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Estudo 43 - Os Tipos de Governo da Igreja

Apesar de a Igreja ser uma assembleia de fiéis onde


quer que esteja e de o Novo
Testamento não definir exatamente a organização da
igreja local, desde o início as
igrejas tiveram um sistema organizado e uma liderança (
At 14.23; 20.17; 21.18; Fp 1.1; Tt 1.5).
Mesmo demonstrando claramente a existência e função
dos líderes na igreja e de
sua organização, a Bíblia não especifica como isso deve
ser nos mínimos detalhes,
fazendo com que diversos tipos de organização
eclesiástica existam atualmente.
Vamos analisar alguns tipos de governo eclesiástico:
1 – GOVERNO MÍNIMO
Trata-se de igrejas lideradas por um pequeno grupo de
presbíteros, que enfatizam os dons espirituais e minimizam
o conceito de membresia. São propensos a um sistema
federalista de governo. Na história encontramos exemplos
como os quacres e os irmãos de Plymouth. É normalmente
o sistema de governo adotado nas atuais “comunidades” e
igrejas
“neopentecostais”.
2 – GOVERNO NACIONAL
É um grupo de igrejas organizadas sob a liderança do
Estado ou limitada às fronteiras de um país. O Estado pode
ou não permitir a existência de outras igrejas no país e sua
influência sobre a igreja estatal varia de Estado para
Estado.
Exemplos são as igrejas Anglicana (Inglaterra) e
Luterana (Alemanha e alguns países escandinavos).
Os argumentos em favor da separação entre igreja e
Estado são:
a) Cristo fez distinção entre eles ( Mt 22.21);
b) Os cristãos têm responsabilidades para com o Estado
( Rm 13.1-7; 1Pe 2.13-17; e Tt 3.1); c) Havendo conflitos
entre o povo de Deus e o Estado, há exemplos bíblicos de
desobediência civil ( Dn 3.6; At 5.29) e resistência pacífica
a fim de evidenciar uma injustiça ( At 16.37);
d) A ausência absoluta do Estado nos processos de
disciplina dentro da igreja ( Mt 18.17; 1Co 5; e 2Ts 3.11-
15).
3 – GOVERNO HIERÁRQUICO
Nesse sistema, o clero que toma as decisões está
dividido em ordens ou classes, cada uma subordinada a seu
superior. Na Igreja Metodista, a hierarquia é menos
absolutista. Na Igreja Episcopal, a hierarquia da autoridade
é mais destacada. Enquanto na Igreja Católica Romana, a
autoridade baseia-se totalmente na hierarquia tendo como
autoridade máxima o papa, a Igreja Anglicana combina
elementos dos governos nacional e hierárquico.
A ideia se baseia na suposta linha ininterrupta de
sucessão dos apóstolos. Entretanto, a Bíblia ensina que os
apóstolos tiveram lugar apenas na “fundação” da igreja ( Ef
2.20), não existindo mais apóstolos hoje, nem sucessão
apostólica.
No NT os oficiais da Igreja são apresentados como
“bispos” e “diáconos” e fica nítido o fato de as palavras
“bispo” e
“presbítero” apontarem para a mesma pessoa. Apenas
no 2º século o bispo surge como um pastor que
supervisiona
outros pastores e igrejas. O Didaquê, manual de
doutrinas da igreja antiga, instruía cada congregação a
escolher seus próprios “bispos” e “diáconos” ( Didaquê 5.1).
4 – GOVERNO FEDERATIVO
O governo federativo ou conciliar se refere a uma
unidade que “entrega sua soberania individual a uma
autoridade central, mas retém poderes residuais de
governo”. Em outras palavras, os membros delegam parte
do seu poder aos líderes. Em relação às igrejas locais
dentro de uma denominação, significa que elas abrem mão
de alguns aspectos da sua autonomia em favor de uma
estrutura. O melhor exemplo desses sistemas de governo é
a Igreja Presbiteriana, além de alguns grupos reformados
que adotam esse sistema. Normalmente envolvem
presbitérios, sínodos e assembleias gerais. Na prática da
igreja local, as igrejas com governo federativo e
congregacional são muito parecidas.
5 – GOVERNO CONGREGACIONAL
Basicamente, no governo congregacional, a autoridade
maior de governo da igreja está sobre os próprios
membros.
Além disso, cada igreja local é autônoma. Portanto, além
de Cristo, não há nenhuma autoridade acima da assembleia
da igreja local formada por seus próprios membros. A
responsabilidade de cada decisão não precisa ser da
assembleia. Ela delega responsabilidades a seus oficiais e
líderes, embora eles possuam apenas um voto nas decisões
da congregação. Apesar da autonomia, as igrejas podem se
unir a fim de cooperarem com um objetivo comum.
Exemplo de igrejas de governo congregacional são as
igrejas Batista e Congregacional.
Os argumentos de apoio para essa visão são:
a) Embora os apóstolos e seus auxiliares exercessem
autoridade sobre mais de uma igreja local, o mesmo não
acontecia com os presbíteros e diáconos. Na inexistência
atual de apóstolos, cada igreja local é autônoma;
b) A igreja inteira recebeu o poder de exercer a disciplina
e não somente os líderes ( Mt 18.17; 1Co 5.4,5; 2Co 2.6,7;
2Ts 3.14,15);
c) A igreja inteira estava envolvida na escolha dos líderes
( At 1.23,26; 6.3,5; 15.22,30; 2Co 8.19); d) Várias
passagens comissionam a igreja toda e não apenas os
líderes ( Mt 28.19,20 [1 ]; 1Co 11.2,20); e) O sacerdócio
de todos os cristãos colabora para o conceito de um
governo democrático e congregacional ( 1Pe 2.5,9).
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[1] Note que, apesar de a ordem ter sido pronunciada
diante dos apóstolos, a menção de que a validade da
promessa de estar com eles é até a “consumação dos
séculos” e que a ordem devia ser cumprida em todo o
mundo, demonstra que a ordem foi dada à igreja em geral.

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