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A santificação é critério indispensável para nossa participação no Reino dos céus

como moradores eternos. Neste estudo percebemos que sem ela, não contemplaremos a
face de Deus, mas somente o brilho do juízo e da justiça que procede dele.

Este é um processo que vai durar até a volta de Jesus ou quando dormirmos no
Senhor. Enquanto estivermos aqui na Terra, seremos vulneráveis ao pecado e nossa
santidade será sempre aperfeiçoada.

É impossível sermos perfeitos aqui, mas em Cristo somos agradáveis a Deus e mais
que vencedores.

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Deus abençoe!

1º – Exegeticamente o que é santificação?

A palavra do Antigo Testamento para “santificar” é QADOSH. O substantivo


correspondente é QODESH, enquanto que o adjetivo é QADOSH. Muito provavelmente o
sentido original deriva da raiz qad, que significa “cortar”. Então no A.T. a ideia
original para santificação é separação.
No Novo Testamento temos o verbo HAGIAZO, que primeiramente tem o mesmo sentido
que QADOSH, dando a ideia de separação. Porém, ele é empregado também em sentidos
diferentes como o expresso em Mt 6.9; Lc 11.2; 1 Pe 3.15, que nos traz ideia de
“considerar um objeto como santo”, “atribuir santidade a” ou “reconhecer sua
santidade por palavra ou ato”. Também é empregado em sentido ritual de “separar o
ordinário para propósitos sagrados”, Mt 23.17, 19; Jo 10.36; 2 Tm 2.21. É utilizado
também para expressar a operação de Deus em produzir a santidade no homem, Jo
17.17; At 20.32; 26.18; 1 Co 1.2; 1 Ts 5.23. Finalmente adquire também um sentido
expiatório, Hb 9.13; 10.10, 29; 13.12.
Há também adjetivos que expressam a ideia de santidade, como HIEROS, que
tem como melhor tradução a palavra “sagrado”, 1 Co 9.13; 2 Tm 3.15. HOSIOS, é a que
ocorre com maior frequência, se refere a cumprimento de obrigação moral, At 2.27;
13.34, 35; 1 Tm 2.8, Tt 1.8; Hb 7.26; Ap 15.4; 16.5. Hagnos traz a ideia de
liberdade da impureza e corrupção, num sentido ético, 2 Co 2.11; 11.2; Fp 4.8; 1
Tm5. 22; Tg 3.17; 1 Pe 3.2; 1 Jo 3.3. No entanto a palavra mais característica do
Novo Testamento é HAGIOS, que tem dois significados. Em alguns textos expressa
separação de alguns homens para o serviço de Deus, Lc 1.70; Ef 3.5; 2 Pe 1.21; em
outros expressa um sentido ético, ao referir-se a qualidades necessárias para
manter comunhão com Deus e servi-lo de modo aceitável, Ef 1.4; 5.27; Cl 1.22; 1 Pe
1.15, 16. Este último sentido é o que primordialmente é usado quando falamos de
santificação.
HAGIASMOS, substantivo, denota purificação ética, e inclui também “a
separação do espírito de tudo que é impuro e corruptor, e uma renúncia dos pecados
para os quais os desejos da carne e da morte nos levam”. Encontra-se em Rm 6.19,
22; 1 Co 1.30; 1 Ts 4.3, 4, 7; 2 Ts 2.13; 1 Tm 2.15; Hb 12.14; 1 Pe 1.2

2º – Do ponto de vista histórico, qual o posicionamento mais coerente da doutrina


da santificação?

Do ponto de vista histórico o posicionamento mais coerente adotado sobre


a doutrina da santificação é a dos reformadores. Afirmavam eles que justificação é
um ato legal de Deus, pela sua graça, que muda a posição judicial do homem diante
de Deus, e que santificação é uma obra moral ou recriadora, mudando a natureza
interior do homem. Após a justificação, inicia-se o processo da santificação,
levada a efeito pelo Espírito Santo mediante a Palavra e secundariamente mediante
os sacramentos.

3º – Qual a diferença entre santificação e santidade?

Santidade é primariamente aplicada a Deus. Refere-se ao seu estado de


inacessibilidade, de transcendência, totalmente distinto das suas criaturas.
Somente posteriormente veio a ter um sentido ético.
No homem, santidade é o estado em que ele se encontra em relação com
Deus, não é mera bondade ética, mas a mesma considerada diante de Deus. E
santificação é o processo na vida do regenerado no qual a santidade está inclusa.

4º – Qual o aspecto negativo e o positivo da santificação com base em sua natureza?

O aspecto negativo da santificação se refere à mortificação do velho


homem. É o ato de Deus em que a contaminação e a corrupção da natureza que resultam
do pecado são removidas gradativamente. E o aspecto positivo é justamente a
vivificação do novo homem, criado em Cristo Jesus para boas obras. É o ato de Deus
em nos capacitar para uma vida em santidade. Esse aspecto positivo também é chamado
ressurreição com Cristo, Rm 6.4, 5; Cl 2.12; 3.1, 2. Ambos os aspectos ocorrem de
forma simultânea. E o resultado é um viver para Deus, conforme Rm 6.11 e Gl 2.19.

5º – Qual a diferença entre a verdadeira santificação, o legalismo e o liberalismo?

A verdadeira santificação é uma obra de Espírito Santo na vida dos


crentes. É Deus quem realiza a obra no regenerado, 1 Ts 5.23; Hb 13.20, 21, que por
sua vez, é apenas um colaborador movido pelo Espírito de Deus. A verdadeira
santificação é a obediência aos mandamentos divinos não inspirado no desejo de ser
o melhor e sim no amor pelo Senhor, ou seja, obediência por amor, Jo 15.10-14; Ef
1.4.
O legalismo vê meramente os atos externos da suposta obediência a Deus, não
levando em conta se tal obediência tem a motivação correta. Lembremos que Jesus foi
severo com os fariseus nesse aspecto, chamando-os de hipócritas.
Já o liberalismo, reduz a santificação a um mero desenvolvimento espiritual
do homem, um desenvolvimento ético/moral, sem vê nisso a ação do Espírito de Deus,
compreende na verdade como apenas uma realização humana.

6º – Quais as principais características da santificação?

As características da santificação são:


a) É uma obra cujo autor é Deus;
b) Ela ocorre na vida subconsciente (sic) do homem, como uma operação imediata do
Espírito Santo; e em parte, na vida consciente, necessitando então de certos meios
como o estudo da Palavra de Deus, a oração e a comunhão com outros crentes;
c) É um processo longo, e jamais alcança a perfeição nesta vida;
d) A perfeição absoluta, no que diz respeito à alma, ocorre imediatamente após a
morte. E concernentemente ao corpo, quando da ressurreição.

7º – Quem é o autor e quais os meios da santificação?

A santificação é obra do Deus triúno, mas na economia da Trindade é


especificamente obra do Espírito Santo, Rm 8.11; 15.16; 1 Pe 1.2. O homem é apenas
um cooperador, e o faz apenas porque o Espírito Santo o capacita dia a dia.
Os meios que o Senhor usa para realizar a santificação são: a Palavra, os
sacramentos e sua direção providencial. A Palavra de Deus nos traz todos os
ensinamentos, exortações, proibições e incentivos necessários para vivermos uma
vida de santidade com Deus. Os sacramentos, que devem estar sempre subordinados à
Palavra, simbolizam e selam para nós as verdade contidas na Palavra de Deus. As
providências divinas, quer favoráveis ou adversas, afetam grandemente nossas vidas,
e portanto, é um meio de Deus operar a santificação em nós, Sl 119.71; Rm 2.4; Hb
12.10.

8º – Fale da relação da santificação, regeneração, justificação e fé.

A relação que há da santificação com a regeneração é que a regeneração


dá-se uma única vez na vida do homem e de forma completa, sendo então o princípio
do processo da santificação, Fp1.6.
A justificação, por sua vez, é a base judicial da santificação. Havendo
Deus nos declarado justos diante d’Ele, com base na justiça de Cristo, tem todo o
direito de exigir de nós santidade no viver. E como a santificação está baseada na
justiça de Cristo, e é uma ação do Espírito Santo em nós, não temos diante d’Ele
mérito algum.
E ela relaciona-se também com a fé, pois é esta a causa mediata e
instrumental tanto da santificação como da justificação. Sem a fé salvífica não
pode haver regeneração e justificação, portanto, não pode haver o início do
processo da santificação. Esta fé deverá estar sempre presente na vida do cristão,
e quanto mais vigorante ela for mais ele poderá crescer espiritualmente.

9º – Podemos alcançar a impecabilidade ou não?

Todas as teorias perfeccionistas são obrigadas a rebaixar o padrão da lei


de Deus e limitar a sua teologia do pecado enxergando-os apenas em suas
exteriorizações. Ademais, os textos bíblicos por eles usados para as defesas de
suas teorias não são corretamente interpretados.
A verdade é que nesta vida, como nos mostra fartamente as Escrituras é
impossível alcançarmos a impecabilidade, 1 Rs 4.46; Pv 20.9; Ec 7.20; Rm 3.10; Tg
3.2; 1 Jo 1.8.

10º – Qual a relação entre a santificação e as suas obras?

Todos temos o dever de manifestar boas obras, pois elas são por assim
dizer frutos da santificação. É necessário, entretanto, entendermos que essas boas
obras não trazem mérito algum ao homem. Isto é verdade porque se as praticamos
corretamente, ou seja, com motivações corretas que glorifiquem a Deus, é unicamente
pela graça do Senhor, 1 Co 15.10; Fp 2.13. E simplesmente não fazemos mais do que
nossa obrigação, Lc 17.9, 10.
As boas obras, portanto, são necessárias, afinal Deus as exige de nós, Rm
7.4; 8.12, 13; Gl 6.2, temos apenas que estar cônscios do seu real lugar.

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