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Daniel Conegero
O pano de fundo dos ensinos desse capítulo é a intensa luta entre a carne e o
Espírito. O Espírito abomina os desejos da carne, e a carne, por sua vez, rejeita as
coisas em que o Espírito nos conduz. Assim, o fruto do Espírito é o bem que nos
faz vencer o mal. É o resultado natural de uma nova vida, uma vida regenerada,
uma vida que reflete o novo nascimento, a vida no Espírito.
Também é importante não confundir o fruto do Espírito com os dons especiais que
o Espírito Santo concede a algumas pessoas e que devem ser utilizados a serviço da
Igreja de Cristo. O fruto do Espírito é um conjunto de capacitações que todos
os redimidos recebem.
Alegria
A alegria é uma consequência direta do amor. Essa não é uma alegria superficial,
nem mesmo significa a ausência de aflições e dificuldades. Essa alegria é aquela
que o apóstolo Pedro escreveu dizendo que é “inefável e gloriosa” (1 Pedro 1:8).
Essa alegria também é a mesma que o apóstolo Paulo sentia ao
dizer: “entristecidos, mas sempre alegres” (2 Coríntios 6:10). A alegria produzida pelo
Espírito Santo em nós, faz com que nos alegremos mesmo diante da dor, pois
somos capazes de compreender que todas as coisas cooperam para o bem
daqueles que amam a Deus (Romanos 8:28).
Paz
No livro de Salmos aprendemos que aquele que ama a Lei de Deus possui
grande paz (Salmos 119:165; cf. 29:11; 37:11; 85:8). Resultante do amor, essa paz é
a marca de um coração sereno. ela é uma tranquilidade experimentada
verdadeiramente apenas por aqueles que são justificados mediante a fé (Romanos
5:1).
Quando alcançamos essa paz, inevitavelmente desejamos compartilhá-la, para
que outros também a tenham (Mateus 5:9). Pela cruz de Cristo é que hoje
temos a genuína paz.
Longanimidade
A longanimidade é a paciência característica de quem foi regenerado, que nos
preserva das típicas explosões de ira tão comuns nas obras da carne (Gálatas 5:20).
A paciência como fruto do Espírito Santo é fundamentada na confiança de que
Deus cumprirá suas promessas. Essa certeza não nos deixa cair em desespero (2
Timóteo 4:2,8; Hebreus 6:12).
Benignidade
Sabemos que nosso Deus manifesta a benignidade (Romanos 2:4; 11:22; cf.
Salmos 136:1). No ministério do Senhor Jesus narrado nos Evangelhos, podemos
claramente perceber tamanha benignidade demonstrada por Ele para com os
pecadores (Marcos 10:13-16; Lucas 7:11-17,36-50; 8:40-56; 13:10-17; 18:15-17;
23:24; João 8:1-11; 19:25-27).
Diretamente resultante do amor, somos aconselhados a demonstrar benignidade.
Isso significa que não devemos causar dor a ninguém (Mateus 5:43-48; Lucas 6:27-
38).
Bondade
A bondade pode ser traduzida como a generosidade presente no coração e
expressa nas ações daqueles que são guiados pelo Espírito. É a excelência moral e
espiritual produzida pelo Espírito Santo em nós que nos capacita a zelar pela
verdade e pelo que é correto. Essa bondade no leva a rejeitar tudo o que é mal e
perverso.
Fidelidade
A fidelidade em algumas traduções aparece traduzida como “fé”. Essa também é
uma tradução correta do termo grego utilizado. Porém, devido à clara relação com
a bondade e a benignidade citadas anteriormente, a tradução que mais se encaixa
ao contexto é “fidelidade” ou “lealdade”.
Analisando a própria Epístola aos Gálatas, podemos perceber que faltava lealdade a
muitos membros daquela comunidade cristã, não só para com Paulo (Gálatas 4:16),
mas para com o próprio Evangelho (Gálatas 1:6-9; 3:1; 5:7). Assim, fidelidade como
fruto do Espírito não apenas se resume à lealdade para com os homens, mas
principalmente para com Deus e à sua vontade.
Mansidão
A Mansidão é o oposto da agressividade, da raiva, da violência. Sermos gentis uns
para com os outros revela o fruto do Espírito em nós, e nos faz ser imitador do
nosso Senhor (Mateus 11:29; 2 Coríntios 10:1).
Domínio próprio
O fruto do Espírito pode ser visto na relação que alguém tem consigo mesmo. O
domínio próprio também pode ser traduzido como “temperança”. No sentido
original, o termo grego descreve a capacidade de uma pessoa conter-se a si
mesma. Exercendo o domínio próprio, submetemos todas as nossas vontades à
obediência a Cristo.
Como servos do Senhor, a primeira coisa que deve ser notado em nosso modo de
viver é o fruto do Espírito. Se olharmos para nossa própria vida e não
enxergarmos o fruto do Espírito nela, então pode ser que nossas raízes não
estejam no Calvário.