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IGREJA E SEXUALIDADE: CONHEÇA A DOUTRINA SOBRE O ASSUNTO

As abordagens da doutrina da Igreja Católica sobre a sexualidade possuem sempre o mesmo


pano de fundo: entendê-la como fator que afeta profundamente a identidade do ser humano e a
ele conferem as características – biológicas, psicológicas e espirituais – que o fazem homem e
mulher.
Segundo o médico italiano e membro da Secretaria Internacional do Movimento Famílias
Novas, Raimondo Scotto, autor do livro “O Amor tem mil faces”, “a sexualidade não é uma
dimensão acessória, mas um componente fundamental do ser humano, que diz respeito a toda
a pessoa. […] A sexualidade influencia todo o tipo de ação e comportamento da pessoa, dando um
caráter próprio às personalidades masculina e feminina de qualquer ser humano. Ela estende a sua
influência inclusive à dimensão espiritual da existência. Assim, a sexualidade não é uma coisa
agregada ao corpo, um atributo seu, mas é uma realidade intrínseca a cada ser humano, uma
dimensão que perpassa toda a sua existência”.
O doutor em Teologia Moral e coordenador nacional do grupo de reflexão sobre problemas
morais da CNBB, padre Rafael Durán, explica que o documento “Sexualidade humana: verdade e
significado”, do Pontifício Conselho para a Família (PCF), aborda a sexualidade como dom. “Ser
homem ou mulher é uma graça imensa. A obra criadora de Deus coloca em cada um de nós uma
identidade própria”, afirma.

O padre elenca três pontos centrais:

1 – Deus nos cria e, ao nos criar, nos dá um corpo, que é templo, fala, ilumina a caminhada de todos
os seres no mundo. Aqui destaca-se o valor sagrado do corpo;
2 – Homem e mulher Deus nos criou: aqui está riqueza de toda antropologia (modo de entender o
homem) cristã. É o valor de cada um poder manifestar a sua sexualidade como dom e, ao mesmo
tempo, expressar a sua riqueza de forma harmoniosa, celebrativa, redescobrindo o valor do ato
conjugal como gesto responsável em meio a uma sociedade em que as relações pré-matrimoniais
tomaram conta;
3 – Castidade. Não somos feitos para o corpo, mas para a glória. Esse ponto somente pode ser
entendido a partir da vivência gloriosa, mas humana e lutada, da castidade. “É maravilhoso
encontrar batizados que descobrem alegria de serem castos pelo Reino. Para mim, aqui estaria o
verdadeiro desafio do século XXI: retomar o tema da castidade, afiançar o valor do corpo como
doutrina essencial, a dimensão do corpo salvífico”, afirma padre Durán.
Declaração Persona Humana – esclarece que, com relação à ética sexual, “tais princípios e tais
normas não têm, de maneira nenhuma, a sua origem num determinado tipo de cultura, mas sim no
conhecimento da lei divina e da natureza humana. Não podem, portanto, ser considerados como
algo caducado, nem postos em dúvida, sob o pretexto de uma nova situação cultural”.

1 – Como saber quando um ato sexual é moralmente aceitável? O documento explica: “é o respeito
pela sua finalidade que garante a tal ato a própria honestidade. Este mesmo princípio, que a Igreja
deduz da Revelação divina e da sua interpretação autêntica da lei natural, fundamenta também
aquela sua doutrina tradicional, segundo a qual o uso da função sexual não tem o seu verdadeiro
sentido e a sua retidão moral senão no matrimônio legítimo”;

2 – Relações sexuais pré-matrimoniais – não basta ter uma “afeição já conjugal” pela outra pessoa.
A doutrina cristã ensina que é no contexto do matrimônio que se deve situar todo o ato conjugal do
ser humano. “É uma união estável aquela que Jesus quis e da qual ele estabeleceu as primeiras
exigências, tendo como ponto de partida as diferenças sexuais”;

3 – Masturbação – salienta-se que, muitas vezes, nega-se que tal ato constitua uma desordem moral.
Até mesmo algumas áreas da psicologia e a sociologia defendem que é um fenômeno normal da
evolução da sexualidade. A Igreja explica que, seja qual for o motivo que o determine, “o uso
deliberado da faculdade sexual fora das relações conjugais normais contradiz essencialmente
a sua finalidade”. Falta a relação de doação recíproca num contexto de autêntico amor;

4 – Castidade – não significa apenas evitar as faltas anteriores, mas aspectos muito mais positivos e
elevados. “Em todo e qualquer estado de vida, a castidade não se reduz a uma atitude exterior; ela
deve tornar puro o coração do homem. […] É uma virtude que marca toda a personalidade no
seu comportamento, enobrece o ser humano e capacita para um amor verdadeiro,
desinteressado, generoso e respeitoso para com os outros”.

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NORMA MORAL PARA A SEXUALIDADE GENITAL


1. O que faz com que seja certo manter relações sexuais? Com certeza não é apenas o fato
de amarmos alguém, pois amamos muitas outras pessoas e não temos relações sexuais com
elas. A relação sexual não é a única expressão de amor nem a expressão indispensável. Nem
mesmo é a maior; amamos nossos pais profundamente quanto qualquer um, mas não
fazemos sexo com eles; isso não significa que amamos eles menos que os nosso cônjuges. O
sexo então não é próprio do amor perfeito, mas de um amor compromisso.
(BURTCHAELL. J. For Better, For Worse: Sober Thoughts on passionate promises 1985,
p.33).

2. O que é verdadeiro, apropriado característico e conclusivo a respeito da união sexual é que


ela significa: eu te aceito, para o que der e vier, até a morte. significa pertencer.
Naturalmente, destino a ser uma expressão de amor. nunca viveremos a altura dela sem
amor. Mas [...] a [união sexual] precisa representar o amor entre duas pessoas que digam
uma a outra, e a ninguém mais: “eu te pertenço e tudo o que eu tenho é teu” tudo que cada
um de nós tem não é “meu” nem “teu” mas “nosso”. É uma promessa de amor que não
fazemos nem a mesmo nossos filhos. Não e amemos menos nossos filhos, mas o amamos de
modo diferente.

3. Embora a expressão genital deva realmente refletir aqui o nível de compromisso pessoal
entre 2 pessoas, às vezes o próprio amor pode muito bem decidir que esta expressão é
imprópria precisamente porque não demonstraria amor e deve, portanto, ser evitada ou
sacrificada. essa ideia não é nova. baseia-se em um dos principais discernimento luz da
tradição cristã, a saber, o amor verdadeiro é inconfundível com sexo físico. em outras
palavras, o sexo genital não é a linguagem primordial nem a fundamental do amor; para os
cristão, a maior prova de amor é se importar com os outros até o ponto de se sacrificar por
eles; “ninguém tem maior prova de amor do que aquele que dá a vida pelo amigo” (Jo
15,13). de um modo ou de outro, quem ama precisa morrer para si a fim de viver para quem
se ama.

4.

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