Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESUMO
Neste artigo faremos uma abordagem sobre o homem e sua dimensão sócio-político,
buscando analisar esta dimensão a luz do Livro Alcibíades I de Platão. Assim, o texto explora
a natureza social e política dos seres humanos, destacando a formação de comunidades e a
participação em processos políticos para atender às necessidades e alcançar objetivos comuns.
Dá enfoque também na dimensão sócio-política do homem, que envolve interações e
participação no sistema político, moldando e sendo moldada por estruturas sociais. A análise
se aprofunda com a discussão do diálogo Alcibíades I de Platão, que examina a figura do
político e militar ateniense. Este diálogo, parte dos diálogos socráticos, aborda questões
éticas, políticas e epistemológicas por meio de conversas entre personagens. Destaca-se a
importância da autocompreensão e do conhecimento de si mesmo, além da influência das
ações individuais na comunidade política. Platão critica a política ateniense, questionando a
qualidade dos líderes e as deficiências do sistema democrático. O texto também revisita o
conceito de política na Grécia Antiga, onde a palavra política se originou de polis, referindo-
se à cidade-estado. Além disso, o artigo aborda o diálogo entre Alcibíades e Sócrates,
explorando a relação entre liderança, justiça e política. A reflexão sobre o papel do indivíduo
na construção e manutenção da ordem política é destacada, junto com críticas de Platão à
política ateniense. Finalmente, são discutidas as contribuições de Platão para a sociedade
contemporânea, com ênfase em sua obra a República, que propõe uma aristocracia filosófica e
destaca a importância da educação na formação de líderes políticos em uma sociedade
estratificada.
INTRODUÇÃO
Os seres humanos são seres sociais por natureza, e a organização social é fundamental
para sua existência. Eles formam comunidades, grupos e instituições para atender às suas
1
Artigo apresentado à disciplina de Antropologia Filosófica ministrada pela professora Dra. Soraia Batista
Rodrigues, como requisito de avaliação.
2
Discente do curso de Filosofia da FADISI. E-mail:lucianecostaricardo@gmail.com
3
necessidades básicas e alcançar objetivos comuns. A política refere-se à distribuição e ao
exercício do poder na sociedade. Os seres humanos participam de processos políticos para
influenciar a tomada de decisões, a alocação de recursos e a criação de leis que afetam suas
vidas. A dimensão sócio-política do homem refere-se à interação entre os indivíduos em uma
sociedade e à sua participação no sistema político. Essa dimensão abrange uma variedade de
aspectos que influenciam e são influenciados pelas estruturas sociais e políticas. Os seres
humanos são seres sociais por natureza, e a organização social é fundamental para sua
existência. Eles possuem uma tendência natural de formar comunidades, grupos e instituições
para atender às suas necessidades básicas e alcançar objetivos comuns. Os conflitos sociais
são uma parte do desenvolvimento da dimensão sócio-política. Disputas sobre recursos, poder
e valores podem levar a esforços e confrontos que moldam a evolução da sociedade.
Neste sentido, Alcibíades I apresenta um diálogo que aborda temas filosóficos e
políticos, explorando a figura deste importante político e militar ateniense, e o diálogo busca
analisar sua sabedoria e habilidades políticas. A obra é parte dos diálogos socráticos, nos
quais Platão explora questões éticas, políticas e epistemológicas por meio de conversas entre
personagens.
A compreensão dos sistemas políticos e sociais é promovida por meio da educação
política. A capacidade de analisar criticamente as questões políticas e sociais é essencial para
uma participação informada na sociedade. A interconexão entre a dimensão social e política é
complexa e dinâmica, moldando a forma como os indivíduos vivem, a interação e os
benefícios para o desenvolvimento de suas comunidades e nações. Essa dimensão é central
para a compreensão da natureza humana e das sociedades em que vivemos.
Na Grécia Antiga, o pensamento político existia antes de Platão, embora as obras dos
pré-socráticos tenham se perdido. Apesar disso, antes de Platão, não havia uma filosofia
política completa. Nem poetas épicos como Homero e Hesíodo, nem legisladores como Solon,
políticos como Péricles, filósofos como Heráclito e Demócrito, ou mesmo oradores como
Isócrates e o historiador Xenofonte, contemporâneos de Platão, contribuíram de maneira
integral para essa área.4
4
VENTURINI, Jorge L. Garcia. A Política Segundo Platão. Filosofia Política. Extraído do livro “Politeia”;
Editorial Troquei S.A., Buenos Aires, 1978. Ed.Thot.1 1982. Disponível em:
https://palasathena.org.br/arquivos/pedagogicos/THOT%201982%20N.28/A%20Pol%EDtica%20segundo
%20Plat%E3o.pdf. Acesso em 01/12/2023. p 19.
A palavra política tem sua origem no termo grego “polis”, que se refere à cidade-estado.
A polis era uma comunidade autônoma que incluía não apenas o governo, mas também os
cidadãos, suas instituições, leis e práticas culturais. A polis, expressão característica do
mundo grego e, de forma mais abrangente, a cidade-estado antiga, ergueu-se como o âmago
da coletividade humana em toda a região.5
É na vida urbana que se forjam as condições propícias para a constituição do cidadão,
identificado como o habitante detentor de plenos direitos na cidade, integrante da comunidade
política. Em contraste, um camponês em um império tributário é súdito, enquanto, em um
feudo, é servo, jamais alçado à condição de cidadão, como ocorreria em diversas polis. A
política, juntamente com todo o sistema de categorias para sua concepção, surge
concomitantemente à polis, sendo esta a pré-condição para sua emergência. Desde seu
advento, a polis é acompanhada por uma nova perspectiva filosófica do mundo.6
O esforço em compreender esse “nascimento da política”, em uma acepção que ainda
reverbera nos dias atuais, deve ser deliberadamente limitado. Processos como o surgimento da
isonomia e da democracia na Grécia, com ênfase em Atenas nos séculos V e IV, constituem
um dos períodos mais intrincados da história humana, uma fase de aceleração histórica
intensa. O propósito é esboçar as linhas de força envolvidas na formação dessa nova
configuração de práticas sociais, conhecidas como políticas, e observar como, ao esgotar seu
dinamismo, essas práticas perdem vigor.7
5
LEITE, José Corrêa. As invenções da política: Sobre a existência da política e suas transformações. Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo. 2005 – Tese de Doutorado. p 95-97.
6
LEITE, José Corrêa. As invenções da política: Sobre a existência da política e suas transformações. Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo. 2005 – Tese de Doutorado. p95-97.
7
LEITE, José Corrêa. As invenções da política: Sobre a existência da política e suas transformações. Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo. 2005 – Tese de Doutorado.p 95-97.
Alcibíades pela sabedoria e pela excelência é examinada, e podemos inferir alguns pontos
relacionados à justiça.8
Neste contexto platônico, a justiça está intimamente ligada à virtude e à sabedoria. A
análise de Sócrates parece sugerir que a verdadeira justiça não pode ser alcançada sem uma
compreensão profunda das formas ideais, das quais os objetos do mundo sensível são meras
imitações.
O diálogo faz florescer questões sobre a relação entre o indivíduo e a cidade-estado
(polis). Platão explora como as ações individuais, como as de Alcibíades, impactam a
comunidade política. A reflexão sobre o papel do indivíduo na construção e manutenção da
ordem política é uma parte essencial da discussão. Platão também oferece críticas à política
ateniense de sua época, questionando a qualidade dos líderes políticos e destacando as
deficiências no sistema político democrático. Isso reflete as preocupações filosóficas dele em
relação à democracia e à capacidade do povo de escolher líderes sábios.9
Ao considerar Alcibíades, é possível inferir que Platão estava preocupado com a relação
entre a busca do poder e a verdadeira sabedoria justa. A sugestão é que o político ambicioso
deve buscar não apenas o poder pelo poder, mas também a sabedoria e a virtude que
fundamentam uma liderança justa. Isso está alinhado com a visão platônica de que a justiça é
uma forma de sabedoria e virtude, não apenas uma questão de conformidade com leis ou
normas sociais.10
Portanto, enquanto Alcibíades I não trata explicitamente do conceito de justiça, ele se
encaixa no contexto mais amplo do pensamento platônico sobre ética e política. A justiça é
vista como uma qualidade intrínseca à alma virtuosa e à cidade-estado bem ordenada, e a
busca de Alcibíades pela sabedoria é apresentada como um elemento crucial na realização
dessa justiça.
8
Platão. Diálogos VII ( Suspeitos e Apócrifos): Alcibíades; Clitofon; Segundo Alcibíades; Hiparco; Amantes
Rivais; Teages; Minos; Definições; Da Justiça; Da Virtude; Demódoco; Sísifo; Hálcion; Erixias; Axíoco
[tradução, textos complementares e notas Edson Bini]. Bauru/SP. Edipro, 2011. p 29-32.
9
Platão. Diálogos VII ( Suspeitos e Apócrifos): Alcibíades; Clitofon; Segundo Alcibíades; Hiparco; Amantes
Rivais; Teages; Minos; Definições; Da Justiça; Da Virtude; Demódoco; Sísifo; Hálcion; Erixias; Axíoco
[tradução, textos complementares e notas Edson Bini]. Bauru/SP. Edipro, 2011. p 65-70.
10
Platão. Diálogos VII ( Suspeitos e Apócrifos): Alcibíades; Clitofon; Segundo Alcibíades; Hiparco; Amantes
Rivais; Teages; Minos; Definições; Da Justiça; Da Virtude; Demódoco; Sísifo; Hálcion; Erixias; Axíoco
[tradução, textos complementares e notas Edson Bini]. Bauru/SP. Edipro, 2011. p 95.
3 As contribuições de Platão acerca da política e da justiça para a sociedade
contemporânea
11
PLATÃO. República. Rio de Janeiro: Editora Best Seller, 2002. Tradução de Enrico Corvisieri. Disponível em:
https://www.eniopadilha.com.br/documentos/Platao_A_Republica.pdf. Acesso em 01/12/2023.
possam prejudicar a integridade das instituições. Embora as estruturas políticas e sociais
tenham evoluído consideravelmente desde os tempos de Platão, suas contribuições filosóficas
continuam a inspirar reflexões sobre questões fundamentais de política e justiça na sociedade
contemporânea.
.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
LEITE, José Corrêa. As invenções da política: Sobre a existência da política e suas
transformações. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. 2005 – Tese de Doutorado. p
95-97.
PLATÃO. República. Rio de Janeiro: Editora Best Seller, 2002. Tradução de Enrico
Corvisieri. Disponível em:
https://www.eniopadilha.com.br/documentos/Platao_A_Republica.pdf. Acesso em
01/12/2023.
PLATÃO. Diálogos VII ( Suspeitos e Apócrifos): Alcibíades; Clitofon; Segundo
Alcibíades; Hiparco; Amantes Rivais; Teages; Minos; Definições; Da Justiça; Da
Virtude; Demódoco; Sísifo; Hálcion; Erixias; Axíoco [tradução, textos complementares e
notas Edson Bini]. Bauru/SP. Edipro, 2011. p 29-98.
VENTURINI, Jorge L. Garcia. A Política Segundo Platão. Filosofia Política. Extraído do
livro “Politeia”; Editorial Troquei S.A., Buenos Aires, 1978. Ed.Thot.1 1982. Disponível em:
https://palasathena.org.br/arquivos/pedagogicos/THOT%201982%20N.28/A%20Pol%EDtica
%20segundo%20Plat%E3o.pdf. Acesso em 01/12/2023.p 19-23