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Castidade

pureza de uma pessoa em relação a sua


sexualidade

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Castidade é a pureza espiritual em


relação ao sexo, significando, assim, a
abstenção de conduta sexual desviante,
conforme definido pelos padrões morais
e diretrizes de uma cultura, civilização ou
religião. O termo pode ser associado
com a abstinência sexual, especialmente
no contexto do sexo pré-marital e
extraconjugal (e pode ser usado de
forma intercambiável). Nas religiões
abraâmicas, a castidade é uma das
regras para manter-se ao lado de Deus.
Nas religiões e crenças orientais, como o
Budismo, a castidade é vista como o
caminho para atingir a libertação ou
iluminação dos sofrimentos e decepções
humanas.

Alegoria da castidade (1475), por


Hans Memling
Etimologia
A palavra "castidade" vem da palavra
"casto", que, por vez, vem do latim castus,
que significa "puro".

Visões religiosas

Igreja Católica

Para a igreja católica, a castidade antes


do casamento é uma forma de conhecer
o parceiro. A Igreja aceita que o desejo
pelo prazer sexual faz parte da natureza
humana, mas que a felicidade e o prazer
não são sinônimos. O prazer poderia
transformar o parceiro sexual em um
meio, em um ato egoísta, enquanto o
verdadeiro conhecimento do parceiro
(amor) poderia estar sendo camuflado.

Sendo a virtude que modera o prazer


vinculado à propagação da espécie,[1] a
castidade recebe também a
denominação de Santa Pureza porque se
crê ser impossível vivê-la sem a ajuda do
Espírito Santo: a pureza cristã é “pureza
santa”, um dom do Espírito Santo. Nesse
sentido, ensinava o Papa João Paulo II
que a pureza “é a glória de Deus no corpo
humano” (cf. Audiência, 18/3/1981). Em
termos negativos, consiste na “energia
espiritual que liberta o amor do egoísmo
e da agressividade” (CONSELHO
PONTIFÍCIO PARA A FAMÍLIA,
Sexualidade Humana, verdade e
significado, n. 16).

Em relação à sexualidade, a Igreja


Católica convida todos os seus fiéis a
viverem na castidade, que é uma "virtude
moral e um dom de Deus" que permite a
"integração positiva da sexualidade na
pessoa".[2] Esta integração tem por
objectivo tornar possível "a unidade
interior do homem no seu ser corporal e
espiritual",[3] supondo por isso de "uma
aprendizagem do domínio de si, que é
uma pedagogia da liberdade humana. A
alternativa é clara: ou o homem comanda
as suas paixões e alcança a paz, ou se
deixa dominar por elas e torna-se infeliz".
"A virtude da castidade gira na órbita da
virtude cardinal da temperança".[4]

Logo, "todo o baptizado é chamado à


castidade" [5] porque a sexualidade só se
"torna pessoal e verdadeiramente humana
quando integrada na relação de pessoa a
pessoa, no dom mútuo total e
temporalmente ilimitado, do homem e da
mulher",[3] ambos unidos pelo
sacramento do Matrimónio (que é
indissolúvel).[6] Por isso, os actos
sexuais só podem "ter lugar
exclusivamente no Matrimónio; fora dele
constituem sempre um pecado grave".[7]
Por estas razões, o sexo pré-marital, a
pedofilia, "o adultério, a masturbação, a
fornicação, a pornografia, a prostituição, o
estupro" e os actos sexuais entre
homossexuais são condenados pela
Igreja como sendo "expressões do vício
da luxúria".[8]

Segundo esta mesma doutrina, atentam


contra a castidade o recurso aos
períodos infecundos por egoísmo, sem
que existam motivos sérios.[9] Também
são condenadas a esterilização ou a
contracepção, que são considerados
atos intrinsecamente imorais, e portanto
jamais justificáveis pelas
circunstâncias.[10]
O verdadeiro amor conjugal e
matrimonial, onde a relação sexual é
vivida dignamente, só é possível graças à
castidade conjugal.[11] Esta virtude
permite uma vivência conjugal perfeita
assente na fidelidade e na fecundidade
matrimoniais, onde o Amor é vivido
plenamente como uma comunhão de
"dádiva mútua do eu, […] de afirmação
mútua da dignidade de cada parceiro" e
um "encontro de duas liberdades em
entrega e receptividade mútuas".[12] Na
vivência deste amor, a sexualidade (e o
sexo) torna-se "humana e totalmente
humanizada", tornando-se também na
grande expressão deste amor recíproco,
onde o homem e a mulher se unem e se
complementam.[12]

Para além da castidade conjugal (que


não implica a abstinência sexual dos
casados), existem ainda diversos
regimes de castidade: a virgindade ou o
celibato consagrado (para os religiosos,
as pessoas consagradas, os clérigos,
etc.), e "a castidade na continência" ou
abstinência (para os não casados).[13]

Regimes de castidade

Todo cristão é chamado à castidade. O


cristão se há "revestido de Cristo" (Gl 3,
27), modelo de toda castidade. Todos os
fiéis cristãos são chamados a uma vida
casta segundo o seu estado de vida
particular. No momento do seu Batismo,
o cristão se compromete a dirigir a sua
afetividade na castidade.

O Lírio é considerado um
dos símbolos da pureza

Existem três formas da virtude da


castidade: a dos esposos, a das viúvas e
a da virgindade. As relações sexuais
somente serão castas dentro do
matrimônio.
Castidade conjugal

Para os casados significa fidelidade ao


cônjuge e aos compromissos assumidos
no matrimônio. Para o casado significa,
também — mas não só — manter-se fiel
ao matrimônio. Até porque o conceito de
fidelidade é, per se, muitíssimo mais
abrangente do que o concebe a
compreensão ordinária (popular, vulgar).

Fidelidade é um atributo elevado,


primeiramente da pessoa para consigo
mesma, interior, de tal modo que "se
alguém é fiel a outrem, certamente o é
pelo fato de primeiramente o ser em seu
íntimo. Pode-se mesmo fazer a seguinte
inferência: quem é fiel (lato sensu) é
casto e vice-versa.

Os esposos cristãos têm sempre


presente que, segundo a doutrina de São
Paulo, o matrimônio cristão é símbolo da
união existente entre Cristo e a sua
Igreja. O primeiro efeito deste amor é a
união indissolúvel de corações, e por
conseguinte, a inviolabilidade da
fidelidade de um ao outro.

Os esposos devem respeitar a santidade


do leito conjugal com a pureza de suas
intenções e a honestidade de seu trato.
Devem cumprir fiel e sinceramente o
dever conjugal, pois tudo o que serve
para a transmissão da vida é, não só
lícito, como louvável, mas qualquer ato
que se opuser a este fim primeiro
constitui pecado grave.[14]

Continência

Para os solteiros que aspirem ao


matrimônio requer abstenção absoluta
(continência) até o casamento, significa
portanto abstinência. Para o solteiro,
castidade, pela sua abrangência
conceitual, tem, também — e
compreensivelmente — o sentido de de
manter-se virgem (casto, puro), até o
casamento, como se o entenda na
cultura onde vive.
A castidade oferece no cristianismo uma
preparação espiritual para o sacerdócio,
o matrimônio, a vida religiosa ou o
celibato. O voto de castidade total é
considerado obrigatório para os
ministros consagrados (sacerdotes e
bispos, assim como para as distintas
ordens religiosas, tanto masculinas
como femininas). Não obstante este voto
absoluto não é requerido em outras
igrejas cristãs como a protestante.

Porém a injunção bíblica da castidade


não se refere de forma direta a uma
obrigatoriedade ao celibato, que seria a
completa abstinência sexual tanto que
São Paulo na Primeira Epístola a Timóteo
dá a seguinte recomendação: "2. Porque
o bispo tem o dever de ser irrepreensível,
casado uma só vez, sóbrio, prudente,
regrado no seu proceder, hospitaleiro,
capaz de ensinar, 3. não dado à bebida,
nem brigão, mas indulgente, pacífico e
sem interesse por dinheiro. 4. deve saber
governar bem a sua casa, educar os seus
filhos na obediência e na castidade". (I
Timóteo 3:2-4 versão Bíblia Sagrada Ave-
Maria) Nos dias dos apóstolos os bispos
poderiam casar e ter filhos, foi a partir do
Sínodo de Elvira, em 304, que "ficou
plenamente decidido impor aos bispos,
aos presbíteros e aos diáconos, como a
todos os clérigos no exercício do
ministério, a seguinte proibição: que se
abstenham das suas esposas e não
gerem filhos; quem, porém, o fizer deve
ser afastado do estado clerical."
Conforme o Padre Chistian Cochini,
jesuíta francês que estudou
profundamente o tema.

É claro que a questão teológica gera


inúmeros debates, tanto entre os
católicos como entre os protestantes.

Segundo a moral cristã a castidade


purifica o amor e o eleva, é a melhor
forma de compreender e sobretudo de
valorizar o amor.

Fidelidade é amor e respeito ao próximo


e a Deus, é ser sincero aos seus
compromissos e escolhas, é abnegação
aos desejos da carne, a cobiça pelo
próximo e ao alheio. Ser fiel é ter
compromisso, e não apenas envolver se.

Virtudes auxiliares

Pudor, que protege a intimidade e


consiste na vergonha nascida do
temor de realizar um ato indecoroso
ou indigno. É uma espécie de sentinela
de defesa da castidade.
Humildade, que faz desconfiar de si
mesmo e confiar em Deus e fugir das
ocasiões que põem em perigo a
castidade.
Mortificação, que disciplina o amor ao
deleite desordenado e ataca o mal
pela raiz. A prática da sobriedade e às
vezes do jejum ou de alguma
penitência exterior.
Laboriosidade, atividades físicas ou
intelectuais, diligência e aplicação nos
estudos e no cumprimento das
próprias obrigações, que previnem os
males e perigos decorrentes da
ociosidade.
Caridade, ou seja o amor de Deus, que,
enchendo o coração o desocupa de
afetos desordenados (Deus caritas
est).
Piedade, virtude que leva à devoção e
à oração. Os católicos costumam
ainda cultivar a devoção à Virgem
Maria como protetora da virtude da
castidade que também a denominam
de "santa pureza".[15]

Ofensas à castidade

Dentro da moral cristã são consideradas


ofensas graves contra a virtude da
castidade:

Luxúria, que constitui uma busca


desordenada do prazer venéreo, uma
vez que é buscado exclusivamente por
si mesmo.
Masturbação que é considerado um
ato anti natura.
Fornicação, vista como relações
sexuais fora do matrimônio e as
relações pré-matrimoniais.
Homossexualidade, é considerada
contraria à lei natural, fecha o ato
sexual ao dom da vida.[16]
Pornografia, segundo a moral cristã
"desnaturaliza a finalidade do ato
sexual".
Prostituição
Violação
Incesto, são as principais ofensas
contra a virtude da castidade.
São José é apresentado
pela Igreja Católica como
modelo de castidade
(Cuzco, séc. XVIII)

Santos e castidade

Todos os santos, notadamente, os


reconhecidos pela Igreja Católica, leigos
ou religiosos, de alguma forma sempre
fizeram a apologia da castidade, desde
os primórdios do cristianismo até os dias
atuais. São Josemaria Escrivá,
canonizado no último decênio do século
XX, por exemplo, deixou escrito sobre a
castidade:
Que bela é a santa pureza! Mas não é
santa nem agradável a Deus, se a
separamos da caridade. A caridade é
a semente que crescerá e dará frutos
saborosíssimos com a rega que é a
pureza. Sem caridade, a pureza é
infecunda, e as suas águas estéreis
convertem as almas num lamaçal,
num charco imundo, donde saem
baforadas de soberba. [17]
A caridade teologal surge-nos, sem
dúvida, como a mais alta das
virtudes. Mas a castidade é o meio
"sine qua non", uma condição
imprescindível para se atingir o
diálogo íntimo com Deus. E quando
não é observada, quando não se luta,
acaba-se cego; não se vê nada,
porque o homem animal não pode
perceber as coisas que são do
Espírito de Deus.
Nós queremos olhar com olhos
limpos, animados pela pregação do
Mestre: "Bem-aventurados os que
têm o coração puro, porque verão a
Deus." A Igreja apresentou sempre
estas palavras como um convite à
castidade. Guardam um coração
sadio, escreve São João Crisóstomo,
"os que possuem uma consciência
completamente limpa ou os que
amam a castidade." Nenhuma virtude
é tão necessária como esta para ver
a Deus. [18]
Ver também
Celibato
Casamento religioso
Sete virtudes
Virgindade
Virgindade religiosa
Amor, Sexualidade e Castidade na
Doutrina da Igreja Católica
Doutrina católica sobre os Dez
Mandamentos
Homossexualidade e catolicismo

Referências
1. TANQUEREY, Adolphe. Compêndio de
Teología Ascética y Mística, Madri:
Edicionaes Palabra, 1996, pg.582.

2. IGREJA CATÓLICA (2000).


Compêndio do Catecismo da Igreja
Católica. Coimbra: Gráfica de
Coimbra. pp. N. 488. ISBN 972-603-
349-7

3. IGREJA CATÓLICA (2000).


Catecismo da Igreja Católica.
Coimbra: Gráfica de Coimbra. pp. N.
2337. ISBN 972-603-208-3

4. Ibidem, n. 2339 e 2341


5. Ibidem, n. 2348
6. IGREJA CATÓLICA (2000).
Compêndio do Catecismo da Igreja
Católica. Coimbra: Gráfica de
Coimbra. pp. N. 346. ISBN 972-603-
349-7

7. IGREJA CATÓLICA (2000).


Catecismo da Igreja Católica.
Coimbra: Gráfica de Coimbra. pp. N.
2390. ISBN 972-603-208-3

8. IGREJA CATÓLICA (2000).


Compêndio do Catecismo da Igreja
Católica. Coimbra: Gráfica de
Coimbra. pp. N. 492 e 502. ISBN 972-
603-349-7
9. «Catecismo da Igreja Católica, nº
497.» (http://www.portal.ecclesia.pt/
catecismo/artigo.asp?numero=497)

10. «Catecismo da Igreja Católica, nº


498.» (http://www.portal.ecclesia.pt/
catecismo/artigo.asp?numero=498)

11. GEORGE WEIGEL (2002). A Verdade


do Catolicismo. Resposta a Dez
Temas Controversos. Lisboa:
Bertrand Editora. pp. págs. 102.
ISBN 972-25-1255-2

12. GEORGE WEIGEL (2002). A Verdade


do Catolicismo. Resposta a Dez
Temas Controversos. Lisboa:
Bertrand Editora. pp. págs. 101, 104
e 105. ISBN 972-25-1255-2
13. IGREJA CATÓLICA (2000).
Catecismo da Igreja Católica.
Coimbra: Gráfica de Coimbra. pp. N.
2349. ISBN 972-603-208-3

14. Victor Garcia Hoz. Ed. Rialp, Madri,


1992; pg. 584.

15. Oração da tradição católica: Ave


maris stella | Virgo singularis | Inter
omnes mitis | Nos culpes solutos |
Mites fac et castos.
16. Catecismo da Igreja Católica n. 2357
a 2359 (http://www.vatican.va/archiv
e/ESL0022/__P86.HTM) . "Atos
homossexuais são contrários à lei
natural (...) Eles não vêm de uma
complementaridade afetiva e sexual
genuína. Não são aprovados sob
nenhuma circunstância."

17. (Caminho, 119)


18. (Amigos de Deus, 175)

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