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Direito Ambiental

Sistema nacional do meio ambiente e os instrumentos da


política nacional do meio ambiente

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Ms. Frederico Guilherme dos Santos Coutinho Favacho

Revisão Textual:
Prof. Ms. Luciano Vieira Francisco
Sistema nacional do meio ambiente e os
instrumentos da política nacional do meio ambiente

Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:


• Introdução ao tema
• Orientações para leitura Obrigatória

Fonte: Thinkstock/Getty Images


O objetivo desta Unidade é:
·· Apresentar o funcionamento do sistema nacional do meio ambiente e seus instrumentos.

Nesta Unidade você conhecerá a política nacional do meio ambiente, instituída pela Lei n.º
6.938, de 31 de agosto de 1981, e verá como a Lei, além de estabelecer conceitos, princípios,
objetivos, instrumentos, mecanismos de aplicação e de formulação, institui o Sistema Nacional
do Meio Ambiente (Sisnama) e dispõe sobre os instrumentos disponíveis para a autoridade
ambiental fazer valer tal política.
Não se esqueça de acessar o link Materiais didáticos, onde encontrará o conteúdo e as
atividades desta Unidade, bem como resolver os exercícios propostos.
Bom estudo!

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Unidade: Sistema nacional do meio ambiente e os instrumentos da política nacional do meio ambiente

Introdução ao tema

Quando a Constituição Federal do Brasil optou por elevar o direito a um meio ambiente
ecologicamente equilibrado e saudável à categoria de preceito constitucional e de direito
fundamental, determinou que ao Poder Público cumpre o dever de zelar pelo qual.
A atuação do Poder Público no cumprimento desse mandamento constitucional, contudo,
não se na forma de uma ação individual de um órgão específico, mas ao contrário, baseia-
se na ideia de responsabilidades compartilhadas entre União, Distrito Federal e município,
além da relação desses com os diversos setores da sociedade.
Esse modelo está traduzido nos dispositivos da Lei n.º 6.938, de 31 de agosto de 1981
– Lei da política nacional do meio ambiente –, cujos objetivos incluem a preservação,
melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar ao País
condições de desenvolvimento socioeconômico sustentável.

Que é a Lei da política nacional do meio ambiente que traz a definição de meio ambiente
para o ordenamento jurídico? A definição é a seguinte: meio ambiente é o conjunto de
condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite,
abriga e rege a vida em todas as suas formas. A Lei ainda traz outras definições, como a
de recursos naturais – recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e
subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera,
a fauna e a flora, além dos conceitos de degradação, poluição e poluidor.

A Lei da política nacional do meio ambiente, além de estabelecer conceitos, princípios,


objetivos, instrumentos, mecanismos de aplicação e de formulação, institui o Sistema
Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), o qual tem a finalidade de estabelecer uma rede
articulada, envolvendo os órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, as fundações instituídas pelo Poder Público que, sob um conjunto próprio
de regras e práticas, é responsável pela proteção e pela melhoria do meio ambiente
e da qualidade ambiental. Entre os órgãos responsáveis pela política nacional do meio
ambiente estão aqueles especialmente criados pela própria Lei: o Conselho Nacional
do Meio Ambiente (Conama) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama).
Contudo, não basta criar órgãos ou definir responsabilidades para aqueles já existentes,
é preciso empoderá-los. Dar a esses órgãos instrumentos que lhes permitam levar adiante
a política nacional do meio ambiente.
Previstos pela Lei n.º 6.938/81, os instrumentos da política nacional do meio ambiente
são aqueles mecanismos utilizados pela administração pública ambiental com o intuito de
atingir os objetivos da política nacional do meio ambiente, assim tripartidos:

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• O primeiro é o dos instrumentos de intervenção ambiental, que são os mecanismos
condicionadores das condutas e atividades relacionadas ao meio ambiente. São
medidas que estabelecem critérios de qualidade ambiental, limites para o impacto
das atividades humanas – como poluição sonora ou do ar, por exemplo;
• O segundo é o dos instrumentos de controle ambiental, que são as medidas de
fiscalização tomadas pelo Poder Público, no sentido de verificar se pessoas públicas ou
particulares se adequaram às normas e padrões de qualidade ambiental estabelecidos
por aqueles primeiros instrumentos;
• Por fim, o terceiro é o dos instrumentos de controle repressivo, que são as medidas
sancionatórias aplicáveis à pessoa física ou jurídica que tenha causado um impacto
negativo no meio ambiente.
Desses instrumentos destacamos a avaliação ou estudo do impacto ambiental e o
licenciamento ambiental.

A avaliação de impacto ambiental é um conjunto de procedimentos técnicos e administrativos


que visam à realização da análise sistemática dos impactos ambientais da instalação ou
operação de uma atividade e suas diversas alternativas, com a finalidade de embasar as
decisões da autoridade ambiental quanto ao licenciamento dessa mesma atividade.
O licenciamento ambiental é o processo administrativo que tramita perante o órgão
ambiental responsável, seja no âmbito federal, estadual ou municipal, e que tem como
objetivo assegurar a qualidade de vida da população por meio de um controle prévio e de
um continuado acompanhamento das atividades humanas potencialmente poluidoras.

O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e seu respectivo Relatório (Rima) correspondem


a um profundo diagnóstico multidisciplinar, eminentemente técnico de um projeto sujeito
a licenciamento ambiental, que tem por objeto de estudo as prováveis modificações
das diversas características socioeconômicas e biofísicas do meio ambiente diretamente
afetadas pelo referido projeto.
O objetivo final do EIA/Rima é dar ao órgão ambiental responsável pelo licenciamento
de um projeto elementos para que possa sopesar os impactos ambientais por trás desse
mesmo projeto e possa, assim, recusar outorgar-lhe a necessária licença, por mais que seja
justificável sob o prisma econômico ou em relação aos interesses imediatos dos envolvidos
diretos. Sua natureza é de pré-procedimento administrativo, sendo este procedimento o
licenciamento ambiental ao qual o EIA/Rima ao final ficará vinculado.
Além de avaliar os impactos, o EIA/Rima pode também definir medidas mitigadoras e/
ou compensatórias pela introdução da atividade potencialmente degradante no caso de
licenciamento do projeto.
Já o licenciamento ambiental em si, consiste em um procedimento administrativo
pelo qual o órgão ambiental competente destinado à outorga, ou não, dá licença para a
localização, instalação, ampliação e operação de empreendimentos e atividades utilizadoras
de recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras.

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Unidade: Sistema nacional do meio ambiente e os instrumentos da política nacional do meio ambiente

A outorga da licença tem natureza de ato administrativo de discricionariedade sui


generis porque, diferentemente da licença administrativa ordinária, não é precária nem é
discricionária, embora também não seja permanente e vinculada como uma autorização
administrativa. De fato, o licenciamento deve estar embasado no EIA/Rima – tanto para
a concessão quanto para a negativa do licenciamento –, mas, também, no princípio da
supremacia do interesse público que pode, ao final do dia, justificar o ato da autoridade
ambiental ainda que em descompasso com o EIA/Rima.

Orientação para leitura Obrigatória

O sistema nacional de meio ambiente é um sistema colegiado que envolve várias esferas
do Poder Público. Para funcionar bem, um colegiado depende da clareza da definição de suas
finalidades e competências.
Para melhor entender a formação do sistema nacional do meio ambiente, seus componentes,
órgãos, poderes e competências, leia o segundo capítulo, do título III, do livro escrito pelo
professor Paulo Affonso Leme Machado, indicado em nossa bibliografia básica.
Nesse capítulo o autor apresenta o conceito de colegialidade nos órgãos ambientais e as
armadilhas dessa forma de construção.
Na sequência, Machado discorre sobre as competências dos organismos colegiados
ambientais brasileiros, seja na esfera federal, seja nas esferas estaduais e municipais,
apresentando o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e o Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Para acessar essa obra, acesse o link a seguir: http://bit.ly/2k5ZN1F

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Material Complementar

O MP explica: licenciamento ambiental. 27 ago. 2013.


https://goo.gl/m3Q3n6

ALTAMIRA e a usina da discórdia.


http://goo.gl/1gy60V

BRASIL. Lei n.º 6.938, de 31 de agosto de 1981.


http://goo.gl/1pKCCH

______. Resolução Conama n.º 1, de 23 de janeiro de 1986.


http://goo.gl/kRBjpU

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Programa nacional de capacitação de


gestores ambientais: licenciamento ambiental. Brasília, DF, 2009.
http://goo.gl/9NJjUr

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. 4ª Secretaria de Controle Externo; INSTITUTO


BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS.
Cartilha de licenciamento ambiental. 2. ed. Brasília, DF, 2007.
http://goo.gl/xSKatM

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Unidade: Sistema nacional do meio ambiente e os instrumentos da política nacional do meio ambiente

Referências

ANTUNES, P. de B. Direito Ambiental. 4. ed. Rio de Janeiro: Lúmen Juris, 2000.

DEON SETTE, M. T. Manual de Direito Ambiental. 2. ed. Curitiba, PR: Juruá, 2013.

MACHADO, P. A. L. Direito Ambiental brasileiro. São Paulo: Malheiros, [20--].

MARCHESAN, A. M. M. et al. Direito Ambiental. Porto Alegre, RS: Verbo Jurídico, 2010.

MILARÉ, E. Direito do ambiente. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004.

SILVA, J. A. da. Direito Ambiental constitucional. 4. ed. São Paulo: Malheiros, 2003.

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Anotações
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