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FERNANDO GOMES

APOSTILA DE
APLICAÇÃO
Roteiros resumidos dos módulos do Curso para guiar
suas palestras e formações
INTRODUÇÃO À TEOLOGIA DO
CORPO
O QUE É A TEOLOGIA DO CORPO?

- É o título que São João Paulo II deu ao primeiro grande projeto de


ensino de seu pontificado.
- São 133 catequeses, das quais 129 foram pronunciadas entre
setembro de 1979 e novembro de 1984.

Comentário de George Weigel

”uma das mais ousadas reconfigurações da teologia católica dos


últimos tempos” (...) “algo como uma bomba-relógio teológica,
programada para detonar com dramáticas consequências (...) talvez
no século XXI”

QUAL É A SUA FINALIDADE?


A relação do homem e da mulher, o significado esponsal do corpo
humano, a natureza e missão da família, o matrimônio, o celibato, a
luta espiritual do coração do homem, a linguagem profética do corpo
humano, o amor conjugal, entre outros.

Por que a TdC é tão importante?


“a redescoberta do significado de toda a existência, do significado da
vida, em que está compreendido também aquele significado do corpo
a que chamamos aqui «esponsal» (JPII)”
O cristianismo não rejeita o corpo
- Ênfase no espiritual / - Separação artificial
“Sendo o homem um ser ao mesmo tempo corporal e espiritual,
exprime e percebe as realidades espirituais através de sinais e
símbolos materiais” (Catec. n. 1146)
- Heresia maniqueísta: corpo - anti-valor João Paulo II: “um valor que
nunca chegaremos a apreciar suficientemente”

Ode à Carne
“Caro salutis est cardo”
(A carne é o eixo da salvação) “Cremos em Deus que é criador da
carne. Cremos na Palavra feita carne para redimir a carne. Cremos
na ressurreição da carne, na consumação da criação e na redenção
da carne” (Catec. 1015)

Culto ao corpo e ao sexo


- Falha na compreensão do corpo e da sexualidade
“Adoração ao corpo? Não, nunca!
Desprezo do corpo? Também não!
Controle do corpo? Sim!
Transfiguração do corpo? Mais ainda!
(João Paulo II aos jovens, Parque dos Príncipes, Paris, 1980)

SACRAMENTALIDADE DO CORPO
- A fé católica é bem carnal, sensual.
- Sacramento: sinal visível de uma realidade invisível.
- “O corpo é o sacramento da pessoa” (JPII)
A tese de João Paulo II
“De fato, o corpo, e somente ele torna visível o que é invisível: o
espiritual e o divino. Ele foi criado com a finalidade de trazer para
dentro da realidade visível do mundo o mistério escondido de
Deus, desde tempos imemoriais, e desta forma torna-se um sinal
dele”
- O corpo, não é divino, mas é um sinal do divino.
- Por isso, pode-se fazer uma Teologia do Corpo, pois é a lógica do
Cristianismo.
“Pelo fato de a Palavra de Deus ter-se feito carne, o corpo entrou
na Teologia (...) pela porta principal”.

O mistério divino
“Deus revela o seu segredo mais íntimo: Deus mesmo é
intercâmbio de amor: Pai, Filho e Espírito Santo, e nos destinou
a participar desse intercâmbio” (Catec. n. 221)

- Ícone da Trindade, Imagem de Cristo e da Igreja.


- Mistério da diferenciação sexual e o chamado à tornar-se uma só
carne.
- Ícone da Trindade.
- Retrata a união de Deus com a humanidade.
- Ef 5 – Este mistério é grande – texto chave para entender o corpo e
a sexualidade, “teologicamente”.
- Eucaristia: sacramento do esposo e da esposa.

ANALOGIA ESPONSAL
- Imagens bíblicas para expressar o Amor de Deus.
• Os 2,18.21s / Is 62, 4s / Cânticos dos Cânticos
• Cristo: Bodas de Caná (Jo 2); Despedida (Jo 14, 2), Cruz (Jo 19,
30); Núpcias do Cordeiro (Ap 21, 9)
- Deus quis que esse “plano esponsal” fosse tão claro e tão óbvio que
imprimiu isso em nossos corpos, criando-nos homem e mulher e nos
chamando à comunhão numa só carne.

A natureza das analogias


- Analogia: semelhanças e diferenças substanciais.
- Deus não é sexuado.
- Nós fomos feitos à imagem de Deus, e não ele à nossa imagem.

“De modo algum, Deus é imagem do homem. Não é homem, nem


mulher. Deus é puro espírito, não havendo lugar nele para a
diferença dos sexos. As „perfeições‟ do homem e da mulher,
porém, refletem algo da perfeição infinita de Deus” (Catec. 370)

“Não há nesse mundo outra imagem mais perfeita e mais


completa de Deus, Unidade e Comunhão. Não existe outra
realidade humana que corresponda mais, humanamente falando,
àquele mistério divino”.

O CORPO E A LUTA ESPIRITUAL


- Sexo: o que essa palavra nos sugere?
- O Maligno e os ataques contra o que é mais sagrado.
- A união dos sexos “está no centro da grande batalha entre o bem e
o mal, entre a vida e a morte, entre o amor e tudo o que a ele se opõe”
(JPII, Carta às Famílias, n. 23)
- Efésios 5 – Combate espiritual

Fundamentos da ética e da cultura


- A comunhão dos sexos constitui “o substrato (ou base) mais
profundo da ética humana e da cultura” (JP II)
- Karol Wojtyla, na Obra Amor e Responsabilidade, diz que a
confusão sobre a moralidade sexual “envolve um perigo
possivelmente maior do que em geral se imagina: o perigo de
confundir as tendências humanas básicas e fundamentais, as
principais linhas de conduta da existência. Tal confusão irá
evidentemente afetar todos os pontos de vista espirituais do homem”
(p. 66)

Reivindicando a verdade sobre o sexo


“Seria ilusão pensar que podemos construir uma verdadeira cultura
da vida humana, se não (...) aceitarmos e experimentarmos a
sexualidade, o amor e a totalidade da vida segundo seu significado
verdadeiro e sua interconexão íntima” (EV n. 97)

O Método do Papa e sua abordagem


- Filósofo personalista
- Método fenomenológico (experiência humana)
- O Papa não força nada, mas reflete! Muda as perguntas. Do
legalismo para a liberdade
- Qual é a verdade a respeito da sexualidade que me torna livre para
amar?
.Que significa ser homem/mulher?
.Como devo viver para chegar a verdadeira felicidade?

ESTRUTURA DA TEOLOGIA DO CORPO

Parte I – As palavras de Cristo


- Cristo se refere ao princípio
- Cristo se refere ao Coração Humano
- Cristo se refere à Ressurreição
Parte II – O Sacramento
- A Dimensão da aliança da Graça
- A Dimensão do Sinal
- A Lei da Vida como Herança

NOSSO PRINCÍPIO

O PLANO ORIGINAL DE DEUS PARA O CORPO E


A SEXUALIDADE.

INTRODUÇÃO
1. DO LEGALISMO PARA A LIBERDADE
• O legalista pergunta: “Até onde posso ir sem transgredir a lei?
• O Papa pergunta: “Qual é a verdade a respeito do sexo, que me
torna livre para amar?”
• A reflexão de João Paulo II pretende responder duas perguntas
universais:
- O que significa ser homem/ mulher?
- Como devo viver minha vida para chegar à verdadeira felicidade?

2. AS ETAPAS DO DRAMA DA VIDA HUMANA


1- Nossa Origem
2- Nossa História
3- Nosso Futuro

DESENVOLVIMENTO
1) NOSSA ORIGEM
- Experiência Humana da prática sexual antes do pecado.
- Baseia-se na discussão de Cristo com os fariseus sobre o plano de
Deus em relação ao casamento “no princípio” (Mt 19, 3-9)
1.1. NO COMEÇO NÃO ERA ASSIM
“Jesus Cristo, pela sua revelação do mistério do Pai e do seu
amor, revela o homem totalmente a si mesmo e manifesta de
forma mais clara sua vocação suprema.” (GS, n.22)
- A resposta de Jesus aos fariseus.
- Não é normal as tensões entre homem e mulher como acontece
hoje.
- Se queremos entender o padrão, temos que voltar ao “começo”
antes do pecado.
- Não podemos voltar ao estado de inocência.
- Mas seguindo Cristo podemos recuperar o plano original de Deus e
vivê-lo com ajuda de Cristo.

1.2. AS EXPERIÊNCIAS ORIGINAIS DO SER HUMANO


• Solidão Original
• Unidade Original
• Nudez Original

A) Solidão original: a primeira descoberta da personalidade


“Não é bom que o homem esteja só. Vou fazer uma auxiliar que
lhe corresponda” (Gn 2, 18)
- O que significa essa solidão?
- Adam: ser humano no sentido genérico (humanidade)
- Dar nome, descobre seu próprio nome: sua identidade.
- Ele procurou uma auxiliar entre os animais (Gn 2, 20)
- Ele é diferente: É livre, tem um corpo, tem um sopro de vida. É
alguém, é uma pessoa.
- Na sua liberdade, experimenta o seu eu. Possui um mundo/ vida
interior.
- Percebe que é criado à imagem de Deus.
- Por que foi dotado de liberdade? Por ter sido chamado a amar.
- Em sua solidão percebe que sua origem, sua vocação e o seu
destno é o amor.
- Percebe que é convidado a entrar em aliança com Deus.
- Essa união de amor com Deus define sua solidão.
- Pois ao experimentar esse amor, anseia em partilhá-lo. Descobre
sua vocação. Esta opção fundamental é expressa e percebida em
seu corpo.
- Podemos escolher o que queremos fazer, mas não determinar se o
que fazemos é bom ou mau.

B) Unidade Original: A comunhão de pessoas


“Eis enfim os ossos dos meus ossos e a carne da minha
carne!” (Gn 2,3)

- Fascínio e admiração pelo corpo dela.


- Corpo que expressa a pessoa.
- Animais são corpos, mas não pessoas.
- Carne e osso: expressão judaica que significa o ser humano inteiro.
- Criação da Mulher a partir do osso de Adão: mesma humanidade.
- “Sozinhos” no mundo, diferentes dos animais, chamados a uma
aliança de amor.
“Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe e se unirá a sua
mulher, e os dois se tornarão uma só carne” ( Gn 2,24)
- Esta experiência de unidade suplanta a “solidão” do homem, no sen-
tido de estar sozinho sem o “outro”.
- A união sexual humana é muito mais do que uma realidade biológi-
ca. É espiritual e teológica.
- “O tornar-se uma só carne, não consiste apenas na união dos
corpos; é expressão „sacramental‟ que corresponde à comunhão de
pessoas”.
- Lembremos da sacramentalidade do corpo.
- João Paulo II dá um passo adiante: “O homem torna-se imagem de
Deus não tanto no momento da solidão, mas no da comunhão”.
- Reflete Deus não apenas através de sua própria humanidade, mas
sim na sua unidade.
- Isto “constitui o aspecto teológico mais profundo de tudo o que se
pode falar do homem”.
- Ícone da vida íntima da Trindade.

C) Nudez original: a chave para entender o plano primordial de


Deus
“O homem e a mulher estavam nus e não se
envergonhavam” (Gn 2,25)
- Esta é a chave de compreensão.
- Como compreender se já fomos feridos pelo pecado original?
- Olhando para a nossa própria experiência de vergonha.
- Ex: Uma mulher nua tomando banho.
- Vergonha, como forma de autodefesa contra o perigo de ser tratada
como simples objeto sexual.
- Tem consciência de que não é “coisa”.
- Tem conhecimento da luxúria que está no outro.
- Cobre-se para resguardar a sua dignidade.
- Assim explicamos a nudez de Adão e Eva sem sentirem vergonha.
- A concupiscência ainda não tinha penetrado o coração humano. O
outro não é uma ameaça à sua dignidade.
- “Se olham e se conhecem com toda paz do olhar interior”
- Um olhar interior que revela não apenas a presença de um corpo,
mas de um mistério pessoal e espiritual.
- Viram o plano de amor de Deus para os seus corpos: amar como
Deus ama.
- Deus criou o desejo sexual para que fosse um verdadeiro poder de
amar como ele ama – total, livre, exclusivo, fecundo.
- O desejo sexual como instinto de gratificação egoísta é depois do
pecado.
- “Eram livres, com a liberdade própria da doação.”
- Somente uma pessoa livre da compulsão, pode ser dom para o
outro.
- A experiência do sexo foi distorcida.
- Nudez sem envergonhar-se mostra que o primeiro casal participou
da mesma visão de Deus.

NOSSA HISTÓRIA

OS EFEITOS DO PECADO E A REDENÇÃO DA


SEXUALIDADE

1. UMA MÁ E UMA BOA NOTÍCIA


- Má: entrada do pecado no mundo
- Boa: redenção operada por Cristo “Jesus veio restaurar a
criação na sua pureza original” (Catec. n. 2336)
- Jornada que pode ser muito “confusa”.
- Mas podemos vivenciar a beleza da sexualidade mais do que se
pensa ainda aqui
nesta terra.
- O Papa baseia-se nas palavras de Cristo no Sermão da Montanha:

“Ouvistes o que foi dito: não cometerás adultério. Eu, porém,


vos digo: todoaquele que olhar para uma mulher com o desejo
de possuí-la, já cometeu adultério com ela em seu coração”
(Mt 5, 27, 28).
• Mesmo que Cristo fala diretamente do homem, mas também se
aplica à mulher.
• O que é olhar com luxúria?
• A questão é como lidamos com a atração.
• Para João Paulo II o oposto do amor não é o ódio, e sim o uso.
• Cristo fala de “mulher” no sentido genérico (toda mulher)
• A união sexual deve ser sempre figura e expressão do amor
divino.
• Palavras de salvação, não de condenação
• Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1,29)
• Portanto, essas palavras têm poder de salvação!
• “Assumir a nossa imagem total” – eis o convite.
• A luxúria obscureceu, mas não apagou.
• Existe uma herança mais profunda depositada em nossos corações.
É só ser honesto!
• As palavras de Cristo reativam essa herança!
• Então vamos ter que só combater a luxúria?
• Já podemos experimentar a redenção dos nossos desejos
sexuais.

2. A SEGUNDA DESCOBERTA DO SEXO


• A morte entrou no mundo.
• Vazios do amor de Deus, o desejo que sentem um pelo outro mudou
totalmente.
• Renegando o dom na sua relação com Deus, passam a não mais
experimentar o
desejo sexual como o poder de tornar-se dom para o outro.
• Ao contrário: desejam agarrar-se e possuir-se mutuamente para a
própria gratificação.
“O relacionamento de doação tornou-se um relacionamento de
apropriação” (João Paulo II)
• “Apoderar-se de” com o desejo de usufruir.
• Esta é a segunda descoberta do sexo.
• Na primeira, paz e tranquilidade, pois sua nudez revela-lhes sua dig-
nidade; na
segunda, ameaça, pois escondem sua nudez do olhar do outro.
• Ícones X Ídolos

• CONSEQUÊNCIAS PARA O HOMEM E A MULHER

I. A vergonha do corpo
• O corpo antes sinal esponsal, se torna fonte de medo, ao ser alvo da
cobiça alheia. O sentimento de auto-proteção da cobiça alheia é a
vergonha.

II. Vontade de dominar ao outro


• Discurso do mundo:
• Machismo x Feminismo

III. Desunião
• A comunhão na pureza de coração é substituída pela
concupiscência
• A luxúria passa “sobre as ruínas” do sentido esponsal do corpo,
para satisfazer direta e unicamente sua “necessidade sexual”. Busca
a “sensação da sexualidade”, sem levar em conta o verdadeiro dom
de si mesmo e a verdadeira comunhão de pessoas.
• Será que a luxúria/concupiscência aumenta e intensifica o
desejo sexual? Será isso um benefício?
• A luxúria é uma redução da plenitude original prevista por Deus
para o desejo sexual.
• É matar a fome comendo lixo. Por que então escolhemos o lixo?
• Porque não acreditamos no dom.
O CAMPO DE BATALHA
• Onde deve é travado a luta entre o amor e a concupiscência?
• É o coração humano o lugar da batalha, não o corpo.
• Jesus não condena o corpo, mas faz um APELO AO CORAÇÃO.
• A batalha é contra o nosso desejo desordenado.

- BATALHA MASCULINA
• Apelo visual. Assalto por imagens.
• Cobrança por postura usurpadora
“O problema da pornografia não é que mostre muito da pessoa,
mas que mostre muito pouco” João Paulo II

- BATALHA FEMININA
• Mais complexa, ligada à sentimentalidade;
• Tentação em buscar todas as qualidades psicológicas e
emocionais masculinas para preencher o vazio em suas vidas;
• Mulheres são tentadas a buscar atenção masculina de
maneiras egoístas e manipulativas, usando de suas qualidades.

LIBERDADE DIANTE DA LEI


Moral cristã: lista de regras a observar?
• O Evangelho visa mudar os corações, para não se precisar mais de
regras.
• Livres diante da lei.
• Exemplo: Desejo de matar o meu amigo.
• A lei é boa, mas não nos capacita a cumpri-la.
• É inútil seguir todas as regras, sem a vida.
• Da escravidão da lei para a liberdade da redenção.
• A graça da criação transforma-se em graça da redenção
• Não somos justificados pela lei, mas pela graça.
• Na medida com que nos abrimos a esse dom, a graça da redenção
passa a “reavivar” nossa humanidade.
• De onde jorra a graça da redenção?
• Primeiramente, da vida sacramental da Igreja.

PUREZA E VIDA NO ESPÍRITO


• Viver na graça é viver segundo o Espírito.
• Viver segundo o Espírito não é rejeitar o corpo.
• Viver segundo o Espírito nos torna livres para doar-nos.
• A vida no Espírito abre nossos olhos para o significado esponsal do
corpo.
• À medida que nos abrimos à vida no Espírito, experimentamos
também a redenção dos nossos corpos

Pureza positiva e negativa


• Pureza madura: “consiste na rapidez e reconhecer o valor da
pessoa em cada situação e em elevar (as reações sexuais) ao nível
pessoal”.
• Pureza negativa: evitar ocasião, não olhar, etc.
• “Na pureza madura o homem se deleita com os frutos conseguidos
pela vitória sobre a luxúria”

Interpretação da suspeita
• Os incrédulos pensam que isso é impossível.
• A final de contas de que homem estamos falando?
• Se admitimos que o olhar luxurioso é a única maneira de se poder
olhar o corpo humano, então isso se chama: a interpretação da
suspeita.
• Condenados a viver uma existência sem esperança e sem amor, a
observar regras sem mudança de coração.
• Crescendo na pureza adulta
• “Abraçar uma educação progressiva de autocontrole da vontade,
dos sentimentos, das emoções; tal educação deve evoluir partindo
dos atos mais simples, através dos quais torna-se relativamente fácil
pôr em prática as decisões anteriores.”
• Discernindo os movimentos do coração
• “Nem sempre é clara, é obvia; às vezes vem camuflada de
tal forma que pode até ser confundida com amor”.

NOSSO DESTINO

A RESSURREIÇÃO DO CORPO (A HUMANIDADE


GLORIFICADA)

INTRODUÇÃO
•Para termos uma visão completa do significa ser homem/mulher.
•Na ressurreição entramos numa dimensão inteiramente nova da
vida humana, que “supera toda compreensão e toda a imaginação”
(Catec. n. 1027)

CÉU: UMA EXPERIÊNCIA CORPÓREA


•Muitos tem uma errônea visão “supra espiritual” do céu.
•Mas qual é a fé dos cristãos?
“Em nenhum ponto a fé cristã se depara com mais contradição do que
no da ressurreição da „carne‟. Aceita-se muito comumente que ,
após a morte, a vida humana prossegue de modo espiritual. Como,
porém, admitir que este corpo tão manifestadamente mortal possa
ressuscitar para a vida eterna? (Catec. n. 996)
•Como Deus nos criou numa união de corpo e alma, a separação dos
dois na morte é inteiramente “artificial”.
•No entanto, os corpos vão ressuscitar diferentes.
•Os nossos corpos serão totalmente “espiritualizados”.
• ESPIRITUALIZAÇÃO: “As forças do espírito irão permear as
energias do corpo” (JPII)
• “Divinização do corpo”: participaremos de corpo e alma da natureza
divina.
Haverá sexo no céu?
• Depende do entendemos por sexo.
• Ressuscitaremos como homem e mulher.
• Mas a união dos sexos cederá lugar a uma união infinitamente
maior.
• “Os olhos não viram, os ouvidos... (1Cor 2,9)

CRISTO NOS DIRECIONA PARA O CASAMENTO


FINAL
• As palavras de Cristo: Explicação de Mt 22,30.
• Aparentemente parece contraditório com a grandeza do casamento
e da união sexual.
• Casamento e união “numa só carne” existem desde o começo, para
indicar o “casamento do Cordeiro” (Ap 19,7), a união de Cristo com a
Igreja (Ef 5, 31-32).
• O matrimônio não expressa definitivamente o sentido profundo da
sexualidade; apenas apresenta uma expressão concreta do seu
significado na história (cf. JPII)
• Matrimônio como “prefiguração”, ícone, sinal, de algo infinitamente
maior.

ÍCONES E ÍDOLOS
• Se perdermos essa visão maior tratamos o ícone como ídolos.
• Perde de vista as alegrias do céu e agarra nas alegrias terrenas.
• Obsessão idolátrica da sociedade pelo sexo.
•Atrás de cada falso Deus, encontramos aspirações profundas.
• Nós temos desejo do céu!
• Desejo sexual como combustível para algo mais além.
• Casamento que não olha para o céu, perde seu sentido.
• O poder das palavras de Cristo, redireciona esse desejo.
• Somente no céu a “dor” solidão será completamente sanada.

A VISÃO BEATÍFICA
• “Hoje vemos como num espelho...(1 Cor 13,12)
• Beatificar significa fazer supramente feliz.
• Felicidade é estar enraizado no amor (JPII)
• Plena participação da vida trinitária.

A REALIZAÇÃO DO SIGNIFICADO ESPONSAL DO


CORPO
• Como se dará essas “núpcias” do céu?
• Contudo os casamentos terrenos podem oferecer um pálido
vislumbre do que virá.
• Intercâmbio original entre homem e mulher: livre doação, sentido
esponsal do corpo.
“O ser humano só pode encontrar-se através da doação sincera
de si mesmo” (GS n. 24)
• O sentido esponsal do corpo prende-se ao fato de sermos capazes
de expressar o amor divino, “precisamente aquele amor no qual a
pessoa se faz um dom e – através desse dom – realiza o verda-
deiro sentido do seu ser e de sua existência” (JPII)

A COMUNHÃO DOS SANTOS


• Não será apenas como indivíduos que viveremos esta autodoação
de amor e união com Deus.
• No princípio: de dois, uma só carne!
• No final: de muitos membros, um só corpo!
“Nas alegrias do seu amor aqui na terra, Deus lhes dá (aos
esposos)um antegozo do festim de núpcias do Cordeiro”
(Catec. n. 1642)

DEUS É RICO EM MISERICÓRDIA


• Daí o interesse de todos pelo sexo!
• Desejo inato para nos conduzir a Ele.
• Mas cuidado o demônio ataca aqui.
• Durante muito tempo fomos alimentados com mentiras.
• Mas Deus é rico em misericórdia!
• Porque Jesus foi tão compassivo com os pecadores sexuais?
Especialmente as mulheres?
• Por que estavam à procura do verdadeiro Esposo.

O CELIBATO CRISTÃO:UM CASAMENTO CELEBRA-


DO NO CÉU
• Depois de responder a primeira pergunta: O que significa ser
humano? (Origem, história e futuro).
• Fica mais fácil responder a segunda pergunta: Como posso viver a
minha vida para encontrar a verdadeira felicidade?

“A Revelação cristã conhece dois modos específicos de realizar


a vocação da pessoa humana na sua totalidade ao amor: o
Matrimônio e a Virgindade. Quer um quer outro, na sua
respectiva forma própria, são uma concretização da verdade
mais profunda do homem, do seu «ser à imagem de Deus”.
(FC, n. 11)

Eunucos “por causa do Reino dos Céus”.


• Em resposta a indissolubilidade do matrimônio, os discípulos con-
cluíram que era melhor não se casar (cf. Mt 19,10)
• Jesus leva a discussão para um plano bem diferente:

“Há eunucos que o são desde o ventre de suas mães, e há


eunucos tornados tais pelas mãos dos homens, e há eunucos
que a si mesmos se fizerem assim por amor ao reino dos céus”
(Mt 19,12).

• Eunuco por amor do reino dos céus é alguém que livremente, se


abstêm de relações sexuais, numa antecipação daquele estado em
que os homens e as mulheres “não se casam e não se dão em
casamento”.
• O celibato é, portanto um sinal de que o corpo não tem por fim último
a sepultura, mas está destinado á glorificação.
“É um testemunho, entre os homens, que antecipa a
ressurreição futura” (JPII)

• O celibato cristão não é uma rejeição da sexualidade, mas antes


indica a finalidade e o sentido último da mesma: os dois se tornarão
uma só carne!
• Homem e mulher numa só carne tornam um sinal da união de Cristo
com a Igreja (Ef 5, 31s).
• Os celibatários antecipam o “casamento do Cordeiro”, aquela
realidade celestial a que todos somos chamados na glória.
• Se “não é bom que o homem fique sozinho”, o celibato cristão revela
que a plenificação máxima da solidão só está na união com Deus.

O CELIBATO DEVE SER ESCOLHIDO LIVREMENTE


• Uma coisa importante: a Igreja não impõe o celibato a ninguém. É
uma livre escolha.Seria o mesmo que coagir uma pessoa a se casar
contra a própria vontade.
• Na Igreja Latina a opção pelo celibato deve vir primeiro.
• O padre que não entende isso, não vive bem o seu chamado.
• Não é o celibato o motivo para desordens sexuais de membros do
clero, mas o pecado.
• O casamento por si só, não cura a desordem sexual, Mas Cristo sim!
• Pessoa com desordens sexuais que se casa está condenando a sua
esposa a ser mero objeto, um brinquedo para satisfazer a sua luxúria.
• A única maneira de eliminar o escândalo do pecado sexual é
experimentar a redenção de Cristo.
• O autêntico celibatário testemunha essa redenção. O mundo
precisa do testemunho do celibato cristão.

O CELIBATO BROTA DA REDENÇÃO DA


SEXUALIDADE

• O casamento e o celibato não podem ser entendidos como um que


dá vazão legítima à luxúria e outro que a reprime.
• Todos, independente de sua vocação, devem experimentar a
libertação da luxúria.
• Ambas devem experimentar a libertação do desejo sexual.
• O celibatário precisa não só de formação, mas de transformação.
• Pois só assim ele vai perceber que o ícone que ele sacrifica é muito
menor do que a realidade para a qual ele aponta, que é muito mais
atraente.
• Pensar de outra maneira é transformar o ícone em ídolo.

O ENSINAMENTO DE SÃO PAULO


• É melhor casar do que arder em desejo (I Cor 7, 9).
• Será que o matrimônio é somente para aqueles que não agüentam
o celibato?
• Será que o casamento pode de repente livrar a pessoa do
descontrole sexual?
• A expressão casar-se aqui significa a ordem ética: É melhor superar
a luxúria através da graça do sacramento do que permanecer
mergulhado nela.
• São Paulo não era contrário o casamento, ao contrário ele combate
uma falsa idéia que circulava entre os Coríntios que o matrimônio e a
união sexual são pecaminosos.

O Celibato é melhor do que o matrimônio?


• Qual é a razão então de São Paulo escrever: “o que não casa está
agindo melhor do que aquele que casa?”
• Isso deve ser bem entendido. Para não se ter aquela idéia de que
celibato é bom e casamento é ruim. Quem se abstêm de sexo é puro
e santo, e quem o pratica é pecador e impuro. Esse nunca foi o
autentico ensino da Igreja.
• O celibato é um chamado excepcional enquanto o casamento
continua sendo o chamado normal da maioria.
• O celibato tem um destaque não porque ele é melhor, mas porque
ele é abraçado pelo reino de Deus, ou seja, o casamento celeste. Ele
não vive a figura, mas a realidade futura já agora.
• Mas cada um tem um dom. Qual é a melhor vocação? Aquela que
Deus dá como dom próprio.

MATRIMONIO E CELIBATO SE COMPLEMENTAM


• Tais diferenças não entram em conflito, mas se complementam.
• O matrimônio revela a natureza esponsal da vocação celibatária e o
celibato revela o valor extraordinário da união matrimonial.
• Fidelidade e autodoação dos esposos – iluminam o celibatário
• Fecundidade dos esposos – diz que o celibatário também ter que
ser fecundo.
• O conhecimento e a valorização do casamento por parte do
celibatário são indispensáveis.
• A pessoa celibatária “esteja bem ciente do que está
escolhendo... deve ter boa consciência do que ela está
renunciando”.
• O tamanho do sacrifício mede-se pelo grau de valor dado à coisa
sacrificada.
• A Igreja aprecia o celibato porque avalia altamente o que ele
sacrifica: a união sexual
• E ao sacrificar a união sexual os celibatários a valorizam ainda mais
na vida de quem é casado, ao mesmo que mostra que o amor entre
os esposos aponta para o céu.

O celibato expressa o sentido esponsal do corpo

• Matrimonio e celibato, ambos são chamados a oferecer uma


resposta completa ao sentido da sexualidade, que é a doação de si
próprio, à imagem de Deus.
• Quando uma cultura desvaloriza a sexualidade inevitavelmente
acaba desvalorizando o casamento e o celibato.
• O celibatário é chamado a corresponder ao significado esponsal do
seu corpo. Doação, esposo, esposa, paternidade, maternidade faz
parte desse significado.
MATRIMÔNIO: IMAGEM DE CRISTO
E DA IGREJA
- Continuando a resposta a nossa pergunta: Como posso viver a
minha vida para ser verdadeiramente feliz?
- A resposta é: amar como Deus ama, em sincera autodoação.
- O celibato é um jeito de fazê-lo. E o matrimonio é outro. Embora o
primeiro seja excepcional e o segundo mais comum.

No entanto: “alguém que opta pelo casamento, deve assumi-lo


tal como o instituiu o Criador no começo” (JPII).

- Se a vida matrimonial não se basear no plano original de Deus, com


certeza vai fracassar e trazer somente insatisfação.
- Mas como podemos recuperar o plano original de Deus para o
matrimônio?

“Como Jesus veio para restabelecer a ordem inicial da criação


perturbada pelo pecado, ele mesmo proporciona a força e a
graça para viver o casamento na nova dimensão do Reino de
Deus... é seguindo a Cristo, renunciando a si mesmos e tomando
cada um a sua cruz que os esposos poderão compreender o
sentido original do casamento e vivêlo com a ajuda de Cristo”
(Catec. n. 1615)

- Famosa passagem de Efésios 5 serve de base para as reflexões do


Papa sobre o casamento.
- Versículo que causa arrepio nas mulheres: “Sede submissas aos
seus maridos!”.
- É verdade que houve homens na história que usaram esse versículo
para o domínio pecaminoso das mulheres. (Cf. Gn 3,16)
- O Papa faz a verdadeira interpretação desse texto de São Paulo.
Lendo cada versículo dentro do seu contexto.

MÚTUA SUBMISSÃO E REVERÊNCIA POR CRISTO


“Sujeitai-vos uns aos outros no temor de Cristo” (Ef 5,21)
- Não temos idéia de como isso era contra a cultura do seu tempo.

“As mulheres sejam submissas aos seus maridos” (5,22)

“Não tenciona dizer que o casamento é um pacto de domínio do


marido sobre a mulher... O amor torna o marido simultaneamente
submisso à mulher” (João Paulo II)

E ser “submisso à mulher significa viver em completa doação a ela”.


- Portanto, mútua sujeição significa “recíproca autodoação”.
- Os cônjuges cristãos se doam “no amor reverente a Cristo”.
- E esse amor é uma forma espiritualmente madura da atração mútua.
- NÍVEL MADURO DE PUREZA. Ver o mistério divino em seus
corpos: grande mistério a proclamar! União de Cristo com a Igreja.
- Ao experimentar isso não queremos mais a luxúria, mas a
genuflexão. Viver como São Paulo ensina é encher-nos de
admiração, reverência e assombro ante o grande mistério da
sexualidade.

A SUBMISSÃO NA ANALOGIA ESPONSAL


“O casamento só corresponde à vocação dos cristãos quando
reflete o amor que Cristo, o Esposo, dedica à Igreja, sua esposa,
e que ela se esforça por retribuir-lhe” (JPII)

- Paulo usando a linguagem de seu tempo com uma significação


inteiramente nova e redentora.

“Mulheres sejam submissas aos seus maridos, assim como ao


Senhor” (5,22).

SUBMISSÃO: colocar-se sob a missão de seus esposos.


Mas que missão é essa?
“Esposos, amai vossas esposas como Cristo amou a Igreja”.
- Entregando-se todo por ela. Afirmando a pessoa dela.
- Paulo não poderia ter estabelecido meta mais exigente.
- Qual mulher não gostaria de ser amada assim?

AUTORIDADE É UM CHAMADO A SERVIR


- Portanto, ao dizer: “Esposas submetei-vos aos vossos maridos”,
quer dizer: permitam que eles vos sirvam!
- Na troca de amor marido e mulher são iguais, porém os papéis são
diferentes.
- O esposo é a cabeça, portanto deve ser o primeiro a servir! Existe
uma santa ordem de amar!

“O marido é sobretudo aquele que ama e a mulher, por sua vez,


é aquela que é amada. A submissão da mulher ao marido,
entendida no trecho completo, significa “provar o amor” (JPII)

- O marido toma a iniciativa num amor que se esvazia do eu. A mulher


recebe e corresponde ao seu dom.
- Será que isso é humilhante para as mulheres?

ESTE É UM GRANDE MISTÉRIO

- Ligação entre a “união numa só carne” e a união de Cristo com a


Igreja representa “o ponto mais importante de todo o texto e, num
certo sentido, sua pedra fundamental” (JPII)

SACRAMENTALIDADE DO CORPO
- AMOR DE DEUS “se fez realidade visível através da união do pri-
meiro homem com a primeira mulher” – CRIAÇÃO. E também se faz
visível na união de Cristo e da Igreja – REDENÇÃO
- Quanto a estes SINAIS, essas duas uniões nos “servem de
referência á obra total da criação e da redenção” (JPII).
- Este é o Grande Sinal: Este mistério é grande! Grande sacramen-
to, pois revela o grande mistério da vida humana.

A LINGUAGEM DO CORPO
- O amor divino é a linguagem nativa do corpo. Sim o corpo fala. Ele
deve proclamar o amor de Deus e da Igreja.
- Precisamos entender essa linguagem.
O amor de Cristo distingue-se por quatro características:
1. Cristo dá livremente seu corpo
2. Entrega totalmente seu corpo
3. Dá seu corpo fielmente
4. Entrega seu corpo frutuosamente
A união de homem e mulher deve expressar esse amor. No entanto,
o nome para esse tipo se chama matrimônio.

É esse amor que os noivos aceitam viver diante do altar, quando


o sacerdote interroga-os:
“Lucilene e Fernando” vocês vieram aqui para unir-se em
matrimônio. Por isso lhes pergunto diante da Igreja:

É de LIVRE E ESPONTÂNEA VONTADE que o fazem? (Sim).


Abraçando o matrimônio, vocês prometem AMOR E FIDELIDADE
um ao outro? (Sim) É por TODA A VIDA que o prometem? (Sim)
Estão dispostos a receber com amor OS FILHOS QUE DEUS
LHES CONFIAR, educando na Lei de Deus e da Igreja? (Sim)

Depois vem, o consentimento, onde cada um diz:

“Eu, Fernando, TE RECEBO Lucilene, como minha esposa, e


prometo ser-te fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza,
na saúde e na doença, todos os dias da nossa vida”.

- João Paulo II afirma que:

ESTE SIM DEVE OS ESPOSOS DEVEM EXPRESSÁ-LOS COM OS


SEUS CORPOS, CADA VEZ QUE SE UNEM EM UMA SÓ CARNE.
O EU TE RECEBO POR MINHA ESPOSA – EU TE RECEBO POR
MEU ESPOSO SÓ PODEM REALIZAR-SE POR MEIO DA UNIÃO
CONJUGAL (JPII).

É, pois na relação sexual que as promessas do matrimônio se fazem


carne. É onde o homem e a mulher encarnam o amor divino.

DISTINGUIR ENTRE OS VERDADEIROS E OS FALSOS


PROFETAS.
- João Paulo II chega a descrever o corpo e a união sexual como uma
profecia. Profeta é alguém que fala por Deus, que proclama o seu
mistério. Mas é preciso distinguir os verdadeiros dos falsos profetas.
- É possível falar a verdade, mas também mentir com o corpo.
- Quem é aquele que mais está interessado com mentira dos nossos
corpos?
- O “pai da mentira”: Satanás. Que faz o quanto pode para nos
afastar do “grande mistério”.
- Portanto, todas as perguntas da moral sexual se reduzem a uma
bem simples: Será que este meu procedimento retrata o amor
livre, total, fiel e fecundo de Deus?
- Se a resposta for negativa temos um amor falso. No caso dos
esposos neles reinará a concupiscência, reduzir-se a meros objetos
de gratificação.
- Se a resposta for positiva temos um amor verdadeiro. No caso
dos esposos a aliança entre eles aprofunda-se e fortalece-se.

O AMOR É FECUNDO

Já examinamos a nossa origem, história, destino, as vocações do


celibato e do matrimônio. Temos as bases para compreender o
ensino da Igreja sobre a moralidade sexual e a transmissão da vida.
-A moralidade cristã não está contra nós, mas a nosso favor.
- Reconhece ó Cristão a tua dignidade!
- Não podemos mais nos deixar ser enganados!

APLICANDO O PRINCÍPIO BÁSICO.


- Pergunta chave: o que estou fazendo espelha ou não o amor livre,
total, fiel e fecundo de Deus?
- Se aceitamos a separação do sexo da sua natural orientação para
uma nova vida, que argumentação nos sobram para impedir a
justificação deste ou de qualquer outro meio capaz de levar ao
orgasmo?
- Esterilizando o sexo, desorientamos fundamentalmente o ato.
Perdemos a bússola moral. Ele não mais aponta para a necessidade
do casamento e da constituição de família.

SEXO E MATRIMÔNIO REDEFINIDOS


- A união vitalícia e monogâmica dos sexos e a família dela
proveniente serviram de base segura à Civilização Ocidental ao longo
dos séculos.
- Somente no século XX que eles foram radicalmente desmontados e
redefinidos.
- Comportamentos que antes eram afrontas, hoje são elogiados e
protegidos.
- Porque aconteceu essa mudança rápida e radical?
- A resposta é certa: a revolução sexual é inexplicável sem a
aceitação universal da contracepção.
- Detalhe: os propagadores da contracepção sabiam que não podiam
levar isso à frente sem as Igrejas Cristãs (Luterana, Ortodoxa,
Anglicana, etc).
- A Igreja Católica foi a única que manteve firme quando em 1960
surgiu a pílula.
- Inspirados numa falsa visão do Concílio Vaticano II, muitos
esperavam a benção do Papa aos contraceptivos. No entanto, isso
não aconteceu.
- Pois em 1968, enfrentando uma grande pressão global, o Papa
Paulo VI chocou o mundo com a Encíclica Humanae Vitae.

PRECISAMOS DE UMA “VISÃO TOTAL DO SER


HUMANO”
- Estaria o Papa Paulo VI fora da realidade?
- Será que não tenho direito de expressar meu amor à minha
esposa quando quiser sem me preocupar em ter que criar 15
filhos?
- O Papa Paulo VI estava consciente. Pois os homens e as mulheres
modernos tinham perdido de vista a grandeza, a dignidade e
finalidade da vida humana (Humanae vitae)
- Rapidamente deixamos de ver a sexualidade como um grande
mistério, e passamos a reduzi-la a um processo biológico, sujeito a
todo tipo de manipulação.
- Hoje ninguém se preocupa com a sua fertilidade.
- É certo que o sexo é algo biológico, mas não apenas. Essa é uma
visão parcial.

“O problema da natalidade, como de resto qualquer outro


problema que diga respeito à vida humana, deve ser
considerado numa perspectiva que transcenda as vistas parciais
- sejam elas de ordem biológica, psicológica, demográfica ou
sociológica - à luz da visão integral do homem e da sua vocação,
não só natural e terrena, mas também sobrenatural e eterna”.
(HV, n. 7)

- Precisamos de uma visão total do ser humano.


- Foi isso que João Paulo II propôs fazer na sua Teologia do Corpo.
- Toda a Teologia do Corpo pode ser considerada como “um amplo
comentário à doutrina contida na encíclica Humanae Vitae” (JPII)

PERGUNTAS:
Que critérios especiais nos oferece a Teologia do Corpo para
entendermos a Humanae Vitae? Porque a Igreja rejeita a
contracepção, mas aceita os métodos naturais de regulação da
natalidade? O que pretende a Igreja dizer com paternidade e
maternidade responsável? O ensino da Igreja não está impedindo os
casais de expressarem seu amor mútuo?
ÉTICA DO SINAL
- A profunda razão colocada por João Paulo II para defender o
ensinamento da HumanaeVitae contra a contracepção, é que essa
falsifica o sinal sacramental do amor no matrimônio.
- O matrimônio é um sinal (sacramento) do amor de Deus. Tudo na
vida dos esposos deve comunicar isso. Porém, o momento que isso
é mais evidente é na hora do ato sexual.
- Mas isso acontecerá realmente se a união sexual expressar
corretamente o amor de Deus.
- O elemento essencial do matrimonio como sacramento é a
linguagem do corpo expressa na verdade.
- Ao inserir a contracepção na linguagem do corpo (consciente ou
inconsciente) o casal cria um anti-sinal, um anti-sacramento. São
falsos profetas com o corpo.

FIDELIDADE ÀS PROMESSAS DO CASAMENTO


- A maioria dos casais que fazem isto nem sequer tem consciência.
- Porém, mesmo na ignorância, a prática da contracepção gera
consequências ruins.
- Sem contar a imensa bomba hormonal que a mulher injeta em seu
corpo que pode trazer inúmeros problemas para a sua saúde e vida
sexual.
- Mas a questão principal é que eles vivem numa infidelidade mútua.
- Pois no altar prometeram estar abertos à vida, e não estão.
Fecharam deliberadamente seus corações. A contracepção
transforma o sim das promessas num não. Estão mentindo com os
seus corpos.
- Somos livres para fazer sexo ou não. Mas não podemos mudar o
seu significado.
PATERNIDADE e MATERNIDADE RESPONSÁVEL
- Então quer dizer que os casais nunca poderão espaçar ou limitar o
número de filhos?
- Amor responsável leva a uma paternidade e maternidade
responsável.

“Exercem a paternidade/maternidade responsável tanto aqueles


que, prudente e generosamente, decidem ter uma família
numerosa, quanto os que, por razões sérias e com o devido
respeito à lei moral, decidem não ter mais filhos por enquanto ou
mesmo por um período indeterminado” (Paulo VI, HV n. 10)

- Prudência para os casais generosos.


- Razões sérias e respeito a lei moral para quem quer limitar o nasci-
mento dos filhos.
- Como então evitar a concepção de um bebê sem ser fiel às
promessas matrimoniais? Abstinência sexual. Autocontrole.
Pois é o único recurso que respeita as leis do corpo. Não há nada de
errado nisso se existe uma boa razão.
Estaria o casal falsificando sua união sexual se praticasse o
sexo durante o período infecundo natural? Estariam praticando a
contracepção? Não!

“Se, portanto, existem motivos sérios para distanciar os


nascimentos, que derivem ou das condições físicas ou
psicológicas dos cônjuges, ou de circunstâncias exteriores, a
Igreja ensina que então é lícito ter em conta os ritmos naturais
imanentes às funções geradoras, para usar do matrimônio só
nos períodos infecundos e, deste modo, regular a natalidade,
sem ofender os princípios morais que acabamos de recordar”
(HV, n.16)
QUAL A DIFERENÇA?
Que diferença existe entre tornar infértil uma união e esperar que
se torne fértil naturalmente? O resultado não é o mesmo?

“Na realidade, entre os dois casos existe uma diferença


essencial: no primeiro, os cônjuges usufruem legitimamente de
uma disposição natural; enquanto que no segundo, eles
impedem o desenvolvimento dos processos naturais”. (HV n. 16)

- No primeiro caso: os casais são árbitros, manipulam e ferem a


sexualidade e a pessoa do cônjuge, alteram a valor da doação total.
Falsificam a verdade do amor conjugal, separam o significado unitivo
e procriativo do sexo.
- No segundo caso: os esposos respeitam a conexão inseparável do
significado unitivo e procriativo, comportam-se como ministros do
plano de Deus e usufruem da sexualidade dentro do dinamismo da
doação total, sem manipulações e alterações.

TRATA-SE DE DIFERENÇAS PROFUNDAS. A DIFERENÇA É


ANTROPOLÓGICA E MORAL.

“Trata-se de uma diferença bastante vasta e profunda do que


geralmente se pensa, uma diferença que, em última análise,
envolve dois conceitos irreconciliáveis da pessoa humana e da
sexualidade” (João Paulo II, FC, n. 32)

ACEITAR OS RITMOS NATURAIS SIGNIFICA:


- aceitar o ritmo biológico da mulher
- aceitar o diálogo
- o respeito recíproco
- a responsabilidade comum
- domínio de si
Além dos valores da ternura e afetividade.
A sexualidade é respeitada na sua dimensão verdadeiramente
humana, a pessoa não está sendo usada como objeto.

AMOR VERDADEIRO OU FALSO?


- A abstinência periódica impede os casais de expressarem o
seu amor mútuo? – Esse é o maior questionamento para colocar em
prática o ensinamento da Igreja.
- Mas de que amor estamos falando? Do verdadeiro ou da
falsificação?
- Foi Deus que uniu o amor conjugal e a geração de filhos. Não existe
contradição.
- Difícil viver por causa da luta interna que experimentamos entre
amor e luxúria.
- Na realidade o que muitas vezes chamamos de amor, “quando
submetemos a um exame crítico minucioso, ao contrário de
todas as aparências, não passa de uma forma de usar a outra
pessoa”. (AR, p. 167)
- Para que serve a contracepção? Primeiramente não é para evitar
filhos, pois para isso já temos a abstinência.
- Os contraceptivos foram criados por causa da nossa falta de
autocontrole.
- Porque castramos e esterilizamos cães e gatos? Porque não
são capazes de dizer não aos seus impulsos, porque não são
livres.
- Os contraceptivos nos abaixam ao nível dos animais. Pois nega a
liberdade.
- A contracepção não só ataca o sentido procriativo do sexo, mas
também o unitivo, “pois faz que a união sexual deixe de ser um ato
de amor”. Pois para amar, eu preciso ser livre. Só na liberdade eu
sou capaz de um amor autêntico.
- Se eu não sou capaz de dizer não ao sexo, qual é o significado
então do meu sim?

CASTIDADE CONJUGAL
- A castidade não é algo negativo ou repressivo, mas altamente
positiva e libertadora.
- Porque livra o impulso sexual da atitude utilitarista.
- A castidade é um aprendizado do domínio de si, que é um treino da
liberdade humana. “A alternativa é clara: ou o homem comanda as
suas paixões e obtêm a paz, ou se deixa subjugar por elas e se
torna infeliz” (Catec. n. 2339)
- É claro que a castidade exige ascetismo. Que não empobrece, mas
enriquece o amor. - É entrar na morte e ressurreição de Cristo. Pois à
medida que morre a luxúria, cresce o amor autêntico.

Referências bibliográficas:
1. JOÃO PAULO II. Homem e Mulher o criou – Catequeses sobre o
Amor Humano, da Editora EDUSC.
2. CHRISTOPHER WEST. Teologia do Corpo para principiantes – Uma
Introdução Básica à Revolução Sexual por João Paulo II. Porto
Alegre: Editora Myrian, 2008
3. CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA.
4. RITUAL DO MATRIMÔNIO.

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