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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

Cultura, Corpo e Subjetividade


Leticia Clara Pinho
Resenha Descritiva:
A Fábrica da Identidade. Sinais de identidade: tatuagens, piercings e outras marcas
corporais.

David Le Breton (1953) é um sociólogo e antropólogo francês, professor de


Sociologia e Antropologia na Universidade de Estrasburgo, França. Referência nos
estudos acerca do corpo e corporeidade, Le Breton explora a relação entre a cultura
e o corpo, de que maneira as práticas corporais influenciam na construção da
identidade.
Em seu livro Sinais de Identidade, o autor aborda o fenômeno das modificações
corporais e sua relação com a identidade pessoal e social. Pertencentes a esta
sociedade contemporânea, em contexto de constantes transformações e
atravessamentos, o autor coloca o corpo em evidência na construção de "si", o
corpo inacabado, como ele mesmo chama, é visto como matéria prima a ser
moldado de acordo com os interesses e sentidos daqueles que o fazem. Além disso,
ele também examina as implicações sociais e culturais dessas modificações. De
que maneira são percebidas e interpretadas socialmente, analisando a relação entre
os estereótipos, preconceitos e as normas sociais.
Em síntese, é explorado as motivações por trás dessas práticas e suas implicações
na construção da identidade individual e nas interações sociais.
No primeiro capítulo "A Fábrica da Identidade", Le Breton analisa a relação entre as
modificações corporais e a construção da identidade pessoal. A construção da
identidade do corpo é marcada pela ruptura. Segundo o autor, estamos
testemunhando um desenraizamento das antigas matrizes de sentido, dispersando
referências da vida quotidiana e fragmentando valores antepassados, criando
caminhos para que o indivíduo produza seus próprios limites.
Todas essas rupturas e transformações sociais estão muito atreladas ao
crescimento do individualismo, que gera também sentimento de estranhezas e
incertezas. Essas incertezas podem também, de certa forma, alimentar um desejo
não só de ser mudança mas também de se fazer existir nela. A busca por uma
identidade autêntica.
Essa busca por uma identidade autêntica, vem muito de um lugar de
atravessamento, de como se entende o mundo, no mundo, parte também da busca
pela existência. E as respostas encontradas são cravadas na pele, expostas para
outros olhares. Faz-se também ambiente de troca, dado que cada indivíduo em sua
própria busca por si, ao se expor repele aqueles com "respostas" divergentes na
mesma medida que acolhe semelhantes.
As modificações corporais assumem o papel de sinais visíveis da identidade, o que
significa que, essas marcas possibilitam que os indivíduos não só criem suas
próprias narrativas mas também os possibilitam de expressar pertencimento a
determinados grupos e até mesmo desafiar normas sociais vigentes.
Na sociedade grega antiga, o estigma corporal simbolizava a venda a outrem; hoje,
pelo contrário, a marca corporal revela a pertença a si (p, 21).
Por fim, tomar controle do corpo e romper com os arranjos sociais impostos, faz
parte da construção do sentimento de si, da própria identidade.

Referências:
LE BRETON, David. A Fábrica da Identidade. Sinais de identidade: tatuagens,
piercings e outras marcas corporais. Lisboa: Miosótis, 2004.

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