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SÓCRATES EDUCADOR

Autodomínio
 Foi graças a Sócrates que o conceito de
autodomínio se converteu numa idéia central
de nossa cultura ética.
 Concebe a conduta moral como algo que brota
do interior do próprio indivíduo e não como a
mera submissão exterior à lei, tal qual o exigia
o conceito tradicional de justiça.
 É pela transferência da imagem de uma polis
bem governada para a alma do homem que
ele concebe o processo interior.
Enkratéia
• Foi na época em que Sócrates dirigia o seu
olhar para a natureza do problema moral que
apareceu no idioma grego a nova palavra
“enkratéia”, que significa domínio de si
próprio, firmeza e moderação.
• A enkratéia não constitui uma virtude
especial, mas é a base de todas as virtudes,
pois equivale a emancipar a razão da
natureza animal do homem. Libertá-lo em
suma.
Novo conceito de liberdade
 O princípio socrático do domínio interior do homem
traz consigo um novo conceito de liberdade.
 Liberdade, nesse período, é característica do cidadão,
estando relacionada à igualdade, presente na
democracia grega.
 A liberdade é conceito polivalente demais para a
caracterização dessa exigência, pois tanto pode indicar a
independência do indivíduo como a de todo estado ou
nação.
 Nesta época a palavra livre é primordialmente a que se
opõe à palavra escravo. Não tem aquele sentido
universal ético e metafísico.
Liberdade interior e não exterior
 Foi Sócrates quem fez da liberdade um
problema ético. De par com o conceito de
“domínio de si próprio” vai se formando
um novo conceito de liberdade interior.
 Considera-se livre o homem que
representa a antítese daquele que vive
escravo dos seus próprios apetites. Nesse
sentido, um cidadão livre ou um
governante pode ser um escravo.
Autonomia: feição política
 No entanto, a autonomia socrática está completamente
desprovida de feição apolítica, do retraimento e da
indiferença diante de tudo que venha do exterior.
 Sócrates vive plenamente dentro da Pólis. O conceito do
político engloba para ele toda forma de comunidade
humana. Situa o homem dentro da vida familiar e do círculo
dos parentes e amigos.
 Daí a importância do conceito de amizade, que não é uma
simples teoria.
 O que porém faz de Sócrates o mestre de uma nova arte da
amizade é a consciência de que não é na utilidade externa de
uns homens para com os outros que se deve buscar a base da
amizade, mas antes no valor interior do homem.
Sócrates: ética como referência
 O ético volta a situar-se no centro do problema, de
onde fora deslocado pelos sofistas.
 Sofistas – necessidade de dar uma cultura
superior à alta esfera governante, e da elevada
valoração dos méritos e dos métodos da
inteligência humana. Época preocupada com o
êxito.
 É Sócrates que reestrutura a conexão da cultura
espiritual com a cultura moral. Não se julgue que
à finalidade política da cultura ele opõe o ideal
apolítico da pura formação do caráter.
Ética: fundamento da antropologia e da
política
 Sócrates era um mestre de política. As
coisas humanas para as quais orientava a
sua atenção culminavam sempre no bem
do conjunto social, de que dependia a vida
do indivíduo.
 A grande novidade que Sócrates trazia era
buscar na personalidade, no caráter moral,
a medula da existência humana, em geral,
e a da vida coletiva em particular. 
Restauração da pólis através da moral
interior
 É precisamente essa virtude política o objetivo que
Sócrates se dava com paixão.
 A educação para a virtude política que ele pretende
instaurar pressupõe antes de tudo a restauração da
pólis no seu sentido moral interior.
 Sócrates, ao contrário de Platão, não parece partir da
tese de que os estados atuais não tem remédio.
 Não se sente cidadão de um estado ideal criado por
ele próprio, mas é totalmente um cidadão de Atenas.
 O renascimento do estado deve começar pela
consciência de cada um, ou pela própria alma.
Sócrates: consciência do estado ideal
 Somente dessa fonte interior pode jorrar, purificada
pela investigação do lógos, a verdadeira norma
obrigatória e irrecusável para todos.
 No entanto, os guardiães do estado julgam enxergar por
trás do papel que esse pensador inquieto se arroga, a
rebelião do indivíduo espiritualmente superior comum
contra o próprio estado ateniense.
 Não conseguem ver em Sócrates mais que o indivíduo
agitado, que pretende arvorar-se publicamente em juiz
dos atos da coletividade.
 No entanto, a intenção de Sócrates é opor o estado tal
como é ao estado tal como devia ser.
Sócrates: construtor do indivíduo e do
estado
 A sua crítica à pólis degenerada tinha de ser
interpretada como uma conduta hostil ao estado sem
se ver que na realidade se esforçava por construí-lo.
 Em Platão a descoberta do mundo interior e do seu
valor próprio leva, não a uma renovação do Estado,
mas sim ao nascimento de um novo reino ideal, onde
o homem tem a sua pátria eterna.
 Platão afirma o homem político no domínio da idéia,
enquanto Sócrates tem como objetivo central a
transformação do mundo concreto e presente, dentro
do âmbito da transformação do indivíduo.
Conclusão
 Nesse sentido, a filosofia ética de Sócrates tem
como consequência a tentativa de construir a
dimensão política do homem sob o parâmetro
desse bem interior, que é a alma.
 Nesse caso, o fundamento da política é a ética e
a antropologia.
 A verdadeira associação política virtuosa, dá-se
quando o cidadão é não apenas livre, no
sentido legal, mas livre em sentido
antropológico e ético.

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