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Escola Teológica Charles Spurgeon - Polo Belém/PA

Análise de 1 Coríntios

Alexsander H.M.O. Brito

Boa Vista – RR

21/04/2020
Como 1Co 11:1-16 se aplica na igreja local

“Quero, porém, que entendam que o cabeça de todo homem é Cristo, e o cabeça da
mulher é o homem, e o cabeça de Cristo é Deus.” (...) “No Senhor, todavia, nem a mulher é
independente do homem, nem o homem independente da mulher. Porque como provém a
mulher do homem, assim também o homem é nascido da mulher, e tudo vem de Deus” 1
Coríntios 11:3, 11-12.

O objetivo deste estudo é fazer uma breve consideração a respeito de como a passagem de 1Co
11:1-16 pode ser aplicado na igreja local. Entrementes, para tanto, será necessário um pequeno escrutínio
sobre sistemas hierárquicos na igreja e de como Deus posiciona homens e mulheres cristãs no ministério.
Para tanto, além de considerar perspectivas histórico-culturais, a Palavra de Deus será a carta magna para
traçar e estabelecer a base de funcionamento e organização da igreja através de uma perspectiva orgânica
do corpo de Cristo.

AUTORIDADE E LIDERANÇA NA IGREJA


Erickson (2015) descreve que as igrejas atuais podem apresentar três sistemas de governo
a forma congregacional de governo de igreja, assim como na presbiteriana, há somente um nivel
de clero. Acredita-se que os títulos de bispo, presbítero/ancião e pastor sejam nomes diferentes para o
mesmo ofício; já se sugeriu que eles designam diferentes funções ou aspectos do ministério 31 É digno de
nota que, quando se dirige aos presbíteros de Efeso (At 20.17), Paulo aconselha: “Portanto, tende cuidado
de vós mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos [LETTIOKOTTOUS],
para pastoreardes (Trotuaíveiv] a igreja de Deus, que ele comprou com o proprio sangue" (v. 28).
Argumenta-se que o uso dos três termos em associação com o mesmo grupo indica equivalência. O único
outro ofício é um cargo laico, o de diácono (lit. “aquele que serve").

Diversos argumentos são propostos para tornar o sistema congregacional a for- ma normativa de
governo de igreja. Nos primeiros dias da igreja, relatados pelo livrode Atos, a igreja como um todo escolheu
pessoas para uma posição e determinou a forma de governo.32 Todos escolheram o sucessor de Judas (At
1) e selecionaram os primeiros diáconos (At 6). Embora não haja afirmação explícita de que toda a igreja
estivesse envolvida na designação de Paulo e Barnabé para a sua obra (At 13.1-3), isso pode ser concluído
com base no fato de que eles apresentaram o seu relatório à igreja toda, quando voltaram a Antioquia (At
14.27). E foi a igreja toda que enviou Paul

No Novo Testamento as cartas de Paulo e Pedro às lideranças deixam claro o papel que os
homens deveriam desempenhar como diáconos (1 Timóteo 3:12,13), bispos e presbíteros (1 Timóteo 3:1-5,
1Pedro 5:1-2). Em 1 Coríntios 11:1-9 e principalmente em 1 Timóteo 2:11-14 1 encontramos uma série de

1
Nas passagens de ! timóteo 2:11-14, assim como em 1Co 11:1-9, os comentários bíblicos Wiersbe, Moody e Shedd concordam ao
afirmar que os ensinamentos paulinos sobre a função das mulheres na assembleia não se aplicam apenas à igreja em Éfeso, mas
são universais. Já o comentário bíblico BEACON (comercializado pela CPAD) discorda da universalidade desses ensinos.
cuidadosas recomendações para que a mulher não exerça liderança sobre o homem e nem exerça
ensinamento doutrinário sobre a igreja.
Em suas cartas, Paulo apresenta diversas razões pelas quais a mulher deve conservar seu lugar
apropriado na igreja. Wiersbe explica vários motivos dentre os quais se destacam: (1) honrar a Cristo, (2)
honrar o marido, (3) concordar com o próprio plano da criação, pois Deus fez a mulher para o homem, (4)
por causa do testemunho diante dos anjos, (5) por que as demais igrejas da época adotavam essa prática.
Por outro lado, também em 1 Timóteo 2, vemos a mulher em posição de vanguarda ao ornar-se
com boas obras (vv. 9-10) e na sua função de mãe, se permanecerem na fé, no amor e na santidade (v. 15).
Além disso, em Tito 2:3-5 é dada à mulher mais idosa a responsabilidade de discipular e treinar a próxima
geração de esposas e mães.

5 NO PRINCÍPIO
Para remover qualquer suspeita de influência cultural Paulo recorre ao princípio de tudo, usando
a própria ordem da criação de Deus (primeiro o homem e depois a mulher) para fundamentar biblicamente
seus ensinamentos de como os cristãos deveriam se portar. Na igreja em Corinto o apóstolo apela para o
princípio de Gênesis em 1Co 11:9, para resolver questões de ordem no culto. Na igreja em Éfeso ele utiliza
o mesmo princípio (em 1Tm 2:11-13) para orientar Timóteo na resolução de problemas relacionados à
autoridade ao ensino doutrinário.

6 FRAGILIDADE
Primeira de Pedro 3:1-7 deixa clara a importância de um comportamento baseado em: (1)
submissão da esposa aos seus próprios maridos, (2) boas obras em Cristo. Pedro sublinha a fragilidade
feminina frente ao homem e a necessidade deste em tratar com respeito e honra as mulheres.

CONCLUSÃO
Novamente, verificamos que Deus concedeu dons e habilidades distintas aos membros de seu
corpo, especialmente entre homens e mulheres, com o intuito de edificar e administrar o Seu eterno
projeto. O papel da mulher, como visto, deve ser desempenhado com muita responsabilidade, dedicação e
diligência, porém, quando ela busca outros papéis, outras funções, que não às suas está tomando sobre si
um fardo que pode ser demasiadamente pesado para se carregar. Logo, as funções de cada parte se
confundem, causando danos a igreja local. Dessa forma, pode ser criado um desequilíbrio espiritual nesse
organismo vivo onde a saúde de um membro pode afetar a saúde do próprio Corpo.
Como sanar o problema? É saudável que tudo e todos estejam debaixo do encabeçamento de
Deus e do Seu Cristo, especialmente no lar (liderado pelo marido) e na igreja (liderada pelos homens (em
especial os líderes)). As orientações bíblicas são claras para que os varões assumam seu papel de liderança
em todas as decisões que envolvam a edificação da casa de Deus. Por isso, todos os ministérios e serviços,
principalmente os que envolvam ensino (ministração da palavra, EBD, conferências, estudos bíblicos para
crianças, jovens, mulheres etc), deveriam ser diretamente liderados, administrados e supervisionados pelos
homens com a participação e envolvimento das mulheres. As mulheres devem ser zelosas na prática das
boas obras que Deus já preparou para elas em todos os ambientes de sua vida, principalmente no lar (igreja
menor) e na assembleia (igreja maior).
Exemplo prático: Em uma conferência para mulheres nada impede que varoas (mestras na
Palavra) ministrem umas as outras, desde que a pregação tenha sido preparada debaixo da supervisão de
um pastor e mestre. No mesmo evento também há serviços de som, de cozinha, de decoração, de
acomodação e de logística. Tais serviços deveriam ser planejados a partir de uma liderança masculina, mas
com o auxílio de irmãs piedosas. A execução desses mesmos serviços seria realizada por homens e
mulheres sob a supervisão de um varão separado para tal função.
Através desse panorama resumido da economia de Deus, nota-se que não há lugar para a
liderança feminina na igreja local, excepcionalmente na esfera das reuniões públicas e em atividades
voltadas ao ensino doutrinário. Isso, além de estar em desacordo com a administração divina, pode colocar
as mulheres debaixo de um grande fardo, e os homens pode se tornar uma grande omissão.

Bibliografia

BÍBLIA, Nova Versão Internacional. 1ª. Ed. São Paulo: Vida Editora, 2003. 1394 p.

1 ESTABELECENDO SIGNIFICADOS
As Bíblias modernas traduzem como “ministério” ou “serviço” a palavra grega “diakonia” (32
aparições), e, de forma menos frequente (6 aparições) a palavra “leitourgia”.
De acordo com os dicionários Strong e Thayer, a palavra diakonia (ministério/serviço) pode
assumir diversos significados, mas, no foco do serviço cristão ela se aplica ao ato de servir como apóstolo
de Cristo (At 1:7, 20:4, 21:19), servir no ministério da palavra (At 6:4), no auxílio financeiro (2Co 9:1, 12),
servir como evangelista (2Tm 4:5), enfim servir para a edificação do Corpo de Cristo (Ef 4:12). Dentre esses
ministérios existiam os que envolviam algum tipo de liderança (apóstolos, presbíteros, diáconos, bispos,
pastores e mestres).
Ainda de acordo com Strong/Thayer, a palavra grega diakonos significa “aquele que serve a
alguém”, geralmente a um superior. Pode exercer a função de executar tarefas domésticas, servir às mesas,
servir aos pobres e até ensinar. É normalmente traduzida como servo, como diácono ou diaconisa.

2 MINISTÉRIOS FEMININOS
Êxodo 15:20-21, relata que Miriã era profetiza e em Miquéias 6:4 ela é colocada ao lado de
Moisés e Arão, seus irmãos e tutores. Hulda, mulher de Salum é observada em II Reis 22:14-20, como
profetiza consultada pelo rei Josias. Débora (esposa de Lipidote) era profetiza e juíza em um dos períodos
mais negros da história dos judeus. Ela foi usada para incentivar Baraque na batalha contra Sísera (Juízes 4).
Apesar da hesitação de Baraque, ele liderou o ataque e foi bem sucedido. Em Hebreus 11:32 apenas
Baraque é mencionado como exemplo de fé.
Os evangelhos relatam que Jesus teve várias discípulas: Maria Madalena, Joana, as irmãs Marta e
Maria, Suzana e muitas outras as quais lhe prestavam assistência com seus bens (Lc 8). Em Atos 21:9,
vemos duas profetizas debaixo do encabeçamento do seu pai, Filipe. Em Romanos 16:1-3 Febe é retratada
dignamente com uma mulher que serve (diaconisa) na igreja em Cencréia. Priscila, apesar de ser
mencionada primeiro, certamente estava debaixo da liderança do seu marido Áquila como cooperadores
de Paulo. Em Filipenses 4:3, Paulo pede que seu companheiro (Syzygos) ajude Evódia e Síntique, as quais
auxiliaram o apóstolo no serviço evangelístico. Em 1 Coríntios, Paulo ensina que todos (inclusive as
mulheres) poderiam profetizar (14:31), mas debaixo do encabeçamento masculino (1 Co 11:5).
Importante notar que esses exemplos de serviços femininos ocorriam debaixo de uma supervisão
masculina em um contexto de reverência e submissão. Os escritos do apóstolo Paulo, sempre promovem,
de forma contundente e radical, a unidade do corpo de Cristo, indicando a interdependência e
reciprocidade entre os sexos (I Coríntios 7:1-5; 7:10-16; II Timóteo 2:8-15 e Efésios 4:15-16). Portanto, não
há base para sustentar machismo nos escritos paulinos que venham a prejudicar a Palavra de Deus (como
veremos a seguir).

3 MINISTÉRIOS MASCULINOS
No Antigo Testamento havia ordem divina direta para os ministros serem somente homens,
sacerdotes (Levítico 21:1-15) e reis (Deuteronômio 17:14-17). Atalia, a rainha despótica de 2 Reis 11 foi um
caso à parte. O ministério profético era estendido às mulheres (Êxodo 15:20; Juízes 4:4; 2 Reis 22:14; Isaías
8:3).
Jesus escolheu 12 homens para serem Seus apóstolos. Logo no início da igreja em Jerusalém,
vemos o ministério dos apóstolos e a instituição também de diáconos e outros ministros que auxiliaram a
edificação e expansão da igreja como: Estevão, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas, Nicolau, Paulo,
Barnabé, Silas, Timóteo, Tito e outros colaboradores. A história do cristianismo foi marcada pelos
chamados “pais da igreja”, e também por notáveis como Lutero (1483-1546), Zwinglio, (1484-1531),
Calvino (1509-1564), Knox (1514-1572), Edwards, (1703-1758) Whitefield, (1714-1770) Wesley, (1703-1791)
Finney, (1792-1875) e muitos outros.
Diante desse contexto bíblico e histórico, vemos a realização do plano de Deus usando homens
para exercer funções de liderança. Além das piedosas esposas que sustentavam esses homens com
orações, boa educação de filhos e correta administração do lar, certamente muitas mulheres foram
anonimamente usadas por Deus para a edificação de Sua casa.

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