Lição – SANTIFICAÇÃO E PERFEIÇÃO CRISTÃ Indicação de Leituras

1 Coríntios 6.19
Texto Bíblico base: Hebreus 12 1 João 3.11-24
Romanos 8.1-17
INTRODUÇÃO Efésios 5.1-5
1 Tessalonicenses 4.1-4
Tornar-se santo é dedicar-se. Por santificação entende-se ser o processo Mateus 5.8
pelo qual o cristão experimenta um contínuo crescimento, no qual, o Espírito
Santo trabalha e molda todo o ser (emoção, temperamento, comportamento, caráter, etc.), até atingirmos a
“plenitude de Deus”. Tal processo culmina com a perfeição cristã, admitida e possível para Wesley, que a via
como o “amor perfeito” (1João 4.18), tendo como frutos inseparáveis a alegria constante, oração sem cessar e
em tudo darmos graças.

COMPREENDENDO A SANTIFICAÇÃO

Um dos termos utilizados para determinar a santificação é “ser separado”; “ter coragem para ser diferente”.
E, segundo um famoso evangelista Mood, santificação é “fazer o que o pecador zomba e o Senhor coroa”. É
verdade que existem alguns pensamentos errados a respeito da santificação. Algumas pessoas crêem na
santificação completa aqui. Isto anula o sacrifício de Jesus e a obra do Espírito Santo na vida, pois coloca o
esforço humano como pressuposto básico neste processo e não a graça de Deus.
Outros negam a participação humana, assumindo a idéia de que a “graça de Deus” não exige
responsabilidade. Trata-se de um liberalismo acomodado. E, por fim, há o que crê que a santificação é um
processo, algo a ser desenvolvido no dia a dia, ate que esteja completo na glória do Pai, que está prometida aos
que participarem deste processo até o fim.
Para que compreendamos qual é a visão de Deus para nós através da santificação, iremos meditar no que a
Palavra de Deus nos diz na carta aos hebreus capítulo 12.
Segundo o que nos diz a Palavra, santificação é:

1- Uma vida desembaraçada das coisas que são lícitas, mas não convém: “Desembaraçando de todo
peso” (v. 1). O que é peso? São fatores que podem servir de entraves quando nos desviam a atenção da
seriedade de nosso desenvolvimento e perfeição espirituais. Considerando que logo após a palavra “peso”, o
autor diz “e do pecado”, fica claro que o peso é diferente do pecado. Levando em contra que o autor está usando
a metáfora de uma corrida, creio que o peso seria algo que o corredor pode até levar, mas não convém. Assim,
temos coisas para as quais a Bíblia não traz uma lei definida, proibindo ou não sua prática, mas, as quais,
atrapalham nossa jornada (1 Coríntios 6.12). É importante ressaltarmos que o autor nos adverte a retirarmos
todo o peso.

2- Vida desembaraçada dos pecados que nos assediam: “Desembaraçando-nos... do pecado que nos
assedia” (v.1). Pecar é errar o alvo. Na figura da corrida, pecar seria o mesmo que sair da pista, indo por um
caminho que não conduz à chegada. A colocação do termo pecado no singular nos traz uma forte lição: “do
pecado”, isto porque geralmente há uma tentação que nos provoca mais de perto e com mais insistência que
outras, e isto ocorre diferentemente em cada pessoa. Uns são mais tentados em determinadas áreas outros não.

PORQUE DEVEMOS BUSCAR A SANTIFICAÇÃO?

1- Por causa da nuvem de testemunhas que nos observam: “Portanto, também nós, visto que temos a
rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas” (v. 1). Que nuvem de testemunhas é essa? Os heróis da fé que
estão no capítulo 11. A metáfora é de uma nuvem e esta nuvem é de espectadores no presente. É importante
lembrarmos que a resposta que muitos dão, de que não têm exemplos de fé, não é bem aceita, pois, na Palavra
de Deus e ao nosso redor encontramos uma grande quantidade de servos de Deus que servem de exemplo e
testemunho de vida para cada um de nós.
O mundo está sempre nos olhando, procurando algo para nos acusar, algo para justificar o seu pecado em
nossos erros. O mau testemunho pode ser um bloqueio para aqueles que estão a nossa volta não irem a Igreja.
Mas é importante lembrar que um bom testemunho pode transformar vidas. Levar o brilho de Cristo em nossas
vidas é certeza de que outras vidas serão iluminadas.

2- Para avançar na vida espiritual – Progredir: “Corramos com perseverança a carreira que os está
proposta” (v. 1). “Por isso restabelecei as mãos descaídas e os joelhos trôpegos e fazei caminhos restos para os
vossos pés” (v. 12-13). Aqui a vida cristã é comparada a uma corrida que deve ser para frente e para o alto.
Avançar! É necessário que renovemos as nossas forças, que nos vistamos de uma nova disposição para a
caminhada. Devemos parar de esconder-nos de nossas responsabilidades. É temo de assumirmos um novo
compromisso com Deus. “Não há servos inúteis para o Pai” (Wesley).

3- Para obter a cura das doenças psicossomáticas: “Para que não vos fatigueis, desmaiando em vossas
almas” (v. 3). Davi é um dos mais nítidos exemplos bíblicos de que o pecado oculto, não confessado, produz
enfermidades orgânicas: insônia, desânimo, dor de coluna e outros males (Sl 32 e 51). A ciência tem afirmado
que bem mais de 50% das enfermidades têm origem de distúrbios mentais. Uma das coisas que mais abala a
mente humana é o problema do pecado oculto no coração. Quantas úlceras se originam em raiz de amargura, ou
dores de cabeça por causa do sentimento de culpa? A pessoa acha que tudo dá errado pra ela, tenta fugir da
realidade, vive uma vida de negação dos problemas.

4- Pra que a Igreja cresça na santidade: “Para que não se extravie o que é manco” (v. 13). Quando se vive
a santificação na Igreja (dentro e fora) até aqueles que estão fracos na fé ou desanimados são envolvidos e
assim passam também a buscar a santificação, corrigindo suas vidas, voltando para o caminho e abandonando o
pecado. Dessa forma, a santificação pessoal vai impactando todos da comunidade, desde as crianças até os
mais idosos.

5- Para ver o Senhor aqui e na eternidade: “sem a qual ninguém verá o Senhor” (v. 14). Esta frase “ver o
Senhor” pode ser entendida de duas maneiras: primeiro, numa adoração aceitável. Eu posso cantar, orar, ler a
Palavra, trabalhar para o Mestre, contemplando-O pela fé, sabendo que o que faço é para Deus. Esta visão é
impossibilitada quando estou envolvido pelo pecado. E segundo, temos a promessa de vermos ao Senhor no seu
Reino de Glória. Através da santificação, os cristãos chegam até às realidades celestiais invisíveis, as quais
Deus guardou para aqueles que O amam e guardam a Sua Palavra. Estas coisas Ele revela pela Seu Espírito e
este não tem comunhão com o pecado.

A SANTIFICAÇÃO NA VISAO DE WESLEY

Wesley considerava a santificação como o processo de aperfeiçoamento da vida cristã em todos os

aspectos. Começava com a fé em Cristo e o 2onsequente perdão e regeneração, perdurando até a morte. Tendo
como modelo a pessoa de Jesus Cristo. Dessa forma, Wesley enfatizava a necessidade de aquisição da mente
de Cristo (Filipenses 2.5-11) e o comportamento de Cristo no amor (Efésios 5.1-2; Atos 10). Seu principal
aspecto consistia no amor como mandamento de Cristo (João 15.12). Wesley via a Santificação como uma obra
do Espírito Santo, que agia inicialmente trazendo a consciência de nossa natureza pecaminosa
(autoconhecimento), desviando-os de andarmos segundo a nossa inclinação natural e testemunhando que
somos filhos e filhas de Deus (Romanos 8.1-17).
Ele sempre lembrava da necessidade da santificação estar acompanhada por obras. Deve haver um
harmonioso equilíbrio entre fé e obras, justificação e santificação (as obras vistas por Wesley como fruto da fé e
não como preço da salvação). Não se pode dissociar tais elementos que se complementam mutuamente.
Oração, meditação, leitura da Bíblia, jejum e participação na comunidade de fé não podem afastar o cristão da
conjuntura social na qual está inserido. Fé e comprometimento social devem estar unidos e produzir frutos
dignos.

DISTORÇÕES ATUAIS A RESPEITO DA SANTIFICAÇÃO

A busca pela santificação está presente em todas as experiências cristãs. Destarte a boa intenção com que
procuram alcança-la incorrem no erro de atribuir “qualidades” ou características externas que passam a
determinar o grau de santificação de uma pessoa. Veja algumas distorções.
Santidade Carrancuda: algumas pessoas acreditam que ser santo é privar-se da alegria e expressões
semelhantes, e por causa disso, possuem um ar carregado, chegando ao mau humor e à antipatia.
Santidade Estereotipada: santidade externa, baseada na aparência. Geralmente relacionada aos usos e
costumes. Cabelos, trajes, maquiagem e adornos são relacionados com a santidade. Todo o cuidado pessoal é
visto como vaidade (vaidade essa entendida como grave pecado e obstrução a santidade e presença do Espírito
Santo)
Santidade Extraterrestre: o antigo hábito da clausura e da vida monástico ainda influencia muitos que
consideram que a santidade somente é possível quando se afasta deste mundo, do convívio das pessoas e do
contato com o pecado e os pecadores. Para tais, tudo que é elemento cultural, tudo que pertence a este mundo
deve ser negado para se conseguir chegar a Deus.

PERFEIÇÃO CRISTÃ

É aparente a semelhança entre a santificação e a perfeição cristã. Dir-se-ia que a última é o corolário e
objetivo da primeira. Wesley conclui que a santificação, no sentido da pureza de coração (Hebreus 12.14) era
essencial para a salvação final. Ambas estão pautadas no amor a Deus e ao próximo, na pureza absoluta de
caráter e na imitação de Cristo em atitudes e sentimentos. Contudo, em ambos os casos, o resultado é uma
espiritualidade engajada.
A perfeição como alvo do cristão, consiste numa consciência de que o nascido de novo em Cristo, não está
isento de sua velha natureza e de que não vencerá o pecado completamente. Trata-se de um ideal e de uma
busca constante por assemelhar-se a Cristo, que não isenta o cristão da ignorância e do erro, nem de suas
fraquezas. Outra importante contribuição de Wesley, foi sua observação sobre a primeira epístola de João, que
considerava um dos melhores comentários sobre a perfeição cristã. 1João 5.20 ilustra sua observação: “Se
alguém disser ‘amo a Deus’, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê,
não pode amar a Deus a quem não vê”.