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Resenha crítica do artigo ‘’Influência da Polaridade Sobre a Estabilidade do Processo de

Soldagem Subaquática Molhada com Eletrodo Revestido’’

URIBE, Andrés Mauricio Moreno et al . Influência da Polaridade Sobre a Estabilidade do


Processo de Soldagem Subaquática Molhada com Eletrodo Revestido.​Soldag. insp.​, São
Paulo , v. 22, n. 4, p. 429-441, out. 2017

O artigo ‘​Influência da Polaridade Sobre a Estabilidade do Processo de Soldagem


Subaquática Molhada com Eletrodo Revestido’ ​foi publicado em 2017 no volume 22 da revista
Soldagem e Inspeção, ​editada pela Associação Brasileira de Soldagem​. ​O Autor é Andrés
Mauricio Moreno Uribe, que é doutorando pela UFMG em Engenharia Mecânica. Tem
experiência na área com ênfase em Processos de Fabricação, Processos de Soldagem com
foco em soldagem subaquática molhada (UWW) e projeto de máquinas: CAD / CAE.
Neste trabalho, Uribe e outros colaboradores analisaram uma série de ensaios de juntas
soldadas por eletrodo revestido realizados com os eletrodos E6013 e o especial WW70, tanto
em ​circunstâncias normais de atmosfera quanto em pressões hidrostáticas simuladas, com o
fim de analisar as condições de polaridade ideias para atingir a melhor estabilidade da
soldagem subaquática.
O paper é dividido em quatro elementos textuais e possui um total de 13 páginas. O
autor primeiramente introduz as intempéries da soldagem subaquática (como a as altas taxas
de resfriamento, a geração de bolhas, etc) e a importância da estabilidade nos bons resultados
das soldas. Apresenta, então, o eletrodo oxi-rutílico (WW70), que está sendo desenvolvido com
propriedades especiais para minimizar os problemas da UWW (Underwater Wet Welding). O
artigo se propõe, em seguida, a investigar os efeitos da polaridade na estabilidade no processo
comparando resultados de ensaios realizados com o eletrodo WW70 e o comercial E6013 nas
condições simuladas em câmara hiperbárica de zero, cinco e dez metros de profundidade. Para
a obtenção das informações de soldagem foi utilizado o sistema de aquisição de dados e
software da IMC SOLDAGEM. Como metodologia, foram realizados três testes para cada
combinação de condições (consumível, profundidade e polaridade) utilizando a técnica de
cordão sobre chapa e um sistema de soldagem por gravidade. Algumas ferramentas e
parâmetros para análise dos dados são usados, como o coeficiente Kv (razão entre o desvio
padrão dos resultados e o valor médio de tensão), o índice de Estabilidade Madatov (razão
entre a média aritmética das correntes máximas e mínimas em intervalos de 5 segundos),
histogramas e ciclogramas.
Os resultados e análises dos ensaios apresentadas no ‘Resultados e Discussão’ foram,
praticamente, divididas em três partes e seus resultados serão expostos de maneira resumida:
Análise dos dados com desvio padrão e o coeficiente Kv: ​Eletrodo E6013 para
CCEN (polaridade direta) apresenta processo instável para soldas feitas a 0 m e 10 m /
Eletrodo WW70 para CCEP (polaridade inversa) tem maior estabilidade para soldas a 0m e
menor estabilidade conforme a profundidade aumenta.
Análise por histogramas e ciclogramas: ​Eletrodo E6013 para CCEP apresenta
processo estável para 0 m e 10 m / Eletrodo WW70 para CCEP tem maior estabilidade para
soldas a 0 m e para CCEN uma maior estabilidade a 10 m.
Análise por inspeção visual: ​eletrodo E6013 para CCEP apresentou mais defeitos no
cordão de solda do que para CCEN em 0 m. Para 5 m, foi apresentado uma quantidade menor
de defeitos. Para 10 m, ainda menos foram encontrados / Eletrodo WW70 apresentou muitos
defeitos no cordão de solda em ambas as polaridades para 0 m. Para 10 m, foi obtido o melhor
resultado para CCEN.
Por fim, os autores chegam a conclusão de que o eletrodo oxi-rutílico WW70 apresenta
menores tensões de operações em CCEN e, a 10 m, apresentam a melhor aparência
superficial e estabilidade, sendo o indicado para operações subaquáticas. Para o consumível
rutílico E6013 apresenta maior estabilidade em CCEP para profundidades de 0 m e 10 m,
apesar de que, para UWW, a CCEN apresenta melhor morfologia. De maneira geral,
concluiu-se também que para 5 m de profundidade o processo relata alta instabilidade
independente da polaridade ou natureza química do revestimento.
Desta forma, Uribe e seus colaboradores conseguem comprovar a eficácia do eletrodo
oxi-rutílico especial para UWW experimentalmente e estabelecer as polaridades ideais para
atingir a estabilidade no processo. Porém, o artigo apresenta certas inconsistências que
acreditamos confundir o leitor na compreensão da pesquisa, na forma do desenvolvimento de
conceitos que são abandonados no decorrer da discussão dos resultados. Começando com a
consideração do índice de Estabilidade Madatov, que é descartado por não ser válido para
fontes mais modernas de controle eletrônico. Fora este, também temos análise do Desvio
Padrão, que foi, de certa forma, desconsiderada pelo fato da transferência metálica ter efeito
sobre a flutuação do sinal.
Ainda assim, por vezes, o autor encontra resultados que vão em total desacordo com a
literatura. Como, por exemplo, quando é apresentado que o WW70 para CCEN apresenta
menor taxa de fusão, contrariando a literatura que afirma que o oposto deve ocorrer com
eletrodos consumíveis. Outra ocasião acontece quando é demonstrado, pelo relato de
soldadores/mergulhadores experientes e avaliações de oscilogramas, que o desempenho do
arco elétrico é o melhor na profundidade de 6 m e abaixo desta é muito menos estável. Porém,
mais para frente, se afirma que a profundidade de 5 m apresenta alta instabilidade
independente do eletrodo ou polaridade. Tal fato acaba causando confusão, visto que não faz
sentido apenas a exata profundidade de 6 m proporcionar estabilidade. Desta forma,
questionamos se o espaço amostral do estudo foi o suficiente. Dado que foram realizadas três
ensaios para cada combinação de condições (dois consumíveis, três profundidades e duas
polaridades), teríamos um total de apenas trinta e seis testes. ​Por fim, achamos que seria
interessante que algumas macrografias tivessem sido realizadas para identificação de defeitos
internos ao cordão de solda, como porosidades invisíveis na superfície e inclusões de escória
por exemplo, os quais o artigo não contemplou.
O paper tem como público-alvo todos os profissionais de engenharia e leigos que
possuem interesse no ramo de soldagens subaquáticas. Com linguagem acessível e texto
compreensível para leitores não especializados, a apresentação do novo eletrodo WW70
especial para aplicação UWW e a polaridade deste que resulta no melhor desempenho de
estabilidade são algumas das informações valiosas apresentadas neste trabalho.
Victor Müller Pereira Rufino​, é estudante de Engenharia Mecânica na faculdade
CEFET/RJ unidade Maracanã.

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