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DE IPATINGA
TEORIAS E PRÁTICAS DO
CURRÍCULO
Jianne Inês Fialho Coelho
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Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo
aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. Eles
são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um
com uma função específica, mostradas a seguir:
2
SUMÁRIO
01
1.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 5
1.2 DEFINIÇÕES DE CURRÍCULO ..................................................................................... 5
1.3 TEORIAS TRADICIONAIS ............................................................................................ 8
1.4 TEORIAS CRÍTICAS ................................................................................................... 12
1.5 TEORIAS PÓS CRÍTICA ............................................................................................. 17
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 21
02
2.1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 24
2.2 POLÍTICAS CURRICULARES NO ÂMBITO DA GLOBALIZAÇÃO E DAS REFORMAS 24
2.3 CURRÍCULO ESCOLAR EM ÂMBITO NACIONAL .................................................... 26
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 29
03
3.1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 32
3.2 BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR – DE ONDE VEM? ................................. 32
3.3 BNCC – O QUE ESPERAR? ....................................................................................... 34
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 37
04
4.1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 42
4.2 O QUE É CURRÍCULO ESCOLAR? ............................................................................ 42
4.3 A ORGANIZAÇÃO DO CURRÍCULO ESCOLAR ...................................................... 43
FIXANDO O CONTEÚDO , ........................................................................................... 48
05
5.1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 52
5.2 MODELOS CURRICULARES – CONSIDERAÇÕES INICIAIS ...................................... 53
5.3 O MODELO INTERDISCIPLINAR NA EDUCAÇÃO ................................................... 55
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 59
06
6.1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 64
6.2 LIVRO DIDÁTICO – BREVE HISTÓRICO .................................................................... 64
6.3 LIVRO DIDÁTICO E PROPOSTA CURRICULAR ......................................................... 65
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 69
REFERÊNCIAS ........................................................................................... 76
3
CONFIRA NO LIVRO
4
CURRÍCULO: CORRENTES TEÓRICAS UNIDADE
INTRODUÇÃO
DEFINIÇÕES DE CURRÍCULO
5
Para Forquin (1993) apud Libâneo, Oliveira e Toschi (2005, p. 362):
6
E é extremamente importante compreender quais as teorias, sejam elas tradicionais,
críticas ou pós-críticas, conduziram a construção de determinado currículo e quais
objetivos se pretende alcançar por meio dele.
Segundo Libâneo, Oliveira e Toschi (2005)existem pelo menos três tipos de
manifestações curriculares, sendo elas: currículo formal, currículo real e currículo
oculto, conforme se vê no QUADRO 1 a seguir:
7
cotidianas e na interação entre os diversos atores do cenário educacional.
TEORIAS TRADICIONAIS
Em meados do século XIX, surgiu nos EUA uma preocupação com a seleção e
organização dos conteúdos de ensino. Em meio a debates sobre tais questões,
estabelecia-se a distinção entre processo e conteúdo de ensino. Neste contexto,
John Dewey, em suas obras The absolute curriculum (1900), The curriculum in
elementary education (1901) e The child and the curriculum (1902) iniciou a utilização
do termo Currículo.
Tratava-se de um período em que o currículo era visto como um instrumento
de diferenciação social, em que, aos filhos de famílias de boa renda, era destinado
um currículo clássico; aos filhos de classes mercantis, direcionava-se um currículo mais
prático; e, aos filhos de proprietários agrícolas e pequenos comerciantes, o currículo
limitava-se ao ato de ler, escrever e saber realizar contas aritméticas.
No entanto, é John Bobbitt que, com seus livros especializados The Curriculum
(1918) e How to make a curriculum (1924), tem reconhecido desempenho nos estudos
a respeito de currículo, uma vez que suas obras são consideradas os marcos
definidores do surgimento desta área como objeto de estudo e pesquisa. Bobbitt
refletia sobre a necessidade de organização e desenvolvimento do currículo,
fundamentando-se na análise da experiência humana, análise de tarefas e
elaboração e seleção de objetivos.
Um acontecimento que marcou a natureza das primeiras concepções de
currículo enquanto área especializada, foi a grande preocupação, no início dos anos
1920, com a organização das hierarquias de trabalho, com as diferenças entre as
classes sociais e, principalmente, com o surgimento das classes operárias emergentes
e sua preparação para o desempenho de funções especializadas.
Nesse período, começava na América do Norte rural um importante período
histórico com um processo de industrialização, urbanização acelerada e divisão do
trabalho (SILVA, 2003). Esse processo trouxe consigo a exigência da organização da
prática educativa com a elaboração dos Currículos exclusivamente para uma
escolarização de massa, inspirada no modelo de “Administração Científica”, de
Taylor, com vistas a igualar a escola ao sistema industrial, pois na época:
8
[...]a criança era entendida como um produto a ser moldado pelo
currículo, de maneira a garantir sua formação eficiente. Essa
eficiência consistia no atendimento às demandas do modelo
produtivo dominante. Por isso, as atividades do adulto produtivo eram,
para Bobbitt, a fonte dos objetivos de um currículo. A ênfase na
formulação de objetivos já se desenvolvia, na medida em que os
princípios da administração científica incluíam a definição precisa e
supostamente científica do produto a ser alcançado (LOPES, 2001, p.
2).
9
Figura 1: Técnica científica de ensino
10
O Rationale Tyler – Razão de Tyler – como ficou conhecida a teoria linear e
prescritiva de instrução de Tyler é um marco no movimento americano de teorização
curricular nos anos de 1960, vindo ao encontro de uma crise que assinalou a
renovação do ensino nos Estados Unidos, o lançamento, em 1957, do primeiro satélite
russo Sputnik. A esse respeito, Lorenz (2008, p. 7)argumenta que:
11
à participação em ambiente alegre e criativo. O movimento Escola Nova
apresentava aspectos de função socializadora da escola, a ideia da escola como
lócus de aprendizado da democracia e equalizadora das desigualdades sociais.
Gandra, Silva e Nascimento (2005) frisam que a Escola Nova foi um movimento
de oposição ao tradicionalismo pedagógico, acusando-o de verbalista e
enciclopédico e propondo maior atenção aos processos de aprendizagem do que
aos conteúdos curriculares.No Brasil, o movimento escolanovismo tem como marco
o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, tendo à frente de sua liderança Anísio
Teixeira, no ano de 1932 (SOUZA, 2018).
Os custos para implantação da Nova Escola eram mais elevados do que os
da escola tradicional, o que acabou por restringir sua prática a algumas poucas
experiências, rebaixando o nível de ensino e aprendizagem destinadas às classes
populares.
Em contrapartida, houve o aprimoramento da qualidade do ensino destinado
às elites. Segundo Gandra, Silva e Nascimento (2005, p. 119) “[...] o que restou da
Escola Nova nos currículos escolares foi uma diminuição de conteúdos humanísticos,
e no imaginário dos professores brasileiros uma espécie de prática compassiva a
pretexto de uma inclusão escolar que logo causava uma exclusão social”.
TEORIAS CRÍTICAS
12
curriculares tradicionais, as novas e chamadas teorias críticas, como o próprio nome
já indica, criticavam e colocavam em questionamento o pensamento e a estrutura
da ideia curricular anterior.
13
existentes, como Estudos Sociais, História, Geografia, por exemplo; seja
de uma forma mais indireta, através de disciplinas mais “técnicas”,
como Ciências e Matemática. Além disso, a ideologia atua de forma
discriminatória: ela inclina as pessoas das classes subordinadas à
submissão e à obediência, enquanto as pessoas das classes
dominantes aprendem a comandar e a controlar (SILVA, 1999, p. 31).
Nos EUA, a partir dos anos de 1970, sob a liderança de Willian Pinar e tendo
como marco inicial a I Conferência sobre Currículo, surge o “movimento de
reconceitualização”, no qual as características tecnicistas e administrativas
curriculares de Bobbitt e Tyler são questionadas e criticadas.
Samuel Bowles e Herbert Ginits, em seu livro A escola capitalista na América
(1976), “[...] introduzem o conceito de correspondência para estabelecer a natureza
da conexão entre escola e produção” (SILVA, 1999, p. 32). Estes dois economistas
defendiam a tese de que a aprendizagem acontece por meio da vivência das
relações sociais da escola, ao espelhar, no funcionamento do currículo, as relações
sociais do local de trabalho (SILVA, 1999).
As críticas apresentam duas tendências, sendo a primeira, de caráter marxista,
onde se questionava, orientando-se por Gramsci e a Escola de Frankfurt, a
dominação do capitalismo sobre a educação; e a segunda tendência, de
orientação fenomenológica e hermenêutica, questionava os significados subjetivos
das experiências pedagógicas e curriculares (SILVA, 1999).
14
Michael Apple se destaca como um dos autores centrados na natureza
marxista, relacionando o currículo a estruturas políticas e amplas, colocando-o no
centro das teorias educacionais críticas.
Numa época em que a escola e o currículo apresentavam caráter
predominantemente mecanicista e determinista dos vínculos entre produção e
educação, Apple demonstra através de suas obras a preocupação por uma
educação mais democrática e mediada pela ação humana (SILVA, 1999).
Apple defende a necessidade de interpretar a escola como um sistema
produtivo e suas preocupações com o caráter reprodutivo do currículo escolar são
realçadas já em seu primeiro livro, Ideologia e currículo, de 1970, quando diz que:
15
Henry Giroux, tendo como fonte estudos desenvolvidos pelos autores da Escola
de Frankfurt, é outro autor que defende o currículo como política cultural e que
também se preocupa com a racionalidade técnica e utilitária do currículo e com a
busca por alternativas para superar o que era visto como falhas e omissões das
características mecanicistas e reprodutivas do currículo (SILVA, 1999).
Ainda na perspectiva crítica do currículo, outro autor de destaque que não se
pode deixar de mencionar é Paulo Freire. Seu trabalho pedagógico é voltado para
o desenvolvimento dos menos favorecidos e não se limita a analisar como é a
educação, mas como deveria ser.
Influenciado pela teoria filosófica, Freire concebe a pedagogia como a
realização de um diálogo entre educadores e educandos, visando à escolha dos
conteúdos e a construção do currículo. Em 1970, em sua obra Pedagogia do
Oprimido, Paulo Freire desloca a centralidade do conceito de “desenvolvimento”
para o de “revolução”, conforme afirma Silva (1999).
Também por volta da década de 1970, tem início na Inglaterra uma nova
corrente que passaria a ser conhecida como “Nova Sociologia da Educação” (NSE).
Michael Young, líder deste movimento, reuniu em seu livro intitulado Knowledge and
control (1974), ensaios próprios e de outros autores como Pierre Bordieu, Basil
Bernstein, Geofrey Esland e Neil Keddle. Este livro traz em si a descrição de um
movimento questionador da natureza do conhecimento veiculado pela escola e dos
princípios de seleção, organização e distribuição do conhecimento escolar, bem
como das conexões entre currículo, organização do conhecimento e distribuição do
poder (SILVA, 1999).
16
Young voltou-se para a discussão do currículo tomando-o como foco de
análises, afirmando que esse instrumento não possuía validade essencial e que
refletia a distribuição do poder na sociedade. Segundo Moreira (1990, p. 74)
17
como heterogêneas, embasadas em argumentos distintos das vertentes críticas e
focadas em questões como a cultura, o gênero, a etnia, a diferença e a linguagem,
ao passo que as teorias críticas ressaltam o poder, a economia, a classe social e o
conflito (SILVA, 2009).
Silva (2009) Macedo (2006) Paraíso (2015) e Lopes (2013) afirmam que as teorias
pós-críticas estão permeadas pela influência do pós-estruturalismo e do pós-
modernismo, que a desde a década de 1990, vêm influenciando o campo curricular
e ditando o discurso contemporâneo acerca do currículo em diversos países,
incluindo-se entre eles o Brasil.
Em meio aos estudos sobre teoria pós-crítica curricular no Brasil, a contribuição
de Tomaz Tadeu Silva tem significativa importância para a divulgação dessa corrente
teórica, uma vez que o autor foi responsável pela tradução e organização de escritos
que consolidaram de maneira crucial a hegemonia do paradigma pós-moderno nos
estudos curriculares da atualidade.
No campo educacional brasileiro, as teorias pós-críticas perpetram
substituições, rupturas, mudanças de ênfase em relação às pesquisas das teorias
críticas, com o pensamento mais voltado às práticas educacionais, currículo e
pedagogias que indicam abertura, transgressão, subversão e multiplicação de
sentidos e para a diferença (PARAÍSO, 2015).
Ao discorrerem sobre as pesquisas pós-críticas em educação no Brasil, Paraíso
(2015)e Corazza (2001) alertam para o fato de que os esforços empreendidos nas
explicações encontradas em tais estudos optam por explicações e narrativas
parciais, locais ou particulares e deixam de lado a preocupação com comprovações
daquilo que já foi sistematizado na área educacional, bem como as revelações ou
descobertas, dando importância maior ao que pode ser inventado, criado ou
produzido. Contudo, Pacheco (2001) argumenta que existem dentro de tais teorias,
tentativas de convergências dos pontos de vista dos críticos e dos pós-críticos, o que
deixa entrever uma heterogeneidade conceitual.
Há também, segundo Moreira (1990) uma abordagem pós-crítica mais radical
que se baseia nas obras filosóficas de Gilles Deleuze, Félix Guatarri e Jacques Derrida
e que, por meio de um discurso mais abstrato, porém refinado, ainda é pouco
palpável aos desafios cotidianos enfrentados na educação regularmente por
educadores e educandos que necessitam, muito mais do que teorias refinadas, de
um diálogo que seja feito com eles e não para eles, sobre alternativas que atendam
18
de maneira mais concreta às suas necessidades. Essa falha, segundo Moreira (1990)
implica em estabelecer um espaço livre para que outros setores, especialmente os
do universo empresarial, adentrem o campo e elaborem propostas mais “concretas”.
Corazza (2010) ao expor suas ideias a respeito de currículo, argumenta que ele
é um dizer-fazer que surge de um acúmulo dos estudos de currículo e das práticas
inerentes construídas pela história dos educadores. É aquilo que nos convida a criar
quando abrimos o jornal todos os dias e percebemos em nós um desassossego, um
desconcerto, um desalinho com a existência dos diferentes e suas peculiaridades, a
quem nos compete educar. A autora segue reiterando que o currículo é uma obra
insólita e indizível, necessário, porém impossível, incerto e um trabalho sobre o qual
todos os diferentes se debruçam e caminham, para que possamos então neles viver
com mais singularidade, liberdade e dignidade.
19
que nos distancia dos objetos centrais do campo e que pouco contribuem para a
formulação de alternativas concretas e profícuas aos sujeitos que delas dependem,
ou seja, educadores e educandos.
Com relação aos estudos pós-críticos no campo curricular é possível observar
um panorama influenciado pela filosofia da diferença, do pós-estruturalismo, do pós-
modernismo, da teoria dos estudos feministas e de gênero, de estudos
multiculturalistas, pós-colonialistas, étnicos, ecológicos, dentre outros.
20
FIXANDO O CONTEÚDO
2. Segundo Libâneo et al. (2003), existem pelo menos três tipos de manifestações
curriculares, sendo elas: currículo formal, currículo real e currículo oculto, Com
relação ao currículo formal, é possível afirmar que.
a) São provenientes da experiência cultural, dos valores e dos significados existentes
no meio social de origem dos alunos.
b) Tem relação com aquilo que realmente acontece em sala de aula.
c) Não se manifesta de maneira explícita no planejamento escolar.
d) É estabelecido pelos sistemas de ensino.
e) Tem origem nas ideias e na prática dos professores.
21
4. Com relação às teorias tradicionais do currículo, assinale a afirmativa correta:
a) Eram tendenciosas.
b) Não buscavam a formação de um trabalhador especializado.
c) Tinham como objetivo proporcionar uma educação colegial.
d) Uma de suas obras mais importantes foi The absolute curriculum, escrita por
Michael Young.
e) Promoviam a identificação dos objetivos da educação escolarizada.
6. Segundo Tomaz Tadeu da Silva (1999, p. 30), para as teorias críticas “[...] o
importante não é desenvolver técnicas de como fazer o currículo, mas
desenvolver conceitos que nos permitam compreender o que o currículo faz”.
Diante disso, é correto afirmar que:
a) Para as teorias críticas, pouco importava o que se passava no contexto social.
b) As teorias críticas questionavam as questões sociais e as desigualdades.
c) A crítica era voltada apenas para as desigualdades sociais, mas sem defender
uma participação muito marcante da escola.
d) O tecnicismo e a neutralidade social eram características predominantes da
teoria crítica.
22
e) As teorias críticas reforçavam o caráter reprodutivo do currículo escolar.
I.A formação vai de encontro ao emprego dos saberes escolares, de maneira que
eles sejam aplicados de maneira estritamente teóricas;
II.As competências são centrada na resolução de situações teóricas;
III.É atribuído sentido prático aos saberes escolares, visando à formação de
habilidades e competências voltadas às práticas contextualizadas.
23
DIRETRIZES OFICIAIS SOBRE UNIDADE
CURRÍCULO
INTRODUÇÃO
24
(UNESCO), a Organização Mundial de Comércio (OMC) e a Organização para a
Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) vêm orientando as políticas
educacionais nos países periféricos, objetivando encontrar respostas à crise estrutural
do capitalismo desencadeada na década de 1970.
Nesse contexto, a educação passou a ser vista não apenas como uma
importante fronteira econômica a ser explorada, mas também por sua
funcionalidade aos grandes capitalistas como meio de formar uma nova geração
de trabalhadores que pudessem se adequar, em termos de conhecimentos e
técnicas, ao que o novo contexto, caracterizado por novas exigências produtivas e
organizacionais, pela reestruturação dos processos produtivos e por uma forte crise
no Estado capitalista (MOTA JUNIOR; MAUÉS, 2014).
Assim, com o apoio de órgãos de fomento internacionais como a Organização
da Educação Ciência, Cultura e Tecnologia (UNESCO), a Organização das Nações
Unidas (ONU) e o Banco Mundial (BM) a estrutura de modelo de educação que parte
do princípio do desenvolvimento econômico foi fortalecida e, apelando a termos
como “ascensão social” e “democratização das oportunidades”, a educação foi
25
ampliada, com base no discurso de que a escola é oficial, laica e obrigatória para
todos.
26
Educação Infantil à Educação Básica. No mesmo compasso, a Lei de Diretrizes e Base
da Educação Básica – LDB, Lei n.º 9.394 de 1996 – outro ordenamento jurídico surgido
em meio ao processo de redemocratização do país, estabeleceu competências e
diretrizes educacionais norteadoras dos currículos e seus conteúdos mínimos, de
modo a assegurar a formação básica comum; cabendo à União, em colaboração
com os entes da Federação, estabelecer tais diretrizes curriculares (BRASIL, 1996).
Assim, cabendo ao Conselho Nacional de Educação a incumbência de
estabelecer as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica brasileira,
como resultado de diversos debates, a nível de Governo Federal foram criados os
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), em consonância com a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação (LDB 9.394/96), uma legislação com a função de organizar e
estruturar a educação brasileira, influenciando de maneira direta na formação
escolar e acadêmica, e com o já exposto na Constituição Federal de 1988,
entendendo que a educação deve vincular-se ao mundo do trabalho e à prática
social, visando pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício
da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988; BRASIL, 1996).
27
especial, com a organização produtiva.
No ano 2010, foram instituídas as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação
Básica (DCNEB) que, em conformidade com os movimentos em torno da questão
curricular em todo o sistema da Educação Básica, recomendavam uma abordagem
interdisciplinar e contextualizada na educação escolar e, a partir das DCNEB, foram
publicadas as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio (DCNEM), no ano de
2012.
As DCNEM, fruto da participação de diferentes segmentos educacionais
atuantes no país, foram construídas em regime de colaboração entre diversas
organizações e dispostas nas seguintes áreas: Linguagem, Matemática, Ciências
Humanas e Ciências da Natureza, contemplando-se, nesta última, as disciplinas
Química, Física e Biologia. Embora as DCNEM recomendem que a última etapa do
Ensino Médio se desenvolva de maneira a formar para a cidadania, habitualmente
ela é considerada e trabalhadas nas instituições de ensino como uma etapa
preparatória para as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e para o
ingresso do aluno no Ensino Superior.
28
FIXANDO O CONTEÚDO
I.A educação passou a ser vista como meio de formar uma nova geração de
trabalhadores que pudessem se adequar ao novo contexto produtivo e
organizacional.
II.Termos como eficiência e produtividades passaram a ser utilizados no intuito de
proporcionar a todos o direito à uma educação de qualidade.
III.A maximização de benefícios e lucros em curto espaço precisou levar em conta
a reestruturação das políticas educacionais.
29
c) Todas as afirmativas são verdadeiras.
d) Todas as afirmativas são falsas.
e) Apenas a alternativa III é falsa.
30
c) O Banco Mundial e a ONU.
d) A Unesco e o Banco Mundial.
e) A Organização da Educação, Ciência, Cultura e Turismo (UNESCO), a
Organização das Nações Unidas e o Banco Mundial.
31
BASE NACIONAL COMUM UNIDADE
CURRICULAR (BNCC)
INTRODUÇÃO
De acordo com Espindula, Leite e Pereira (2012) o currículo, por ser campo
amplo de conhecimento, alinhado no tempo e no espaço, envolvido por relações
de poder e sistematizado pelas políticas educacionais, tem papel fundamental para
que a escola se perceba como essencial para a construção dos sujeitos sociais.
Ainda segundo as autoras, “[...] o currículo é arcabouço das políticas educacionais,
é nesta seara que ocorre um considerável processo de elaboração e
implementação de políticas educacionais [...]” (ESPINDULA; LEITE; PEREIRA, 2012, p.
103).
Nesse contexto, a necessidade de uma base comum para os currículos
nacionais, prevista em termos de “conteúdos mínimos” é apontada pelo
ordenamento legal da educação básica na Constituição Federal de 1988, na Lei de
Diretrizes e Bases (LDB/1996), nas Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a
Educação Básica, Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para o Ensino Fundamental
de 9 anos e nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Por conseguinte,
com base nos pressupostos legais, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a partir
de uma exigência colocada para o sistema educacional pela Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional e pelas Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação
Básica, foi recentemente produzida e apresentada como uma unidade curricular
para a educação básica.
32
Base Nacional Comum Curricular se iniciou no ano de 2004, quando o Ministério da
Educação (MEC) realizou algumas ações cujos objetivos eram:
33
e Ensino Fundamental e no ano de 2018, foi encaminhada ao Conselho Nacional de
Educação (CNE) a versão que abordava o Ensino Médio.
Art. 11, inc. 1º: A articulação entre a base nacional comum e a parte
diversificada do currículo do Ensino Fundamental possibilita a sintonia
dos interesses mais amplos de formação básica do cidadão com a
realidade local, as necessidades dos alunos, as características
regionais da sociedade, da cultura e da economia e perpassa todo o
currículo (BRASIL, 2013, p. 132).
34
a parte diversificada do currículo do Ensino Fundamental constituem um todo
integrado e não podem ser consideradas como dois blocos distintos” (BRASIL, 2010,
Artigo 11).
Assim, em se tratando dos conteúdos que devem integrar a Base, as Diretrizes
Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 anos normatizam que:
No que diz respeito ao Ensino Médio, a partir da BNCC, foi instituída, por meio
da Medida Provisório MP n.º 746/2016, a reforma do Novo Ensino Médio, cuja proposta
mantém a organização curricular em áreas do conhecimento. Nessa nova estrutura,
os alunos cursarão apenas uma parte a título de formação geral, tendo em vista que,
após terem cursado 60% do Ensino Médio, poderão optar por seguir um caminho
formativo e escolher entre: Linguagens, Ciências da Natureza, Matemática, Ciências
Humanas ou formação Técnica e Profissional.
Após a homologação a BNCC pelo MEC, cada estado criou comissões
especiais reunindo os municípios para a elaboração de suas propostas curriculares,
35
tendo como documento norteador o texto final da Base.
No estado de Minas Gerais, a Secretaria de Estado de Educação (SEEMG) em
regime de colaboração com a União Nacional dos Dirigentes Municipais de
Educação de Minas Gerais (UNDIME/MG), propôs a construção de um currículo
referência, o Currículo Referência de Minas Gerais, fruto do trabalho coletivo de
milhares de profissionais de todas as regiões do estado, versando sobre a pluralidade
de ideias, identidades e expressões de Minas Gerais e, em consonância com a Base
Nacional Comum Curricular, que vem sendo referência curricular para as redes
desde o ano 2019 .
36
FIXANDO O CONTEÚDO
37
necessidade de uma base comum integrada com a parte diversificada do
conhecimento, de forma que os sistemas de ensino, ao definir quais
conhecimentos integrarão a parte diversificada do currículo, devem fazê-lo de
modo complementar a enriquecer o currículo, assegurando a contextualização
dos conhecimentos escolares em face de diferentes realidades. Nestes termos, a
Base Nacional Comum Curricular é contrária às ideias defendidas:
a) Nas teorias pós-críticas do currículo.
b) Nas teorias defendidas por Ralph Tyler, Bobbit e Dewey.
c) Nas teorias críticas do currículo.
d) Nas teorias defendidas por Paulo Freire.
e) Nas teorias defendidas por Michael Young.
38
c) Menospreza o mundo do trabalho, da cultura e da saúde.
d) Deve trabalhar de maneira isolada os diferentes saberes para o pleno
desenvolvimento dos alunos.
e) Deve produzir valores, conhecimentos e saberes de maneira acultural.
5. De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases (LDB 9.394/96), em seu 26º artigo, os
currículos da Educação Infantil devem contemplar a BNCC. Nesse sentido, é
correto afirmar que a BNCC:
a) É um documento de caráter reflexivo, na medida em que define o conjunto
normativo orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais como direito das
crianças, jovens e adultos.
b) É um documento de caráter normativo, que define o conjunto normativo
orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais como direito das crianças,
jovens e adultos.
c) É um documento de caráter opcional, que defende o conjunto normativo
orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais como direito das crianças,
jovens e adultos.
d) É um documento de caráter sugestivo, que defende o conjunto normativo
orgânico e progressivo das aprendizagens essenciais como direito das crianças,
jovens e adultos.
e) Nenhuma das alternativas está em conformidade como exposto no artigo 26 da
LDB.
39
podendo cursar 60% do Ensino Médio na área de Formação Técnica e
Profissional.
7. (UFF, 2018) Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), uma das
competências a ser desenvolvida no decorrer de toda Educação Básica é a da
Cultura Digital. Atualmente, a falta de acesso e o uso limitado das tecnologias nas
escolas ampliam as desigualdades. Afinal, quem sabe usá-las está mais
preparado para viver em sociedade. Por isso, priorizou-se a inclusão de uma
competência geral, que aponta para o domínio desse universo e aparece
transversalizada em habilidades de todos os componentes curriculares. As escolas
precisam assegurar a infraestrutura.
40
se o nome de:
a) Temas transversais.
b) Habilidades cognitivas.
c) Currículo básico.
d) Competências atitudinais.
e) Campos de experiências.
41
PENSAMENTO PEDAGÓGICO E UNIDADE
CURRÍCULO ESCOLAR
INTRODUÇÃO
42
[...] questões de poder, tanto nas relações professor/aluno e
administrador/professor, quanto em todas as relações que permeiam
o cotidiano da escola e fora dela, ou seja, envolve relações de classes
sociais (classe dominante/classe dominada) e questões raciais,
étnicas e de gênero, não se restringindo a uma questão de conteúdos
(HORNBURG; SILVA, 2007, p. 1).
43
concepção mais crítica de homem, da sociedade e do mundo. Dizendo de outra
maneira, faz-se necessária a elaboração de um currículo como campo de estudo e
prática da educação que, além de atender às necessidades de educadores e
educandos, possa ainda:
44
Figura 3: Tipos de abordagens para organização curricular
45
Para organizar um currículo escolar, a equipe de gestão, os pedagogos e os
docentes devem levar em conta que o currículo deve ser um instrumento flexível, que
possa acompanhar satisfatoriamente às mudanças e atualizações ocorridas no
mundo globalizado e, por consequência, em todas as áreas do conhecimento,
deixando caminho aberto para que se possam agregar informações que levem em
conta as peculiaridades e necessidades dos educandos e do próprio ambiente
escolar como um todo.
Ao selecionar o conteúdo que irá compor sua proposta curricular, é essencial
que a equipe escolar busque a difusão entre os componentes curriculares
obrigatórios previstos em lei e nas normas educacionais, os valores fundamentais de
interesse social, os direitos e deveres dos cidadãos e as práticas educativas formais e
informais, de maneira aberta e contextualizada, considerando alguns aspectos
importantes, como os que se subscrevem, para a organização do currículo da
educação básica, conforme disposto na TABELA 1:
46
Estas são apenas algumas das dimensões que podem ser utilizadas para a
elaboração do currículo escolar, e elas deixam claro que a sequência linear para
operacionalização do aprendizado, outrora adotada para a organização dos
currículos, já não cabe mais em tempos em que a educação se firma cada vez mais
como um fator preponderante para a construção de identidades e para o
desenvolvimento social, cultural e político de nossos educandos.
Sob esta perspectiva, Sacristán (2013)e Arroyo (2007)fazem coro ao afirmarem
a importância de nos questionarmos não apenas sobre quais conhecimentos
devemos proporcionar no processo de ensino e aprendizagem, mas também sobre
como ordená-los e organizá-los, bem como sobre qual a lógica, hierarquia,
precedência, tempo e espaços deveremos adotar, primando pela compreensão do
currículo a partir de suas dimensões política, econômica social e cultural.
47
FIXANDO O CONTEÚDO ,
48
3. Com relação às formas de organização curricular, relacione as informações:
49
c) Apenas a I está correta.
d) Apenas a III está incorreta.
e) Apenas a II está incorreta.
50
7. (FUNIVERSA, 2015 – Adaptada) Assinale uma alternativa em que o termo
correspondente representa a interdependência entre saberes, interação,
comunicação externas entre as áreas do conhecimento, compartilhamento de
ideias, interações.
a) Multidisciplinaridade.
b) Interdisciplinaridade.
c) Contextualização
d) Transdisciplinaridade.
e) Pluridisciplinaridade.
51
CURRÍCULO E TRABALHO UNIDADE
INTERDISCIPLINAR
INTRODUÇÃO
52
Figura 4: Disciplina x Interdisciplinaridade
53
Figura 5: Conceito de construtivismo
54
De acordo com Almeida Filho (1997), na multidisciplinaridade as pessoas
estudam perto, porém, não agregadas e o modelo parece esgotar-se nas tentativas
de realização de um trabalho docente conjunto, em que cada professor trata de
temas comuns sob sua própria perspectiva, articulando algumas vezes materiais
bibliográficos, técnicas de ensino e procedimentos avaliativos. Já na
transdisciplinaridade, parece existir uma espécie de vale tudo, em que são realizadas
algumas tentativas de busca de novos paradigmas, como, por exemplo, o holismo e
a teoria da complexidade para as ciências da educação e para outras áreas.
Sobre a o modelo transdisciplinar, o mesmo autor argumenta que seu caminho
epistemológico parece comprometido pela desvalorização da materialidade
histórica da organização da sociedade e da construção do indivíduo pela
educação e pelo ensino. Assim, para que haja superação do caráter fragmentado
da organização do ensino, faz-se necessário considerar as relações sociais
fragmentadas da sociedade capitalista, tendo em vista que a humanização a partir
da educação, só possível na perspectiva de transformação da sociedade atual.
Partindo de tais considerações e das descrições apresentada na unidade 4 a respeito
dos modelos curriculares, direcionemos agora nosso olhar de maneira especial para
o modelo e interdisciplinar, objeto de discussão desta unidade.
55
entre os sujeitos que dele fazem parte. Trata-se de uma aprendizagem significativa,
em que a interlocução e a experimentação caminham juntas com o movimento
físico no espaço e a utilização das estruturas mentais dos educandos, buscando
relacionar os estímulos recebidos e formar, consequentemente, conceitos definidos
e significativos.
As escolas, em sua maioria, vêm tentando superar as deficiências dos modelos
curriculares e, de maneira geral, tentam garantir a integração dos conteúdos e sua
significação para os alunos. Contudo, é preciso que os profissionais da educação se
atentem para as necessidades e exigências de se desenvolver uma nova visão de
escola, pautada na criatividade e em uma nova concepção da divisão do
conhecimento. Assim, a especificidade de cada conteúdo deve vir aliada à garantia
de que, simultaneamente, haverá uma integração harmoniosa e significativa das
áreas de ensino entre si.
Nessa conjuntura, um currículo interdisciplinar traz as informações, as
percepções e os conceitos que compõem o processo de ensino e aprendizagem em
uma totalidade de significação completa. O que é possível, a partir do momento em
que os educadores começam a pensar de maneira interdisciplinar, vendo o todo
não pela somatória das partes que o compõem, mas sim, pelas relações que
possibilitam analisar, compreender e explicar os acontecimentos e os fenômenos
sociais, científicos e tecnológicos. Em outros termos,
56
que implica dizer que a interdisciplinaridade é muito mais do que a compatibilização
de métodos e técnicas de ensino, é uma necessidade e um problema relacionado à
realidade concreta, histórica e cultural, constituindo-se assim como um problema
ético-político, econômico, cultural e epistemológico (FOLLARI, 1995)
57
58
FIXANDO O CONTEÚDO
59
redutoras e disjuntoras das disciplinas isoladas.
d) O desenvolvimento do enfoque interdisciplinar se fundamenta na compreensão
da bidimensionalidade e complexidade da realidade, a qual é a gênese das
múltiplas representações em áreas e teorias diversas.
e) Todas as afirmativas estão corretas.
60
docente conjunto.
c) No modelo multidisciplinar os professores tratam de temas comuns sob uma
perspectiva conjunta com outros docentes.
d) No modelo transdisciplinar o caminho epistemológico valoriza a materialidade
histórica da organização da sociedade e da construção do indivíduo pela
educação e pelo ensino.
e) No modelo interdisciplinar, parece haver uma espécie de vale tudo, em que são
realizadas tentativas de busca de novos paradigmas.
61
diz respeito principalmente à dimensão da didática. A ____________________
questiona a segmentação entre os diferentes campos de conhecimento
produzida por uma abordagem que não leva em conta a inter‐relação e a
influência entre eles. A ___________________ diz respeito à possibilidade de se
estabelecer, na prática educativa, uma relação entre aprender na realidade e
da realidade de conhecimentos teoricamente sistematizados.
(Parâmetros Curriculares Nacionais: apresentação dos temas transversais, 1997.)
62
curriculares. Nesse sentido, a proposta de integração curricular que se ancora na
lógica das disciplinas acadêmicas buscando as inter-relações entre elas, chama-
se:
a) Multidisciplinaridade
b) Interdisciplinaridade
c) Pluridisciplinaridade
d) Transdisciplinaridade
e) Disciplinaridade
63
CURRÍCULO E LIVRO DIDÁTICO UNIDADE
INTRODUÇÃO
64
fenômenos eram discutidos de maneira a deixar fluir, naturalmente, os conceitos
científicos.
Segundo o mesmo autor, em contraposição, os livros da década de 1970
apresentam o conteúdo de maneira resumida e esquemas gráficos que
direcionavam a leitura do aluno, induzindo à memorização dos conceitos. Na
década seguinte foi criado o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), numa
tentativa de atender às demandas democráticas iniciadas nesse período, e que
reivindicavam mudanças no sistema ditatorial de normatização do livro didático
implementado pelos órgãos criados na década de 1930.
A partir de 1997, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE)
aumenta o leque de distribuição de livros para os anos iniciais da Educação Básica.
O final da década de 1990 foi também o momento de introdução no cenário
educacional brasileiro, de documentos oficiais que apresentam recomendações
para a educação, cujos textos trazem várias indicações no sentido de promover a
contextualização nos livros e em outros materiais didáticos, como os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN), os PCN+, as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), as
Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (DCNEM).
Em 2005, o Governo Federal passa a fornecer livros didáticos a toda a
Educação Básica, tornando mais democrático e com relevância crítica o sistema
avaliativo dos livros didáticos, fornecendo às escolas públicas de todo o país a
possibilidade de escolha de obras didáticas, pedagógicas e literárias, entre outros
materiais de apoio à prática educativa.
O Livro Didático pode ser considerado como um dos eixos de articulação entre
o currículo teórico e o currículo em ação, tendo em vista que, por meio dele, é
possível organizar as ideias, nortear e compor as atividades diárias da sala de aula e
outras atividades educativas a serem executadas no ambiente extra escolar.
Para Décio Gatti (1997)o livro didático tem papel central como instrumento
pedagógico da cultura escolar e sua utilização pode significar um contorno do
conteúdo a ser estudado pelos alunos, ao mesmo tempo em que conforma a ação
dos professores.
Selles e Ferreira (2004, p. 4) definem os livros didáticos como os agentes
65
responsáveis pela apresentação do currículo escolar elaborado pelos educadores e
consideram que “[...] no trabalho cotidiano, os professores descobrem nos livros não
somente os conteúdos a serem ensinados, mas também uma proposta pedagógica
que passa a influenciar de modo decisivo a ação do professor”
Autores como Martins (2006) e Lopes (2001) consideram que o livro didático é
o “currículo escrito” ou “texto curricular”, a partir do qual são (re)interpretados
sentidos e significados de múltiplos contextos, possibilitando assim, a constituição de
uma “produção cultural”. Geraldi (1993)ao se referir ao livro didático como “texto
híbrido”, deixa claro que é ele que imprime direção ao processo pedagógico.
Díaz (2011) refere-se ao livro didático como um material ao qual os professores
têm acesso, podendo ser utilizado durante todo o processo educacional e sendo
responsável pela organização os conteúdos de acordo com as prescrições dos
documentos curriculares oficiais.
Para Gomes, Selles e Lopes (2013) os livros didáticos são produções escolares
cujo conteúdo manifesta os conceitos das práticas curriculares e são responsáveis
pela geração de significados sobre as definições sobre o que deve ser ensinado e
sobre a forma como se ensina.
Para alguns autores, o livro didático acaba ditando como o currículo deverá
ser trabalhado nas salas de aulas, bem como as metodologias a serem adotadas
para que isso aconteça. Nesse contexto, Díaz (2011) argumenta que, por inércia, nas
escolas comumente o currículo acaba sendo definido por meio dos livros didáticos e
não pelas diretrizes oficiais ou pelos planejamentos ou projetos didático-pedagógicos
das escolas.
Contudo, ao se elaborar o currículo escolar com base no que as editoras de
livros oferecem em seus pacotes didáticos, os profissionais de uma escola acabam
deixando de lado fatores determinantes para o sucesso do processo de ensino e
aprendizagem de seus alunos, como os fatores sociais, políticos, estruturais e todas as
outras exigências e características peculiares e específicas de cada instituição
escolar em particular.
Nesse sentido, Turíbio (2015) argumenta que, apesar de existir um considerável
volume de pesquisas e estudos que tratam de currículo escolar, a escola ainda não
conseguiu resolver a questão da transmissão do conhecimento para os alunos, tendo
em vista que os currículo ainda apresentam um conjunto “[...] de conhecimentos que
eles devem aprender, tenham ou não significado para eles, eles são avaliados –
66
aprovados ou reprovados – em função da assimilação ou não desse pacote de
conhecimentos” (TURÍBIO, 2015, p. 73)
Em contraposição a esse pensamento, Santos (2019)defende, em um contexto
metafórico, a ideia de currículo rizomático, através do qual os devires e relações dos
saberes se processam por meio da imagem de um rizoma ou, em outras palavras,
assemelhando-se a um conjunto de raízes gramíneas acentradas, engalfinhadas, não
hierarquizadas e em um processo contínuo de retroalimentação por meio de
múltiplas conexões transversais e caóticas.
67
68
FIXANDO O CONTEÚDO
1. (Prefeitura Teresina – PI, 2008). Considere que um livro didático mostrasse a figura
de uma mulher negra vinculada ao trabalho doméstico em casa de terceiros. Essa
situação hipotética exemplificaria, em relação ao currículo, a dimensão:
a) Formal
b) Oculta
c) Real
d) Crítica
e) Nenhuma
a) I e II.
b) I e III.
69
c) II e III.
d) II e IV.
e) III e IV.
4. Antoni Zabala, no livro “A Prática Educativa: como ensinar”, destaca a crítica feita
ao livro didático, elaborado conforme um modelo estritamente transmissor. No
modelo criticado por Zabala, o livro didático está em conformidade com o
modelo curricular:
a) As teorias críticas do currículo.
b) As teorias críticas e tradicionais.
c) As teorias tradicionais.
d) As teorias pós-críticas.
e) As teorias abordadas por Ralph Tyler.
70
professor em sala de aula. De acordo com os autores e suas reflexões
apresentadas neste artigo, julgue os itens abaixo como VERDADEIRO (V) ou FALSO
(F) e, em seguida, marque a opção correta.
A sequência correta é:
a) V V F
b) F F V
c) V V V
d) V V F
e) F F V
71
e) Análise dos resultados obtidos e reforço nos temas que apresentem maior
dificuldade.
72
c) Os coletivos de educadoras e educadores do campo e os movimentos sociais,
que têm acúmulo teórico e prático no que diz respeito à contextualização da
educação do campo, têm defendido o uso de materiais e livros contextualizados,
mas numa perspectiva de diálogo com um contexto rural apenas.
d) A contextualização de materiais e livros didáticos precisa ser compreendida
como exercício teórico e prático de ampliação da abordagem pedagógica no
processo de ensino e aprendizagem e deve vir acompanhada do mesmo
exercício por parte de educadores e educadoras, quer sejam do campo ou da
cidade.
e) Apenas a introdução de livros contextualizados muda, por si, concepções,
princípios, crenças equivocadas em torno do campo, do que o caracteriza.
73
É correto apenas o que se afirma em
a) I e II.
b) I e III.
c) II e III.
d) II e IV.
e) III e IV
74
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO
UNIDADE 01 UNIDADE 02
QUESTÃO 1 B QUESTÃO 1 D
QUESTÃO 2 D QUESTÃO 2 D
QUESTÃO 3 B QUESTÃO 3 D
QUESTÃO 4 E QUESTÃO 4 D
QUESTÃO 5 B QUESTÃO 5 E
QUESTÃO 6 B QUESTÃO 6 B
QUESTÃO 7 A QUESTÃO 7 C
QUESTÃO 8 B QUESTÃO 8 A
UNIDADE 03 UNIDADE 04
QUESTÃO 1 D QUESTÃO 1 E
QUESTÃO 2 B QUESTÃO 2 A
QUESTÃO 3 C QUESTÃO 3 E
QUESTÃO 4 A QUESTÃO 4 D
QUESTÃO 5 B QUESTÃO 5 C
QUESTÃO 6 C QUESTÃO 6 D
QUESTÃO 7 A QUESTÃO 7 B
QUESTÃO 8 B QUESTÃO 8 B
UNIDADE 05 UNIDADE 06
QUESTÃO 1 C QUESTÃO 1 D
QUESTÃO 2 B QUESTÃO 2 B
QUESTÃO 3 E QUESTÃO 3 E
QUESTÃO 4 A QUESTÃO 4 C
QUESTÃO 5 B QUESTÃO 5 C
QUESTÃO 6 B QUESTÃO 6 A
QUESTÃO 7 A QUESTÃO 7 D
QUESTÃO 8 B QUESTÃO 8 B
75
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