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A MULHER NO NOVO TESTAMENTO


Gálatas 3.28

Muitas pessoas dizem que a Bíblia é machista. Mas será mesmo? Sendo a Bíblia a
Palavra de Deus, será que Deus é machista? O que podemos aprender na Bíblia
sobre a mulher? Isso é o que veremos na lição de hoje.

1 - HOMEM E MULHER EM CRISTO


Um texto que tem muito a nos dizer sobre a valorização da mulher no Novo
Testamento é 1 Coríntios 11.7-12. O texto que fala sobre o uso do véu. Deixando de
lado a questão do véu, nosso foco será a posição da mulher. As informações
encontradas ali sobre esse tema podem ser agrupadas da seguinte forma:

A) DEUS CRIOU O HOMEM E A MULHER.


De acordo com o relato bíblico, Adão e Eva foram criados por Deus. Isso significa que,
em virtude da criação, homem e mulher têm a mesma origem: o Criador. É verdade
que o homem foi criado do pó da terra e a mulher foi criada a partir de uma costela de
Adão, mas os dois foram criados por Deus. Isso é importante para mostrar que, tendo
sido criados por Deus, ambos são portadores da imagem e semelhança de Deus.

A mulher não é um ser humano de qualidade inferior ao homem, mas igualmente


criada por Deus. Esse ensino bíblico é um grande avanço social para as mulheres,
que, em algumas culturas, eram tratadas como animais, podendo, inclusive, ser
vendidas ou trocadas.

B) DEUS CRIOU EVA A PARTIR DE ADÃO E POR CAUSA DELE.


Assim como Deus criou os animais, macho e fêmea, no mesmo ato de criação, ele
também poderia ter criado o homem e a mulher do pó da terra, mas ele não fez isso.
Primeiro ele fez Adão e, vendo que ele estava só (Gn 2.18), ele criou a mulher.

Deus fez para Adão uma companheira idônea. Essa foi a importância de ela ter sido
feita a partir de algo que já estava presente nele. Ela foi feita para ser do mesmo tipo
dele, da mesma espécie.

Para deixar isso bem claro, Deus a fez a partir de uma costela de Adão. Ao ver a
mulher, Adão percebe isso claramente e exclama: "Esta, afinal, é osso dos meus
ossos e carne da minha carne" (Gn 2.23).

Tendo sido feita a partir da costela de Adão, Eva é a companheira ideal para ele, pois
o completa, de forma que, juntos, eles formam a humanidade. Embora a primeira
mulher tenha sido criada a partir do primeiro homem, a forma como Deus determinou
que as pessoas nascessem a partir do primeiro casal faz com que o homem nasça da
mulher.

A importância deste ensino bíblico é mostrar que homem e mulher possuem a mesma
substância. Embora cada um tenha suas peculiaridades biológicas, homem e mulher
são substancialmente iguais.

Esse ensino também representou um grande avanço para a mulher, pois, sendo feita
da mesma substância, como uma companheira idônea, ela também tem necessidades
(físicas, espirituais e emocionais) que precisam ser supridas com a devida dignidade.

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C) HOMEM E MULHER SE COMPLETAM.


Deus ordenou as coisas de tal forma que, "no Senhor", isto é, quando observados do
ponto de vista de Deus, nem a mulher é independente do homem nem o homem é
independente da mulher.

Embora o homem e a mulher sejam iguais perante Deus e em Cristo (G1 3.28), lhes
foram atribuídos papéis diferentes. No exercício desses papéis, eles devem interagir
de forma a se complementarem mutuamente.

Essa doutrina bíblica certamente foi um escândalo para a época em que a carta aos
crentes de Corinto foi escrita, pois nenhuma cultura conhecida admitia que o homem
não é independente da mulher.

Aliás, essa interdependência entre homem e mulher é afirmada de forma bastante


confrontadora quando Paulo diz: "a mulher não tem poder sobre seu próprio corpo, e
sim o marido; e também, semelhantemente, o marido não tem poder sobre seu próprio
corpo, e sim a mulher" (ICo 7.4).

2 - O LAR CRISTÃO: HOMEM E MULHER (EF 5.22-33)


Há outro texto do Novo Testamento no qual o ensino do apóstolo Paulo sobre a
relação conjugal aponta claramente para a dignidade da mulher. Esse texto é
Filipenses 5.22-33, onde Paulo dá orientações que podem ser agrupadas da seguinte
forma:

A) SUBMISSÃO (vv.22-24). Paulo diz que as mulheres devem ser submissas ao seu
próprio marido "como ao Senhor" (v. 22). "Senhor", aqui, se refere a Jesus, não ao
marido. A implicação aqui é que a submissão das esposas cristãs é um aspecto de
sua obediência ao Senhor.

Como modelo para essa submissão, o apóstolo apresenta a igreja de Cristo: "como,
porém, a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo
submissas ao seu marido". A submissão da igreja a Cristo é voluntária, devotada,
entusiástica, motivada por um amor que responde ao amor de Cristo.

Pode parecer estranho o ensino de Paulo sobre a submissão da mulher servir para
enfatizar sua dignidade, mas isso acontece por dois motivos. O primeiro é que o texto
diz que a mulher deve ser submissa ao seu próprio marido (v. 22), e não a todos os
homens.

O apóstolo fala sobre os papéis desempenhados por marido e mulher no contexto do


lar, não sobre uma submissão social da mulher em relação ao homem, como
acontecia naquela época e como acontece hoje em grande parte do mundo.

Isso certamente representou um imenso avanço na afirmação da dignidade feminina.


O segundo é que a submissão da igreja a Cristo, que é o modelo da submissão da
mulher ao marido, é orientada pelo amor, não pelo medo.

A luta pela eliminação do medo na relação marido/mulher existe há vários milênios,


mas, na igreja de Cristo, o ensino sobre a dignidade da mulher sempre fez os crentes
olharem nessa direção.

B) AMOR (vv. 25-28). Os homens, por sua vez, devem amar sua mulher assim como
Cristo amou a igreja (v. 25). Isso significa que o amor do marido pela esposa deve ser
permanente e integral, isto é, deve envolver toda a sua personalidade, não apenas as
emoções, mas também a mente e a vontade.

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A principal característica desse amor é que ele é espontâneo e abnegado, pois é


comparado ao amor de Cristo. Isso também representou um avanço na relação entre
marido e mulher.

De forma geral, o homem estava acostumado a colocar obrigações sobre a mulher.


Agora Paulo coloca uma obrigação sobre o homem, dizendo que ele deve amar sua
esposa e demonstrar esse amor por ela. Além disso, o marido passa a ter obrigação
de amar sua esposa "como Cristo amou a igreja".

C) O EXEMPLO DE CRISTO (vv. 28-33). Paulo diz que o homem tem autoridade
sobre a esposa, mas essa autoridade não deve ser exercida de forma dominadora. O
marido é o cabeça da mulher no sentido de estar vitalmente interessado no bem-estar
dela.

Seu padrão é Cristo. De acordo com Paulo, quem ama sua esposa ama a si mesmo. E
natural que uma pessoa ame a si mesma. Esse amor é evidenciado na forma como
cuidamos de nosso corpo. Embora existam pessoas que não cuidam bem de seu
próprio corpo, a atitude humana normal não é essa. O marido deve cuidar da esposa
como cuida de seu próprio corpo. "Ninguém jamais odiou a própria carne" (v. 29).

Isso tem uma aplicação importantíssima para os nossos dias. Uma pessoa emocional
e psicologicamente normal não agride a si mesma nem procurar se ferir ou se
desrespeitar. Se é assim que o marido deve tratar sua esposa, então ele não tem o
direito, de acordo com o ensino bíblico, de agredi-la.

A agressão à mulher dentro de casa é um fenômeno condenável e horrível que tem


acompanhado a história da humanidade e chegou aos nossos dias.

As ocorrências de mulheres agredidas pelo próprio marido são mais frequentes do que
possamos imaginar, e sempre foram condenadas pela Escritura. A campanha contra a
violência contra a mulher que o governo e as ONG's estão fazendo em nossos dias já
é feita pelo Cristianismo há dois mil anos.

3 - IGUALDADE PERANTE A LEI (JO 8.1-11)


A lei judaica tratava as mulheres de uma forma muito melhor que a lei romana ou
grega tratava as mulheres romanas e gregas. No entanto, isso não significa que elas
fossem tratadas, em Israel, de forma realmente justa, em igualdade com os homens.

Temos um bom exemplo disso na lei de herança. De acordo com essa lei, "os filhos ou
parentes mais próximos do sexo masculino eram os herdeiros, mas não a viúva; e as
filhas não Unham direito a uma parte dela, a não ser que se casassem na família,
embora, por outro lado, tivessem de ser mantidas pelos irmãos até a sua maioridade"1.

As mulheres não serviam nem mesmo para serem testemunhas em julgamentos, pois
eram consideradas como pessoas que mentiam facilmente.

Somente o homem livre (não escravo) e adulto era considerado possuidor de todos os
direitos civis, tendo autoridade legal, inclusive, sobre a esposa, o filho menor, a filha
solteira e o escravo, mas não podia os matar nem vender a mulher.

1
Daniel-Rops, Henri. A vida diária nos tempos de Jesus. São Paulo. Vida Nova, 1991.

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De forma geral, aos olhos da lei, a mulher não era considerada como estando em pé
de igualdade com o homem e o homem tinha o direito até mesmo de anular qualquer
compromisso que ela tivesse assumido, e a parte prejudicada não tinha o direito de
exigir o cumprimento do compromisso.

Com esse contexto em mente, a atitude de Jesus, no caso da mulher pega em


adultério, é surpreendentemente inovadora por apontar na direção oposta, isto é, por
mostrar que homens e mulheres estão debaixo da mesma lei e são iguais perante ela.

De acordo com o texto, a mulher levada pelos escribas e fariseus a Jesus foi pega em
flagrante adultério. Isso é muito interessante, pois significa que as testemunhas a
viram durante o próprio ato, o que significa que o homem também foi pego em
flagrante adultério.

Mas onde estava ele agora? A culpa da mulher é clara, mas a do homem também é,
pelo mesmo motivo, no mesmo ato. Os escribas e fariseus foram perguntar a Jesus o
que deviam fazer com ela, alegando que, segundo a lei de Moisés, a mulher adúltera
devia ser apedrejada. Apesar da aparência de preocupação com o cumprimento da lei,
essas pessoas estavam, na verdade, manipulando a lei.

Na verdade, o que a lei de Moisés diz é que "se um homem adulterar com a mulher do
seu próximo, será morto o adúltero e a adúltera'' (Lv 20.10). "Se um homem for achado
deitado com uma mulher que tem marido, então ambos morrerão, o homem que se
deitou com a mulher e a mulher; assim eliminarás o mal de Israel" (Dt 22.22).

Além disso, deve-se observar que o texto não menciona a realização de um


julgamento, como era necessário. Parece que o grupo queria fazer justiça com as
próprias mãos, o que é pecado.

A resposta de Jesus colocou as coisas no seu devido lugar. Ele não rejeitou a lei de
Moisés nem permitiu que ela fosse manipulada de forma que somente a mulher fosse
punida. Ele disse que a pedra devia ser atirada. No entanto, havia uma limitação para
isso. A primeira pedra devia ser atirada por quem não tivesse pecado.

Qualquer pessoa que participasse desse apedrejamento injusto baseado em uma


deturpação da lei seria tão culpado quanto a mulher. As palavras de Jesus apelam à
consciência de um dos escribas e fariseus e também os adverte de que a lei não deve
ser adulterada.

Tendo ouvido a resposta de Jesus, os escribas e fariseus começaram a se retirar. Os


mais velhos, mais experientes, entenderam primeiro o significado da resposta de
Jesus e foram os primeiros a sair. Se a punição fosse realizada com base em uma
deturpação da lei e, portanto, não fosse legalmente válida, os acusadores estariam em
maus lençóis.

A resposta de Jesus coloca um fim na acusação, mas isso não significa que ele tenha
fechado os olhos para o pecado da mulher. Ele disse a ela para não pecar mais. Ele
orienta a mulher a corrigir sua vida. Também deve ser observado que ele não
menciona o perdão de pecados. No texto, não há nenhum sinal de arrependimento por
parte da mulher, o que é mostrado é a misericórdia de Jesus e sua correta aplicação
da lei e da justiça.

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4 - MARIA, TRIFENA, TRIFOSA...


Outra forma pela qual o Novo Testamento mostra a dignidade da mulher e a
relevância de seu trabalho é a constante referência à vida e ao trabalho de irmãs do
passado. Priscila, Maria, Trifena, Trifosa e Pérside, por exemplo, são mulheres a
respeito das quais pouco sabemos, mas que são mencionadas por Paulo como
mulheres muito habilidosas em seu trabalho cristão (Rm 16.3-16).

Há uma menção especialmente honrosa às mulheres nos evangelhos. No dia da


ressurreição, as mulheres foram ao sepulcro de Jesus. João 20.1 menciona Maria
Madalena. Mateus 28.1 menciona Maria Madalena e a outra Maria. Marcos 16.1
menciona Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé.

Essas três mulheres foram ao sepulcro de Jesus no dia da ressurreição. Quando


encontraram o túmulo vazio, chamaram João e Pedro para lhes mostrar o que havia
acontecido. Eles viram o túmulo vazio e correram para avisar os outros apóstolos.
Ficaram todos juntos, trancados em uma casa, com medo dos judeus (Jo 20.19).
Enquanto isso, Jesus apareceu a Maria Madalena (Jo 20.11).

Outra mulher mencionada com muita distinção no Novo Testamento é Maria, a mãe de
Jesus. Ela tem um lugar importante na vida do Messias. Ela foi a pessoa escolhida por
Deus para dar à luz o Messias prometido. Embora ela fosse uma mulher como
qualquer outra, necessitada de salvação (Lc 1.47) e, portanto, de perdão de pecados,
e, por isso mesmo, não deva ser adorada, ela teve um papel importante na vida de
Jesus.

Ela foi sua mãe. Isso não significa apenas que ela foi a pessoa usada pelo Espírito
para gerar Jesus de forma sobrenatural, mas também que ela participou ativamente de
sua formação e de sua educação. O fato de que Jesus teve uma mãe humana, foi
educado por ela e a tratou com o devido respeito previsto na lei de Deus é um
exemplo vivo do ensino bíblico sobre a dignidade da mulher.

CONCLUSÃO
O Cristianismo foi e continua sendo uma força que liberta as mulheres da escravidão e
da opressão. Em muitas outras religiões, as mulheres são propriedade de seus pais e,
quando se casam, passam a ser propriedade do marido. Elas não têm liberdade e
nunca são tratadas com igualdade.

Até mesmo no antigo Israel, uma mulher ficava em segundo plano em relação a
qualquer pessoa do sexo masculino. As mulheres não eram consideradas dignas de
estudar as Escrituras e não tinham direito à educação. O Novo Testamento, de várias
formas e em vários textos, ensina a igualdade básica entre os sexos, mantendo
apenas uma diferença de papéis dentro do lar. A Escritura é a fonte da igualdade entre
homens e mulheres diante da sociedade e da lei.

APLICAÇÃO
Quais são as implicações práticas da lição de hoje na sua vida? E na vida da sua
igreja? Qual é a diferença entre o ensino bíblico e as alegações dos movimentos
feministas?

AUTORES: VAGNER BARBOSA E FILIPE FONTES

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