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O Fruto do Espirito

Julio Cesar
Gestor de Pessoas
Julio Cesar

O Fruto do Espírito
Texto base: Gálatas 5. 22,23

Introdução
A habitação do Espírito Santo em alguém, sem dúvida, é
acompanhada de evidências que comprovam essa operação divina.
As Escrituras deixam claro que o ser humano irá manifestar
exteriormente o que quer que o esteja impulsionando. Se o seu ser
estiver sendo nutrido por sua própria natureza, que é pecaminosa (Tt
1.15; Rm 3.10-18,23), ele manifestará em sua vida as evidências dessa
condição. Por outro lado, se o que impulsiona o seu ser é o Espírito de
Deus, nada mais lógico que essa pessoa, em sua vida, manifeste
evidências desse motriz.

I. O que é o Fruto do Espírito.


a. Observações sobre o tema
 Qualidades morais, divinamente implantadas.
 Essas qualidades morais são energias transformadoras que
produzem a transformação metafísica dos seres humanos,
para que adquiram a imagem de Cristo (ver II Cor. 3:18).
 O fruto e um meio de reproduzir aquilo que implanta o fruto;
e assim os remidos se tornam membros da família divina,
padronizados em seus seres de conformidade com a
imagem divina de Cristo Jesus.
 Esse processo esta inteiramente fora do alcance da lei, de
qualquer principio legalista, mas requer comunhão real
com o Espírito de Deus. A vida crista, pois, e um processo
místico, e não apenas um processo ético.
 Todo o desenvolvimento espiritual, portanto, requer a
realidade e a busca do Espírito, pois ele e a fonte de tudo.
Não e suficiente ler a Bíblia e orar. A experiência humana
mostra-nos que isso não basta. Deve haver a inquirição pelo
Espírito Santo, bem como a submissão a ele. Por sua vez,
quando sua presença e real para nos, ele usara os meios da
meditação, do estudo e da oração; tais meios, entretanto,
são praticamente inúteis sem a sua presença. Podem

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modificar temporariamente o individuo, pela mera forca


mental e moral; mas essa modificação (já que independe
do Espírito de Deus) não pode perdurar.
 Tornar-se alguém gradativamente perfeito, mediante a
implantação do fruto do Espírito significa vir a participar
perfeitamente da natureza moral positiva do próprio Deus.
(Ver Rom. 3:21). A impecabilidade e apenas um aspecto
primário da busca pela santidade. Os remidos precisam
participar de todas as qualidades morais positivas de Deus,
e essas qualidades envolvem o fruto do Espírito Santo. A
possessão dessas propriedades morais serve de poder
provocador mediante o que chegaremos a participar da
natureza metafísica de Cristo. Isso porque a transformação
moral leva a transformação metafísica.

II. Quais os componentes do Fruto do Espírito


a. O amor
 Do grego agape, essa palavra (às vezes traduzida por
“caridade”), quando aplicada ao amor cristão como fruto
do Espírito, tem “Deus por seu objeto primário, e se expressa,
em primeiro lugar, em obediência implícita aos
mandamentos divinos (Jo 14.15,21,23; 15.10; 1Jo 2.5; 5.3; 2Jo
6). A voluntariosidade, quer dizer, aquele que age só pela
sua vontade para agradar a si mesmo, é a negação do
amor a Deus. O amor cristão, quer exercido para com os
irmãos, quer para com os homens em geral, não é um
impulso dos sentimentos; nunca flui com as inclinações
naturais, nem se gasta somente naqueles por quem se
descobre ter um pouco de afinidade. O amor busca o
bem-estar de todos (Rm 15.2) e não faz mal a ninguém (Rm
13.8- 10); o amor busca a oportunidade de fazer o bem ‘a
todos, mas principalmente aos domésticos na fé’ (Gl 6.10).”
(Dicionário Vine; comentário extraído de Notes on
Thessalonians, de Hogg e Vine). A exposição de W. E. Vine
exprime amplamente no que consiste o amor cristão e,
analisando as referências contidas no próprio comentário
de Hogg e Vine, podemos ver o quanto o Novo Testamento
está imbuído do amor como fruto do Espírito Santo. O texto
de Romanos 15.2 relaciona claramente o amor à

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edificação e ao crescimento. Na mesma carta, pouco


antes, o apóstolo Paulo, aludindo ao Pentateuco, mostra a
magnânima importância do amor, a ponto de nos provar
que esta qualidade, por si só, resumia o código legal
transmitido no Monte Sinai. Porém, o texto de 1 Coríntios
13.1-8 nos desvenda de forma magistral a natureza do
verdadeiro amor. Este trecho nos mostra um amor perfeito,
que só reside em Deus, e que podemos vivenciar mediante
uma profunda transformação de vida que só pode ser em
nós efetuada pelo próprio Deus. De uma maneira incrível,
Deus escolheu para nos provar que o amor verdadeiro só
pode ser fruto do Espírito.

b. A Alegria
 Também traduzida por “gozo”, essa palavra vem do grego
chara, que, no original, significa “alegria”, “delícia”,
“deleite”. No Antigo e no Novo Testamento, “o próprio Deus
é a base e o objeto da ‘alegria’ do crente (por exemplo, Sl
35.9; 43.4; Is 61.10; Lc 1.47; Rm 5.11; Fp 3.1; 4.4)”, diz W. E.
Vine em seu Dicionário Vine. Embora o termo chara abranja
significados relacionados à alegria, Tiago 1.2 o relaciona
com as provações da vida cristã. Por isso, propriamente, W.
E. Vine diz que a “alegria está associada com a vida (por
exemplo, 1Ts 3.8,9). As experiências de tristeza preparam e
aumentam a capacidade para a ‘alegria’ (por exemplo, Jo
16.20; Rm 5.3,4; 2 Co 7.4; 8.2; Hb 10.34; Tg 1.2). A
perseguição por causa de Cristo aumenta a ‘alegria’ (por
exemplo, Mt 5.11,12; At 5.41).”. Logo, exemplos desse
aspecto do fruto do Espírito em cristãos podem ser extraídos
das próprias referências citadas por Vine. O texto de
Filipenses 3.1 nos mostra o apelo de Paulo para os cristãos
Filipenses se alegrarem, tendo o Senhor como o
fundamento dessa alegria. A mesma exortação é repetida
em Filipenses 4.4. O texto de Romanos 15.13 é incisivo ao
relacionar a alegria à confiança em Jesus. Enfim, Filipenses
1.25, também associando a alegria à fé, nos mostra mais
uma vez a natureza sobrenatural da alegria, quando esta
advém de Cristo.

c. A Paz
 Do grego eirene, esta palavra, como tantas outras nos
idiomas semíticos, pode trazer vários significados
dependendo do contexto. No caso em questão, o melhor

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entendimento possível encontra-se numa junção de duas


definições apresentadas por W. E. Vine: “[f] as relações
harmonizadas entre Deus e os homens, satisfeitas pelo
Evangelho” e “[g] a sensação de descanso que lhe é
conseqüente”. Por isso, Vine continua dizendo acerca da
segunda definição que “em certas passagens esta ideia
não é distinguível da letra ‘f’ “. Assim, no caso de Gálatas
5.22, uma definição que encerra o sentido de eirene de
forma mais completa, seria algo assim: sensação de
descanso e satisfação produzida pelo Espírito, e oriundas de
nossa, perfeitamente restabelecida, relação com Deus. De
fato, as Escrituras nos mostram que os cristãos desfrutam de
uma paz completa, inteira, cumprida (tal qual significado
subjaz ao termo hebraico correspondente, shalom). O texto
de Atos 10.36 nos diz que foram anunciadas aos homens as
boas notícias da paz mediante a obra expiatória de Cristo.
Idéia semelhante é expressa em Efésios 2.17. Já os textos de
Mateus 10.13; João 14.27 e Romanos 8.6 nos ilustram a
sensação de paz conseqüente da relação com Deus
restaurada. Mateus 10.13 diz que os discípulos já
desfrutavam dessa paz enquanto o Cristo habitava
corporalmente entre nós. O apóstolo João, em seu
evangelho, nos relata, de forma incisiva, que Jesus foi quem
nos deixou esta paz de origem sobrenatural, e que, por
causa dessa origem, a paz não está atrelada à possível
harmonia das circunstâncias externas de nossa vida (Jo
14.27). Paulo novamente faz uso de eirene na sua carta aos
romanos, dizendo que a inclinação do cristão à influência
do Espírito produz naquele a paz (Rm 8.6). Portanto, está
claro que as pessoas que, pela fé, aceitam o sacrifício
substitutivo de Cristo, desfrutam de uma sensação de paz
cuja natureza difere muito da paz incompleta e ilusória
oriunda de circunstâncias externas. A paz produzida pela
amizade com Deus é, em contraposição, completa e
verdadeira; e quanto mais o fruto do Espírito estiver sendo
amadurecido no cristão, maior será esta sensação de paz
gozada pelo crente.

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d. A Longanimidade
 O substantivo “longanimidade” tem sua origem na palavra
grega makrothumia, que, por sua vez, é formada por duas
outras palavras gregas: makros (“longo”) e thumos
(“temperamento”). Portanto, longanimidade significa
“indulgência”, “clemência”, “resignação”, ou, mais
propriamente, “longo temperamento”. O termo
longanimidade, logo, remete à capacidade de suportar
afrontas. Por isso, Vine diz que a “longanimidade é a
qualidade de autodomínio em face da provocação que
não retalia impetuosamente ou castiga prontamente; é o
oposto de raiva, e está associado com a misericórdia”.
Assim, o uso comum do termo “paciência” relacionado à
disposição misericordiosa frente às afrontas pessoais está
equivocado. Acerca da paciência, Vine, valendo-se de
ferramentas filológicas, esclarece que “é a qualidade que
não se rende às circunstâncias ou sucumbe sob às provas;
é o oposto do desalento e está associado com a
esperança (1Ts 1.3).” Esta fração do fruto do Espírito pode
ser observada no cristão, por exemplo, no texto de 2
Coríntios 6.6, em que Paulo apresenta a longanimidade
como uma das qualidades a ser almejadas pelos ministros
de Deus. O mesmo apóstolo, em Efésios 4.1-3, pede aos
crentes de Éfeso que ajam de forma coerente com sua
salvação e apresenta a longanimidade como uma das
qualidades que evidencia a condição de uma pessoa que
foi alcançada pelo Evangelho, instando os efésios a cultivá-
la. Um discurso semelhante foi apresentado aos Colossenses
no qual Paulo pede para que eles, por serem salvos em
Cristo, caminhem de acordo com essa condição,
revestindo-se de – entre outras qualidades –longanimidade
(Cl 3.12). Por fim, podemos notar este aspecto do fruto do
Espírito no próprio apóstolo Paulo, quando ele relata que
Timóteo estava testemunhando de perto a sua
longanimidade (2Tm 3.10).

e. A Benignidade
 Do grego chrestotes, esta palavra significa “bondade de
coração”, “generosidade”, “afabilidade”. Vine acrescenta
que este termo significa “não meramente a bondade ou

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benignidade como qualidade, antes, é a bondade ou


benignidade em ação, a bondade ou benignidade que se
expressa em atos” (Notes on Galatians, de Hogg e Vine,
citado no Dicionário Vine). Esta qualidade do fruto do
Espírito aparece nos textos do Novo Testamento, em alguns
casos, traduzido simplesmente como “bondade”. Paulo, em
2Coríntios 6.6, nos apresenta a benignidade como uma das
qualidades requisitadas para o pastorado “recomendando-
nos a nós mesmos como ministros de Deus: na muita
paciência, nas aflições [...], na pureza, no saber, na
longanimidade, na bondade” (o termo aqui é chrestotes).
O mesmo apóstolo insta os cristãos de Colossos a
revestirem- se de bondade, dentre outras qualidades:
“Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados,
de ternos afetos de misericórdia, de bondade” (o termo
aqui, novamente, é chrestotes – Cl 3.12). Portanto, a
benignidade, como fruto do Espírito, reflete a amabilidade
servil de Cristo e revela esta faceta do caráter divino.

f. A Bondade
 Esta palavra aparece originalmente em Gálatas 5.22 como
agathõsune. Embora as diferenças conceituais entre
benignidade e bondade (chrestotes e agathõsune) não
aparentem ser grandes, alguns exegetas distinguem os
significados de ambos os termos. Vine, mostrando a opinião
de Trench, diz que chrestotes “descreve os aspectos mais
benevolentes da ‘bondade’, o último (agathõsune) inclui
também as qualidades mais rígidas, pelas quais fazer o
‘bem’ aos outros não significa necessariamente fazer por
meios gentis” (Dicionário Vine). Trazendo a opinião de outro
exegeta, Vine diz que “Lightfoot considera o termo
chrestotes uma disposição benevolente para com outros; e
o termo agathõsune, uma atividade gentil em defesa
deles” (Dicionário Vine). Existem ainda outras opiniões a
respeito das diferenças entre chrestotes e agathõsune,
contudo, o exame filológico aprofundado não é nosso
objeto nessa disciplina. Para fins práticos, podemos, sem
erro, aceitar o substantivo “bondade” de Gálatas 5.22
como sendo uma qualidade moral semelhante à
benignidade, porém, com uma ideia de “justiça” que pode
estar embutida no termo. O Novo Testamento nos traz
exemplos dessa palavra como resultados da influência do
Espírito Santo no cristão. Em Romanos 15.14, Paulo
testemunha que os crentes da igreja em Roma estavam
“possuídos de bondade”. Além disso, num discurso
semelhante ao de Gálatas 5.22, o mesmo apóstolo, aos

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crentes de Éfeso, diz que “o fruto da luz consiste em toda


bondade” (Ef 5.9).

g. A Fidelidade
 Do grego pistis, esta palavra pode ser primariamente
traduzida como “persuasão firme” e, no Novo Testamento,
sempre está ligada a Deus, Jesus, ou às coisas espirituais.
Vine esclarece que pistis “é usada com referência: (a) à
confiança; (b) à fidedignidade, fidelidade, lealdade; (c)
por metonímia, ao que é crido, o conteúdo da crença, a
‘fé’; (d) à base para a ‘fé’, à garantia, à certeza; (e) a um
penhor de fidelidade, fé empenhada.” (Dicionário Vine).
Uma vez que, no caso de Gálatas 5.22, o contexto parece
indicar o sentido de “fidelidade” para esta palavra grega, a
versão Almeida Revista e Atualizada (ARA) optou,
propriamente, por traduzir pistis por fidelidade. Embora todo
ser humano seja capaz de, em alguns níveis, ser fiel, a
fidelidade como fruto do Espírito é caracterizada pela
capacidade do cristão em ser fiel a algo ou alguém de
forma altruísta. Em outras palavras, a fidelidade no cristão
como reflexo da fidelidade Deus, constitui-se em um tipo de
fidelidade incondicional. Obviamente, todo e qualquer
atributo componente da imago dei (imagem de Deus) no
homem é de natureza imperfeita. Todavia, tais atributos que
caracterizam no homem a imagem de Deus podem ser
aperfeiçoados no cristão a ponto de distinguirem-se dos
mesmos atributos presentes no homem não regenerado,
como vimos no caso do amor, estudado linhas anteriores.
Seguindo o padrão da verificação de exemplos utilizado
até o momento, vejamos nas Escrituras como a fidelidade
floresce nos cristãos na qualidade de fruto do Espírito Santo.
O Senhor Jesus, dirigindo-se aos escribas e fariseus, disse que
os preceitos mais importantes da Lei, e justamente os que
estavam sendo por eles ignorados, são a justiça, a
misericórdia e a fé (pistis no sentido de lealdade – Mt 23.23).
A Tito, Paulo pede que oriente os cristãos escravos a darem,
em coesão com a vontade de Deus, prova de sua
fidelidade, não furtando os seus senhores. O texto de
1Coríntios 4.2 traz uma explícita declaração acerca da
fidelidade ao Senhor que é requerida dos ministros do
Evangelho. Por fim, Paulo pede a seu amigo Timóteo que só
transmita os ensinamentos e a doutrina recebida a cristãos
fiéis (2Tm 2.2).

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h. A Mansidão
 “mansidão” vem do grego praütes, cuja tradução, se
realizada em uma palavra, não pode esgotar o significado
do termo original. Vine nos esclarece que seu uso nas
Escrituras traz um significado bem mais extenso que quando
usado no grego secular: praütes. Na Bíblia, mansidão “não
consiste só no ‘comportamento exterior da pessoa; nem
ainda em suas relações para com o próximo; tampouco na
sua mera disposição natural. Antes é uma entretecida
graça da alma; e cujos exercícios são primeira e
primariamente para com Deus.’” (Dicionário Vine). Dessa
forma, a conclusão a que podemos chegar é que a
“mansidão” de Gálatas 5.22 traz um significado mais
próximo da capacidade de deixar-se guiar mansamente
por Deus, sem resisti-lo (tal imagem nos remete à forma que
uma ovelha deixa-se guiar por seu pastor; não
coincidentemente é a imagem frequentemente atribuída
aos cristãos). Para aprofundar o conceito de praütes, Vine,
citando Trench, continua dizendo que este termo refere-se
ao “temperamento de Espírito [ou, simplesmente,
disposição] no qual aceitamos seus procedimentos
conosco como bons, e, portanto, sem disputar ou resistir [...].
Esta mansidão, porém, sendo em primeiro lugar uma
mansidão perante Deus, também o é diante dos homens,
até de homens maus, proveniente de um senso de que
estes, com os insultos e danos que possam infligir, são
permitidos e empregados por ele para castigo e
purificação dos eleitos” (Trench, New Testament Synonyms,
citado no Dicionário Vine). Consideradas as devidas
definições, vejamos como a mansidão floresceu no caráter
dos crentes neotestamentários. Paulo, escrevendo a Tito,
pede que os cristãos sob seu pastorado deem provas de
toda a sua cortesia (o termo aqui é praütes - Tt 3.2).
Novamente, em Colossenses 3.12, Paulo conclama os
cristãos a se revestirem de mansidão. O mesmo apóstolo
pede a Timóteo que, na qualidade de homem de Deus,
busque a mansidão (Tm 6.11). Como um último exemplo,
Tiago pede que os cristãos recebam a Palavra de Deus
com mansidão (Tg 1.21).

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i. O Domínio Próprio
 Esta qualidade trazida a nós pelo Espírito de Deus vem do
grego enkrateia. Acerca de sua definição, Vine diz que o
termo “autocontrole” é uma tradução preferível à
“temperança”, “visto que a ‘temperança’ está limitada a
[apenas] uma forma de autocontrole”, e prossegue
dizendo que “as várias capacidades concedidas por Deus
ao homem são passíveis de abuso; o uso correto delas
exige o poder controlador da vontade sob a operação do
Espírito de Deus” (Dicionário Vine). Nas laudas
neotestamentárias podemos ver os exemplos desta
qualidade de Cristo atuando nos cristãos mediante a obra
do Espírito Santo. Além do texto de Gálatas 5.22, o Novo
Testamento traz enkrateia em Atos 24.25 e 2Pedro 1.6.
Lucas, em Atos 24.25, narra Paulo dissertando “acerca da
justiça, do domínio próprio e do juízo vindouro”. Por sua vez,
Pedro, em sua segunda epístola, entrelaça as qualidades:
conhecimento, domínio próprio e perseverança, atribuindo-
lhes uma relação sinergística de funcionamento; de forma
que, para o exercício do autocontrole é necessário o
conhecimento da natureza das situações nas quais esse
autocontrole é exigido. Da mesma forma, a perseverança
deve estar ligada ao autocontrole, uma vez que
manifestações esporádicas e arbitrárias de domínio próprio
não podem ser consideradas como expressões de um
caráter transformado pelo Espírito, cujas virtudes não são
esporádicas, mas eternas. Portanto, o domínio próprio ou
autocontrole é um aspecto do fruto do Espírito que, quando
desenvolvido em nós, permite-nos refrear impulsos oriundos
da “carne” ou mesmo gerar disposições favoráveis à “nova
natureza”, a natureza do cristão regenerado

Conclusão
Concluindo que, o fruto do Espírito Santo é o resultado de uma
operação mediante a qual as qualidades do caráter divino são
implantadas e amadurecidas no homem regenerado com o objetivo
de restaurar-lhe a imagem de Deus e, assim, glorificar ao Senhor. Além
disso, não obstante esteja claro que o fruto “é do Espírito”, podemos
segundo o que estudamos, perceber um elemento sinergístico no
amadurecimento de cada qualidade deste fruto. De alguma forma, a
participação volitiva do homem é requisitada para o amadurecimento
de um caráter semelhante ao de Cristo.

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