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Parceiros iguais
Gênesis começa com o fato de que homens e mulheres foram criados iguais à
vista de Deus e na presença um do outro. A criação de ambos é considerada
muito boa (Gn 1.31). A mulher é criada a partir do homem, não para mostrar
subordinação, mas para mostrar que ela é semelhante a ele, em contraste com os
outros seres criados, e para demonstrar a interdependência que Paulo, em 1 Co
11.11-12, diz ser característica da raça humana: "No Senhor, todavia, a mulher não é
independente do homem, nem o homem independente da mulher. Pois, assim
como a mulher proveio do homem, também o homem nasce da mulher. Mas
tudo provém de Deus.”
Rivalidade e competição
Os problemas entre homem e mulher só começaram depois que a desobediência
causou a "queda" da humanidade em Gn 3. Então, ao invés da mutualidade e
complementaridade do Éden, tiveram início a rivalidade e a competição. De Gn 4
em diante, isto acontece como cumprimento da previsão de que o homem
dominaria a mulher (Gn 3.16). Este não era o ideal de Deus, mas parte das
consequências inevitáveis da queda. Se Gênesis estabelece o cenário, o drama se
desenrola na história da salvação no restante da Bíblia. Não há uma palavra
inequívoca no Antigo Testamento sobre a situação das mulheres, mas os homens
prevalecem, assumem o poder até na vida religiosa e as mulheres parecem ser
raramente vistas ou ouvidas. O que está registrado aparece, na maioria das vezes,
na forma de narrativa descritiva. A questão que isto levanta é se a narrativa afirma
a vontade de Deus para os papéis e status de homens e mulheres em todas as
culturas em todos os tempos, ou se simplesmente descreve o que estava
acontecendo na época (da mesma forma que, por exemplo, apresenta a
poligamia e a escravidão), para que possamos aprender, imitando o que é bom e
corrigindo o que não é. As Escrituras registram muitas coisas que não defendem!
Do Antigo ao Novo
O fato de a maioria dos líderes serem homens representa a cultura patriarcal
desenvolvida na época. Não há mandato divino para tal. As mulheres foram
excluídas do sacerdócio do Antigo Testamento, mas muitos homens também
foram! E o Novo Testamento nos apresenta um sacerdócio de todos os crentes,
homens e mulheres! No Antigo Testamento, a circuncisão era o sinal de que se
pertencia ao povo da aliança de Deus — um sinal que, fisicamente, só podia ser
colocado no corpo de homens. Mas com o nascimento da igreja surgiu um novo
sinal. O batismo incluía fisicamente homens e mulheres, judeus e gentios.
Sabemos, com base em Atos e nas epístolas, que mulheres eram proeminentes
entre os líderes em quase todas as primeiras igrejas que se reuniam nos lares.
Lídia era líder em Filipos; Febe era diaconisa em Cencréia (Rm 16.1).
Os crentes são recomendados por Paulo a ensinarem uns aos outros (Cl 3.16) e
nenhuma exceção aqui impede mulheres de ensinar homens. Há registro de
Priscila ensinando Apolo (At 18.26).
As listas de dons no Novo Testamento (Rm 12; ICo 12; Ef 4) não especificam sexo.
Dada a cultura patriarcal da época, não é de admirar que os líderes homens
fossem mais numerosos que as mulheres, mas esta é uma descrição, não um
padrão.
Uma indicação disto pode ser vista em 1 Tm 3.2, que diz que, para alguém ser
candidato ao episcopado, precisa ser "marido de uma só mulher". Isto poderia
indicar a necessidade de ser casado e monogâmico ou, mais provavelmente, ter
pureza e fidelidade no casamento.
Num contexto em que era provável que a maioria dos líderes fossem homens e,
quase com certeza, casados, isto serve de regra para a situação de Éfeso naquela
época, não sendo uma proibição futura para todos os homens solteiros ou para as
mulheres! 1 Tm 3.12 faz a mesma exigência no caso dos diáconos, mas isto não
pode significar que todos os diáconos devem ser homens, já que Paulo chama
Febe de diaconisa em Rm 16.1. A liderança e responsabilidade bíblica na igreja
devem ser baseadas no caráter, chamado e compromisso cristão, não em
questões de gênero ou sexo.
O masculino ou o feminino deve ser usado para refletir o fato de que a natureza
de Deus é pessoal, não impessoal. "Aquilo" não serve. O uso de "ele" para Deus
indica que Deus é uma pessoa. Não está relacionado com o sexo (àquilo que é
biologicamente determinado) ou gênero (aquilo que é socialmente determinado).
Ultimamente as imagens femininas de Deus nas Escrituras (tais como dar a luz ou
prover alimento) foram redescobertas. O mesmo aconteceu com o uso de termos
femininos com relação a Deus, por exemplo, a Sabedoria no Antigo Testamento.
Classificações gramaticais masculinas e femininas são usadas, mas elas não
transmitem necessariamente o ser ou a essência.