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Embora a palavra sexo não seja mencionada na Bíblia, o tema ocupa uma posição de
destaque, onde tudo de bom e ruim relacionado a isso é descrito de forma explicita. Os
hebreus não eram um povo puritano.
A nossa herança cultural, por influência predominantemente católica e puritana,
apresenta-nos uma noção de sexo e sexualidade como sendo algo mau ou pecaminoso na
vida dos seres humanos. No entanto, a Palavra de Deus apresenta-nos uma perspectiva muito
diferente acerca do assunto.
Em primeiro lugar, o sexo foi uma ideia original de Deus. Em Gn. 1:27, lemos que “Deus
criou o ser humano à Sua imagem; criou-o como verdadeira imagem de Deus. E este ser
humano criado por Deus é o homem e a mulher”. É curioso notarmos que as primeiras
indicações que Deus dá a Adão e Eva tem a ver com a sua participação sexual: “Crescei e
multiplicai-vos, enchei a terra...” (Gn. 1:28).
A sexualidade faz parte da essência da personalidade de cada um de nós. No nosso
relacionamento com os outros, expressamos desde muito cedo os sentimentos e as emoções
de acordo com a nossa masculinidade ou feminilidade. O conceito bíblico de sexualidade
traduz-se num relacionamento entre um homem e uma mulher, que fornece as condições para
companheirismo, intimidade, cooperação e relações sexuais. Porém, este conceito de
sexualidade não corresponde às imagens que nos são apresentadas, sobretudo pelos meios
de comunicação. O mundo secular valoriza sobremaneira o prazer sexual, a nudez, a
sensualidade, o porte atlético e a beleza física. Ainda que estes aspectos da sexualidade não
sejam intrinsecamente maus, eles representam os valores de uma cultura egocêntrica,
hedonista e moralmente decadente. Por outro lado, nesta mentalidade da busca do prazer a
qualquer preço, as relações sexuais são consideradas uma expressão natural da sexualidade,
tornando-se um ato banal, para ser experimentado por jovens e adultos, quando a
oportunidade surgir, para satisfação de necessidades instintivas.
A verdade é que a nossa masculinidade ou feminilidade não estão exclusivamente
dependentes das relações sexuais. Jesus foi um homem autêntico e, por conseguinte, um ser
1 Trabalho acadêmico, para fins de avaliação parcial da disciplina Ética Cristã, do CTM – Curso de Teologia por Módulos,
do SETECEB – Seminário Teológico Cristão Evangélico do Brasil, em Anápolis, sob a orientação do professor Pr. Wilson
Nunes.
2 Aluno do CTM – Curso Teológico por Módulos, em Anápolis.
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sexual. Contudo, não precisou casar ou de ter relações sexuais para se sentir plenamente
realizado. A experiência sexual não é, pois indispensável para o ser humano.
Deus instituiu o matrimônio para ser o contexto adequado para o desenvolvimento de
um relacionamento sexual íntimo e saudável entre um homem e uma mulher. O casamento é
uma extraordinária dádiva de Deus, que ilustra a união entre Cristo e a Sua igreja, e concede
ao casal as condições adequadas para o companheirismo e intimidade sexual. Somente na
medida em que preservarmos os nossos corpos puros e santos para o casamento, esperando
por esse momento para, então, termos relações sexuais amorosas com a pessoa que Deus
escolheu para nós, desfrutaremos da intimidade sexual em toda a sua plenitude e de acordo
com a vontade de Deus.
Os comportamentos sexuais promíscuos são responsáveis pela transmissão de
doenças, muitas vezes fatais, como a Sida, bem como por divórcios, gravidez indesejada,
abortos, infertilidade, e depressão. Segundo um documento divulgado pela Organização
Mundial de Saúde, “a forma mais eficaz de prevenção da transmissão do vírus da Sida é a
abstinência sexual ou a fidelidade sexual entre duas pessoas não infectadas”. Os próprios
especialistas seculares consideram que os princípios bíblicos nos oferecem a melhor proteção
contra esta epidemia dos nossos dias.
Assim, a intimidade sexual e as relações conjugais, ainda que seja também uma ideia
original de Deus, deverão ser desfrutadas unicamente no contexto do casamento, o qual, nos
planos de Deus, corresponde à união entre um homem e uma mulher, num relacionamento
estável, amoroso e permanente.
Quando falamos de sexualidade, reconhecemos que o casamento é a estrutura
estabelecida por Deus para o desenvolvimento de um relacionamento sexual íntimo e saudável
entre duas pessoas. A sua origem remonta ao começo da história da humanidade. A primeira
referência ao casamento surge no segundo capítulo da Bíblia, no contexto da criação do
homem e da mulher, que são a última e mais sublime criação divina: “Deixará o homem o seu
pai e a sua mãe e se unirá a sua mulher, e ficam a ser como uma só pessoa” (Gn. 2:24).
O matrimônio consiste na união entre um homem e uma mulher (Gn. 2:18-25), que
assumem um compromisso mútuo para toda a vida. É uma dádiva de Deus que ilustra a união
entre Cristo e a Sua igreja, e fornece ao homem e à mulher as condições para um
companheirismo íntimo, para desfrutarem relações sexuais com significado, e para a
procriação da raça humana.
Biblicamente as relações sexuais devem ser desfrutadas unicamente no contexto do
casamento, que constitui um relacionamento heterossexual, isto é, entre um homem e uma
mulher. A solidão do primeiro homem no jardim do Éden não foi resolvida com a criação de
outro homem, mas sim com a criação de uma mulher (Gn. 2:18).
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Contudo, após a queda, a homossexualidade e outras práticas imorais passaram a fazer
parte da história da humanidade. Atualmente, por influência dos meios de comunicação social,
é-nos apresentada como uma prática sexual alternativa, tão válida como qualquer outra. A
Bíblia, no entanto, não deixa margem para dúvidas acerca da condenação de Deus dos
comportamentos homossexuais (Gn. 19:1-13; Lv. 18:22; 20:13; Jz. 19).
Em Rm 1:18-32, lemos um relato do apóstolo Paulo acerca da sociedade decadente do
seu tempo, não muito diferente da situação dos nossos dias, sendo as práticas homossexuais
consideradas uma perversão da ordem estabelecida por Deus (Rm. 1:26, 27).
Sabemos que os conteúdos morais e éticos verdadeiros encontram sua base somente
na Bíblia. O projeto de Deus para a família igualmente só pode ser encontrado na mesma fonte
inerrante. A força da família está na proporção direta de como ela se alinha com o projeto
divino.
Satanás sabe que, se ele puder destruir o projeto de Deus para a família, poderá destruir
a sociedade e neutralizar a igreja. Isso está claro pelo fato de que o primeiro ataque à
humanidade foi contra o projeto de Deus nos relacionamentos. Com isso em mente, é
imperativo que os cristãos compreendam o projeto divino para a família, assim como o nosso
papel na família bíblica. Se nossa sociedade quiser sobreviver no século XXI, devemos
retornar ao projeto divino.
Uma das formas pelas quais a sociedade pós-moderna tem tentado exterminar a família
bíblica é amenizando a distinção da identidade sexual originalmente projetada por Deus para a
família. Assim devemos estar atentos ao ensino de Deus, para que o nosso pensamento não
se conforme ao padrão cultural vigente.
NO PRINCÍPIO:
Deus criou homem e mulher, a humanidade foi dividida APENAS em dois sexos. Existimos
como homem e mulher dois sexos (Gn 1:26-28);
Homem e mulher são igualmente portadores da imagem de Deus;
Eles são igualmente chamados a ser frutíferos e a multiplicar-se;
Eles são igualmente chamados a dominar sobre a criação;
Foram criados com a diferença funcional da liderança masculina. O homem é chamado a
liderar com o auxílio e aconselhamento da mulher (Gn 2:18);
Eles são iguais em natureza, mas diferente em funcionalidade.
A queda do homem e da mulher no jardim do Éden trouxe trágicas consequências para
a família. Em vez de harmonia de dois indivíduos espiritualmente iguais, desempenhando
papéis complementares, temos um homem e uma mulher, igualmente pecadores, tentando
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viver juntos mesmo que sua natureza egoísta os separe. Em vez de trabalharem juntos, cada
parceiro está naturalmente disposto a colocar-se em primeiro lugar na lista de prioridades.
A masturbação
A vasta maioria de pesquisa médica e psicológica indica que a masturbação é uma
prática quase universal no ser humano e, fora da prática compulsiva, não causa nenhum dano
emocional, ou físico. A masturbação é uma prática “egocêntrica”, mas não necessariamente
“egoísta”. O termo “egocêntrico” refere-se às práticas e atitudes voltadas ao
autodescobrimento, desenvolvimento e integração de identidade do indivíduo. Todo ser
humano é, até certo ponto, egocêntrico como parte inegável de ser individual. O conceito
“egoísta” refere-se às práticas e atitudes que valorizam os desejos, as necessidades, as
práticas e as atitudes que só servem o indivíduo e que desconsideram suas relações com
outros, ou tratam de outras pessoas como meios para satisfazer fins pessoais. Assim, a
masturbação é “egocêntrica”, no sentido de ser uma prática voltada literalmente à satisfação
dos desejos do indivíduo e a descoberta e valorização das fantasias e estímulos que dão
prazer. De modo geral, a masturbação ajuda na criação de vínculos com outras pessoas,
especificamente com parceiros sexuais, via o autoconhecimento da pessoa a respeito de seus
desejos sexuais e estilo de resposta sexual. A masturbação só entra na categoria de “egoísmo”
quando se torna o meio de satisfação sexual preferido pela pessoa. De modo geral, a
dificuldade com a masturbação, pelo menos nas tradições Protestantes Históricas, tem a ver
com o prazer. Historicamente, por causa da tradição da oposição entre o Eros e o Ágape, a
Igreja tem, de modo geral, certa suspeita sobre o prazer e, especificamente, o prazer sexual.
Isso é exacerbado quando a sexualidade é direcionada exclusivamente para o prazer do
indivíduo, tal como na masturbação. No entanto, em diversas teologias e éticas que tratam da
sexualidade, o dualismo entre o Eros e o Ágape está sendo questionado como sendo mais
uma reflexão de tradições filosóficas do que as de tradições bíblicas, especificamente do
Primeiro Testamento.
Conclusão
A intenção deste breve ensaio foi esboçar o desenvolvimento da ética sexual cristã e
apresentar alguns dos desafios atuais a respeito da sexualidade e do sexo dentro das
realidades das Igrejas Protestantes Históricas. Não havia nenhuma intenção de oferecer
respostas pré-formuladas aos problemas e perguntas levantadas. Estes desafios e
responsabilidades pertencem às comunidades de fé e às famílias.
No entanto, são de fundamental importância a discussão e debate intencional sobre
estes assuntos. A tendência de evitar discussão crítica sobre a sexualidade e o sexo dentro
dos âmbitos da Igreja e da família só serve para isolar a Igreja do contexto vivo da cultura e da
família. Também, a tendência de apenas repetir as normas, moralidades e éticas tradicionais,
sem dialogar com as ciências sociais, tendências culturais e experiências de indivíduos e
famílias, põe a Igreja em risco de estar isolada e considerada arrogante.
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