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À Secretaria da
Igreja Adventista do Sétimo Dia - Central
Prezados,
Saúdo a todos os grandes amigos que fiz na Igreja Adventista do Sétimo dia e
escrevo esta carta em conformidade com o conhecimento adquirido em fontes que nunca
antes tive acesso, para solicitar minha desvinculação desta igreja, muito agradecido a Deus
pelo carinho que sempre recebi e certo de que meus trabalhos por anos nesta obra foram
sinceros e sempre tiveram a intenção de aproximar as pessoas de Jesus.
Para isso, relato, a seguir, alguns dos motivos para meu desligamento, a saber o
atual entendimento de que algumas doutrinas distintivas da IASD não são necessariamente
como ela prega quando confrontamos com a leitura bíblica em seu contexto.
Isto será por sinal da aliança entre mim e Um sinal entre mim e vós. 31:13
vós. 17:11
Incircunciso… cortado do povo 17:14 Qualquer que nele fizer alguma obra,(...)
será eliminada do meio do seu povo. 31:14
Servo deve ser circuncidado 17:12 Servo deve guardar o sábado 20:10
Com base nessa perfeita sincronia, devemos então voltar a nos circuncidar, dado
ao fato de que ambos os sinais são de alianças eternas entre Deus e seu povo e que quem
não cumprir a ordenança deve ser eliminado do meio dele?
Pelo que se observa, a bíblia menciona o sábado como SINAL e não como SELO
como é pregado pela IASD, porque, conforme a Bíblia, Paulo diz que o SELO de Deus é
“Depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele
também crido, fostes selados com o Espírito Santo da Promessa” (Efésios 1:13). É
interessante notar que a circuncisão foi abolida, dando a impressão que seria menos
importante que o sábado, mas, na prática, o sábado era menos importante que a circuncisão,
visto que era permitido fazê-la no sábado http://www.youtube.com/watch?v=2vybcc0-QAI
Outro argumento descontextualizado é com relação à fala de Jesus sobre a fuga
não acontecer no sábado, isso é encaixado nas pregações da IASD, de maneira a se pensar
que é referente aos dias finais da história do mundo, contudo historicamente está se
referindo à destruição de Jerusalém no ano 70 D.C. Ele disse, em outras palavras, mais ou
menos assim: “Vocês que não fazem nada nem caminham no sábado, precisam orar para
que não precisem fugir nesse dia…”
A Bíblia fala que a Lei é imperfeita e que fazia parte das cerimônias de um
sacerdócio imperfeito, que era mera sombra do que havia de vir, e que, contudo, quando o
novo sacerdote chegou (Jesus), em havendo a mudança do sacerdócio, a lei precisou
também mudar. Ora, temos um novo sacerdote, Jesus Cristo que ao contrário de todas as
ilustrações da Igreja adventista não é um sacerdote Levita, portanto, temos um sacerdote
perfeito e eterno, numa Lei perfeita numa nova aliança baseada em melhores promessas.
(Hebreus 07:12). E, por fim, com a morte de Jesus a lei não é abolida, mas cumprida, assim
como o testamento passa a valer quando da morte do testador, o testamento se cumpriu
em Jesus.
Considerando toda essa reflexão, quero afirmar que, como Paulo, não tenho nada
contra quem acredita estar fazendo a coisa correta, guardando uma lei ultrapassada, seja por
fé, medo ou a tradição (os dois últimos são mais prováveis para a maioria) que está
conduzindo essa pessoa por esse caminho. O que acho errado é acusar a todos os que têm
argumentos em contrário, mesmo que os argumentos sejam bíblicos e cristocêntricos. O
discurso de que só a IASD tem a verdade me parece desrespeitoso porque a verdade é
encontrada na sola scriptura, o que não é possível para se obter as doutrinas da IASD que
advém de literatura à parte, e excludente porque limita essa verdade apenas aos que fazem
a leitura bíblica com o olhar viciado e condicionado pelo controle que vivenciamos na igreja
adventista.
A ideia de que temos que ser “diferentes por meio de estereótipos” não transmite a
verdadeira essência Cristã e somente nos afasta das pessoas por querermos manter uma
aparência de piedade, nos afasta também de Jesus, o que se torna um ciclo vicioso e
causador da dependência do olhar de quem supostamente sabe mais que nós “o olhar dos
líderes”.
Percebi que é possível tirar mais de uma conclusão sobre determinado tema
bíblico sem que isso seja uma heresia, então eu pergunto: se Deus deixou dessa maneira o
que faz as pessoas terem a certeza de que sua interpretação é a melhor, é a verdadeira?
Seria o número de textos? Ou o pensamento de que existe alguém (um profeta) que
imaginamos saber mais do que nós mesmos e nem questionamos. É isso que acontece
quando confiamos em líderes cegos ou em profetas falsos.
Dizer que precisamos de uma luz menor para conduzir à luz maior é a mesma
coisa do que dizer que precisamos de uma lanterna para encontrar o sol ao meio dia (Pr.
Martinez). Temos toda a verdade de que precisamos na Bíblia e ela claramente se opõem ou
desbanca muitos argumentos fracos e falsos de Ellen White. Precisamos do Espírito Santo.
Acredito hoje que, se Deus deixou a possibilidade de outras interpretações de alguns temas
bíblicos, isso também tem um propósito, e o propósito, na minha opinião, é mensurar
principalmente o respeito e o amor das pessoas e não fomentar o orgulho de afirmar que nós
temos a verdade, palavra que é muito utilizada no meio adventista desde os primórdios.
Com a alcunha de “Portadores da Luz”, de povo escolhido de Deus para levar “a
verdade”, os adeptos do adventismo são imbuídos de um sentimento de superioridade e
impelidos a fazer proselitismo desleal, pois o fazem com as doutrinas que não são bíblicas. O
que prende as pessoas nesse sistema é a teologia do Medo, porque se prega que todas as
outras religiões são Babilônia, e o adventismo é o Remanescente fiel, que se você sair da
igreja fica claro que você é o joio, se não guardar o sábado e não devolver o dízimo segundo
as regras humanamente criadas da IASD, você vai para o inferno, você não vai ser salvo, e
enquanto estiver nesta terra não vai ser abençoado. Creio que a maioria dos que decidem se
batizar, o fazem menos pela fé e mais pelo assédio moral de tal grau e tão impactante que a
constante repetição torna-se uma “verdade”.
Os mórmons acreditam que há uma grande necessidade de um profeta vivo. Mas
a Bíblia não fala sobre isso. E a igreja se assemelha muito a eles nesta necessidade. A
pregação inicial de que a igreja adventista era a igreja verdadeira era porque Ellen White
estava viva naquele período, argumento viciado que caiu por terra e teve de ser abandonado
após sua morte.
A IASD apresenta sua história aos membros desde quando são adolescentes,
contudo, não revela que os fatos são omitidos e alterados para passar a ideia que se
pretende. Ao estudar a história mais a fundo, e com a dose certa de criticidade, vemos que a
igreja sempre propositadamente alterou inclusive os “escritos proféticos” de Ellen White
sempre que erros literários ou doutrinários muito impactantes fossem percebidos.(por isso
tantas edições de um mesmo livro).
Nas reuniões dos líderes mundiais, se tenta adaptar aquilo que já foi regra de fé,
para ficar com aparência de teologia cristã, ou seja, mais parecido com o que as demais
igrejas acreditam. Mesmo que Ellen tenha feito proibição expressa, dezenas de alterações
nos livros de Ellen White já foram feitas para encobrir erros crassos que, no passado,
chegaram a ser seguidos ao pé da letra pelos primeiros líderes. Contudo ainda se vive
intensamente na busca por argumentos para defender a profetisa que trouxe as doutrinas
que faz o movimento adventista ser diferente do cristianismo ortodoxo.
E, para finalizar, lembro e repito que não tenho absolutamente nada contra quem
tem vontade e fé na guarda do sábado. Sigo o exemplo da pregação de Paulo aos Romanos
no período em que se comunicava com três grupos de pessoas, os judeus, seus líderes
(ainda oprimidos pelo fardo que carregavam), e os gentios recém convertidos. Quando
Paulo pregava na igreja, ele não tinha a possibilidade de fazer três cultos: um para os
líderes judeus, um para judeus e outro para gentios, então, ele precisava fazer uma pregação
que atingisse a todos sem transferir os fardos do passado e sem ofender quem vivia na
tradição e costumes judaicos. Logo, fica claro que sua pregação é equilibrada onde ele diz
em Romanos cap 14:2 - 6:
● 02 Porque um crê que de tudo se pode comer, e outro, que é fraco, come legumes.
● 03 O que come não despreze o que não come; e o que não come, não julgue o que
come; porque Deus o recebeu por seu.
● 04 Quem és tu, que julgas o servo alheio? Para seu próprio senhor ele está em pé
ou cai. Mas estará firme, porque poderoso é Deus para o firmar.
● 05 Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um
esteja inteiramente seguro em sua própria mente.
● 06 Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz e o que não faz caso do dia
para o Senhor o não faz. O que come, para o Senhor come, porque dá graças a
Deus; e o que não come, para o Senhor não come, e dá graças a Deus.
Aos Gálatas (4:10 e 11) ele relata sua preocupação com a demasiada importância
que eles estavam dando a certos dias, meses ou anos. E há tantos outros textos que
merecem nossa leitura contextualizada e não viciada, buscando a exegese em detrimento da
eisegese...
São tantas as contradições doutrinárias que sem dúvida daria um livro. É
importante citar, então, que o discurso de que todas as outras igrejas são Babilônia ou Filhas
de Babilônia e que somos os portadores da VERDADE nos impede de pesquisar outros
materiais, nos impede de olhar sem os óculos adventistas. Nos impede até mesmo de
enxergar as coisas tão boas e libertadoras do próprio Evangelho e, por consequência, nos
impede de ter a certeza da salvação.
São tantas as aberrações que preciso dizer claramente meus queridos que não os
perseguirei no grande dia do Senhor como se prega muito na igreja, afirmando que “aqueles
que saem são as piores pessoas do mundo”, mas digo que ao me desligar procuro seguir o
mandamento de Cristo, o único que devemos seguir, o mandamento do amor, porque
ninguém rouba, ninguém mata, ninguém desonra e ainda vai muito, muito além disso e faz o
bem.
Meus amigos, tenho muito respeito por todos aqueles que acreditam sinceramente
e percebem o amor de Deus. Mas demorei quarenta anos para conseguir ver que Rodrigo
Silva, Leandro Quadros, Michelson Borges, entre outros líderes fazem verdadeiros
malabarismos eisegéticos (Interpretação em que os pontos de vista do leitor são
incorporados ao texto) numa enrolação interminável para tentar explicar o inexplicável, tentar
defender o indefensável, se reprovando constantemente naquilo que condenam, uma vez
que misturam verdade com mentira o tempo todo. Não seria isso uma das características de
Babilônia?
Podem até ser pessoas sinceras, mas, como o próprio Jesus mencionou, não
precisamos de líderes cegos. Acredito que eu preciso deixar alguns atavismos para crescer
espiritualmente. E convido a todos aqueles que se sentem sob o mesmo fardo a acreditar
que Deus tem algo diferente e libertador.