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VALENTES
DE GIDEÃO
CONVOCAÇÃO GERAL AOS HOMENS E MULHERES
QUE PARTICIPARÃO DO GRANDE AVIVAMENTO DA
IGREJA EVANGÉLICA NO BRASIL
CAIO FÁBIO *
Abba
1 -| Press
Rua Manguaba, 124 - CEP 04650-020 São Paulo / SP
T e l/F a x (011)246-7046
Os 300 Valentes de Gideão
Rev. Caio Fábio D'Araújo Filho
© Abba Press Editora e
Divulgadora Cultural Ltda.
Categoria: Reflexão Bíblica
Cód. 01.08.101.0794.1
1a Edição Especial
Julho de 1994 .
Transcrição e Estilo
Eduardo Antelmi
Revisão de Texto
VICOM
Beth Fernandes
Cida Paião
Arte / Capa
Cida Paião
Computação Gráfica
Beth Fernandes
Coordenação Editorial
Oswaldo Paião Jr.
Fotolito
MJ Serv. de Composições
Impressão
Imprensa da Fé
É permitida a reprodução de partes
desse livro, desde que citada a fonte
e com a autorização escrita dos editores
Abba
Rua Manguaba, 124
CEP 04650-020 São Paulo - SP
Tel / Fax (011) 246-7046
Conteúdo
C a pítu lo í
Dialética da Construção e
da Desconstrução......................................................05
C a pítu lo 2
Comunidade Multiforme........................................23
C a p ítu lo 3
Avivamento:
Purificação Pessoal e Familiar................................ 33
C a pítu lo 4
Luz, Louvor e Projeto.............................................. 51
C a p ítu lo í
Dialética da Construção
e da Desconstrução
uando lidam os com a história, tem os gran
de dificuldade de com preender a duração
das coisas. Isso acontece com qualquer um
em qualquer época. H á sem pre aqueles que
fazem coisas num a perspectiva quase exis-
__________ tencial, ou seja, m om entânea, instantânea,
na intenção de que o que quer que façam , signifiqu e
apenas a intenção e o calor de um m om ento de vida.
H á outros que vão para um outro extrem o, e
desejam que tudo quanto puserem a mão, possa de
algum a form a du rar para sem pre, ou senão por um
período m ais longo possível.
Quem pensa do prim eiro m odo, quase sem pre
rejeita qualquer coisa parecida com instituição. Q ue-
6 ® Os 300 Valentes de Gideão
rem apenas experim entar o gosto das coisas que b ro
tam através dos espontaneísm os da vid a e que não se
repetem nunca m ais.
Os que querem que as coisas durem para sem
pre, freqüentem ente fazem a opção por perpetuar as
coisas através de um processo de institucionalização
delas m esm as, de tal m odo que a instituição sobreviva
à m orte daqueles que a fizeram acontecer.
Existem coisas, instituições, form as, m odelos
com as quais lidam os todos os dias, e a grande pergun
ta é:
- Será que qualquer dessas instituições, form as,
m odelos, podem ter estados eternos debaixo do sol?
Parece que a afirm ação bíblica feita em E clesiastes nos
deixa claro que a resposta a esta pergunta é um
contundente ndo.
A afirm ação bíblica é que tudo tem um tem po
determ inado na história, e eu e você não tem os que ter
m edo, nem do fato de que as coisas que com eçam os
podem acabar, e algum as delas podem até m esm o
acabar m al, com o tam bém não precisam os de m odo
algum , viverm os a com pulsão de fazer as coisas a fim
de que se tom em perenes. Q ualquer das duas opções
podem ser profundam ente perigosas. A sabedoria da
Palavra de D eus apenas se aproxim a de nós com um a
clareza enorm e e diz:
"D ebaixo do sol não há nada que dure para
sem pre".
A sobrevida das coisas precisa sem pre ser en ten
dida por nós a partir desta perspectiva. Quando olh a
m os por exem plo, para a própria revelação de D eus na
Bíblia, encontram os coisas que ficaram e coisas que já
não são. No livro de G ênesis vem os um hom em santo
casado com duas m ulheres, e na carta a 1 Tim óteo diz
que o presbítero seja m arido de um a só m ulher. N o livro
Dialética da Constmção e da Desconstrução $ 7
de Êxodo, vem os um líder espiritual assum indo as
im plicações am plas pela vida de um povo do ponto de
vista político até a dim ensão espiritual m ais profunda,
provendo para eles de com ida, à fé e consciência ética.
Em nenhum outro m om ento da leitu ra da revelação da
palavra de Deus, nós encontram os alguém sendo le
vantado por Deus para ser provedor sim ultâneo em
todas aquelas áreas a um tem po só.
Quando olham os para a estruturação da com u
nidade de Israel em Gênesis, descobrim os antes de
Israel, o povo hebreu, que existe em função de um a
língua, de um a origem , profundam ente tenro e flu ido
na sua existência. M as aquela existência, que era a pré-
h istória da instituição nacional, não é aquilo que se
encontra para sem pre na Bíblia. Quando se abre o livro
de Juízes, descobre-se que essa fam ília, esse clã, já
virou um a m ultidão de 12 tribos. Quando se abre o livro
de 1 Sam uel, e depois 2 Sam uel, descobre-se que essa
tribo virou um a nação. Quando se abre o Novo T esta
m ento, descobre-se que esta nação, vivendo sob a
opressão e a dom inação h istórica estrangeira tin h a
com eçado 700 anos antes com os assírios, aprendeu
em Babilônia, na volta a Israel no período in ter
testam ental, e depois com os rom anos, a se relacion ar
consigo m esm a e adm inistrar a sua própria existência
debaixo de um poder alienígena que não tem nada a ver
com essa com unidade da fé. Isso fa z com que algum as
coisas m udem em Israel.
A té o tem plo ser destruído p or Nabucodonosor, o
que é que havia em Israel? H avia um país que gravitava,
que orbitava em tom o de um tem plo, em tom o dos
sacerdotes, em to m o dos rituais.
O m inistério dos profetas era um m inistério
subversivo que acontecia na periferia da fé organizada
em Israel. O m inistério dos profetas era o ponto de
8 * Os 300 Valentes de Gideâo
tensão da m isericórdia de D eus entre o sacerdote, cu ja
tendência era a institucionalização radical de tudo, e o
profeta é esse santo subversivo que cham a a com uni
dade para m anter um a fé sem pre viva e aberta ao novo,
que Deus freqüentem ente introduz dentro da com uni
dade. Quando o tem plo é destruído, um a terceira
realidade aparece. Não havendo m ais tem plo, aparece
a sinagoga. Sinagoga não está escrita na Bíblia. Sin a
goga é um a resposta da inteligên cia hum ana a um a
conjuntura. O tem plo fora destruído, o povo estava
agora em Babilônia, lá não havia tem plo, B abilônia não
deixa os ju d eu s construírem grandes m onum entos
para o D eus de Israel. A ú nica coisa que se pode fazer
por lá é arranjar um cantinho em um a sala pequenina,
abrir a Torah e ensinar a palavra para seus filh os e
filhas, para que estes não se tom em pagãos no exílio.
H á então, um a inversão de m entalidade, um processo
inteiram ente novo invade o país e eles se tom am
profundam ente centrados no ensino. Por isso dim inui
a produção litúrgica, escrevem -se m enos salm os. A li
ás, o período m ais fértil de produção dos salm os foi
enquanto o tem plo estava erguido. Sem o tem plo
porém , não há tantos cultos, não há tantas liturgias,
não há tantos corais, não há tantas sanfonas em Israel
para o povo celebrar diante de Deus, não há tanta
festa..., dim inuem os salm os e com eça a se escrever
teologia em cim a dos textos sagrados. A ênfase agora é
didática, no ensino da palavra, e a sinagoga se to m a o
centro da vida. Encontram os no Novo Testam ento
precisam ente esse tipo de estru tu ra e os nossos
presbíteros não são invenção da revelação de Deus.
N ossos presbíteros são m eras adaptações da igreja do
N ovo Testam ento à um a realidade já existente em
Israel. Sinagoga tinha presbítero.
A sinagoga inventou e adaptou-se sobrevivendo
Dialética da Construção e da Desconstrução $ 9
a um a série de form as, m odelos e estruturas que a
igreja posteriorm ente usa e adapta, porque descobre
que elas são profundam ente funcionais. Então, encon
tra-se no N ovo Testam ento a igreja com o um a com uni
dade se adaptando ao m undo. E é por isso que estou
convencido de que é im possível se fazer dogm as em
cim a da eclesiologia do Novo Testam ento, por um a
razão bem sim ples; não existe uma eclesiologia absolu
ta no Novo Testamento. Parece ser essa a razão de haver
tanto conflito. H á igrejas com um a estrutura sim ples,
há igrejas com um a estrutura m édia e há igrejas com
estruturas m ais sofisticadas. Quando se apanha ape
nas um processo, e num a leitu ra por exem plo, do livro
de Atos, atendo-se apenas a um a fatia do todo, a
tendência do sujeito é virar batista, especialm ente se
ler só até o capítulo 7 .0 diácono está com "a b o la toda".
Estêvão e toda aquela m oçada... gente m aravilhosa!
Se a perspectiva a ser lida fo r a presbiteriana, o
indivídu o vai m uito bem até os capítulos 16, 17, 18, 19,
20. Éfeso, M ileto, presbíteros vão ao encontro de Paulo
em M ileto, choram e aquela coisa toda.
Se as cartas de Paulo forem lidas m ais devagar,
com eça-se a perceber um espírito um pouco m ais
diocesano, onde a figu ra do bispo aparece super en ten
dendo sobre um a área um pouquinho m aior. E quando
o sujeito acaba de ler a Bíblia, porque a B íblia acaba,
e com eça a ler a história da Igreja ainda no I sécu lo dá
para notar que se evoluiu ou pouco m ais. Tu do isso
para afirm ar que debaixo do sol não há nada qu e fiqu e
para sem pre. D ebaixo do sol não há nada novo. Só há
um a coisa nova debaixo do sol, e Salom ão não sabia
dessa! Esse é u m privilégio que eu tenho e Salom ão não
teve. E não estou sendo herege, pois foi Jesus quem
disse: "Reis e profetas quiseram ver o que vocês vêem
e não viram , ou vir o que vocês ouviram e não ouviram ".
10 * Os 300 Valentes de Gideão
Jesus deu a Caio Fábio um privilégio que Salom ão não
teve. Se eu fosse escrever Eclesiastes, iria escrever que
só há um a coisa nova debaixo do sol e que o resto
acaba. Que no terceiro dia de sua m orte, em um
dom ingo, há dois m il anos atrás, o fatalism o radical da
m orte foi extinto porque Jesus levantou da tum ba.
Louvado seja o nom e de Jesus!
R essurreição é a única coisa nova debaixo do sol.
O resto é tudo igual.
O que eu estou querendo dizer à luz de Eclesiastes,