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Julio Cesar
Gestor de Pessoas
Julio Cesar
O Fruto do Espírito
Texto base: Gálatas 5. 22,23
Introdução
A habitação do Espírito Santo em alguém, sem dúvida, é
acompanhada de evidências que comprovam essa operação divina.
As Escrituras deixam claro que o ser humano irá manifestar
exteriormente o que quer que o esteja impulsionando. Se o seu ser
estiver sendo nutrido por sua própria natureza, que é pecaminosa (Tt
1.15; Rm 3.10-18,23), ele manifestará em sua vida as evidências dessa
condição. Por outro lado, se o que impulsiona o seu ser é o Espírito de
Deus, nada mais lógico que essa pessoa, em sua vida, manifeste
evidências desse motriz.
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b. A Alegria
Também traduzida por “gozo”, essa palavra vem do grego
chara, que, no original, significa “alegria”, “delícia”,
“deleite”. No Antigo e no Novo Testamento, “o próprio Deus
é a base e o objeto da ‘alegria’ do crente (por exemplo, Sl
35.9; 43.4; Is 61.10; Lc 1.47; Rm 5.11; Fp 3.1; 4.4)”, diz W. E.
Vine em seu Dicionário Vine. Embora o termo chara abranja
significados relacionados à alegria, Tiago 1.2 o relaciona
com as provações da vida cristã. Por isso, propriamente, W.
E. Vine diz que a “alegria está associada com a vida (por
exemplo, 1Ts 3.8,9). As experiências de tristeza preparam e
aumentam a capacidade para a ‘alegria’ (por exemplo, Jo
16.20; Rm 5.3,4; 2 Co 7.4; 8.2; Hb 10.34; Tg 1.2). A
perseguição por causa de Cristo aumenta a ‘alegria’ (por
exemplo, Mt 5.11,12; At 5.41).”. Logo, exemplos desse
aspecto do fruto do Espírito em cristãos podem ser extraídos
das próprias referências citadas por Vine. O texto de
Filipenses 3.1 nos mostra o apelo de Paulo para os cristãos
Filipenses se alegrarem, tendo o Senhor como o
fundamento dessa alegria. A mesma exortação é repetida
em Filipenses 4.4. O texto de Romanos 15.13 é incisivo ao
relacionar a alegria à confiança em Jesus. Enfim, Filipenses
1.25, também associando a alegria à fé, nos mostra mais
uma vez a natureza sobrenatural da alegria, quando esta
advém de Cristo.
c. A Paz
Do grego eirene, esta palavra, como tantas outras nos
idiomas semíticos, pode trazer vários significados
dependendo do contexto. No caso em questão, o melhor
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d. A Longanimidade
O substantivo “longanimidade” tem sua origem na palavra
grega makrothumia, que, por sua vez, é formada por duas
outras palavras gregas: makros (“longo”) e thumos
(“temperamento”). Portanto, longanimidade significa
“indulgência”, “clemência”, “resignação”, ou, mais
propriamente, “longo temperamento”. O termo
longanimidade, logo, remete à capacidade de suportar
afrontas. Por isso, Vine diz que a “longanimidade é a
qualidade de autodomínio em face da provocação que
não retalia impetuosamente ou castiga prontamente; é o
oposto de raiva, e está associado com a misericórdia”.
Assim, o uso comum do termo “paciência” relacionado à
disposição misericordiosa frente às afrontas pessoais está
equivocado. Acerca da paciência, Vine, valendo-se de
ferramentas filológicas, esclarece que “é a qualidade que
não se rende às circunstâncias ou sucumbe sob às provas;
é o oposto do desalento e está associado com a
esperança (1Ts 1.3).” Esta fração do fruto do Espírito pode
ser observada no cristão, por exemplo, no texto de 2
Coríntios 6.6, em que Paulo apresenta a longanimidade
como uma das qualidades a ser almejadas pelos ministros
de Deus. O mesmo apóstolo, em Efésios 4.1-3, pede aos
crentes de Éfeso que ajam de forma coerente com sua
salvação e apresenta a longanimidade como uma das
qualidades que evidencia a condição de uma pessoa que
foi alcançada pelo Evangelho, instando os efésios a cultivá-
la. Um discurso semelhante foi apresentado aos Colossenses
no qual Paulo pede para que eles, por serem salvos em
Cristo, caminhem de acordo com essa condição,
revestindo-se de – entre outras qualidades –longanimidade
(Cl 3.12). Por fim, podemos notar este aspecto do fruto do
Espírito no próprio apóstolo Paulo, quando ele relata que
Timóteo estava testemunhando de perto a sua
longanimidade (2Tm 3.10).
e. A Benignidade
Do grego chrestotes, esta palavra significa “bondade de
coração”, “generosidade”, “afabilidade”. Vine acrescenta
que este termo significa “não meramente a bondade ou
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f. A Bondade
Esta palavra aparece originalmente em Gálatas 5.22 como
agathõsune. Embora as diferenças conceituais entre
benignidade e bondade (chrestotes e agathõsune) não
aparentem ser grandes, alguns exegetas distinguem os
significados de ambos os termos. Vine, mostrando a opinião
de Trench, diz que chrestotes “descreve os aspectos mais
benevolentes da ‘bondade’, o último (agathõsune) inclui
também as qualidades mais rígidas, pelas quais fazer o
‘bem’ aos outros não significa necessariamente fazer por
meios gentis” (Dicionário Vine). Trazendo a opinião de outro
exegeta, Vine diz que “Lightfoot considera o termo
chrestotes uma disposição benevolente para com outros; e
o termo agathõsune, uma atividade gentil em defesa
deles” (Dicionário Vine). Existem ainda outras opiniões a
respeito das diferenças entre chrestotes e agathõsune,
contudo, o exame filológico aprofundado não é nosso
objeto nessa disciplina. Para fins práticos, podemos, sem
erro, aceitar o substantivo “bondade” de Gálatas 5.22
como sendo uma qualidade moral semelhante à
benignidade, porém, com uma ideia de “justiça” que pode
estar embutida no termo. O Novo Testamento nos traz
exemplos dessa palavra como resultados da influência do
Espírito Santo no cristão. Em Romanos 15.14, Paulo
testemunha que os crentes da igreja em Roma estavam
“possuídos de bondade”. Além disso, num discurso
semelhante ao de Gálatas 5.22, o mesmo apóstolo, aos
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g. A Fidelidade
Do grego pistis, esta palavra pode ser primariamente
traduzida como “persuasão firme” e, no Novo Testamento,
sempre está ligada a Deus, Jesus, ou às coisas espirituais.
Vine esclarece que pistis “é usada com referência: (a) à
confiança; (b) à fidedignidade, fidelidade, lealdade; (c)
por metonímia, ao que é crido, o conteúdo da crença, a
‘fé’; (d) à base para a ‘fé’, à garantia, à certeza; (e) a um
penhor de fidelidade, fé empenhada.” (Dicionário Vine).
Uma vez que, no caso de Gálatas 5.22, o contexto parece
indicar o sentido de “fidelidade” para esta palavra grega, a
versão Almeida Revista e Atualizada (ARA) optou,
propriamente, por traduzir pistis por fidelidade. Embora todo
ser humano seja capaz de, em alguns níveis, ser fiel, a
fidelidade como fruto do Espírito é caracterizada pela
capacidade do cristão em ser fiel a algo ou alguém de
forma altruísta. Em outras palavras, a fidelidade no cristão
como reflexo da fidelidade Deus, constitui-se em um tipo de
fidelidade incondicional. Obviamente, todo e qualquer
atributo componente da imago dei (imagem de Deus) no
homem é de natureza imperfeita. Todavia, tais atributos que
caracterizam no homem a imagem de Deus podem ser
aperfeiçoados no cristão a ponto de distinguirem-se dos
mesmos atributos presentes no homem não regenerado,
como vimos no caso do amor, estudado linhas anteriores.
Seguindo o padrão da verificação de exemplos utilizado
até o momento, vejamos nas Escrituras como a fidelidade
floresce nos cristãos na qualidade de fruto do Espírito Santo.
O Senhor Jesus, dirigindo-se aos escribas e fariseus, disse que
os preceitos mais importantes da Lei, e justamente os que
estavam sendo por eles ignorados, são a justiça, a
misericórdia e a fé (pistis no sentido de lealdade – Mt 23.23).
A Tito, Paulo pede que oriente os cristãos escravos a darem,
em coesão com a vontade de Deus, prova de sua
fidelidade, não furtando os seus senhores. O texto de
1Coríntios 4.2 traz uma explícita declaração acerca da
fidelidade ao Senhor que é requerida dos ministros do
Evangelho. Por fim, Paulo pede a seu amigo Timóteo que só
transmita os ensinamentos e a doutrina recebida a cristãos
fiéis (2Tm 2.2).
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h. A Mansidão
“mansidão” vem do grego praütes, cuja tradução, se
realizada em uma palavra, não pode esgotar o significado
do termo original. Vine nos esclarece que seu uso nas
Escrituras traz um significado bem mais extenso que quando
usado no grego secular: praütes. Na Bíblia, mansidão “não
consiste só no ‘comportamento exterior da pessoa; nem
ainda em suas relações para com o próximo; tampouco na
sua mera disposição natural. Antes é uma entretecida
graça da alma; e cujos exercícios são primeira e
primariamente para com Deus.’” (Dicionário Vine). Dessa
forma, a conclusão a que podemos chegar é que a
“mansidão” de Gálatas 5.22 traz um significado mais
próximo da capacidade de deixar-se guiar mansamente
por Deus, sem resisti-lo (tal imagem nos remete à forma que
uma ovelha deixa-se guiar por seu pastor; não
coincidentemente é a imagem frequentemente atribuída
aos cristãos). Para aprofundar o conceito de praütes, Vine,
citando Trench, continua dizendo que este termo refere-se
ao “temperamento de Espírito [ou, simplesmente,
disposição] no qual aceitamos seus procedimentos
conosco como bons, e, portanto, sem disputar ou resistir [...].
Esta mansidão, porém, sendo em primeiro lugar uma
mansidão perante Deus, também o é diante dos homens,
até de homens maus, proveniente de um senso de que
estes, com os insultos e danos que possam infligir, são
permitidos e empregados por ele para castigo e
purificação dos eleitos” (Trench, New Testament Synonyms,
citado no Dicionário Vine). Consideradas as devidas
definições, vejamos como a mansidão floresceu no caráter
dos crentes neotestamentários. Paulo, escrevendo a Tito,
pede que os cristãos sob seu pastorado deem provas de
toda a sua cortesia (o termo aqui é praütes - Tt 3.2).
Novamente, em Colossenses 3.12, Paulo conclama os
cristãos a se revestirem de mansidão. O mesmo apóstolo
pede a Timóteo que, na qualidade de homem de Deus,
busque a mansidão (Tm 6.11). Como um último exemplo,
Tiago pede que os cristãos recebam a Palavra de Deus
com mansidão (Tg 1.21).
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i. O Domínio Próprio
Esta qualidade trazida a nós pelo Espírito de Deus vem do
grego enkrateia. Acerca de sua definição, Vine diz que o
termo “autocontrole” é uma tradução preferível à
“temperança”, “visto que a ‘temperança’ está limitada a
[apenas] uma forma de autocontrole”, e prossegue
dizendo que “as várias capacidades concedidas por Deus
ao homem são passíveis de abuso; o uso correto delas
exige o poder controlador da vontade sob a operação do
Espírito de Deus” (Dicionário Vine). Nas laudas
neotestamentárias podemos ver os exemplos desta
qualidade de Cristo atuando nos cristãos mediante a obra
do Espírito Santo. Além do texto de Gálatas 5.22, o Novo
Testamento traz enkrateia em Atos 24.25 e 2Pedro 1.6.
Lucas, em Atos 24.25, narra Paulo dissertando “acerca da
justiça, do domínio próprio e do juízo vindouro”. Por sua vez,
Pedro, em sua segunda epístola, entrelaça as qualidades:
conhecimento, domínio próprio e perseverança, atribuindo-
lhes uma relação sinergística de funcionamento; de forma
que, para o exercício do autocontrole é necessário o
conhecimento da natureza das situações nas quais esse
autocontrole é exigido. Da mesma forma, a perseverança
deve estar ligada ao autocontrole, uma vez que
manifestações esporádicas e arbitrárias de domínio próprio
não podem ser consideradas como expressões de um
caráter transformado pelo Espírito, cujas virtudes não são
esporádicas, mas eternas. Portanto, o domínio próprio ou
autocontrole é um aspecto do fruto do Espírito que, quando
desenvolvido em nós, permite-nos refrear impulsos oriundos
da “carne” ou mesmo gerar disposições favoráveis à “nova
natureza”, a natureza do cristão regenerado
Conclusão
Concluindo que, o fruto do Espírito Santo é o resultado de uma
operação mediante a qual as qualidades do caráter divino são
implantadas e amadurecidas no homem regenerado com o objetivo
de restaurar-lhe a imagem de Deus e, assim, glorificar ao Senhor. Além
disso, não obstante esteja claro que o fruto “é do Espírito”, podemos
segundo o que estudamos, perceber um elemento sinergístico no
amadurecimento de cada qualidade deste fruto. De alguma forma, a
participação volitiva do homem é requisitada para o amadurecimento
de um caráter semelhante ao de Cristo.
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