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FACULDADE ÚNICA EDUCAÇÃO A

DISTÂNCIA

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
E SUSTENTABILIDADE
RONEI DE ALMEIDA

1
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
E SUSTENTABILIDADE
RONEI DE ALMEIDA

1
FACULDADE ÚNICA EDITORIAL

Diretor Geral:Valdir Henrique Valério

Diretor Executivo:William José Ferreira

Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Cristiane Lelis dos Santos

Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Gilvânia Barcelos Dias Teixeira

Revisão Gramatical e Ortográfica: Izabel Cristina da Costa

Revisão/Diagramação/Estruturação: Bruna Luíza mendes Leite


Carla Jordânia G. de Souza
Guilherme Prado

Design: Aline De Paiva Alves
Bárbara Carla Amorim O. Silva
Élen Cristina Teixeira Oliveira
Taisser Gustavo Soares Duarte
© 2021, Faculdade Única.

Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autoriza-
ção escrita do Editor.

Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920.

NEaD – Núcleo de Educação a Distância FACULDADE ÚNICA


Rua Salermo, 299
Anexo 03 – Bairro Bethânia – CEP: 35164-779 – Ipatinga/MG
Tel (31) 2109 -2300 – 0800 724 2300
www.faculdadeunica.com.br

1
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
E SUSTENTABILIDADE
1° edição

Ipatinga, MG
Faculdade Única
2021
2
Ronei de Almeida

Possui mestrado em Engenharia de Processos Químicos e Bioquímicos (2018) e gradua-


ção em Engenharia Química (2016) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Especialista em Engenharia Ambiental pela Universidade Cândido Mendes (2020). Foi pro-
fessor substituto do Departamento de Engenharia Bioquímica (DEB/EQ/UFRJ) (2018) mi-
nistrando as disciplinas Engenharia do Meio Ambiente e Biotecnologia Ambiental. Revisor
certificado de periódicos de circulação internacional (Journal of Environmental Chemical
Engineering, Waste Management, Waste Management e Research, Water Environment
Research). Membro do grupo de pesquisa Tratamento de Águas e Efluentes Industriais
(2013-Atual).

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LEGENDA DE

Ícones
Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do
conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones
ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para determinado
trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a
seguir:

FIQUE ATENTO
São os conceitos, definições ou afirmações importantes
aos quais você precisa ficar atento.

BUSQUE POR MAIS


São opções de links de vídeos, artigos, sites ou livros da biblioteca
virtual, relacionados ao conteúdo apresentado no livro.

VAMOS PENSAR?
Espaço para reflexão sobre questões citadas em cada unidade,
associando-os a suas ações.

FIXANDO O CONTEÚDO
Atividades de multipla escolha para ajudar na fixação dos
conteúdos abordados no livro.

GLOSSÁRIO
Apresentação dos significados de um determinado termo ou
palavras mostradas no decorrer do livro.

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SUMÁRIO UNIDADE 1
MEIO AMBIENTE, SUSTENTABILIDADE E EDUCAÇÃO AMBIENTAL
1.1 Introdução .........................................................................................................................................................................................8
1.2 Meio ambiental , antropia e degradação ambiental .........................................................................................8
1.3 Degradação ambiental no Brasil ...................................................................................................................................10
1.4 Educação ambiental ...............................................................................................................................................................12
1.4.1 Definição .......................................................................................................................................................................................13
1.4.2 Principais e objetivos ...............................................................................................................................................................13
1.4.3 Educação Ambiental nas Organizações ..........................................................................................................................14
FIXANDO O CONTEÚDO ..............................................................................................................................................................16

UNIDADE 2
POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
2.1 Constituição federal ................................................................................................................................................................20
2.1.1 Meio ambiente .........................................................................................................................................................................20
2.1.2 Deveres do Poder Público ..................................................................................................................................................20
2.2 Política Nacional do Meio Ambiente (Lei n° 6.938/1981)..................................................................................21
2.3 Política Nacional de Educação Ambiental (Lei nº. 9.795/1999)...................................................................22
2.3.1 Ensino formal e educação ambiental .............................................................................................................................23
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................................................................................24

UNIDADE 3
GESTÃO AMBIENTAL
3.1 Introdução .....................................................................................................................................................................................28
3.2 Desenvolvimento econômico e meio ambiente ...............................................................................................28
3.3 Produção e consumo sustentável ...............................................................................................................................29
3.3.1 Produção mais limpa (P+L) ................................................................................................................................................30
3.3.2 Avaliação do ciclo de vida ( AVC) ..................................................................................................................................31
3.4 Prevenção da poluição .........................................................................................................................................................32
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................................................................................34

UNIDADE 4
PRÁTICAS EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL
4.1 Educação ambiental na escola .......................................................................................................................................38
4.2 Proposta de atividade-Tema gerador de discussão: Resíduos Sólidos .............................................38
4.3 Educação ambiental na gestão pública ...................................................................................................................41
4.4 Educação ambiental empresarial ...............................................................................................................................42
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................................................................................44

UNIDADE 5
ÉTICA AMBIENTAL
5.1 Filosofia e educação ...............................................................................................................................................................48
5.2 Transdisciplinaridade da educação ambiental ...................................................... ..........................................48
5.3 Ética e consumo .......................................................................................................................................................................49
5.4 Educação ambiental e cidadania ..................................................................................................................................51
FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................................................................................53

UNIDADE 6
DESAFIOS, PESQUISA E PERSPECTIVA FUTURA
6.1 Desafios da educação ambiental ..................................................................................................................................57
6.2 Perspectiva pedagógica da educação ambiental ............................................................................................58
6.3 Pesquisas em educação ambiental ............................................................................................................................59
FIXANDO O CONTEÚDO ..............................................................................................................................................................61

RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO ....................................................................................................................64


REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................................................................65

5
UNIDADE 1
A Unidade 1 explora os conceitos fundamentais relacionados à educação ambiental,
permitindo o entendimento dos principais mecanismos e os requisitos legais para
a promoção da segurança ambiental nas organizações, além da preservação e
CONFIRA NO LIVRO

restauração do meio ambiente.

UNIDADE 2
A Unidade 2 analisa as legislações pertinentes à temática da educação ambiental,
resumindo cada uma delas. Nesta unidade, como ponto central, compreenderemos
a importância da Política Nacional de Educação Ambiental (Lei n. 9.795/1999),
pontuando os principais artigos da referida lei.

UNIDADE 3
A Unidade 3 apresenta os componentes centrais da gestão ambiental e os relaciona
com os princípios e objetivos da educação ambiental. Nesta unidade, abordaremos
a temática da Produção mais limpa (P+L) e prevenção da poluição. Exploraremos
como as organizações podem, por meio da educação ambiental, implementar essas
estratégias para reduzir desperdícios e maximizar a utilização dos recursos naturais.

UNIDADE 4
A unidade 4 analisa os princípios e conceitos da educação ambiental na escola, no
âmbito do poder público e nas organizações econômicas. Esta unidade explora
atividades para complementação da prática pedagógica com foco na educação
ambiental e discute os benefícios e desafios da educação ambiental pública e
empresarial.

UNIDADE 5
Nesta unidade serão abordados os temas relacionados à ética para promoção da
educação ambiental. A produção e o consumo sustentáveis são discutidos sob a
lente da necessidade de uma economia circular. Na unidade 5, a educação para
cidadania global é explorada reforçando a ideia de que a responsabilidade individual
deve ser portadora de princípios e não de interesses particulares.

UNIDADE 6
A unidade 6 aborda os principais desafios para a implantação efetiva da educação
ambiental. Perspectivas da prática pedagógica e escopo para estudos futuros em
educação ambiental são apontados e discutidos.

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01
MEIO AMBIENTE, UNIDADE
SUSTENTABILIDADE
E EDUCAÇÃO AMBIENTAL

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1.1 INTRODUÇÃO
Os danos ao meio ambiente e o crescimento econômico apresentam uma estreita
relação. Percebemos que o avanço da política desenvolvimentista mundial tem acarretado
cenários desafiadores, tais como, desaparecimento de espécies e perda da biodiversidade,
consumo desenfreado de recursos naturais, mudanças climáticas e contaminação do solo,
ar e dos recursos hídricos.
Contudo, cabe ressaltar que a proteção ambiental sempre foi praticada por huma-
nos de uma forma ou de outra. No entanto, à medida que as pressões antropogênicas so-
bre o meio ambiente aumentaram ao longo do século passado, a necessidade de proteção
ambiental sistemática aumentou. Isso tem levado a considerável experimentação com as
medidas nacionais e internacionais que são usadas para atingir os objetivos de proteção
do meio ambiente. Embora algumas dessas medidas tenham tido sucesso, o quadro geral
é de fracasso.
Nesse contexto, a Educação Ambiental (EA) desempenha um papel crucial. Primei-
ramente, vale lembrarmos que a EA deve ser tratada como uma questão multidisciplinar e
interagir com os diferentes setores. Tal conjugação exige, portanto, uma relação de coope-
ração entre as diferentes instituições requeridas no processo de ação e tomada de decisão.
A ideia de uma educação especificamente ambiental entrou no discurso público no
final dos anos 1960. Segundo Hamilton e Macintosh (2008), entre as recomendações da
Conferência de Estocolmo, ocorrida em 1972, tentava estabelecer um programa interna-
cional de EA. A Organização das Nações Unidas para a Educação (UNESCO, do inglês, Uni-
ted Nations Educational, Scientific and Cultural Organization) e o Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) se comprometeram, posteriormente, a preparar
materiais curriculares, estabelecer prioridades, desenvolver projetos-piloto e organizar reu-
niões a fim de promover um programa de EA eficiente (HAMILTON; MACINTOSH, 2008).
Dentro deste contexto, os especialistas destacam que a EA deve constituir uma educação
integral ao longo da vida, ou seja, contínua e permanente (RUSCHEINSKY, 2012; SATO; CAR-
VALHO, 2005).

VAMOS PENSAR?
Sabendo que a educação ambiental faz parte do nosso cotidiano e que, inconscientemente a
praticamos, tal como, por exemplo, quando dispomos o lixo domiciliar para coleta pelo órgão
público responsável ou quando realizamos o ecoturismo que, por sua vez, estimula atitudes
em prol da conservação da natureza. Pense em ações práticas no seu dia a dia que podem
ser caracterizadas como atitudes de fomento à proteção do meio ambiente. De que forma
essas ações contribuem para a conservação ambiental? Quais dessas atitudes promovem o
bem-estar social e melhoram a vida em sociedade? Como?

1.2 MEIO AMBIENTE, ANTROPIA E DEGRADAÇÃO AMBIENTAL


A degradação ambiental é um termo utilizado para expressar significado negativo.
Seu uso na literatura científica ambiental recente é relacionado a uma perturbação ou al-
teração no meio provocada pela ação humana. Cabe aqui ressaltar que o agente causador
de degradação ambiental é sempre o ser humano. Processos naturais, tais como, fluxo de

8
marés, terremotos, erupções vulcânicas, formação de nevoeiro ou tornados, não degradam
o ambiente, apenas provocam mudanças. Sánchez (2013) definiu a degradação ambiental
como qualquer alteração adversa dos processos ambientais e/ou da qualidade do meio
ambiente. Neste sentido, a ação antrópica, isto é, a ação humana é a principal responsável
pelos distúrbios e alterações adversas provocadas.
Temos diversos exemplos em nosso cotidiano de ações humanas geradoras de de-
gradação ambiental. Entre elas podemos citar: as queimadas, atividades industriais como
a mineração, disposição irregular de resíduos, poluição atmosférica, hídrica, sonora, e dos
solos, intensificação do uso de agrotóxicos e a relação humana com a fauna e a flora atra-
vés da extinção ocasionada devido à apropriação e exploração dos habitats naturais.

FIQUE ATENTO
Ação antrópica ou antropia é o ato do Homem sobre o meio ambiente. Também pode ser a
ação ou o resultado da atuação humana sobre a natureza, com a pretensão de modificação,
independentemente do juízo de valor atribuído à modificação realizada no meio (ARAÚJO;
ALMEIDA; GUERRA, 2005, p. 32)..

A problemática ambiental acarreta efeitos ecológicos de médio e longo prazo, al-


guns dos quais podem ser responsáveis por deteriorar os ambientes em sua totalidade.
Cabe lembrarmos que o meio ambiente é uma unidade única e incorpora todos os com-
ponentes bióticos e abióticos, ou seja, vivos e não vivos que vivem dentro dessa unidade.

GLOSSÁRIO
Meio ambiente é o conjunto de fatores físicos, químicos e bióticos que atuam sobre um orga-
nismo ou comunidade ecológica e, em última instância, determinam sua forma e sobrevivên-
cia (BRASIL, 1981).

Existem diversas formas de contribuir para a diminuição da degradação do meio


ambiente. Algumas delas incluem:

• Compra e utilização de produtos provenientes de materiais reciclados;


• Economia e reutilização de águas de processos domésticos, industriais, sanitários, entre
outros;
• Repensar os hábitos do dia a dia visando a não geração e/ou minimização da geração
de resíduos;
• Manejo adequado dos resíduos sólidos nas etapas de acondicionamento, coleta, trans-
bordo, tratamento e disposição final;
• Economia de energia domiciliar – por exemplo: bom uso dos equipamentos elétricos,
utilização da luz natural (solar) e;
• Conscientização pública em relação aos impactos da degradação ambiental.

Atualmente, os danos que causamos ao meio ambiente não são contabiliza-dos


como um custo em termos econômicos e/ou sociais. Essa falta de “valor am-biental” per-

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mite uma superexploração de recursos naturais – que, é claro, não são gratuitos. Comple-
mentarmente, a superexploração dos recursos leva à superprodução de bens de consumo
com menor longevidade, que findada sua vida útil, são descartados no meio ambiente.
Como consequência desse processo, novos bens são produzidos, vendidos, usados
e descartados. Assim, o ciclo continua – afetando a capacidade do planeta de restaurar
seus serviços ambientais em tempo hábil. Por exemplo, relembre dos relatos durante o
bloqueio social devido à pandemia do Corona Vírus 2019 (COVID-19), iniciado em 2020. A
natureza se beneficiou de menos turistas, menos aviões no ar, estradas mais vazias, me-
nos consumo. Houve muitos relatos sobre a recuperação do meio ambiente, de ar e água
mais limpos. Foram observados golfinhos nos canais de Veneza (Itália), ar mais limpo nas
grandes cidades (São Paulo, Rio de Janeiro, Nova York), menor concentração de gases po-
luentes na atmosfera acima da China. Podemos assim observar o quão rápido a natureza é
capaz de se recuperar em um cenário de menor atuação humana.
Portanto, a degradação ambiental é uma das questões de maior urgência na con-
temporaneidade. Dependendo do dano provocado, alguns ambientes podem não ser re-
cuperados. Os vegetais e animais que habitavam esses territórios serão extintos. Portanto,
é necessário planejamento sólido, conscientização pública e participação da comunidade
para que a deterioração ambiental seja evitada. Nesse contexto e para esse fim, a EA tem
papel fundamental.

1.3 DEGRADAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL


As questões ambientais no Brasil incluem desmatamento, comércio ilegal de ani-
mais selvagens, caça ilegal, degradação do solo e poluição da água causada por ativida-
des de mineração, poluição do ar, uso de pesticidas e derramamentos de óleo severos,
queimadas, entre outros. Cabe frisar que o território brasileiro abriga cerca de 13% de das
espécies da fauna e flora do planeta Terra. Consequentemente, os impactos negativos da
agricultura e da industrialização ameaçam de forma significativa essa biodiversidade (SIL-
VA JUNIOR et al., 2020).
Recentemente, os pesquisadores brasileiros têm alertado sobre o desmonte das po-
líticas ambientais no país em função, principalmente, dos cortes de investimentos na pasta
ambiental, aumento do desflorestamento e das queimadas nos biomas Amazônia, Cerrado
e Pantanal, além do aumento exponencial no uso de agrotóxicos. Nesse último caso, cabe
destacar que o uso desacerbado desses agroquímicos pode acarretar a contaminação dos
solos, corpos d’água e impactos negativos à saúde da população (SCHMIDT; ELOY, 2020;
SILVA JUNIOR et al., 2020). Uma área des-
matada no Estado do Pará, no município
de Altamina, é mostrada na Figura 1.

Figura 1: Área desflorestada em Altamira, Estado do Pará, Brasil.


Fonte: Amigo (2020)

10
As consequências acarretadas pelo desflorestamento incluem erosão dos solos, di-
minuição dos eventos chuvosos, elevação da temperatura e perda da biodiversidade. No
Brasil, o ano de 2019 foi marcado por mudanças nas políticas ambientais que catalisaram
o desmatamento ilegal na região Amazônica e aumentaram o número de queimadas em
diversos Biomas do país (SILVA JUNIOR et al., 2020). Além disso, houve mudanças polêmi-
cas no Código Florestal (Lei Federal n. 12.651/2012), como a prorrogação do prazo indeter-
minado para o Cadastro Ambiental Rural (Cadastro Ambiental Rural) (Lei n. 13.887/2019) e
a possível regularização de terras públicas (SILVA JUNIOR et al., 2020).
Estudos recentes preveem piora nas perdas de áreas e ecossistemas à medida que
a degradação ambiental no país aumenta. Atualmente, diversas regiões do país já se de-
frontam com limitações de recursos e sofrem com a degradação ambiental. Os problemas
ambientais se agravam e tornam-se mais nítidos. A sociedade brasileira chega enfim, a um
estágio de permanente busca por alternativas sustentáveis para minimizar e/ou mitigar a
degradação ambiental causada por suas ações. Nesse sentido, a educação é um caminho
indispensável para o desenvolvimento sustentável.
Cabe aqui pontuarmos, portanto, o que é desenvolvimento sustentável. Segundo Al-
meida et al. (2019) seria o desenvolvimento nas esferas ambiental, social e econômica que
atende às necessidades atuais sem comprometer a possibilidade das gerações futuras de
atenderem às suas próprias necessidades. Ressalta-se que o desenvolvimento sustentá-
vel atende às três áreas de desenvolvimento: ambiental, social e econômica. Por exemplo,
quando a atividade potencialmente poluidora (mineração, petroquímica etc.) atende aos
interesses econômicos e concilia a preservação do meio ambiente, essa atividade é viável.
O mesmo ocorre quando essa atividade atende aos interesses sociais e econômicos, sen-
do classificada como tolerável. Entretanto, para
que as necessidades da geração presente sejam
atendidas, sem comprometer a possibilidade das
gerações futuras de atenderem às suas próprias
necessidades, os componentes ambiental, social
e econômico, devem estar presentes (SOARES,
2017) (Figura 2).

Figura 2: Componentes do Desenvolvimento sustentável


Fonte: Adaptado de Soares (2017)

BUSQUE POR MAIS


Leia o capítulo 11 (páginas 216 a 221) do livro “Introdução à Engenharia Ambiental”
(BRAGA et al., 2005) para aprofundar seu entendimento sobre os conceitos ine-
rentes à degradação ambiental, desenvolvimento sustentável e gestão do am-
biente. Disponível em: https://bit.ly/39YyqxY. Acesso: 05 jan. 2021

11
1.4 EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Para entender a educação ambiental (EA) é preciso inicialmente compreender que
existirão diversas tipologias no contexto das múltiplas correntes existentes (SATO; CARVA-
LHO, 2005). Todavia, é consenso que se a educação significa transformação dos alunos em
direção a objetivos bem definidos, a educação ambiental significaria que os alunos alcan-
çarão objetivos que tratam especialmente dos aspectos ambientais, ou seja, os elementos
das atividades, produtos ou serviços que interagem com o meio ambiente. Essas metas
podem ser vistas nas três categorias usuais como sendo cognitivas, psicomotoras ou afeti-
vas.
O termo educação ambiental (Enviromental Education) foi cunhado em 1965, na
“Conferência de Educação” da Universidade de Keele, Grã-Bretanha. Posteriormente ocor-
reram diversos acontecimentos relacionados a EA. De forma geral e sucinta, no Quadro 1
são listados e descritos os principais eventos relacionados à proteção do meio ambiente e
a educação ambiental.

Evento Ano Local Descrição


Conferência das Nações Uni- Foram discutidos temas como conservação
das sobre o Meio Ambiente 1972 Suécia, ambiental e consumo consciente, o que
Humano (Conferência de Estocolmo posteriormente viriam a compor o conceito
Estocolmo) de desenvolvimento sustentável.
Seminário de Educação Am- 1974 Finlândia, Reconhecimento da EA como educação in-
biental Jammi tegral, contínua e permanente.
Conferência Intergoverna- Geórgia, Tbili- Estabelecimento dos princípios orientado-
mental sobre Educação 1977 si (ex-União res da EA, destacando seu caráter interdis-
Ambiental (Conferência de Soviética) ciplinar.
Tbilisi)
Reafirmação dos princípios da EA. Reali-
Congresso Internacional da Rússia, zou-se os avanços na área da educação am-
UNESCO – PNUMA (Educa- 1987 Moscou biental desde a Conferência de Tbilisi. Des-
ção e Formação Ambiental) taca a necessidade da pesquisa e inovação
para a promoção da EA.
Conferência entre chefes de Estado. Deba-
te sobre problemas ambientais mundiais.
Conferência das Nações Uni- Brasil, Rio de Culminou com a assinatura da Agenda 21
das sobre o Meio Ambiente e 1992 Janeiro Global – documento composto por 40 ca-
o Desenvolvimento (Eco-92) pítulos que assinalam um novo padrão de
desenvolvimento (desenvolvimento sus-
tentável).
Evento paralelo a Eco-92. Teve como obje-
1ª Jornada de Educação Am- 1992 Brasil, Rio de tivo central debater o papel da EA na for-
biental Janeiro mação de valores nos diferentes setores da
sociedade.
Cúpula Mundial sobre De- África do Sul, Discussão das propostas da Agenda 21 e de-
senvolvimento Sustentável 2002 Johanesbur- cisões tomadas na Eco-92.
(Rio+10) go
Quadro 1: Principais eventos mundiais relacionados à educação ambiental
Fonte: Elaborado pelo Autor (2020)

12
Dentro deste contexto e considerando a evolução da EA, nesta seção trata-remos
dos conceitos básicos relacionados aos princípios, métodos e fundamentos dessa área
multidisciplinar do conhecimento.

1.4.1 Definição

No início dos anos 1970 houve apelos para que o meio ambiente fosse incorporado
às pautas relacionadas à educação. Tais reivindicações culminaram na elaboração da Carta
de Belgrado da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. A
Carta de Belgrado foi um marco para a Educação Ambiental (EA). A partir da EA os indiví-
duos adquiririam conhecimentos, habilidades, atitudes, motivações e compromisso para
trabalhar na busca de soluções para os problemas atuais, emergentes e futuros (DAVIS,
2020).
Em 1977, a UNESCO, junto com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(UNEP, do inglês, United Nations Environment Programme), expandiu essa definição por
meio da Declaração de Tbilisi. A ênfase estava na EA sendo incorporada em todo o sistema
de educação e na adoção de uma abordagem holística para examinar questões sociais e
econômicas através de uma lente ambiental (DAVIS, 2020).
No Brasil, a Lei n. 9.795/1999 no Artigo 1º do capítulo I apresenta uma definição para
EA (BRASIL, 1999). Recomenda-se a sua leitura. Davis (2020) mais recentemente definiu EA
da seguinte forma:
A Educação Ambiental é um processo holístico de apren-
dizagem ao longo da vida, direcionado à criação de cida-
dãos responsáveis que exploram e identificam questões
ambientais, se engajam na solução de problemas e to-
mam medidas eficazes para melhorar o meio ambiente
(DAVIS, 2020, p. 438).

1.4.2 Princípios e Objetivos

A Lei Federal nº 9.795/1999 pontua diversos princípios orientadores da Educação Am-


biental, entre eles: a interdependência entre todos os meios do ambiente (social, cultura,
econômico), a multidisciplinaridade, a avaliação crítica, a educação continuada e o respeito
à diversidade (BRASIL, 1999).
De acordo com a UNESCO, a EA é uma maneira de atingir os objetivos de proteção
do meio ambiente. O principal objetivo da educação ambiental no nível básico é, portanto,
ter sucesso em fazer os indivíduos e as comunidades compreenderem a natureza comple-
xa dos ambientes naturais e construídos pelo Homem. Além disso, adquirir conhecimen-
tos, valores, atitudes e habilidades práticas para participar de forma responsável e eficaz na
antecipação e solução de problemas sociais e na gestão da qualidade do meio ambiente é
imperativo (RUSCHEINSKY, 2012).
Desta forma, as etapas necessárias para a educação ambiental são: (i) Cons-cien-
tização; (ii) Conhecimento; (iii) Criação de atitude para motivar a proteção do meio
ambiente; (iv) Análise e compreensão das medidas de preservação ambiental; e (v)
Desenvolvimento de habilidades e capacidades (RUSCHEINSKY, 2012).
A integração do cooperativismo à educação ambiental constrói nas diversas institui-
ções envolvidas com a gestão ambiental relações que geram conquistas sustentáveis por
meio da transformação dessas instituições na valorização dos valores da diversidade.

13
A integração e cooperativismo instilam solidariedades socioeconômicas e políticas,
que são essenciais para a gestão ambiental holística. Dessa forma, a EA capacita indivídu-
os, grupos e instituições para explorar adequadamente as questões ambientais junto com
pensamentos e atividades para a sustentabilidade ambiental. Ademais, busca desenvolver
uma compreensão mais profunda do meio ambiente através da tomada de decisões.
A educação ambiental não é novidade em suas partes, sempre houve educação para
o coração, para o cérebro, para todo o corpo, para a problemática social e para o entendi-
mento do meio ambiente. A educação escolar formal sempre foi entendida como uma
adaptação e preparação das crianças ao seu meio natural e social. Mas nunca, parece-me,
que essa educação foi planejada de forma tão completa como é entendida hoje. Talvez,
seja essa a “nova filosofia de ensino”.

1.4.3 Educação Ambiental nas Organizações

Organizações sociais tais como, escolas, bancos, universidades, empresas, indústrias,


supermercados fazem parte do cotidiano dos indivíduos. Observamos que o meio ambien-
te e as organizações sempre mantiveram conflitos, pois o Homem, para manutenção das
suas atividades e subsistência, explora seu habitat e como resultado danos ao meio am-
biente são provocados, assim como visto na seção 1.2. Recentemente, por causa da pressão
da sociedade, da política e da economia, modificações nessa relação são reivindicadas,
objetivando maior responsabilidade no uso dos recursos naturais.
Nesse sentido, quaisquer que sejam as organizações, a educação ambiental exerce
papel imperativo na resolução de muitos dos problemas existentes, pois, como discutido
anteriormente, é um tipo de educação que não necessita de grau de escolaridade, pode
ser desenvolvida entre crianças e adultos, mesmo não alfabetizados (SATO; CARVALHO,
2005).
O processo de utilização racional dos recursos deve percorrer os caminhos da sensi-
bilização, da conscientização e da capacitação das pessoas envolvidas direta ou indire-
tamente nas atividades produtivas, dessa maneira é possível eliminar/reduzir desperdícios
e maximizar o uso dos recursos disponíveis (LERÍPIO; CAMPOS; SELIG, 2003). Cabe ainda
destacar que o componente humano é o fator decisivo no processo de engajamento visan-
do práticas mais sustentáveis. No início da década de 2000, Leripio, Campos e Selig (2003)
questionaram: Como sensibilizar as pessoas? Como oportunizar que os indivíduos se
conscientizem?
Nas empresas, bancos ou indústrias, o processo de sensibilização e conscientização
para as questões ambientais direcionado para o público interno pode ser realizado por
meio de atividades atrativas, tais como, palestras, gincanas, sessões de filmes ambientais,
entre outros, que de forma mais lúdica atraiam a atenção e fixem o conhecimento que
é passado. Isso vale para as práticas pedagógicas no ambiente escolar. Segundo Leripio,
Campos e Selig (2003), os indivíduos estão mais propensos a absorver e efetivamente apli-
car o conteúdo quando os conceitos e ensinamentos são transmitidos de forma lúdica. A

14
BUSQUE POR MAIS
O artigo “Educação Ambiental nas Organizações” (2019), de Alexandre de Gui-
lherme Scheidegger e Carla Calenzani, apresenta uma reflexão sobre o papel da
educação ambiental no contexto das organizações. Disponível em: https://bit.ly/
3t4bDZe. Acesso: 10 jan 2021.

EA abrange tanto o treinamento voltado para a preservação ambiental quanto para


a difusão de informação ambiental. Seus benefícios dentro das organizações são: imagina-
ção e entusiasmo dos colaboradores aumentam, bem como a tolerância e compreensão,
o aprendizado transcende a educação formal, integração dos processos, minimização do
desperdício, fortalecimento da comunidade etc.

15
FIXANDO O CONTEÚDO
1. O Brasil enfrenta problemas de cunho social e ambiental, entre eles o desflorestamento.
Qual alternativa indica uma consequência do desflorestamento no país?

a) Perda da biodiversidade dos habitats.


b) Diminuição dos riscos de erosão do solo.
c) Redução da concentração de poluentes atmosféricos.
d) Aumento da produtividade mineral e agrícola.
e) Aumento da produtividade microbiana do solo.

2. A alfabetização ambiental é uma meta social importante. Conforme discutido neste


capítulo, um público bem-informado formulará opiniões e fará escolhas que irão melhorar
a qualidade do meio ambiente e reduzir o estresse antrópico sobre os ecossistemas.
Considerando os conteúdos estudados nesta unidade, analise as afirmativas a seguir sobre
os conceitos de degradação ambiental.

I. A intensidade e a degradação do solo podem ser ampliadas por ações antrópicas como
o uso e manejo incorreto da terra, que expõe o solo ao sol, ao vento e à chuva e levam à
degradação do ambiente.
II. O agente causador da degradação ambiental não necessariamente é o homem, visto
que processos naturais também podem provocar degradação do meio ambiente.
III. A degradação ambiental decorre de alterações no ambiente, dificultando o atendimento
das necessidades humanas e de outras espécies.
IV. A ação antrópica não tem qualquer influência na perda da biodiversidade dos territórios,
decorrentes de condições climáticas específicas.

Assinale a alternativa que apresenta as asserções corretas.

a) I e II.
b) I e III.
c) II e IV.
d) II, III e IV.
e) I, III e IV.

3. (Transpetro, 2018 – Adaptado) O desenvolvimento sustentável deve atender as três


esferas do desenvolvimento humano. Para isso, são necessárias estratégias que privilegiam
o (a)

a) desenvolvimento econômico em detrimento do desenvolvimento social.


b) atendimento das necessidades de âmbito social, ambiental e econômica de forma
igualitária.
c) quantidade de crescimento, já que há um consenso internacional da relação positiva
entre indicadores econômicos e degradação ambiental.
d) produtividade, independentemente dos limites de crescimento.

16
e) jornada de trabalho: o crescimento econômico de uma nação está relacionado a
produtividade laboral da população.

4. Segundo o livro-texto, o que aconteceu em 1977, no que diz respeito à Educação


Ambiental. Indique a alternativa correta.

a) Em 1977, a Educação Ambiental apareceu na região sudeste do Brasil e somente nas


décadas de 1980 e 1990 ganhou força em todo território nacional.
b) Houve reconhecimento da educação ambiental como educação integral e permanente
durante Seminário de Educação Ambiental realizado na Finlândia.
c) Ocorreu a Conferência sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Eco-92) e a criação
da Agenda 21 objetivando o desenvolvimento sustentável.
d) Durante o Congresso de Educação Ambiental Brasarville realizado na África, a pobreza
foi reconhecida como o maior problema ambiental do mundo.
e) Ocorreu a Conferência de Tbilisi na Geórgia, na qual foram estabelecidos os princípios
orientadores da educação ambiental e remarcou seu caráter interdisciplinar.

5. A educação ambiental envolve as habilidades de pensamento crítico dos cidadãos e os


capacita a tomar decisões acertadas no caminho do desenvolvimento sustentável. Nesse
sentido, assinale a alternativa que identifica um dos princípios orientadores da educação
ambiental no Brasil.

a) Singularidade de ideias pedagógicas e políticas.


b) Não dependência entre o meio natural e o meio construído.
c) Enfoque humanista, holístico, democrático e participativo.
d) Princípio do poluidor-pagador e do consumo consciente.
e) Acesso à informação excetuando as informações não alinhadas ao pensamento
dominante.

6. A Educação Ambiental (EA) é considerada um processo contínuo de educação,


seja ela formal ou não-formal, para responder à crescente conscientização mundial
sobre os problemas ambientais. Segundo a UNESCO, a EA enfatiza os seguintes temas:
conscientização e sensibilidade sobre o meio ambiente e os desafios ambientais.
Considerando os conteúdos estudados no livro-texto desta unidade, assinale a alternativa
que representa um dos objetivos da EA.

a) Estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental


e social.
b) Redução do volume e periculosidade dos resíduos perigosos.
c) Desenvolvimento de cartilhas para alfabetização ambiental de jovens e adultos.
d) Estímulo à rotulagem ambiental e consumo ao consumo consciente.
e) Criação e registro da profissão de educador ambiental.

7. O Planejamento do ensino da educação ambiental em uma organização deve ser


contínuo e permanente, perpassando diferentes etapas. Nesse sentido, algumas medidas
podem ser adotadas para garantir o uso racional dos recursos e a sustentabilidade dos
negócios. Assinale a alternativa que representa uma estratégia que pode ser empregada

17
pelas empresas visando a conscientização dos colaboradores internos.

a) Criar centros de produção mais limpa e energias renováveis.


b) Oferecer capacitação profissional visando a formação de educadores ambientais.
c) Promover mudança dos processos produtivos visando atender as demandas impostas
pela educação ambiental.
d) Desenvolver ações (palestras, discussões etc.) visando a sensibilização e conscientização
do público interno.
e) Realizar a taxação sobre o consumo de materiais descartáveis (copos, talheres etc.) no
ambiente empresarial.

8. A partir dessas informações e considerando os conteúdos estudados sobre educação


ambiental e seu papel nas organizações, analise as afirmativas a seguir e assinale V para
a(s) verdadeira(s) e F para a(s) falsa(s).

( ) A educação ambiental é um processo contínuo e permanente direcionado a construção


de valores relacionados a conservação do ambiental natural e artificial.
( ) Educação ambiental e sustentabilidade são conceitos divergentes e não complementares.
( ) A distribuição de cartilhas e a realização de palestras podem ser utilizadas como
ferramentas para promoção do engajamento ambiental nas organizações.
( ) A concretização da educação ambiental nas organizações envolve os processos de
sensibilização, conscientização e capacitação.

Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

a) V, F, V, V.
b) V, V, F, F.
c) F, V, V, V.
d) F, F, V, V.
e) V, F, F, F.

18
02
POLÍTICA NACIONAL DE UNIDADE
EDUCAÇÃO AMBIENTAL

19
2.1 CONSTITUIÇÃO FEDERAL
A preocupação com a poluição não é um tema recente, entretanto, somente nas
últimas quatro décadas, ou seja, a partir de 1980, que o tema ganhou visibilidade e foi
introduzido nas agendas políticas e pautas de governos. Atualmente, com uma melhor
compreensão dos efeitos resultantes das atividades humanas sobre a natureza, temos ob-
servado uma evolução no modelo de regulamentação ambiental, que passa a incorporar
os conceitos de planejamento, de gerenciamento dos recursos naturais, além de mecanis-
mos de coerção no acompanhamento das atividades potencialmente poluidoras.
Os especialistas em direito ambiental afirmam que o Brasil possui uma das legisla-
ções ambientais mais bem desenvolvidas. Contudo, infelizmente, o país apresenta leis que
têm pouco ou nenhum apoio da comunidade e/ou em algumas regiões, algumas leis não
são observadas. Portanto, nesta unidade, nosso objetivo será:
• Conhecer as legislações do Brasil pertinentes à temática ambiental, resumindo cada
uma delas.
• Entender que a Constituição Federal versa sobre o meio ambiente, localizando o artigo
sobre o meio ambiente.
• Compreender a importância da Política Nacional de Educação Ambiental (Lei n.
9.795/1999), pontuando os principais artigos.

VAMOS PENSAR?
Qual a importância das legislações ambientais para a promoção da educação ambiental no
Brasil?

2.1.1 Meio Ambiente

No Brasil, um meio ambiente salutar é um direito garantido aos cidadãos através da


Constituição Federal de 1988 no art. 225:
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à
sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e
à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações (BRASIL, 1988).

O artigo 225 da Constituição Federal é reconhecido por especialistas em direito am-


biental como o precursor de diversos outros princípios e direitos assegurados pela Consti-
tuição. Além disso, em uma análise mais profunda, percebe-se que, além de um ambiente
ecologicamente equilibrado, de acordo com esse trecho, são assegurados também o direi-
to individual à vida e à dignidade humana.

2.1.2 Deveres do Poder Público

Para assegurar a efetividade dos direitos expressos na Constituição Federal de 1988,


incumbe-se ao Poder Público preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e
prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas (parágrafo 1º) (BRASIL, 1988).

20
GLOSSÁRIO
Poder público é o conjunto dos órgãos com autoridade para realizar os trabalhos do Estado,
constituído de Poder Legislativo, Poder Executivo e Poder Judiciário.

Cabe frisar que a crise provocada pelo impacto das atividades humanas sobre a na-
tureza exige a ação do poder público. Tais ações devem incluir um conjunto de medidas
respostas e estratégias de enfrentamento (UNDERDAL, 2010). Porém, é preciso lembrar
que ainda que Governos globais, continentais, nacionais e locais empreguem uma varie-
dade de abordagens para a governança ambiental, as repercussões positivas e negativas
têm limitado a capacidade de qualquer jurisdição em resolver os problemas existentes.
Nesse contexto, os desafios enfrentados futuramente pela governança ambiental
incluirão (UNDERDAL, 2010): acordos ambientais locais e globais inadequados, conflitos só-
cio-políticos não resolvidos entre as nações, falta de integração entre as políticas setoriais,
capacidade institucional limitada, intervalo de tempo elevado entre a ação humana e o
efeito ambiental, problemas ambientais sendo incorporados em sistemas muito comple-
xos, dos quais o entendimento humano ainda é bastante limitado.

2.2 POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (LEI Nº 6.938/1981)

No Brasil, a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) foi estabelecida através da


Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, baseada em princípios básicos de conservação do
meio ambiente fixados e debatidos em documentos mundialmente aceitos. A referida lei,
fixou objetivos e instrumentos necessários para o desenvolvimento sustentável do país.
Além disso, através dela, foram criados o Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama)
e o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) (BRASIL, 1981).
O Sisnama é uma rede abrangente para gestão ambiental. Reúne agências, tarefas e
regras em cinco níveis administrativos: União, Estados, Distrito Federal, territórios e municí-
pios. O CONAMA é o órgão central do Sisnama, para tarefas consultivas e deliberativas. En-
tre as principais funções do CONAMA no combate a degradação ambiental no país, estão
o estabelecimento de normas e critérios para licenciamento de atividades efetiva ou po-
tencialmente poluidoras, a ser concedido pelos Estados e pelo Distrito Federal. Esse, sem
dúvida, é apontado por especialistas da área como o papel mais importante do CONAMA,
assim como, o mais visível.

FIQUE ATENTO
Apesar de ambos os órgãos institucionais – Sisnama e CONAMA – terem sido criados através
da PNMA, eles exercem funções diferentes. No geral, o CONAMA é o órgão consultivo e deli-
berativo do Sisnama.

21
A PNMA fixou princípios, objetivos e instrumentos voltados à conservação ambien-
tal. Nesta política que se iniciou, de fato, o controle ambiental das atividades empresariais
públicas ou privadas, com foco na obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causa-
dos ao meio ambiente. Neste sentido, cabe destacar os principais objetivos da PNMA: es-
tabelecer critérios e padrões de qualidade para as atividades potencialmente poluidoras,
preservação e restauração dos recursos naturais, desenvolvimento de pesquisas e difusão
de tecnologias para preservação ambiental e desenvolvimento sustentável (BRASIL, 1981).
A partir da Constituição Federal e PNMA, o Brasil desenvolveu uma legislação am-
biental bastante rica e avançada, semelhante a legislações ambientais encontradas em
países desenvolvidos. No entanto, ainda há muito a ser feito em termos de aplicação e
cumprimento, especialmente no que concerne aos atores econômicos. Observamos que a
própria União está intimamente ligada a alguns dos maiores poluidores, visto que, partici-
pa diretamente, por exemplo, da exploração de petróleo e gás natural, atividades petroquí-
micas, metalurgia e mineração
No geral, existe uma farta legislação de proteção ambiental e de gestão dos recur-
sos naturais. Portanto, seu conhecimento e aplicação é fundamental para a proteção am-
biental e gerenciamento dos recursos ambientais, além da conscientização e capacitação
ambiental que engaja o indivíduo na preservação do meio, assegurando, dessa forma, o
bem-estar social e humano.

2.3 POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL (LEI Nº. 9.795/1999)

No Brasil, a Educação Ambiental (EA) é instituída e regulamentada pela Lei n.


9.795/1999 e pelo Decreto n. 4.281/2002 (BRASIL, 1999; 2002). Em 1999, o Brasil desenvolveu
a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA), que é coordenada pelo Ministério do
Meio Ambiente e Ministério da Educação. De forma geral, o artigo 2 da Lei n. 9795/199 es-
tabelece que a EA deve estar presente tanto na educação formal quanto na informal e o
artigo 3º afirma que todos têm direito à educação ambiental (BRASIL, 1999).

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Conheça os objetivos da PNEA definidos no artigo 5º da Lei n. 9.795/1999, em: https://
bit.ly/2QbSu8S.
Acesso: 20 jan 2021.

As atividades vinculadas à PNEA devem ser desenvolvidas na educação informal e


na educação escolar, por meio das seguintes linhas de atuação interrelacionadas: I - capa-
citação de recursos humanos; II - desenvolvimento de estudos, pesquisas e experimenta-
ções; III - produção e divulgação de material educativo; IV - acompanhamento e avaliação
(BRASIL, 1999).
Dentro das atividades desenvolvidas pelo PNEA destaca-se o Programa Nacional de
Escolas Sustentáveis (PNES) do Ministério da Educação, o qual apoia as escolas brasileiras
em seu processo de transição para a sustentabilidade socioambiental, transformando-se
em ambientes de educação sustentáveis e contribuindo para uma melhor qualidade de
vida nas comunidades (SILVA; SANTANA, 2018).
As ações do programa articulam-se em quatro componentes - currículo, gestão, faci-

22
lidade e relação escola-comunidade - e são desenvolvidas em cinco eixos: I - Processos de
aprendizagem e práticas pedagógicas; II - Diagnósticos e pesquisas; III - Comunicação; IV
- Gestão e Infraestrutura; V - Articulação e interface com outras políticas nacionais (SILVA;
SANTANA, 2018). O PNES consiste em um conjunto de ações voltadas para a implemen-
tação das Diretrizes Curriculares Nacionais de Educação Ambiental Formal, para que as
instituições de ensino sejam incubadoras de uma cultura alicerçada na participação e no
diálogo permanente com os alunos.
No Brasil, a construção da EA como política pública implementada pelo Ministério da
Educação e pelo Ministério do Meio Ambiente inclui processos de articulação dos diversos
atores sociais e sua capacidade de realizar uma gestão territorial sustentável e educativa.
No próximo item desta seção serão realizadas algumas análises em relação ao conteúdo
da PNEA sobre a sua importância para docentes e discentes na educação formal. Dada a
amplitude do tema, não se pretende esgotar o assunto. No geral, as discussões levantadas
trazem à tona as questões mais relevantes da legislação para promoção da EA no ensino
formal brasileiro.

2.3.1 Ensino formal e educação ambiental

O artigo 5º do Decreto n. 4.281/2002 que regulamenta a PNEA brasileira afirma que


a inclusão da EA em todos os níveis e modalidades de ensino deve ter como referência os
Parâmetros e as Diretrizes Curriculares Nacionais, observando-se a integração da EA às
disciplinas curriculares de forma contínua, permanente e transversal. Além da adequação
dos programas já vigentes de formação continuada de educadores (MINISTÉRIO DA EDU-
CAÇÃO, 2012).
Nesse contexto, os projetos pedagógicos e os planos dos cursos devem ser organi-
zados de forma a promover a inserção dos conhecimentos relacionados à EA em todos os
níveis de ensino. Os projetos de ensino devem fomentar as discussões e reflexões. Com-
plementarmente, recomenda-se que ações pedagógicas, projetos, atividades lúdicas que
fomentem a reflexão ambiental, entre outros, sejam desenvolvidas.
No geral, observa-se que o processo educativo voltado a EA possui uma vas¬ta gama
de abordagens. Nesse cenário, o Brasil deve, cada vez mais, promover o uso de ferramentas
online por docentes e discentes para compartilhamento de recursos, cursos de educação
à distância e networking. O processo de desenvolvimento de um sistema nacional de edu-
cação ambiental para melhorar o escopo e o impacto da PNEA poderá desempenhar um
papel central no futuro.

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Para saber mais sobre as perspectivas da EA no contexto da educação formal, leia
o capítulo cinco do livro “Caminhos da Educação Ambiental: Da forma à Ação”
(GUIMARÃES, 2020). Disponível em: Link: https://bit.ly/3dKgng4. Acesso: 20 jan. 2021

23
FIXANDO O CONTEÚDO

1. Analise as questões sobre os objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº


9.938/1981) e indique a alternativa correta.

a) Desenvolvimento de pesquisas e tecnologias direcionadas à preservação ambiental.


b) Gestão integrada dos resíduos sólidos.
c) Redução do volume de resíduos perigosos.
d) Assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões
de qualidade adequados aos respectivos usos.
e) Incentivar e promover a captação, a preservação e o aproveitamento de águas pluviais.

2. O poder público faz parte do processo de promoção da educação ambiental entre os


diversos segmentos da sociedade. Dito isso, assinale a alternativa que representa um
desafio enfrentado pelo poder público no processo de promoção da educação ambiental
no Brasil.

a) Elevada integração entre os diversos atores sociais.


b) Objetivos claros e definidos.
c) Inexistência de política pública relacionada à implantação da Educação Ambiental.
d) Capacidade institucional limitada.
e) Escassez de recursos públicos.

3. Analise as questões sobre os objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº


9.938/1981) e indique a alternativa correta.

a) Gestão integrada dos resíduos sólidos.


b) Redução do volume de resíduos perigosos.
c) Assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões
de qualidade adequados aos respectivos usos.
d) Incentivar e promover a captação, a preservação e o aproveitamento de águas pluviais.
e) Controle ambiental e fiscalização das atividades potencialmente poluidoras.

4. Enumere a segunda coluna a partir das políticas ambientais revisadas neste capitulo,
enumeradas na primeira coluna. Posteriormente, marque a sequência correta.

1. PNEA (Lei n. 9.975/1999)


2. PNMA (Lei n. 6.938/1981)
3. Decreto n. 4.281/2002

( ) Regulamenta a Política Nacional de Educação Ambiental.


( ) Destaca a importância da disseminação de documentos que legitimam a educação
ambiental no Brasil.
( ) Criou os órgãos institucionais Sisnama e CONAMA.
( ) Em um dos seus artigos estabelece que a educação ambiental deve estar presente na

24
educação formal e informal.

a) 3, 2, 1, 1.
b) 1, 2, 2, 3.
c) 3, 1, 1, 2.
d) 2, 3, 3, 1.
e) 3, 1, 2, 1.

5. (SEMA, 2008 – Adaptado) A primeira Constituição brasileira que dedicou um capítulo


específico ao meio ambiente foi:

a) Constituição Federal de 1999.


b) Constituição Estadual de 1986.
c) Constituição Regional de 1996.
d) Constituição Federal de 1988.
e) Constituição Ambiental de 1981.

6. A Política Nacional de Educação Ambiental (Lei Federal n. 9.795/1999) define Educação


Ambiental como processo educativo voltado à conservação do meio ambiente, por meio
de linhas de atuação que incluem:

a) desenvolvimento de atividades artesanais para complementação da renda familiar.


b) desenvolvimento de recursos humanos.
c) promoção da saúde no ambiente familiar.
d) produção e divulgação de material informativo sobre conflitos familiares.
e) criação de centros de pesquisas para desenvolvimento da indústria química.

7. (DMAE/MG, 2020 - Adaptada) A alfabetização ambiental é um instrumento indispensável


para a conservação da natureza. Considerando os múltiplos aspectos desse processo,
assinale a alternativa correta.

a) A participação individual é incentivada em detrimento a participação coletiva no processo


de promoção da EA.
b) A Lei Federal n. 9.975/1999, que dispões sobre a Política Nacional de Educação Ambiental,
define que a EA seja implantada como disciplina curricular nas escolas.
c) A interdisciplinaridade constitui um dos princípios da EA de acordo com a Lei Federal n.
9.975/1999.
d) A EA não é uma dimensão da educação, visto ser uma atividade intencional da prática
social.
e) No Brasil, o Decreto n. 4.281/2002 pôs fim a EA ambiental nas escolas, a qual tinha como
referência a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB 9394/1996).

8. A Lei Federal n. 9.795 em seu Art. 2° destaca que a educação ambiental deve-se fazer
presente em todos os níveis, isto é, educação não-formal e formal. Além disso, esse artigo
demonstrou um avanço para a educação brasileira na medida em que a educação
ambiental passa a ser:

25
a) uma disciplina curricular.
b) obrigatória em todas as séries do ensino primário.
c) um conhecimento interdisciplinar.
d) tema centrado em uma única área.
e) restrita a sala de aula.

26
03
UNIDADE
GESTÃO AMBIENTAL

27
3.1 INTRODUÇÃO
No Brasil e em outros países por muitos anos perdurou a ideia de que a poluição do
meio ambiente fosse vista como um sinônimo de progresso econômico. Essa percepção
se manteve até que os problemas ambientais se intensificaram e ocasionaram impactos
negativos diretos ao bem-estar e desenvolvimento humano. De acordo com Braga et al.
(2005), devido a essa intensificação e a partir desta, os procedimentos para o gerenciamen-
to eficaz das relações entre desenvolvimento econômico e meio ambiente passaram a ser
implementados e aperfeiçoados.
A Inglaterra foi responsável por dar origem aos sistemas de qualidade ambiental,
bem como, foi precursora dos Sistemas de Gestão Ambiental (SGA), criando a Norma BS-
7750, cuja versão preliminar foi publicada em 1992. Com o crescente interesse pelas ques-
tões relacionadas à preservação ambiental, foi implantado pela Organização Internacional
para Padronização (ISO), em 1993, o Comitê Técnico 207 (TC-207), com a finalidade de ela-
borar uma série de normas voltadas para o meio ambiente, originando a Série ISO 14.000
(BRAGA et al., 2005).

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No capítulo 15 do livro “Introdução à Engenharia Ambiental” (2005) por Benedito
Braga (org.) é apresentado uma relação de normas da Série ISO 14.000. Disponível
em: https://bit.ly/3s5xM7Z. Acesso: 23 jan. 2021.

De maneira geral, um SGA consiste em um conjunto de procedimentos sistematiza-


dos que são desenvolvidos para que as questões ambientais sejam incorporadas à admi-
nistração de um empreendimento. O SGA é composto pelos seguintes elementos: política
ambiental, planejamento, implementação e operação, verificação, ações corretivas e
revisão do gerenciamento.
Dentro desse contexto, considerando a abrangência do tema e o escopo deste livro-
-texto, neste capítulo serão abordados os componentes centrais pertinentes aos sistemas
de gestão ambiental correlacionando-os as medidas e objetivos da educação ambiental.
Destaca-se que atenção especial será dada às práticas visando a prevenção da poluição
dentro das atividades industriais e das organizações econômicas.

3.2 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E MEIO AMBIENTE


O progresso e desenvolvimento humano baseado no crescimento econômico tem
sido observado em quase todas as áreas nos últimos anos. Contudo, manifestam-se dú-
vidas sobre a continuação e o aumento deste avanço. O crescimento econômico tem se
estruturado no uso insustentável de recursos naturais, na aniquilação da diversidade bioló-
gica e na emissão de gases de efeito estufa (GEE), sendo estes responsáveis por aumentar
a velocidade das crises ambientais globais e contribuírem para o agravamento das desi-
gualdades sociais.
Cabe ainda ressaltar que é extremamente difícil definirmos com exatidão os abusos
da sociedade em relação ao uso e exploração dos recursos naturais. O que podemos fazer é
estimá-los, mas, ainda assim, nos depararemos com a questão da exatidão quanto aos cus-

28
tos envolvidos, o que, por sua vez, gera impasses e conflitos na sociedade. Neste contexto,
a EA representa o instrumento fundamental para mudar os impasses sociais decorrentes
dessa discussão.

VAMOS PENSAR?
Quem são os responsáveis pelo crescimento econômico? Você já parou para pensar sobre a
forma que nós consumimos bens e serviços? Você já pensou o quão rápido os materiais têm
sido disponibilizados e descartados? Faz ideia da quantidade de resíduos que são gerados
devido ao consumo desenfreado? Pensa no tipo e quantidade de embalagem dos produtos
ao consumi-los?

3.3 PRODUÇÃO E CONSUMO SUSTENTÁVEL

Produção sustentável é a incorporação, desde a extração dos materiais de fabricação


até o descarte dos produtos, das melhores alternativas possíveis para minimizar custos
ambientais e sociais. De maneira complementar, o consumo sustentável é o uso de bens e
serviços que atendam às necessidades básicas dos indivíduos, proporcionando bem-estar
e assegurando a minimização da geração de poluição. Em suma, não colocando em risco
as necessidades das gerações presentes e futuras (UNITED NATIONS INDUSTRIAL DEVE-
LOPMENT ORGANIZATION, 2020).
Contudo, extraindo a matéria-prima, fabricando, consumindo e descartando, infeliz-
mente dessa maneira é que estamos acostumados a pensar no ciclo de produção e consu-
mo de produto na conhecida economia tradicional. Dentro desse contexto, temos que os
padrões de produção e consumo expressam um estilo de vida e um modelo de desenvol-
vimento estabelecido na sociedade.
Conforme discutido na unidade 2, tanto a ineficiência quanto os níveis absolutos de
consumo e produção são dois dos principais fatores que influenciam as mudanças am-
bientais. O consumo em particular tem muitos impactos diretos e indiretos no meio am-
biente, tanto locais quanto globais. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(PNUMA) considera padrões insustentáveis de consumo e produção como sendo:
a principal causa das mudanças climáticas e (isso) leva
a outros desafios ecológicos e sociais. Estes incluem: de-
gradação do solo, poluição do ar e da água e esgotamen-
to de recursos. Além de riscos para a coesão social, cres-
cimento econômico e segurança geopolítica (UNITED
NATIONS INDUSTRIAL DEVELOPMENT ORGANIZATION,
2020, online, tradução nossa).

Desta maneira observamos que o modelo de produção vigente tem aumentado os


impactos ambientais negativos, por exemplo, contaminação de rios e redução da qualida-
de do ar, os quais têm sido percebidos com mais frequência ano após ano. Nesse cenário é
necessário, portanto, uma mudança de paradigma dos hábitos de produção e consumo a
fim de avançarmos rumo a uma sociedade mais igualitária e sustentável.
Nos itens 3.3.1 e 3.3.2 exploraremos algumas estratégias que podem ser empregadas
para promoção do desenvolvimento sustentável. É importante ter em mente que os con-
ceitos abordados a seguir têm na sua essência a educação ambiental como força propul-

29
sora.

3.3.1 Produção mais limpa (P+L)

De acordo com o PNUMA, a Produção mais limpa (P+L) é definida como a aplicação
contínua de uma estratégia ambiental preventiva integrada a processos, produtos e servi-
ços para aumentar a eficiência e reduzir os riscos para os seres humanos e o meio ambien-
te (UNITED NATIONS INDUSTRIAL DEVELOPMENT ORGANIZATION, 2020).
O conceito de P+L tem como objetivo minimizar o impacto ambiental provocado
pelo processo produtivo, sendo uma proposta de melhoria gradativa e contínua, que con-
siste em uma série de medidas que podem ser implementadas dentro de uma organiza-
ção (empresa, indústria, empreendimento econômico etc.). A P+L maximiza o uso de ener-
gia e materiais no processo produtivo. Além disso, questiona a necessidade real do produto
e busca formas de atendê-la.
Para o avanço dessa nova forma de ver, é necessário romper com os tradicionais pa-
radigmas de solução única para os problemas ambientais, como a implantação de trata-
mentos fim-de-tubo, aterros sanitários para resíduos sólidos e estações de tratamento de
efluentes para tratamento dos esgotos sanitários, adotando-se procedimentos que evitem
a geração de resíduos, combate ao desperdício, modificação no processo de produção,
com a finalidade de gerar menos poluentes e provocar menor impacto ambiental.
No Quadro 2 é apresentado um comparativo entre o enfoque convencional e os
princípios/conceitos da P+L.

Ponto de Tecnologia convencional P+L


comparação
• Aceitação do inevitável • Procedimentos que evitem a geração de
• Lançamento de poluen- resíduos
tes no meio ambiente • Eliminação da poluição a montante dos
Enfoque/visão • Tratamento, disposição processos
final (tratamento fim- • Prevenção da poluição ao invés do trata-
-de-tubo) mento e transporte para o destino
• Controle de emissões na fonte

• Adequação das emis- • Modificação nos processos de produção


sões aos padrões exigi- visando a menor geração de poluentes
Controle dos • Eliminação de processos e materiais po-
ambiental • Tratamento (filtros, equi- tencialmente tóxicos
pamentos de controle,
estocagem de resíduos
etc.)
• Pensado depois do de- • Parte integral do design do produto e en-
Proteção senvolvimento de pro- genharia dos processos
ambiental dutos e processos • Tarefa de todos
• Assunto restrito a espe-
cialistas competentes
Quadro 2: Comparação tecnologia convencional e P+L.
Fonte: Elaborado pelo Autor (2020)

30
A intensa competição global e um ambiente de negócios em rápida mudança enco-
rajaram as empresas a buscar novas maneiras de obter vantagem competitiva. Além disso,
para minimizar os impactos ao meio ambiente, muitas empresas mudaram seus proces-
sos produtivos, o que possibilitou a pesquisa sobre uma produção mais limpa.

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Muitas empresas têm conseguido implantar de forma efetiva os conceitos da
P+L. Por exemplo, a Coca-Cola Company possui uma série de iniciativas visando a
substituição das suas embalagens convencionais por embalagens recicláveis pro-
venientes de matérias-primas renováveis. Para saber mais, acesse as iniciativas
da companhia. Disponível em: https://bit.ly/3xmRfVN. Acesso: 19 mar 2021.

Os conceitos e práticas relacionados à P+L têm ajudado o setor industrial a empe-


nhar-se na concretização dos objetivos do desenvolvimento sustentável definindo pro-
cedimentos e desenvolvendo os meios para a implementação desses procedimentos. A
aplicação da P+L pode ajudar os líderes a avaliar abordagens alternativas para reduzir de
forma mais eficaz os impactos negativos da indústria sobre o meio ambiente e a saúde
humana e para acelerar a transição para sociedades verdadeiramente justas e sustentáveis
(OLIVEIRA NETO et al., 2016).
Os tópicos de P+L mais pesquisados no Brasil são gestão ambiental, desenvolvimen-
to sustentável, energia, educação ambiental e gestão de resíduos. Esses problemas têm
sinergia de implantação e, portanto, são os mais usados em diversos casos. Por exemplo,
uma organização brasileira (indústria, empresa etc.) que decide implementar a P+L precisa
treinar os envolvidos na educação ambiental, especialmente se eles adotarem um sistema
de gestão ambiental com foco na minimização de energia, água e resíduos. Portanto, a
implementação da educação ambiental dentro das organizações é um instrumento que
potencializa o desenvolvimento sustentável (OLIVEIRA NETO; SHIBAO; GODINHO FILHO,
2016).

GLOSSÁRIO
Sinergia é a cooperação e/ou inter-relação entre áreas, departamentos, organizações ou in-
divíduos. Sinergia pode representar o trabalho em conjunto para atingir um determinado ob-
jetivo. No contexto da preservação ambiental é necessário haver sinergia entre as diferentes
áreas, para que a ação conjunta resulte no sucesso das ações propostas.

Oliveira Neto, Shibao e Godinho Filho (2016) destacam que a adoção da P+L por em-
presas brasileiras tem maior assimetria com a educação ambiental, sistemas de gestão
ambiental e ISO 14001, que visa principalmente à redução da gestão de energia, água e
efluentes e resíduos sólidos. No entanto, existem poucas pesquisas sobre energias renová-
veis e responsabilidade ambiental, mostrando que existem oportunidades de pesquisas e
contribuições para o desenvolvimento sustentável que podem e precisam ser exploradas.

3.3.2 Avaliação do ciclo de vida (ACV)

31
Absolutamente tudo o que é criado passa por uma série de estágios do ciclo de vida,
desde a extração da(s) matéria-prima(s) para produção dos produtos até o fim de sua vida
útil e descarte. O processo científico de entender quais impactos ocorrem como resultado
dos materiais que se movem em nossa economia é chamado de Avaliação do Ciclo de Vida
(ACV) (ou Análise do Ciclo de Vida) (BRAGA et al., 2005). A ISO 14040 define como etapas da
ACV a definição do escopo e objetivos, análise do inventário de ciclo de vida, avaliação dos
impactos e interpretação dos resultados.
A ACV é um processo complexo e profundamente detalhado de decompor todas as
entradas necessárias para fazer algo existir e observar as saídas que ocorrem como resul-
tado. Esses fluxos são medidos em relação a muitas (mais de 90) categorias de impacto
diferentes que estão ligadas à saúde do ecossistema, desde as óbvias (como emissões de
gases poluentes e potencial de aquecimento global) até as menos conhecidas (como eu-
trofização de cursos d’água, toxicidade humana e potencial de destruição da camada de
ozônio).

GLOSSÁRIO
Eutrofização é o processo que ocorre quando um corpo receptor (rios, lagos, lagoas etc.) está
com excesso de nutrientes básicos (nitrogênio e fósforo). Esse processo se aplica ao processo
de enriquecimento mássico e contínuo de nutrientes causando o desenvolvimento de plantas
aquáticas que alteram o equilíbrio biológico do corpo hídrico receptor.

De acordo com Braga et al. (2005), os cientistas, designers e engenheiros ajudaram


a transformar a comunidade do ciclo de vida em um próspero banco de conhecimentos
de relações de causa e efeito entre os sistemas industriais e o meio ambiente. Em resu-
mo, portanto, o objetivo do mapeamento do ciclo de vida é obter uma compreensão mais
abrangente de toda a vida útil do produto e, em seguida, usar essas informações para com-
parar diferentes entregas funcionais para alterações de design que resultam em produtos
mais eficazes que consideraram os impactos do ciclo de vida completo.

3.4 PREVENÇÃO DA POLUIÇÃO


O conceito de prevenção da poluição é baseado na adoção de medidas que reduzam
o impacto ambiental ou quantidade de poluentes antes das etapas de reciclagem, trata-
mento e disposição final. Uma abordagem baseada na prevenção da poluição pode ser
atingida através da adoção dos conceitos vistos anteriormente, isto é, P+L ou ACV – exem-
plificando: modificação de processos, análise do ciclo de vida dos produtos, substituição de
matérias-primas, programas educacionais etc. Com a introdução do conceito de preven-
ção da poluição, deve-se considerar a hierarquia de gestão ambiental ilustrada na Figura
3.

32
Figura 3: Hierarquia a ser adotada no contexto de prevenção da poluição
Fonte: Adaptado de Braga et al., (2005)

FIQUE ATENTO
Geralmente, o reuso e a reciclagem são erroneamente identificados como processos idênti-
cos. Lembre-se que o reuso é um processo de aproveitamento dos materiais ou bens descar-
tados sem a alteração física, química ou biológica desses materiais. Por outro lado, a recicla-
gem envolve a alteração das propriedades físico-químicas ou biológicas dos materiais com a
finalidade de produzir novos produtos iguais ou diferentes dos materiais originais.

Neste contexto, a educação ambiental assume papel de destaque. Os programas


educacionais devem ser implementados visando a conscientização dos indivíduos. A me-
lhor solução para reduzir a poluição em áreas urbanas, por exemplo, é evitar a emissão de
poluentes para o meio urbano. Uma das formas de prevenir a emissão de poluentes é ofe-
recer programas educacionais para os cidadãos. Elucidando os cidadãos quanto aos pro-
blemas relacionados à poluição, orientando quanto às estratégias para a mitigação desses
problemas e mostrando os benefícios da prevenção, são formas efetivas e consolidadas de
prevenir a poluição ambiental.

33
FIXANDO O CONTEÚDO
1. (ENADE, 2013 – Adaptado) Com o intuito de aprimorar o seu SGA, uma indústria de
bebidas iniciou um programa de P+L, que estabeleceu a seguinte ordem de prioridade
para a gestão dos resíduos: eliminação – redução – reaproveitamento – tratamento –
disposição final. Qual seria a melhor proposta para gestão dos resíduos de embalagens
(papel/papelão) que são gerados nessa indústria?

a) Incineração com recuperação de energia.


b) A doação para empresas recicladoras.
c) A substituição das embalagens de papel/papelão por embalagens retornáveis.
d) A destinação em aterros sanitários.
e) A queima das embalagens descartadas a céu aberto.

2. Os sistemas de gestão ambiental consistem em uma série de procedimentos


sistematizados visando conciliar a administração dos empreendimentos econômicos em
consonância a preservação do meio ambiente. A partir dos conceitos estudados no livro
texto, assinale a alternativa que apresenta quatro componentes em sequência durante a
operação de um sistema de gestão ambiental eficiente.

a) Implantação, revisão, correção, gestão.


b) Operação, verificação, revisão, implantação.
c) Implantação, operação, verificação, correção.
d) Operação, gestão, organização, consolidação.
e) Operação, consolidação, correção, revisão.

3. A P+L entra no processo produtivo industrial com a finalidade de atender as demandas


de produção de forma sustentável, isto é, por meio do uso eficiente de materiais e energia.
Assinale a alternativa que apresenta uma abordagem de P+L no contexto do exercício das
atividades industriais.

a) Incineração dos resíduos sólidos perigosos.


b) Contratação de especialistas em normas ambientais.
c) Tratamento dos efluentes líquidos.
d) Controle de emissões na fonte geradora.
e) Utilização de filtros para remoção de gases poluentes.

4. Considerando os conceitos de P+L e a abordagem convencional adotada na economia


tradicional, relacione os tópicos abaixo e assinale a sequência correta.

1) convencional
2) P+L

( ) Eliminação de materiais tóxicos.


( ) Compostagem de resíduos orgânicos.
( ) Procedimentos para não geração de resíduos.

34
( ) Controle de emissões na fonte geradora.

a) 2, 1, 1, 1.
b) 2, 1, 2, 1.
c) 1, 1, 2, 2.
d) 1, 2, 1, 1.
e) 2, 1, 2, 2.

5. Uma das iniciativas direcionadas a adoção de práticas sustentáveis pelas organizações é


a realização da Análise do Ciclo de Vida (ACV) dos produtos. Na ACV tem-se:

a) a descrição dos impactos de consumo do produto a partir da sua compra pelos


consumidores.
b) o aumento dos custos operacionais dos processos industriais.
c) a avaliação de tecnologias para tratamento dos produtos descartados.
d) a interpretação dos impactos ambientais do produto desde a extração das matérias-
primas até sua disposição final.
e) a compra de matérias-primas renováveis para mitigar os impactos ambientais do
consumo dos produtos fabricados.

6. Os conceitos de prevenção da poluição pontuam que a poluição deve ser evitada ou


reduzida antes mesmo de ser originada. Considerando os conteúdos estudados nesta
unidade, assinale a hierarquia de gestão ambiental que deve ser adotada dentro do
contexto da prevenção da poluição.

a) Reuso, reciclagem, tratamento e disposição final.


b) Reciclagem, tratamento, reuso e disposição final.
c) Tratamento, disposição final, reuso e reciclagem.
d) Reciclagem, tratamento, reuso e disposição final.
e) Disposição final, tratamento, reciclagem e reuso.

7. Os impactos ambientais decorrentes das atividades do Homem conduzem à degradação


ambiental e, consequentemente, à perda da capacidade do ambiente suportar vida. No
processo de gestão ambiental podem ser adotadas medidas que visem a prevenção da
geração de poluição. Assinale a alternativa que apresenta duas ferramentas que podem
ser empregadas com essa finalidade.

a) Economia circular e Machine Learning.


b) P+L e ACV.
c) ACV e reciclagem.
d) Tratamento de resíduos e P+L.
e) Reuso e reciclagem.

8. O Sistema Gestão Ambiental (SGA) é um conjunto de medidas sistematizadas que têm


como propósito assegurar a operação das atividades organizacionais de forma conciliada
a preservação e proteção do meio ambiente. A partir dessa informação e considerando os
conteúdos estudados sobre gestão ambiental, analise as afirmativas a seguir e assinale V

35
para a(s) verdadeira(s) e F para a(s) falsa(s).

( ) As normas da Série ISO 14000 tratam dos procedimentos para implantação de um SGA.
( ) O tratamento de resíduos é a prioridade na hierarquia de um SGA.
( ) A educação ambiental é uma das estratégias que podem ser adotadas para implantação
dentro das organizações de um SGA eficiente.
( ) A substituição de matérias-primas e ACV dos produtos é listada como estratégia de um
SGA eficiente.

a) V, F, V, F.
b) F, V, V, V.
c) F, V, F, F.
d) V, F, F, V.
e) V, F, V, V.

36
04
PRÁTICAS EM EDUCAÇÃO UNIDADE
AMBIENTAL

37
4.1 EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA
De acordo com o artigo 9º da Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) (Lei
n. 9.795/1999), entende-se por educação ambiental (EA) na educação escolar aquela desen-
volvida no âmbito dos currículos das instituições de ensino públicas e privadas nas diversas
modalidades do ensino formal, sejam elas: educação básica, educação superior, profissio-
nal e de jovens e adultos (BRASIL, 1999).
Como ressaltado nos capítulos anteriores, cabe lembrar que a EA deve ser desenvol-
vida de forma contínua e permanente nos diversos níveis do ensino formal. Por outro lado,
a Lei n. 9.795/1999 destaca em seu artigo 10, parágrafo 1º que a EA não deve ser obrigato-
riamente implantada como disciplina específica do currículo escola. Frisa-se no artigo 10,
a não obrigatoriedade, visto que os parágrafos 2º e 3º do mesmo artigo aponta condições
específicas para a criação de disciplina específica em cursos de pós-graduação, formação
continuada e especialização (BRASIL, 1999).
Por fim, no que tange à Lei, é estabelecida a obrigatoriedade da dimensão ambien-
tal nos currículos de formação de professores em todos os níveis. Incluindo o recebimento
de formação complementar a fim de cumprir os objetivos da PNEA.
Paralelamente ao que aconteceu na formação de professores em todo o mundo, a
EA também é reconhecida nos currículos escolares de diversos países. Por exemplo, é um
requisito na Noruega e na Suécia que o desenvolvimento sustentável seja incorporado nos
currículos de educação em todos os níveis de escolaridade, bem como na formação de
professores (DAVIS, 2020).
Na China, o 15º Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês avançou no desen-
volvimento sustentável como uma estratégia nacional com a EA incorporada à agenda da
política de macro educação chinesa (DAVIS, 2020).
Na Austrália, a sustentabilidade é uma prioridade do currículo escolar e visa abordar
a capacidade contínua do planeta Terra de manter a vida. É reconhecido que todas as áre-
as de aprendizagem, como Inglês, Ciências, Artes, Saúde e Humanidades, têm o potencial
de contribuir para a prioridade da Sustentabilidade. Dessa forma, a Sustentabilidade está
inserida em cada área de aprendizagem de forma consistente com o conteúdo e a fina-
lidade da área de estudo (DAVIS, 2020). Davis (2020) destaca que a educação formal tem
ampla participação na educação cívica, portanto, é necessária uma participação ativa nas
questões socioambientais que permeiam a vida social nesta etapa da formação cidadã.
Cabe frisar ainda que os espaços de ensino formal são potências que possibilitam
muito mais do que a aprendizagem dos conteúdos formais. Abaixo é apresentada uma
proposta de atividade que pode ser empregada no ambiente escolar a fim de engajar os
alunos e promover a disseminação dos princípios e conceitos norteadores da EA.

4.2 PROPOSTA DE ATIVIDADE: TEMA GERADOR DE DISCUSSÃO –


RESÍDUOS SÓLIDOS
A gestão do “lixo” é um tema norteador no que tange à educação ambiental. A quan-
tidade de resíduos gerados em um país está relacionada à evolução de sua população, ao
nível de crescimento demográfico, industrialização, urbanização e poder de compra e con-
sumo dos habitantes. Como fator agravante, o manejo inadequado dos resíduos sólidos,
desde a geração até a disposição final (por exemplo, em lixões ou em cursos d’água), pode
resultar em riscos ambientais, sociais e econômicos, além de prejuízos à saúde pública.

38
FIQUE ATENTO
Os resíduos sólidos são os materiais ou bens descartados, que resultam de atividades de
origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Os re-
jeitos, comumente chamados de “lixo”, são os resíduos sólidos que, depois de esgotadas to-
das as possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis
e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a disposição final
ambientalmente adequada em aterros sanitários.

No Brasil, em 2018, os números referentes à geração de resíduos sólidos urbanos


(RSU) revelaram um total anual de 79 milhões de toneladas, o que demonstra uma reto-
mada no aumento em cerca de 1% em relação a 2017. Comparativamente aos dados de
2010 (60.868.080 toneladas), verificou-se um crescimento da geração de RSU de 28,6%, o
que demonstra a relevância das questões relacionadas a gestão dos resíduos sólidos (AS-
SOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE LIMPEZA PÚBLICA E RESÍDUOS ESPECIAIS ,
2010; 2019)
Entre os processos utilizados para destinação dos resíduos sólidos, destacam-se: a
reutilização, a triagem e reciclagem, a compostagem, digestão anaeróbia, a incine-
ração com recuperação e reaproveitamento energético, solidificação/inertização, co-
processamento e a disposição em aterros. A definição de uma rota tecnológica para
tratamento dos resíduos sólidos envolve a adoção de políticas públicas pelo Estado e está
atrelada, majoritariamente, a fatores sociais e econômicos de cada país. No Brasil, quase
a totalidade dos resíduos coletados é disposta no solo, seja em aterros sanitários (54,23%),
aterros controlados (11,33%) ou vazadouros a
céu aberto (11,10%) (BANCO NACIONAL DE
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL,
2014). A Figura 4 apresenta duas fotografias
de um aterro sanitário localizado na região
metropolitana do Estado do Rio de Janeiro.

Figura 4: Aterro sanitário localizado na região metropolitana do Rio


de Janeiro
Fonte: Acervo do Autor (2021)

No Brasil, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), Lei nº 12.305, de 2 de agos-


to de 2010, dispõe sobre princípios, objetivos, instrumentos e diretrizes relativas à gestão
integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos. A PNRS instituiu, de fato, um marco
regulatório para os resíduos sólidos, tendo como diretriz basilar a não geração, a redução, a
reciclagem e o tratamento, atribuindo, dessa forma, valor agregado aos resíduos gerados,
e, por fim, a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos. Neste contexto, a re-
ferida lei definiu disposição final ambientalmente adequada como distribuição ordenada
de rejeitos em aterros sanitários, observando normas operacionais específicas de modo a
evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais
adversos (BRASIL, 2010).
Nesse contexto, portanto, a prática de atividades que intensifiquem o debate acerca

39
do correto manejo dos resíduos sólidos é tema que pode desempenhar um papel funda-
mental na difusão dos princípios e conceitos da EA no ambiente escolar.

VAMOS PENSAR?
De que forma o professor poderia engajar os alunos visando a disseminação dos princípios e
conceitos relacionados à educação ambiental?

Proponha aos alunos que realizem entrevistas com a comunidade. Para isso, cons-
trua com a turma um roteiro de investigação com perguntas a serem feitas durante as en-
trevistas (ou utilize o roteiro modelo a seguir). No momento da entrega do roteiro, instrua
os alunos sobre como conduzir a entrevista e sobre a importância de registrar exatamente
as respostas coletadas.
Após a finalização do período de co-
leta das respostas do questionário, os re-
-sultados devem ser debatidos em sala de
aula. Neste momento, além da apresenta-
-ção e discussão dos resultados, é funda-
mental que sejam propostas medidas a
fim de solucionar, ou pelo menos minimi-
zar, a problemática decorrente do manejo
inadequado dos resíduos sólidos. No geral,
observa-se que além do engajamento pro-
movido por meio de uma atividade práti-
ca, o questionário permite que a informa-
ção seja levada para além dos muros da
escola e, por isso, pode ocasionar impac-
tos positivos na magnificação da educa-
ção ambiental não formal – por exemplo,
através dos diálogos e reflexões decorren-
tes do preenchimento do questionário de
pesquisa. No geral, as atividades pedagó-
gicas com foco na EA visam sensibilizar,
Figura 5: Aterro sanitário localizado na região metropolitana do Rio de
conscientizar e mobilizar para o processo
Janeiro Roteiro modelo para atividade sobre resíduos sólidos no con-
texto da promoção de práticas de educação ambiental no ambiente de aplicação dos conceitos e princípios da
escolar. EA.
Fonte: Elaborado pelo Autor (2021)

BUSQUE POR MAIS


Para conhecer outros instrumentos, metodologias e propostas para o desenvolvi-
mento da temática educação ambiental, leia o livro “Reflexões e práticas sobre
educação ambiental” (FONSECA; LIMA, 2020). Disponível: https://bit.ly/3tMCAB5.
Acesso: 19 mar. 2021.

40
4.3 EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA GESTÃO PÚBLICA
A educação ambiental na esfera do Poder Público é fomentada pela PNEA (Lei n.
9.795/1999) na seção III, considerando os pressupostos da educação ambiental não-formal.
Dessa maneira, as ações educativas nos níveis federal, estadual e municipal devem ser ga-
rantidas a fim de sensibilizar a comunidade sobre as questões de preservação da qualida-
de ambiental (BRASIL, 1999). Para isso, são destacados:

• Difusão de informação sobre preservação do meio ambiente nos diversos meios de co-
municação de massa;
• A participação de empresas públicas e privadas no desenvolvimento de programas de
educação ambiental em parceria com a escola, a universidade e as organizações não-
-governamentais;
• A sensibilização da coletividade (comunidade, agricultores e populações tradicionais)
no que tange à proteção das unidades de conservação. Além do incentivo ao ecoturis-
mo.

GLOSSÁRIO
Ecoturismo é o segmento da atividade turística que usa de forma sustentável o patrimônio
cultural e natural em prol da criação de uma consciência ambiental, promovendo o lazer e
bem-estar das populações conjuntamente com a proteção do meio ambiente.

Figura 6: Ecoturismo em passarela de dossel (arvorismo)


Fonte: Disponível em https://bit.ly/3uCL2mf. Acesso: 17 jan. 2021

Cabe destacar que um dos papéis da EA é a formação de agentes públicos que atu-
am na área ambiental como técnicos, gestores e conselheiros de meio ambiente nas esfe-
ras municipal, estadual e federal. Além de fornecer ferramentas que possibilitem a esses
agentes gerir melhor os recursos ambientais de seus territórios, a EA tem, ainda, o papel de
fortalecer uma cultura de maior participação social na gestão pública (INSTITUTO ESTADU-
AL DO AMBIENTE, 2014).

41
BUSQUE POR MAIS
Para saber mais sobre o papel da educação ambiental na gestão pública, leia
o capítulo 5, item 5.2 da publicação do Instituto Estadual do Ambiente (INEA) do
Estado do Rio de Janeiro.
Disponível em: https://bit.ly/3mA9gL1. Acesso: 17 mar. 2021.

4.4 EDUCAÇÃO AMBIENTAL EMPRESARIAL


Os objetivos da educação ambiental permanecem incorporados nos principais do-
cumentos de política global e há uma tendência de direcionar recursos para a educação
baseada na escola (BLAIR, 2008). Com o tempo, empresas tomaram medidas para reduzir
a poluição e práticas de trabalho prejudiciais ao meio ambiente. Uma das diversas ativida-
des da educação ambiental empresarial é direcionada às empresas e às escolas de comér-
cio, indústria e agricultura para que incluam temas relacionados com o desenvolvimento
sustentável em seus programas de ensino e treinamento.
No Brasil, a PNEA (Lei n. 9.795/1999) estabelece através do artigo 3º, V (Capítulo I)
que cabe às empresas promover programas destinados à capacitação dos trabalhadores,
visando à melhoria e ao controle efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como sobre as
repercussões do processo produtivo no meio ambiente (BRASIL, 1999)
Cabe ressaltar que as primeiras abordagens para inspirar práticas ambientalmente
amigáveis envolveram o uso de táticas de choque (por exemplo, desastres ambientais de-
vastadores) para destacar o impacto que a sociedade estava tendo sobre o mundo natural
(REDMOND; WALKER, 2009). No entanto, essa estratégia tem se mostrado relativamente
ineficaz em seu objetivo. Portanto, para obter uma resposta mais adequada, principalmen-
te das empresas, outras intervenções mais diretas estão sendo direcionadas, a saber:

• Campanhas de conscientização;
• Aproveitamento e reuso de águas da chuva;
• Revisão e reforma periódica de vazamentos em banheiros, cozinhas etc.
• Reformas e adequações das instalações da empresa;
• Reestruturação de ambientes visando aproveitamento da luz solar e redução do con-
sumo de energia elétrica.

A educação ambiental pode fazer parte da estratégia de marketing da organização,


agregando valor aos produtos e serviços. A EA quando relacionada com a capacitação re-
cursos humanos das empresas é benéfica para a o conjunto dos empreendimentos. Nesse
sentido, é importante enfatizar que a EA pode ser parte integrante dos projetos visando a
capacitação dos colaboradores, correção de falhas organizacionais, programas de logística
reversa, produção mais limpa, entre outros (KYRIAKOPOULOS; NTANOS; ASONITOU, 2020).
Cabe ressaltar que o processo de potencialização dos conceitos relacionados a EA
dentro das organizações pode ser realizado através da implantação de um Sistema de Ges-
tão Ambiental (SGA), por meio da realização de oficinas e palestras e contratação de pro-
fissionais especializados em práticas pedagógicas educativas. Nesse sentido, o profissional
pedagogo pode encontrar um nicho de trabalho dentro desse mercado.

42
BUSQUE POR MAIS
Para saber mais sobre o papel da educação ambiental nas organizações leia os
capítulos 6 e 15 do livro “Gestão Ambiental” (2011) de Denise Curi.
Disponível em: https://bit.ly/3g1SfZ9. Acesso: 19 mar. 2021.

Tradicionalmente, a educação ambiental tem sido voltada para a comunidade ou


escolas primárias e a pressão governamental para reduzir os danos ambientais tem se con-
centrado nas grandes empresas. Mais recentemente, o papel e a importância das pequenas
empresas e como envolvê-las no debate ambiental estão sob escrutínio. Os pesquisadores
identificaram a educação como um método para aumentar a compreensão do papel dos
gerentes-proprietários de pequenas empresas e o conhecimento das práticas que, quan-
do implementadas, reduzirão os impactos negativos de seus negócios (REDMOND; WA-
LKER, 2009). No Quadro 3 são apresentados os desafios e as vantagens da promoção da
educação ambiental no ambiente empresarial.
Desafios Vantagens
• Estrutural quando há necessidade de • Boa imagem com clientes, fornecedores
modificação das instalações da organi- e sociedade
zação • Redução de acidentes ocupacionais
• Comerciais relacionados à venda de no- • Marketing: melhor posicionamento da
vos produtos e/ou processos marca frente as concorrentes, melhoria
• Institucional: normas internas, filosofia do relacionamento com a comunidade
empresarial, ausência de incentivo finan- adjacente
ceiro, falta de comunicação etc. • Redução de custos decorrente da otimi-
zação de processos, aumento da motiva-
ção de colaboradores, redução de multas
e penalizações por órgãos ambientais
etc.

Quadro 3: Desafios e vantagens da educação ambiental para as empresas.


Fonte: Adaptado Villela Jr. e Demajorovic (2006)

43
FIXANDO O CONTEÚDO
1. No que tange à educação ambiental no ensino formal, a Lei n.9.795/1999 determina que
ela seja garantida em quais níveis do ensino formal?

a) Ensino Médio e Superior, apenas.


b) Ensino Fundamental, apenas.
c) Apenas no Ensino Técnico e Profissionalizante.
d) Ensino Fundamental, Médio e Superior.
e) Ensino Superior, apenas.

2. Considerando os conceitos estudos neste capítulo, leia as sentenças abaixo e assinale


verdadeiro (V) ou falso (F). Em seguida, marque a alternativa que apresenta a sequência
correta.

( ) É limitado ao gestor público a potencialização da educação ambiental nas instituições


públicas e privadas.
( ) As campanhas educativas são instrumentos de promoção da educação ambiental
dentro das organizações.
( ) O incentivo ao ecoturismo é uma prática que pode ser promovida pela gestão pública
visando a promoção da educação ambiental.
( ) Segundo a PNEA (1999), a educação ambiental formal se restringe aquela promovida
nos Ensinos Fundamental e Médio.

a) V, F, V, F.
b) V, V, F, F.
c) V, F, V, V.
d) F, F, V, F.
e) F, V, V, F.

3. As ações educativas em todos os níveis governamentais devem ser garantidas a fim


de sensibilizar a comunidade sobre as questões relacionadas a preservação da qualidade
ambiental. Dito isso, assinale a alternativa que representa uma ação da gestão pública
dedicada a promoção da proteção ambiental.

a) Campanhas informativas nos meios de comunicação de massa.


b) Liberação da caça de animais em áreas de conservação.
c) Incentivo ao turismo depredatório.
d) Afrouxamento do licenciamento de atividades potencialmente poluidoras.
e) Incentivo fiscais aos agricultores visando aumento da produtividade do campo.

4. Enumere a segunda coluna considerando as vantagens e desafios da implantação da


educação ambiental nas organizações. Posteriormente, marque a sequência correta.

1. Desafio
2. Vantagem

44
3. Não se aplica.

( ) Diminuição dos passivos e destaque dos ativos ambientais.


( ) Redução do risco de acidentes ambientais e ocupacionais.
( ) Aumento da competitividade de novos produtos e processos.
( ) Elevação da renda dos colaboradores.

a) 3, 2, 1, 1.
b) 1, 2, 2, 3.
c) 3, 1, 1, 2.
d) 2, 3, 3, 1.
e) 2, 2, 1, 3.

5. A educação ambiental pode trazer inúmeros benefícios para os empreendimentos


econômicos quando essa passa a fazer parte da filosofia da organização. Considerando os
impactos positivos da educação ambiental nas empresas, assinale a alternativa correta.

a) A educação ambiental pode favorecer o descarte adequado dos resíduos nas organizações
empresariais, porém, os custos operacionais da administração tendem a aumentar.
b) O posicionamento da empresa frente a comunidade adjacente é prejudicado devido as
modificações estruturais da organização.
c) A educação ambiental empresarial pode ser promovida através da implementação de
um sistema de gestão ambiental.
d) O marketing da empresa tende a ser comprometido devido o aumento dos custos,
necessários para modificações estruturais da organização.
e) Os impactos positivos da educação ambiental nas grandes empresas tendem a ser
maiores do que aqueles observados em empresas de menor porte.

6. No Brasil, a educação ambiental na esfera do Poder Público é fomentada pela Lei n.


9.795/1999. As atividades definidas por lei a afim de sensibilizar a comunidade para a
preservação da qualidade ambiental incluem:

a) campanhas de sensibilização e parcerias público-privada.


b) subsídios para empresas privadas patrocinarem programas de educação ambiental.
c) incentivo ao turismo predatório e realização de programas educativos em escolas
públicas.
d) realização de grandes eventos sobre educação ambiental e proteção da natureza.
e) fomento à programas de educação ambiental em parceria com universidades e incentivo
ao turismo em unidades de conservação.

7. A gestão dos resíduos sólidos, o tratamento de esgotos domésticos e a qualidade do


ar são temas norteadores no que tange à educação ambiental formal. Considerando as
práticas de educação pedagógica com foco em educação ambiental, assinale a alternativa
que apresenta os objetivos das atividades que podem ser desenvolvidas em sala de aula e
extraclasse.

a) Explicar, sensibilizar e informar.

45
b) Sensibilizar, conscientizar e mobilizar.
c) Informar, conscientizar e mobilizar.
d) Sensibilizar, mobilizar e explicar.
e) Esclarecer, sensibilizar e emocionar.

8. O ecoturismo pode ser caracterizado como uma viagem realizada em meio à na-tureza,
no qual os recursos naturais são a principal forma de atração turística. Considerando os
conceitos estudados neste capítulo, de acordo com a PNEA (1999), o ecoturismo deve ser
fomentado pelo (a)

a) educação formal.
b) escola.
c) administração pública.
d) organizações financeiras.
e) órgãos ambientais.

46
05
UNIDADE
ÉTICA AMBIENTAL

47
5.1 FILOSOFIA E EDUCAÇÃO
A Filosofia, estudo de origem secular, possibilitou a investigação da relação do Ho-
mem com a Natureza no decorrer dos períodos históricos da humanidade. Battestin e Ghi-
ggi (2011) apontam que foram os filósofos Pré-socráticos que iniciaram questionamentos
profundos e filosóficos sobre as propriedades do meio ambiente, não concebendo a sepa-
ração entre Homem e Natureza. A denominação “Filósofos da Natureza” é designada aos
primeiros pensadores gregos, pois foram eles os primeiros a constatar as transformações
que ocorriam no meio em que viviam, ques-tionando o porquê das transformações am-
bientais naturais (BATTESTIN; GHIGGI, 2011).
A educação ambiental (EA) tem um passado rico e variado, com sua filosofia subja-
cente informada por uma série de disciplinas de origem – uma situação que muitas vezes
dá origem à confusão sobre a sua identidade e aplicação. Pergunte a um estudioso quan-
do o termo EA foi usado pela primeira vez e você receberá uma resposta. Pergunte a outro
e provavelmente obterá uma resposta diferente. Ao longo dos anos em que EA fez parte do
vernáculo educacional, observamos a existência de um desacordo sobre o primeiro uso do
termo. No entanto, é consenso que foi no pensamento filosófico que os conceitos e princí-
pios da EA emergiram, seja através do pensamento crítico ou da análise reflexiva.
A EA utiliza uma ampla gama de disciplinas de origem para seu conteúdo. Ciência,
matemática, artes da linguagem, ciências sociais, política e filosofia são apenas uma
parte da mistura. Também se baseia em uma ampla base para sua pedagogia. Como ob-
servado anteriormente, suas raízes históricas podem ser encontradas no estudo da nature-
za, educação para a conservação e educação ao ar livre, mas, no seu melhor, a EA também
se baseia em um poço profundo de boas práticas pedagógicas forjadas no pensamento
filosófico (CARTER; SIMMONS, 2010). Nesse sentido, portanto, mais do que nunca, preci-
samos pensar sobre a problemática da degradação do meio ambiente no âmbito educa-
cional, necessitando de uma investigação filosófica e que faça pensar de forma crítica e
reflexiva.

5.2 TRANSDISCIPLINARIDADE DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL


A interdisciplinaridade, a multidisciplinaridade, a pluridisciplinaridade e a transdisci-
plinaridade ocorrem quando duas ou mais disciplinas científicas trabalham em conjunto
na prossecução de um determinado projeto, sendo os contributos das várias disciplinas
essenciais para revelar e abordar os diferentes aspectos do problema. Cada forma é dife-
rente, relacionada em grande parte ao grau de interatividade entre as disciplinas (SAUVÉ;
BERNARD; SLOAN, 2016). Como discutido nos capítulos anteriores, a EA deve ser incorpo-
rada na educação através da adoção de uma abordagem holística para examinar questões
sociais e econômicas através de uma lente ambiental. Nesse sentido, para tal, o entrelaça-
mento de disciplinas do plano de ensino é peça fundamental.

BUSQUE POR MAIS


Para saber mais sobre as formas de articulação das disciplinas – inter, multi, pluri
e transdisciplinaridade, leia o capítulo 3 do livro “Transdisciplinaridade, criativi-
dade e educação: fundamentos ontológicos e epistemológicos” (2016) de Maria
Cândida Moraes. Disponível em: https://bit.ly/3uGzQ8g. Acesso: 20 mar. 2021.

48
Entre as diferentes formas da malha interdisciplinar, a transdisciplinaridade é talvez a
mais fácil de distinguir. A transdisciplinaridade só se aplica quando as disciplinas se unem
para identificar, construir, apreender e compreender totalmente um objeto específico de
investigação (Figura 7). A transdisciplinaridade é uma perspectiva que vai além das disci-
plinas científicas individuais e até mesmo do objeto da pesquisa, para melhor apreender
seu alcance e consequências. Como tal, a transdisciplinaridade não reconhece quaisquer
fronteiras para o problema estudado e promove uma abordagem holística (SAUVÉ; BER-
NARD; SLOAN, 2016).

Figura 7: Formas de articulação entre as disciplinas


Fonte: Elaborado pelo Autor (2020)

Dessa maneira, evidencia-se que a EA é um processo holístico que através de uma


abordagem transdisciplinar direciona à criação de indivíduos responsáveis que exploram
e identificam questões ambientais de forma crítica e reflexiva. Esse processo envolve o
entrelaçamento das ciências, artes, matemática, filosofia, ciências políticas, entre outras
disciplinas.

5.3 ÉTICA E CONSUMO


Uma das principais consequências dos modelos e padrões de consumo ado-tados
pela sociedade atual é a elevada geração de resíduos, um grande problema ambiental que
vem exigindo, cada vez mais, atenção para a busca de soluções. Essa superprodução pode
ser explicada pelo modelo de desenvolvimento tecnológico e econômico contemporâneo,
que estimula cada vez mais o consumo, tanto em países ricos, assim como em países po-
bres (VILELA-RIBEIRO et al., 2009).

VAMOS PENSAR?
De que forma a educação ambiental poderia fomentar o consumo consciente e minimizar a
supergeração de resíduos?

A preocupação com o meio ambiente em geral e os resíduos em particular resultou


em novas legislações. Inspirados na legislação alemã, a maior parte dos países europeus
vem adotando regras bastante rígidas em relação aos resíduos sólidos. Além disso, com

49
vistas a aprimorar o tratamento dado à questão, a União Europeia vem editando várias
normas referentes a resíduos sólidos. No Brasil, foi aprovada, após 21 anos de tramitação, a
Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos
(PNRS) (BRASIL, 2010). Entre os pilares da nova Lei, encontra-se a responsabilidade com-
partilhada pelo ciclo de vida do produto, que se inspira na responsabilidade pós-consumo
e tem por fundamento o princípio do poluidor-pagador (JURAS, 2012).
A logística reversa (LR) possui estreita relação com o princípio do poluidor-pagador,
o qual imputa o ônus de arcar com os custos do impacto diretamente àquele que utilizou
o recurso natural. A LR é aplicada ao caso dos produtos pós-consumo, cujo princípio recai
sobre toda a cadeia de suprimentos - fabricantes, importadores, distribuidores, comercian-
tes e consumidores finais, afinal todos têm influência nos efeitos ambientais negativos que
os resíduos podem gerar (JURAS, 2012). A PNRS (2010), defini LR como:
Instrumento de desenvolvimento econômico e social ca-
racterizado por um conjunto de ações, procedimentos e
meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos
resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveita-
mento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou
outra destinação final ambientalmente adequada (BRA-
SIL, 2010, Art. 3º, Inciso XII).

Os principais benefícios da implementação da LR na gestão dos resíduos incluem


a geração de renda, formalização de empregos nas áreas de coleta e triagem de resíduos,
inclusão dos catadores, inclusão digital de instituições educacionais e sociais, redução no
impacto ambiental, redução na quantidade de material dispostos em aterros e proteção
ambiental (GUARNIERI; SILVA; LEVINO, 2015).
A LR é um sistema regenerativo no qual a utilização de recursos, resíduos, emissão,
energia são minimizadas e criadas ciclos de utilização/reutilização de materiais e energia.
Isso pode ser atingido por meio do design de longo prazo, manutenção, reparo, reuso, re-
manufatura, reforma e reciclagem. Esse modelo se opõe ao utilizado atualmente, no qual
os produtos são produzidos, consumidos e destinados. Para isso, algumas estratégias po-
dem ser adotadas como o design de produtos para longevidade, que aumentem o tempo
de vida dos equipamentos, e consequentemente altere a estratégia de destinação final. No
entanto, isso pode significar uma redução de vendas para as empresas, que pode ser rever-
tida com a diminuição do custo de matérias-primas e produtivos (BRIDGENS et al., 2017).

Figura 8: Comparação dos conceitos de economia linear e circular


Fonte: Sauvé, Bernard e Sloan et al. (2016).

50
A economia circular (à direita, Figura 8) ocorre em um ciclo em que o planeta de-
sempenha um papel fundamental no fornecimento de recursos naturais e na absorção de
resíduos e poluição. O modelo é válido enquanto a capacidade de carga do planeta não
for ultrapassada. A economia linear (à esquerda, Figura 8) ignora os impactos ambientais
que vêm com o consumo de recursos e o descarte de resíduos, resultando em extração
excessiva de recursos virgens, poluição e geração de resíduos. Como a economia linear
permanece cega para grande parte do ciclo, muitas vezes é ilustrada como uma linha, com
um começo e um fim – da extração ao descarte, onde o potencial de retorno para a Terra é
perdido pela poluição. Em contraste, a economia circular leva em consideração o impacto
do consumo de recursos e do desperdício no meio ambiente. Isso cria circuitos fechados
alternativos onde os recursos estão em movimentos circulares dentro de um sistema de
produção e consumo. O objetivo da economia circular é otimizar o uso de recursos virgens
e reduzir a poluição e o desperdício em cada etapa, na medida do possível e desejável
(SAUVÉ; BERNARD; SLOAN, 2016)
No entanto, apesar de ser um modelo muito vantajoso em questões ambientais, ain-
da muitos desafios precisam ser superados para sua efetiva implementação. Esses desa-
fios permeiam âmbitos tecnológicos que favoreçam a durabilidade dos produtos e sua
manutenção para reuso em detrimento à obsolescência programada ou induzida (BRID-
GENS et al., 2017)

5.4 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E CIDADANIA


As organizações intergovernamentais promovem cada vez mais a educação para a
cidadania global e tópicos relacionados. A educação para a cidadania global ajuda os jovens
a desenvolver as competências essenciais que lhes permitem se envolver ativamente com
o mundo e ajuda a torná-lo um lugar mais justo e sustentável. É uma forma de aprendiza-
gem cívica que envolve a participação ativa dos alunos em projetos que abordem questões
globais de natureza social, política, econômica ou ambiental. A educação para cidadania
contribui na formação ética do indivíduo.

GLOSSÁRIO
Ética – ideia de caráter e modo de agir do ser humano, designando os costumes e o modo de
ser de um indivíduo, ou de um grupo de pessoas.

O objetivo principal da Educação para a Cidadania Global (ECG) é cultivar o respeito


por todos, construir um senso de pertencimento a uma humanidade comum. No âmbito
escolar visa ajudar os alunos a se tornarem cidadãos globais responsáveis e ativos. É uma
forma de aprendizagem cívica que envolve a participação ativa dos alunos em projetos
que abordem questões globais de natureza social, política, econômica e/ou ambiental.
O trabalho da Organização das Nações Unidas para a Educação (UNESCO, do inglês,
United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization) neste campo é orientado
pela Agenda Educação 2030 e Marco de Ação, notadamente a Meta 4.7 dos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS) (ODS 4 sobre Educação), que apela aos países para
garantir que todos os alunos recebam o conhecimento e as habilidades para promover
o desenvolvimento sustentável, incluindo, entre outros, por meio da educação para o de-
senvolvimento sustentável e estilos de vida sustentáveis, direitos humanos, igualdade de

51
gênero, promoção de uma cultura de paz e não-violenta, cidadania global e valorização
da diversidade cultural e da contribuição da cultura para o desenvolvimento sustentável.
Neste contexto, considerando o conteúdo estudado na seção anterior, vale a pena destacar
também a ODS 12 que visa assegurar os padrões de produção e consumo sustentáveis.

FIQUE ATENTO
Os ODS foram estabelecidos pela ONU em 2015 e compõem uma agenda de políticas públi-
cas para orientar a humanidade até 2030. No total, são 17 ODS desdobrados em 169 metas
para guiar o desenvolvimento do Homem.

Apesar do enorme investimento da UNESCO, a EA e a ECG continuam sendo cam-


pos emergentes, lutando para encontrar seus lugares nos currículos escolares obrigatórios.
Embora muitas unidades de ensino e ferramentas didáticas tenham sido desenvolvidas
para abordar a ECG nas escolas, para muitos professores esses tópicos permanecem longe
de serem claros, e seu ensino ainda está cercado de ambiguidade e confusão. Várias razões
para a confusão entre os professores e a resultante lacuna entre o discurso e a prática po-
dem ser encontradas na literatura (CARTER; SIMMONS, 2010).
Cabe destacar que a organização escolar tradicional impede a aprendizagem inter-
disciplinar que pode ser necessária para implementar adequadamente os currículos de
ECG. De fato, introduzir a educação ambiental na escola desafia a concepção, organização
e transmissão dominante do conhecimento. Além disso, as atitudes dos países em rela-
ção às políticas da UNESCO diferem. Enquanto alguns governos promovem ativamente os
princípios da EA e da ECG em nível nacional, outros países (como EUA, Canadá, Austrália
e Alemanha) oferecem às escolas, regiões ou distritos amplos autonomia para decidir se e
como implementar a EA ou ECG em seus currículos.
Por fim, observa-se que a EA tem sido tradicionalmente incorporada às ciências na-
turais, causando complicações adicionais para alguns países e atores educacionais na im-
plementação dos princípios da educação relacio¬nada ao meio ambiente em outras áreas
(CARTER; SIMMONS, 2010). Ademais, Carter e Simmons (2010) destacam que as reformas
nacionais e globais, como No Child Left Behind nos EUA e as transformações curricula-
res relacionadas ao Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) (sigla do inglês,
Programme for International Student Assessment), são inadequadas para a postura multi,
inter e transdisciplinar da educação relacionada ao meio ambiente.

52
FIXANDO O CONTEÚDO
1. A educação ambiental utiliza uma ampla gama de disciplinas para elaboração do seu
conteúdo e para sua fundamentação pedagógica. Em contrapartida, o cerne da EA remonta
o pensamento filosófico que por sua vez estimula o (a)

a) análise crítica e reflexiva.


b) aceitação das transformações naturais.
c) modificação da natureza.
d) recuperação ambiental.
e) idealismo em relação a preservação da natureza.

2. Considerando os conceitos estudos neste capítulo, leia as sentenças abaixo e assinale


verdadeiro (V) ou falso (F). Em seguida, marque a alternativa que apresenta a sequência
correta.

( ) Na multidisciplinaridade existe uma temática comum entre as disciplinas, porém, não


há relação e/ou cooperação entre elas.
( ) A interdisciplinaridade explora de forma coordenada a cooperação e o diálogo entre as
disciplinas.
( ) A transdisciplinaridade envolve a cooperação e o envolvimento entre as disciplinas e
interdisciplinas.
( ) No processo de articulação disciplinar, a transdisciplinaridade é a etapa anterior a
pluridisciplinaridade.

a) V, F, F, V.
b) V, V, F, F.
c) F, F, V, F.
d) F, F, F, V.
e) V, V, V, F.

3. A articulação disciplinar é um processo estratégico que visa reunir as possibilidades


de produção de conhecimento trazido por diferentes áreas. A etapa superior a
interdisciplinaridade que envolve as relações e cooperações totais de um sistema é o (a)

a) pluridisciplinaridade.
b) transdisciplinaridade.
c) multidisciplinaridade.
d) intradisciplinaridade.
e) dualismo disciplinar.

4. A economia circular (EC) refere-se a um modelo de produção e consumo que é


fundamentalmente diferente do modelo de “economia linear” vigente. A EC visa desvincular
a prosperidade do consumo de recursos, ou seja, como podemos consumir bens e serviços
e ainda não depender da extração de recursos virgens e, assim, garantir circuitos fechados
que evitarão a eventual disposição dos bens consumidos em aterros sanitários.

53
Considerando os conceitos estudados neste capítulo do livro-texto sobre ética e consumo,
assinale a alternativa que representa um mecanismo capaz de efetivamente promover a
EC.

a) Disposição final adequada.


b) Licenciamento ambiental.
c) Logística reversa.
d) Reutilização.
e) Termo de ajustamento de conduta.

5. Enumere a segunda coluna considerando as diferentes perspectivas da economia linear


e da economia circular. Posteriormente, marque a sequência correta.

1. Economia linear
2. Economia circular

( ) Soluções final-de-tubo: tratamento dos resíduos e disposição final dos rejeitos.


( ) Responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos.
( ) Otimização da utilização dos recursos virgens e minimização do desperdício.
( ) Extração de insumos virgens para maximização da produção de bens de consumo.

a) 1, 2, 2, 2.
b) 1, 2, 2, 1.
c) 1, 1, 1, 2.
d) 2, 2, 1, 1.
e) 2, 1, 2, 1.

6. (NC-UFPR-2014 – Técnico Judiciário, Adaptado) A ética no consumo dos bens de


produção envolve a adoção de práticas individuais que contribua para minimização da
geração de resíduos. Nesse sentido, destaca-se que a responsabilidade individual deve ser
portadora de princípios e não de interesses particulares. Assinale a alternativa que indica
uma postura ética e cidadã no cotidiano.

a) Exigir a nota fiscal durante a compra de todos os bens e serviços.


b) Ceder o lugar a gestantes e idosos quando sentado em assento preferencial.
c) Realizar de forma devida anualmente a declaração do imposto de renda.
d) Reduzir o consumo de água e energia em períodos de racionamento.
e)Boicotar grandes marcas devido aos preços atribuídos aos produtos e serviços.

7. Os ODS estabelecem metas para orientar políticas públicas e guiar a humanidade no seu
desenvolvimento até 2030. Assinale a ODS que apela aos países para garantir que todos
os alunos recebam o conhecimento e as habilidades para promover o desenvolvimento
sustentável.

a) ODS 12
b) ODS 13

54
c) ODS 5
d) ODS 4
e) ODS 10

8. Introduzir a educação ambiental na escola desafia a concepção, organização e transmissão


dominante do conhecimento. Considerando os conteúdos estudos nesta unidade, assinale
a alternativa que apresenta um dos entraves para a efetiva inserção da educação voltada
ao meio ambiente nas matrizes curriculares.

a) Falta de vontade dos docentes e discentes.


b) Carência de investimentos públicos na promoção da educação para o meio ambiente.
c) Excesso de clareza em relação aos princípios da educação para cidadania global.
d) Restrição dos conceitos da educação ambiental em áreas específicas do ensino.
e) Ausência de atores e organizações mundiais para fomentar a temática educação
ambiental nas escolas.

55
06
DESAFIOS, PESQUISA E UNIDADE
PERSPECTIVA FUTURA

56
6.1 DESAFIOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Ao entrar em um novo século e milênio, os educadores ambientais devem desen-
volver novos conhecimentos e técnicas que atendam às demandas de um cenário social e
tecnológico em constante evolução, garantindo que a educação ambiental (EA) permane-
ça relevante para as necessidades e interesses da comunidade.
Os principais desafios da EA incluem: 1) barreiras encontradas por professores e
estudantes no processo de ensino-aprendizagem; 2) Ausência de políticas públicas; 3)
mudanças na demografia e experiência dos indivíduos; 4) integração eficaz de novas
fontes de informação com oportunidades de aprendizagem experiencial, fomentando
a comunicação eficaz sobre questões ambientais ao público e; 5) Prevenção da “psico-
logia do desespero” (HUDSON, 2001; RAHMAN et al., 2018; RICKINSON; LUNDHOLM, 2008).
O quinto desafio revela-se interessante uma vez que aprender sobre o meio am-
biente geralmente significa aprender mais sobre o que fizemos com o meio ambiente,
em vez do que fizemos para cuidar dele. Embora a educação ambiental certamente exija
aprender sobre a resiliência da natureza, é o catálogo de danos que parecerá mais eviden-
te para educadores e alunos. O perigo é que esse catálogo de danos contribua para uma
psicologia do desespero – uma perda de esperança para o futuro e uma sensação de que
nós, como indivíduos, não podemos fazer a diferença (HUDSON, 2001).
Em relação às barreiras do processo ensino-aprendizagem da EA, Rahman et al. (2018)
identificou os desafios encontrados por professores no ensino e aprendizagem de educa-
ção ambiental e as soluções propostas para cultivar mudanças comportamentais positivas
entre alunos indígenas. De acordo com os autores, os professores foram desafiados por
limitações de tempo, elevada carga de trabalho, recursos de ensino insuficientes, indis-
ponibilidade de recursos didáticos e a falta de apoio dos administradores da escola. Em
contrapartida, os desafios dos alunos indígenas vêm de sua falta de consciência ambiental,
problemas de higiene, baixa auto-
confiança e problemas de aprendi-
zagem. Desafios semelhantes se es-
tendem à discentes de áreas rurais e
urbanas (RICKINSON; LUNDHOLM,
2008) (Figura 9).

Figura 8: Desafios de aprendizagem vivenciados por


alunos em cursos sobre EA
Fonte: Adaptado de Rickinson e Lundholm

BUSQUE POR MAIS


Para saber mais sobre os desafios da EA no Brasil, leia o capítulo 3 do livro “Edu-
cação ambiental no Brasil: Formação, identidades e desafios” de Gustavo Ferreira
Lima (LIMA, 2015). Disponível em: https://bit.ly/3nera6o. Acesso em: 21 mar. 2021

57
Esses desafios para a educação ambiental exigem que reexaminemos a maneira
como fazemos pesquisas e treinamos profissionais e educadores, bem como a forma como
comunicamos informações ambientais ao público em geral. Os desafios precisam ser re-
solvidos de forma a garantir a eficácia da educação ambiental em termos de mudança
de comportamentos da geração mais jovem em relação a um comportamento ambiental
responsável. Hudson (2001) destaca que a educação ambiental é uma parte importante
da solução dos problemas ambientais, deve estar em contato com as necessidades e in-
teresses da comunidade e se adaptar constantemente ao cenário social e tecnológico em
constante mudança.
A maneira como planejamos hoje a educação pública sobre o meio ambiente terá
efeitos drásticos na qualidade de vida futura. Uma educação ambiental eficaz e significati-
va é um desafio que devemos levar a sério se nós e as gerações futuras quisermos desfru-
tar dos benefícios do patrimônio natural existente (SAUVÉ; BERNARD; SLOAN, 2016).
Alguns administradores e legisladores ainda percebem a EA como uma atividade
opcional de enriquecimento, dispensável em tempos de crise fiscal. Programas precisam
ser iniciados e avaliados para construir o apoio entre os líderes comunitários e pais para
incluir as crianças no planejamento da comunidade e para criar oportunidades de apren-
dizagem ambiental formal, não-formal e informal (SILVA; SANTANA, 2018).

6.2 PERSPECTIVAS PEDAGÓGICAS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL


A educação ambiental oferece a oportunidade de introduzir não apenas novos as-
suntos científicos, mas também novas e úteis habilidades sociais e cognitivas. Os educa-
dores ambientais e científicos são desafiados a responder às novas dimensões intelectuais
e morais da educação conforme se aplicam às pessoas e ao meio ambiente (2002). A EA
oferece uma oportunidade de trazer questões sociais e científicas modernas e desafiado-
ras para a sala de aula através de inovadoras práticas pedagógicas, que atualmente são
prejudicadas pelos currículos de ciências compactos e conservadores em muitos países ao
redor do mundo (RAHMAN et al., 2018).

GLOSSÁRIO
Práticas pedagógicas se refere a algo além da prática didática e envolve as circunstâncias
da formação, os espaços-tempos escolares, as opções da organização do trabalho docente, as
parcerias e expectativas do docente (FRANCO, 2016).

Adotando uma abordagem mais focada no professor, observa-se que os educadores


ambientais há muito argumentam que as noções modernistas de escolaridade e currícu-
lo, que são organizadas como disciplinas, são inadequadas para aprender sobre questões
sociais e ambientais complicadas e interdisciplinares (LIMA, 2015). Dentro da perspectiva
pedagógica, há uma série de questões desafiadoras (DILLON; SCOTT, 2002):

• Quais são os critérios que os professores devem usar para tomar suas decisões curricu-
lares?
• Como podemos criar condições para que os professores discutam suas teorias tanto em
termos de compreensões cognitivas quanto efetivas, estéticas e pessoais?
• Quão interessados estão os professores em descobrir suas preocupações e compromis-
sos inconscientes?

58
O desenvolvimento profissional que inclui valores pessoais, sociais e ambientais
pode situar a aprendizagem em uma ampla gama de contextos curriculares onde as ques-
tões podem ser exploradas criticamente do ponto de vista ético e científico (BATTESTIN;
GHIGGI, 2011). Portanto, outro caminho possível para a pesquisa seria examinar como o
desenvolvimento profissional do professor pode levar à construção de conexões entre o
conhecimento moral e científico e os julgamentos éticos dos professores.

VAMOS PENSAR?
Quais questões desafiadoras podem ser trazidas pelos professores para fomentar o ensino dos
princípios e conceitos da educação ambiental?

6.3 PESQUISAS EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL


Um dos maiores desafios da educação em geral é produzir resultados mensuráveis.
Infelizmente, atingir esse objetivo não é fácil nem desprovido da política de testes e dos
debates filosóficos intermináveis sobre o que constitui aumentos marcantes no aprendiza-
do e no conhecimento. A EA, embora não esteja isenta dessas questões, oferece algumas
oportunidades estimulantes para aprimorar o aprendizado, aprimorar as habilidades de
observação e resolução de problemas e produzir resultados mensuráveis (HUDSON, 2001).
Do ponto de vista dos desafios discutidos na seção anterior, surgem oportunidades
de pesquisa a fim de superar os obstáculos existentes. Algumas das potencialidades de
pesquisa foram destacadas por Lima (LIMA, 2015), a saber:

• Superação da fragilidade teórico-conceitual da EA;


• Reduzir a escassez de avaliações;
• Promover a inserção da EA nas escolas formais;
• Aprofundamento do diálogo com a comunidade;
• Aumentar a internalização dos conflitos socioambientais.

FIQUE ATENTO
Conflitos socioambientais podem ser definidos como impasses resultantes do conflito de in-
teresses de um indivíduo ou da comunidade com as necessidades de preservação dos recur-
sos naturais. Geralmente, conflitos de interesses relacionados ao uso dos recursos naturais e
preservação (ou conservação).

De forma mais contundente, dadas as observações anteriores e o contexto global


das questões ambientais, as recomendações para o futuro aplicam-se a três áreas: planeja-
mento da pesquisa, avaliação e divulgação dos resultados. No Quadro 4 são apresentadas
as principais perspectivas dentro das três áreas prioritárias.

59
Área Perspectiva
1.
À medida que a discussão global continua a respeito da definição e im-
plementação do desenvolvimento sustentável, o estabelecimento de
metas para a EA precisa acompanhar o ritmo.
2. Uma meta educacional crítica deve ser desenvolver a capacidade dos
jovens de resolver problemas por meio do diálogo e do consenso.
Planejamento 3. De acordo com esse espírito de diálogo, as crianças devem ser parte
integrante do planejamento do programa e da avaliação. A pesquisa
também deve refletir a discussão participativa sobre meios e fins; e as
crianças devem contribuir para definir os motivos, interesses, preocu-
pações e experiências em que os programas bem-sucedidos devem se
basear.
4. Os currículos escolares e os programas não formais precisam ser avalia-
dos de forma mais consistente e eficaz do que no passado.
5. Diferentes formas de aprendizado informal em casa e na comunidade
precisam ser identificadas e avaliadas.
6. Programas precisam ser iniciados e avaliados para construir o apoio
Avaliação entre os líderes comunitários e pais para incluir as crianças no plane-
jamento da comunidade e para criar oportunidades de aprendizagem
ambiental informal.
7. Como as crianças interpretam as mensagens "verdes" da indústria de
brinquedos e computadores e da mídia de massa, e seus efeitos sobre
as atitudes e o comportamento, é uma área importante para estudo.
8. As informações sobre as características e benefícios de programas
Divulgação bem-sucedidos precisam ser coordenadas e promovidas. Informações
sobre abordagens malsucedidas também precisam ser compartilha-
das para orientar a melhoria do programa.

Quadro 4: Principais perspectivas para pesquisa dentro do tema EA


Fonte: Adaptado de Lima (2015)

60
FIXANDO O CONTEÚDO
1. Embora grandes avanços tenham sido feitos na proteção do patrimônio natural terrestre, o
crescimento populacional e o uso industrial continuarão a representar desafios significativos
para a proteção dos recursos ambientais. Neste contexto, a educação ambiental (EA) pode
desempenhar um papel decisivo. Considerando o conteúdo estudado nesta unidade,
assinale a alternativa que representa um dos desafios da EA para equacionar os múltiplos
desafios existentes.

a) Manter-se relevante para as necessidades e interesses da sociedade.


b) Atender os interesses do capital estrangeiro.
c) Fomentar o crescimento do consumo de bens e serviços.
d) Superar as barreiras comunicativas impostas pelas grandes indústrias.
e) Vigorar os interesses individuais em prol dos interesses coletivos.

2. A educação ambiental formal é significativa para a disseminação dos princípios da


preservação do meio ambiente dentro das salas de aula. Entretanto, para esse fim, alguns
desafios emergem no processo ensino-aprendizado. Dito isso, assinale a alternativa que
representa um desafio enfrentado pelos alunos no processo de aprendizado de temas
relacionados a educação ambiental.

a) Falta de políticas públicas e recursos financeiros.


b) Elevada carga de trabalho e limitação de tempo.
c) Resposta emocional diferente em relação aos conteúdos estudados.
d) Uniformidade de pensamento entre docentes, o que dificulta e desestimula o
pensamento crítico do estudante.
e) Excesso de apoio e estímulo para estudar os conteúdos apresentados em sala de aula.

3. Considerando os conteúdos estudados nesta unidade, enumere a segunda coluna


considerando os desafios enfrentados por professores e estudantes no processo ensino-
aprendizado de temas relacionados a educação ambiental. Posteriormente, marque a
sequência correta.

1. Professores
2. Estudantes

( ) Escassez de recursos financeiros e falta de incentivo dos administradores das escolas.


( ) Baixa autoestima e dificuldade de aprendizagem.
( ) Sobrecarga de trabalho e escassez de tempo.
( ) Resposta emocional muito diferente aos conteúdos apresentados em sala de aula.

a) 1, 2, 2, 2.
b) 1, 2, 2, 1.
c) 1, 1, 1, 2.
d) 1, 2, 1, 2.
e) 2, 1, 2, 1.

61
4. A educação ambiental oferece uma oportunidade de trazer questões sociais e científicas
modernas e desafiadoras para a sala de aula, entretanto, os professores enfrentam grandes
desafios para implementação de práticas pedagógicas inovadoras, dentre os quais
destacam-se:

a) matrizes curriculares enrijecidas e conservadoras.


b) pressão da indústria de brinquedos “verdes” para adoção dos seus materiais didáticos.
c) falta de planejamento didático a fim de fomentar práticas docentes mais inovadoras.
d) excesso de burocracia e formalidade.
e) excesso de avaliações dos programas formais de educação.

5. Considerando os conteúdos estudados nesta unidade, assinale a opção que representa


as áreas de pesquisa em educação ambiental consideradas prioritárias.

a) Planejamento, avaliação e divulgação.


b) Avaliação, comando e controle.
c) Planejamento, divulgação e controle educacional.
d) Planejamento, comando e divulgação científica.
e) Instrumentação, comando e planejamento.

6. As práticas pedagógicas que permeiam os temas relacionados a preservação ambiental


ensejam a adoção de atividades inovadoras a fim de abordar temas desafiadores
relacionados a essa temática. Nesse contexto, assinale a alternativa que representa uma
das questões desafiadoras para a educação ambiental.

a) Fomentar o uso racional dos recursos hídricos.


b) Estimular o voto consciente.
c) Promover o saneamento básico em áreas carentes.
d) Prover renda aos trabalhadores informais.
e) Incentivar o descarte de resíduos em córregos e rios.

7. (FUNDEP, 2019 – Adaptado) A educação ambiental compreende os processos por meio


dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, habilidades e conhecimentos
relacionados com a preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável, e deverá
sempre ficar vinculada aos processos de ensino e aprendizagem nas escolas. A partir desse
contexto, assinale a alternativa que representa uma questão desafiadora para o professor
durante esse processo.

a) Decidir o quão motivado os estudantes estarão durante o processo de ensino.


b) Selecionar corretamente os critérios que devem ser adotados na tomada de decisão do
plano curricular.
c) Uniformizar a linha de pensamento entre os alunos, desestimulando o pensamento
crítico e contraditório.
d) Ser capaz de manter os currículos conservadores, bem como desejam os administradores
das escolas.
e) Convergir e uniformizar as linhas de pensamento para não confundir o estudante.

62
8. Dentre as áreas de pesquisa prioritárias relacionadas a temática educação ambiental,
destacam-se a avaliação e divulgação dos resultados. A partir dos conteúdos estudados
nesta unidade, assinale a alternativa que identifica corretamente uma abordagem alinhada
a essa área de pesquisa.

a) Integrar as crianças e jovens no planejamento e avaliação dos programas ambientais.


b) Desenvolvimento de metas educacionais críticas para estimular a capacidade dos jovens
de resolver os problemas por meio do diálogo.
c) Estabelecimento e divulgação das metas estabelecidas para a educação ambiental.
d) Divulgação a comunidade dos resultados de pesquisas em educação ambiental
desenvolvidos somente nas instituições privadas de ensino.
e) Coordenação de programas em educação ambiental e divulgação das informações
sobre abordagens malsucedidas para orientar a melhoria dos programas.

63
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO

UNIDADE 1 UNIDADE 2
QUESTÃO 1 A QUESTÃO 1 A
QUESTÃO 2 A QUESTÃO 2 D
QUESTÃO 3 B QUESTÃO 3 E
QUESTÃO 4 E QUESTÃO 4 E
QUESTÃO 5 C QUESTÃO 5 D
QUESTÃO 6 A QUESTÃO 6 B
QUESTÃO 7 D QUESTÃO 7 C
QUESTÃO 8 A QUESTÃO 8 C

UNIDADE 3 UNIDADE 4
QUESTÃO 1 C QUESTÃO 1 D
QUESTÃO 2 C QUESTÃO 2 E
QUESTÃO 3 D QUESTÃO 3 A
QUESTÃO 4 E QUESTÃO 4 E
QUESTÃO 5 D QUESTÃO 5 C
QUESTÃO 6 A QUESTÃO 6 A
QUESTÃO 7 B QUESTÃO 7 B
QUESTÃO 8 E QUESTÃO 8 C

UNIDADE 5 UNIDADE 6
QUESTÃO 1 A QUESTÃO 1 A
QUESTÃO 2 E QUESTÃO 2 C
QUESTÃO 3 B QUESTÃO 3 D
QUESTÃO 4 C QUESTÃO 4 A
QUESTÃO 5 B QUESTÃO 5 A
QUESTÃO 6 D QUESTÃO 6 A
QUESTÃO 7 D QUESTÃO 7 B
QUESTÃO 8 D QUESTÃO 8 E

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