

Medindo a velocidade terminal, individualmente para diversas gotı́culas, Millikan


encontrou
q ≈ −n · 1, 592 · 10−19 ,
onde n é um inteiro positivo. O resultado leva a conclusão de que existe uma carga
elétrica elementar, cuja magnitude é aproximadamente 1, 592 · 10−19 C e que a carga
total de cada gotı́cula é um múltiplo inteiro dessa carga elementar. Millikan recebeu
o prêmio Nobel de 1923 por esse experimento. O valor atual da carga elétrica ele-
mentar é definido como e = 1, 602176634 · 10−19 C.

3.4 Movimento de projéteis

Podemos aplicar alguns dos resultados obtidos nas seções anteriores ao problema
do lançamento de uma partı́cula nas proximidades da superfı́cie da Terra. Inicial-
mente vamos assumir que a gravidade é aproximadamente uniforme, o arrasto cau-
sado pela atmosfera é desprezı́vel e desconsideramos os efeitos devido a rotação da
Terra. Como a única força atuando sobre a partı́cula está orientada na direção do
eixo z, o movimento estará restrito ao plano gerado pela velocidade inicial v0 e k̂..
Definindo a origem como o ponto de lançamento do projétil temos,

v = v0 + gt,

ou, em termos do ângulo de lançamento θ, o qual é definido entre o vetor velocidade


inicial e o solo,
v = v0 cos θî + (v0 sin θ − gt)k̂.
Igualando a componente vertical da velocidade a zero, obtemos o tempo de subida,

v0 sin θ
ts = .
g
Dividindo a trajetória entre subida e descida calculamos a velocidade para instantes
simétricos em torno do tempo de subida, obtendo v(ts − t) = v0 cos θî + gtk̂ e
v(ts +t) = v0 cos θî−gtk̂, de onde vemos que vx (ts −t) = vx (ts +t) e vz (ts −t) =
−vz (ts + t). Isso implica na simetria entre a subida e a descida do projétil, o que
pode ser visto explicitamente a partir da curva da trajetória. Para tanto, notamos que
a posição do projétil é dada por
1
r = v0 t + gt2 ,
2
56 INTEGRAÇÃO DAS EQUAÇÕES DE MOVIMENTO

ou
1
r = (v0 t cos θ)î + (v0 t sin θ − gt2 )k̂.
2
Eliminando o tempo das componentes x e z da posição, chegamos a seguinte tra-
jetória
gx2
z(x) = x tan θ − 2 , (3.10)
2v0 cos2 θ
a qual corresponde a uma parábola. A solução não trivial de z(xa ) = 0 nos dá o
alcance horizontal do projétil,

v02 sin 2θ
xa = ,
g
de onde obtemos o alcance máximo,

v02
xam = ,
g

quando o ângulo de lançamento vale π/4. Já o alcance vertical pode sempre ser
obtido por za = z(ts ). No nosso caso vale

v02 sin2 θ
za = ,
2g
tendo seu valor máximo,
v02
zam = ,
2g
ocorrendo no lançamento vertical. Note que, devido a simetria do movimento en-
tre subida e descida, também podemos obter o alcance horizontal através de xa =
2x(ts ), caso a superfı́cie seja horizontal.
As linhas contı́nuas da Fig. 3.4 são parábolas representando uma sequência de
lançamentos, todos com a mesma velocidade inicial e ângulos de lançamento va-
riando entre 0 e π. As linhas tracejadas correspondem aos ângulo π/4 e 3π/4 e
representam o alcance máximo ao longo do eixo horizontal. Já a linha pontilhada
é a envoltória da famı́lia de parábolas parametrizadas pelo parâmetro θ. Podemos
encontrar envoltória de uma famı́lia de curvas consideramos duas curvas infinitesi-
malmente próximas. A envoltória passa pela interseção dessas curvas. Assim, con-
siderando a interseção entre o lançamento com ângulo θ e o lançamento com ângulo
θ + δθ,

gx2 gx2
x tan θ − = x tan (θ + δθ) − ,
2v02 cos2 θ 2
2v0 cos2 (θ + δθ)
MOVIMENTO DE PROJÉTEIS 57

0 x

Figura 3.4

e resolvendo para x obtemos a solução não trivial

2v02 tan θ − tan (θ + δθ)


x= .
g sec2 θ − sec2 (θ + δθ)

Tomando o limite em que δθ vai a zero obtemos

v02 cot θ
x= , (3.11)
g
e substituindo o resultando na Eq. (3.10) chegamos a

v2 v2
 
1
z = 0 2− 2
= 0 (1 − cot2 θ).
2g sen θ 2g

Usando a Eq. (3.11) para eliminar o ângulo desta última equação, obtemos, final-
mente, a equação da envoltória

v02 gx2
z(x) = − 2.
2g 2v0

Essa curva corresponde a uma parábola e é chamada de parábola de segurança, pois


nenhum lançamento com a velocidade inicial v0 fixa pode atingir pontos fora desta
curva. Como o leitor poderá verificar ao resolver o problema 9 deste capı́tulo, qual-
quer ponto dentro da parábola de segurança podem ser atingido por dois lançamentos
distintos, enquanto cada ponto sobre essa parábola pode ser atingido por apenas um
lançamento.
Na prática, o efeito do arrasto está longe de ser desprezı́vel. Os resultados acima
obtidos para os alcances são, em geral, consideravelmente maiores do que os valores
58 INTEGRAÇÃO DAS EQUAÇÕES DE MOVIMENTO

correspondentes observados. Para determinar o tipo de arrasto a ser considerado,


devemos novamente recorrer ao número de Reynolds. Como já discutido anterior-
mente, para o ar a 20o C, temos Re ∼ 105 Rv. Assim, no caso de um lançamento de
projétil no ar, o arrasto apropriado é, normalmente, o quadrático, pois para valores
tı́picos de R e v é muito mais provável que 103 . Re = 105 Rv . 105 do que no
Re = 105 Rv . 1. O mesmo ocorre se o fluido for água, pois a densidade e a visco-
sidade são aproximadamente 103 kg / m 3 e 10−3 Pa · s , respectivamente, resultando
em Re ∼ 106 Rv. Para o arrasto quadrático, −bvv, no entanto, temos,

dvx p
m = −bvx vx2 + vz2 ,
dt
dvz p
m = −bvz vx2 + vz2 − mg,
dt
que corresponde a um sistema acoplado de EDO’s não lineares, cuja solução requer
métodos numéricos. Uma possı́vel configuração onde o arrasto linear é apropriado
corresponde ao lançamento de um pequeno projétil em óleo, como o de mamona, o
qual possui densidade de aproximadamente 103 kg / m 3 e viscosidade, a qual varia
consideravelmente com a temperatura, da ordem de 100 Pa · s . Assim é possı́vel
Re = 103 Rv . 1 para alguns valores razoáveis de raio e velocidade do projétil,
dando origem ao regime de arrasto linear. Vamos, portanto, considerar um caso
como esse. Considerando a força de arrasto do tipo −bv, b > 0 e multiplicando a
equação de movimento,
dv b
+ v = g,
dt m
por ebt/m , podemos reescreve-la como

d  bt  bt
ve m = ge m .
dt
Integrando essa equação no tempo, de 0 até t chegamos a
mg  bt
 bt
v(t) = 1 − e− m + v 0 e− m .
b
Integrando novamente no tempo, obtemos o vetor posição
mgt m  mg  bt

r(t) = r0 + − − v 0 1 − e− m .
b b b
Definindo o ponto de lançamento como a origem do sistema do coordenadas e
orientando o eixo z para cima, podemos escrever as componentes do vetor posição,

mv0 cos θ  bt

x(t) = 1 − e− m ,
b
mgt m  mg  bt

z(t) = − + + v0 sin θ 1 − e− m ,
b b b
MOVIMENTO DE PROJÉTEIS 59

que eliminando o tempo nos dá a trajetória do projétil,

m2 g
   
mg bx
z(x) = + tan θ x + 2 ln 1 − , (3.12)
bv0 cos θ b mv0 cos θ

cuja curva para diferentes valores de velocidade e coeficiente de arrasto linear é


mostrada na figura 3.5. As curvas tracejada e pontilhada possuem o mesmo arrasto,

0 x

Figura 3.5

sendo que a curva pontilhada possui o dobro da velocidade. Já a curva contı́nua
possui a mesma velocidade da curva tracejada, mas possui coeficiente de arrasto
dez vezes menor. Estas curvas possuem uma assı́ntota vertical em x(t → ∞) =
mv0 cos θ/b, justamente o deslocamento horizontal máximo, obtido no exemplo 3.3.
Dada a impossibilidade de resolvermos z(xa ) = 0 para o alcance xa , devemos
usar algum método aproximativo. Expandindo o logaritmo em torno de y = 0 temos

y2 y3
ln(1 − y) = −y − − + O(y 4 ).
2 3
Assim, a equação (3.12) pode ser escrita como

gx2 bgx3
z(x) = tan θx − − + O(b2 ). (3.13)
2v0 cos2 θ 3mv03 cos3 θ

Note que para x muito pequeno a trajetória se aproxima de uma parábola e que no
limite b → 0, recuperamos a equação (3.10). Podemos agora calcular o alcance
horizontal a partir de (3.13),

bgx2a
 
gxa
tan θ − − xa = 0,
2v0 cos2 θ 3mv03 cos3 θ
60 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

cuja solução fı́sica para o alcance é


s !
3mv0 cos θ 16bv0 sen θ
xa = 1+ −1 .
4b 3mg

A partir da expansão em Taylor,


√ λ2
1+λ=1+λ− + O(λ3 ),
8
em torno de λ = 0, encontramos o alcance vertical em primeira ordem no coeficiente
de arrasto,
v02 sen (2θ)
 
4bv0 sen θ
xa = 1− + O(b2 ),
g 3mg
que no limite b → 0 recupera o alcance horizontal do lançamento sem arrasto.
Apesar da necessidade de buscar uma situação bastante particulares para justifi-
car o arrasto linear no lançamento de projéteis, há situações realistas e de grande
importância envolvendo o arrasto linear. O arrasto linear normalmente é o correto
no caso do movimento de gotı́culas ou aerossóis na atmosfera, ou mesmo no expe-
rimento de Millikan que vimos na seção 3.3.4. Ainda assim o uso do arrasto linear
em um lançamento tı́pico de projéteis consiste em um bom exemplo didático para a
dinâmica newtoniana.

Referências Bibliográficas

[1] A. Arya, Introduction to Classical Mechanics. Prentice Hall, 2nd ed., 1998.

[2] A. P. French, Newtonian Mechanics. M.I.T. introductory physics series, W. W.


Norton, 1971.

[3] R. D. Gregory, Classical Mechanics. Cambridge University Press, 2006.

[4] R. Gunn and G. D. Kinzer, “The terminal velocity of fall for water droplets in
stagnant air,” Journal of Atmospheric Sciences, vol. 6, no. 4, pp. 243–248, 1949.

[5] D. Kleppner and R. Kolenkow, An Introduction to Mechanics. Cambridge Uni-


versity Press, 2nd ed., 2014.

[6] K. R. Symon, Mechanics. Addison-Wesley World student series, Addison-


Wesley Publishing Company, 3rd ed., 1971.

[7] S. T. Thornton and J. B. Marion, Classical Dynamics of Particles and Systems.


Brooks/Cole, 5th revised ed., 2003.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 61

Exercı́cios e problemas

1 - Considere uma força atrativa F (x) = −k/x3 atuando sobre uma partı́cula de
massa m, restrita ao eixo x > 0. Calcule a posição da partı́cula, liberada do repouso
em x0 , em função do tempo. Obtenha o intervaloq de tempo que a partı́cula leva para
mx40
q
kt2
atingir a origem. R: x(t) = x0 1 − mx4 ∆t = k .
0

2 - Uma partı́cula de massa m está presa a uma mola de constante elástica k e com-
primento natural l0 e desloca-se ao longo de um fio vertical. O extremo livre da mola
está fixo em um ponto a uma distância l0 do fio. A partı́cula ainda está sujeita à
força da gravidade e a uma força atrito cinético, cujo coeficiente é constante e vale
µ. A partı́cula é liberada do repouso, quando o comprimento da mola vale li , tal
que li > l0 , e passa a descer devido a mola e a gravidade. Obtenha a velocidade da
partı́cula durante sua descida, em função do comprimento l da mola. Assuma que
o coeficiente de atrito é pequeno o suficiente de modo que a partı́cula não entre em
repouso no intervalo em questão.

3 - Uma partı́cula de massa m, sobre a reta, possui velocidade e posição iniciais


nulas. Sobre a partı́cula, atua uma força impulsiva F (t) = F0 δ(t − t0 ).
a) Calcule a velocidade e a posição da partı́cula em função do tempo. R: v(t) =
F0 F0
m θ(t − t0 ), x(t) = 0 para t < t0 e x(t) = m (t − t0 ) para t > t0 .
d
b) Com base nos resultados, obtenha a seguinte identidade: dt θ(t − t0 ) = δ(t − t0 ).
c) Reobtenha a posição da partı́cula caso a força seja F (t) = F0 [δ(t − t0 ) − δ(t − t1 )],
onde t1 > t0 .
d) Esboce o gráfico de x(t) caso a força seja um sequência alternada
F0 [δ(t − t0 ) − δ(t − t1 ) + δ(t − t2 ) − . . .], t0 < t1 < t2 < . . .

4 - Uma partı́cula de massa m e carga elétrica q está sujeita a um campo elétrico


oscilante E = E0 cos(ωt + θ), onde E0 , ω e θ são constantes. Calcule a posição da
partı́cula em função do tempo sabendo que ela parte da origem, do repouso.

5 - Uma partı́cula de massa m possui velocidade inicial v0 e está sujeita a uma


força de arrasto quadrática, cujo coeficiente é b. Calcule a velocidade e a posição da
partı́cula em função do tempo. Verifique o deslocamento máximo da partı́cula. R:
mv0 m bv0 t

v(t) = m+bv 0t
, x(t) = x 0 + b ln 1 + m , ∆x → ∞, eixo na direção de v0 .

6 - Considere uma partı́cula de massa m em movimento vertical nas proximida-


des da superfı́cie da Terra, sujeita a um arrasto linear de coeficiente b e aceleração
da gravidade g. Calcule z(t), dados velocidade  mginicial v0 e posição inicial z0 . R:
mg
z(t) = z0 + m b v 0 − b 1 − exp − bt
m + b t, eixo orientado para baixo.
7 - Calcule o vetor velocidade de uma partı́cula de massa m no plano, com velocidade
inicial (vx (0), vy (0)), sujeita à força F = (bvx , cvx vy2 ), onde b e c são constantes.
 
bt/m bv(0))y
R: v = v(0)x e , b+cv(0) v(0) ebt/m −1
x y( )
62 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

8 - Um canhão está situado no inı́cio de uma colina, de inclinação constante α com


a horizontal, e lança projéteis com velocidade v e fazendo um ângulo inicial θ com a
colina. Desconsiderando forças de arrasto, mostre que:
a) O alcance do projétil medido ao longo da linha de inclinação da colina é
2v02 cos(θ+α) sin(θ)
g cos2 α .
b) O ângulo de lançamento para que esse alcance seja máximo é π4 − α2 .
v02
c) O valor máximo desse alcance é g(1+sin α) .

9 - Desconsiderando forças de arrasto, mostre que o ângulo de lançamento θ para que


um projétil, lançado com velocidade
r v0 a partir da origem, atinja um alvo em (x0 , z0 )
2
 2

v gx
é dado por tan θ = gx00 1 ± 1 − v2g2 z0 + 2v20 . Com base nesse resultado, de-
0 0

termine o vı́nculo entre a velocidade inicial e o alvo para que este seja atingido.
Associe os possı́veis números dentro da raı́z com a possibilidade do lançamento es-
tar dentro, sobre e fora da parábola de segurança.

10 - Calcule a posição em função do tempo de um projétil lançado da origem com


velocidade inicial v0x î + v0y k̂, onde z é o eixo vertical, considerando um arrasto
linear com coeficiente de arrasto b e uma força constante Fv = Fvx î + Fvy ĵ + Fvz k̂
devida ao vento. (Opcional: Tente escrever a trajetória no espaço, ou seja, a curva
onde uma das coordenadas é dada em termos de apenas uma outra.)

11 - Um projétil lançado no plano xz, a partir da origem e com velocidade inicial


v0 = v0x î + v0z k̂, sujeito ao arrasto linear −bv.
mv0z
a) A partir da solução exata z(x), mostre que o alcance vertical éza = b +
  3
m2 g bv0z bv0z
b2 ln 1 − bv0z +mg . Expanda o resultado até O b1 v0z +mg para obter
2
h i
v0z 2mg m2 g 2 2m2 g 2 b
za = 2g bv0z +mg − (bv0z +mg)2 − 3(bv0z +mg)3 e verifique se, no limite b1 → 0,
recupera-se o alcance vertical para o caso sem arrasto.
b) A partir da expansão em primeira ordem em b de z(x), mostre que o alcance
2
2bv0z v0z
vertical pode ser dado por za = 1 − 3mg 2g + O(b2 ).

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