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INCLUSÃO: A IMPORTÂNCIA DE PERTENCER A UMA COMUNIDADE*

Edilson de Oliveira Carvalho****

Durante todo o processo de evolução do ser humano, observa-se que a formação


deste ente se dá pela interação com os outros povos: é a partir do contato com o outro
que o “ser-no-mundo” vai construindo sua identidade. Com a máxima sartreana, “a
existência precede a essência”, assinalamos o ponto modal da subjetividade humana:
“não se nasce homem; torna-se homem” (BARDINTER, 1993, p.29), isto é, o ser
humano está sempre em construção.
A importância da comunidade para o ser é de valor incalculável, pois se destaca
o aprendizado que vem passando de geração em geração, denominado de senso comum,
ou seja, o ampliar da bagagem cultural. Essas trocas de conhecimentos e histórias
diferentes, culminam em lições de vida, facilitando assim, a jornada, do “ser-no-
mundo”.
A partir do contato com o outro, é que cada um vai construindo sua
singularidade, comportamento, crenças e valores, ou seja, sua cultura. Todas essas
características não são inatas ao homem, pois todos são formados dentro da
comunidade. É escolhendo a si mesmo que o ser humano escolhe toda a humanidade,
diz Sartre no opúsculo “O existencialismo é um humanismo.” Por essa razão, ao
defrontar-se com a pluralidade cultural, o pesquisador não deve falar em “cultura
superior” ou “cultura inferior”, mas em culturas diferentes (cada uma com o seu valor).
Buscar a identidade e o sentimento de pertença de um lugar é compreender o
entrelaçar das falas e conceitos que dão forma aos espaços. Os significados, os sentidos
e os valores atribuídos a um espaço, e que constituem sua identidade e pertencimento
são elaborados e reelaborados a cada momento. A subjetividade surge a partir de um
processo de apropriação dos usuários pelo espaço, onde o mesmo estabelece uma
relação de identidade e pertencimento tanto concreta quanto subjetivamente com o
espaço criado por e para si.
Mas por outro lado, se constrói a subjetivação, que é o processo pelo qual o
indivíduo se torna sujeito, pois envolve a formação da identidade individual e coletiva.

*
Texto filosófico apresentado à disciplina de produção textual ministrada pela professora Gerinalda
Ferreira, como requisito de avaliação.
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Discente do curso de Filosofia da Faculdade Diocesana São José – FADISI. E-mail:
edilsonoliveira597@gmail.com
O ser humano constrói espaços para si, concreta e/ou subjetivamente, e estabelece
relações de pertencimento e identificação, bem como exerce sua sociabilidade.
Segundo Aristóteles, o homem é um ser social por natureza, pois é de propensão
humana viver em sua sociedade e, ao buscar a felicidade, ele só encontra na convivência
com outro ser humano (o outro-eu, como diz Emmanuel Lévinas). Em consonância com
o filósofo, a psicologia afirma que o homem encontra um mundo de objetos e
significados já construídos pelos outros homens. Nas relações sociais, ele se apropria
desse mundo cultural e desenvolve o “sentido pessoal”. Produz, assim, uma
compreensão sobre o mundo, sobre si mesmo e os outros, compreensão construída no
processo de produção da existência, compreensão que tem sua matéria-prima na
realidade objetiva e na realidade social, mas que é própria do indivíduo.
A natureza essencial do ser humano, que é viver em sociedade, ou seja, sendo
um ser social, em sua vida existe sempre o desejo de estar integrado com outros seres
humanos. Então, relacionar-se é um aspecto inerente aos indivíduos, o que leva a
sociabilidade, definida por Baechler como a “capacidade humana de estabelecer redes,
através das quais as unidades de atividades, individuais ou coletivas, fazem circular
gostos paixões, opiniões, etc.” (1995, p.65) Trata-se de uma troca permanente baseada
sobretudo na comunicação.
O processo de inclusão a um grupo ou comunidade, além de ser importante para
a construção de identidade social, vale salientar que, também existem pontos negativos
neste anseio pelo pertencimento ao mesmo, pois há determinados grupos que possuem
padrões já estabelecidos. Portanto, muitos destes, têm a sensação de superioridade em
relação aos outros; que acarretam na exclusão, desqualificação ou até mesmo na
desconsideração à humanidade do outro.
A alteridade segundo Lévinas, destaca a superação do egocentrismo e visão
egocêntrica do mundo. Abolindo a ideia da superioridade e que cada indivíduo tem suas
próprias realidades e subjetividade. Enfatiza que está relacionada à empatia e à
capacidade de se relacionar de forma genuína com os outros, considerado suas
diferenças e singularidades.
Viver em sociedade é reconhecer e respeitar a diferença e a diversidade dos
outros, valorizando suas perspectivas, experiências, identidades e culturas. É a
capacidade de colocar-se no lugar do outro, compreender suas necessidades, pontos de
vista e sentimentos, mesmos que sejam diferentes dos seus ideais.
Portanto, ao fim desta pesquisa, conclui-se que para o desenvolvimento do ser
humano é necessário que ele pertença a um grupo ou comunidade, pois a singularidade
vai se construindo a partir da vivência com outro. Por isso a importância da comunidade
para o “ser social.” No entanto, vale destacar que a essência do cuidado com outro, é
dever de toda a sociedade, e jamais deve ser banalizada.

REFERÊNCIAS

BADINTER, Elisabeth. XY: Sobre a identidade masculina. 2ª. Ed. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1993.

BAECHLER, J. Grupo e sociabilidade. Rio de Janeiro: Zahar, 1995.

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