Acho que já deu para todo mundo notar que eu não concordo com Friedrich Nietzsche quando acusa
Paulo de ser o fundador do “Cristianismo”. A Basílica é de São Pedro, não de São Paulo!
Paulo perdeu a “parada” na construção do “Cristianismo” simplesmente porque o que Paulo discerniu,
creu, ensinou e praticou, jamais criaria um “Cristianismo”, mas tão somente igrejas que se amavam, se
correspondiam, se comunicavam, e se sentiam parte do Corpo Universal de Cristo.
Essas igrejas não deixavam de ser o que eram e nem as pessoas quem eram nas circunstancias de
suas vidas e culturas, visto que não haveria nunca nenhum poder humano, central ou regional, que
fizesse ninguém dominar sobre ninguém, ditando ensinos de homens e revelações do ego, pois, Cristo
é o Cabeça do corpo e Nele temos o Amém de Deus—conforme Paulo!
Além disso, não haveria uma profissão teológica a ser buscada e nem um status profético de detentor
de novas revelações a ser alcançado, pois, em Cristo, todos os tesouros da sabedoria e do
conhecimento já haviam sido revelados.
O apostolo também cria que o mistério desse crer e saber geraria um sentir de almas unidas no amor
de Cristo. E, assim, o mundo veria a presença do reino de Deus.
Ele também cria que esse testemunho tinha que ser dado dentro do contexto onde a Palavra estava
sendo anunciada. Assim, para os judeus ele era escândalo entre os gentios!
Para os gentios ele não era um escândalo entre os judeus, quando raspou a cabeça, tomando voto.
Afinal, quando alguém faz parte de uma cultura onde a revelação se originou, pode passar a pensar
que sua cultura e sua história são santos também. E os que souberam depois—os gentios, no caso—
sentem-se privilegiados em poder ter algum contato com a “cultura original”, como o fazem os católicos
e evangélicos quando beijam o chão de Israel!
Hoje a exemplificação também vem dos novos convertidos evengélicos que recebem a Jesus e tem
que "engolir" o pacote como se tudo fosse o evangelho, até o jeito de falar ou vestir!
O engando é pensar que quem chegou antes já discerniu mais. Paulo nuca creu nisso. Por isso
mesmo botou Pedro sob a Graça e enfrentou tudo e todos pela verdade do Evangelho.
Nisto ele também se gloriava.
Dois mil anos depois...
Já para nós, em certas coisas, temas e circunstancias da vida, Paulo parece um pouco de menos para
os liberais e um pouco demais para os conservadores—e nada para os neopentecostais!
Para nós Paulo é tão demais ainda que o “demais” de Paulo, pouca gente tem enxergado.
E Paulo apesar de saber que era demais, era para si mesmo tão de menos, que nunca pensou que
sua pessoa fosse ficar nada além do que nele se via e dele se ouvia!
Mas a mediocridade se aferra às circunstancialidades do “aplicativo” do Princípio da Palavra em Paulo
e não cresce no Principio da Palavra a fim de fazer seu “aplicativo” no momento histórico em que se
está vivendo.
Assim, o Universal em Paulo se reduz a slogans e o “aplicativo circunstancial” se transforma é
“principio universal”.
Alguns exemplos.
Primeiro os slogans que sobraram:
Pela Graça sois salvos!—para os Reformados.
Não me envergonho do Evangelho!—para os Missionários.
Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim!—para os Santificados.
Dou Graças a Deus porque falo em línguas mais do que todos vós!—para os Carismáticos.
Tudo é vosso!—para os liberais.
Todas as coisas são puras para os puros!—para quem gosta daquilo que a maioria diz não poder ou
gostar.
Não é bom para o homem o comer com escândalo!—para quem anda doido para fazer alguma coisa e
tenta se controlar.
O bispo seja marido de uma só mulher!—para aquele que tem um medo horrível de gostar tanto de
pregar quanto gosta de mulher.
O bispo governe bem a sua própria casa!—para o líder que acha que consegue manter os filhos
escondendo bem seus próprios corações.
Há muitos outros slogans!
Outro dia eu volto a eles.
Agora os aplicativos.
Ora, os aplicativos são tantos que eu vou deixar a expansão deles para outra hora. Aqui vou apenas
dar alguns poucos exemplos.
Vejamos:
O bispo seja marido de uma só mulher!—porque no principio Deus criou Adão e Eva, não Adão e suas
mulheres. No entanto, Adão caiu e o mundo de Paulo não era o jardim do Éden.
Portanto, a fim de que o Evangelho fosse boa notícia para todos—incluindo os que tinham mais de
uma esposa ou mulher quando conheceram a Palavra—, Paulo recomenda que o bispo seja o
referencial desse novo modelo.
Afinal, não há homem nem mulher (Gl 3:28).
E o homem que não quiser sua mulher pensando como ele, que pense como ela.
E assim, haverá igualdade.
Mas o mundo é caído!
Cada geração tem que entender e saber recomeçar sem negociar com o Princípio da Palavra.
O aplicativo carrega o Princípio, mas não pode ser instituído como forma.
Mais algumas acusações feitas ao irmão Paulo.
Ele é acusado de ter inventado o “bispo” (que era bispo de casas de fraternidade, o outro nome é
igreja, e não essa figura estereotipada de hoje), a “hierarquia” (que era orgânica e não funcional), o
“silencio das mulheres” (que era cultural), o tom agressivo (que era o mínimo que ele poderia fazer
considerando a dor das circunstancias), a lógica na argumentação (porque ele era inteligentíssimo),
a independência excessiva (porque ele cria, não duvidava e não tinha medo), etc...
Para mim, sinceramente, ele é o homem que discerniu e explicou a razão da esperança melhor que
ninguém. Isso ninguém pode negar!
Mas se Paulo tivesse sido entendido nos Princípios Essenciais da revelação que transmitia, a história
teria sido possivelmente outra, em razão de que a essência do que Paulo ensinou não criaria o que o
“Cristianismo” se tornou, em qualquer de suas variáveis.
Perfeito nunca seria—somos caídos e Paulo se considerava o principal entre os pecadores—, mas
seria muito mais revolucionário!
E não haveria uma Basílica que representasse o Templo de Jerusalém sendo erguida em nome da fé
em Jesus!
Mas também não haveria o Protestantismo.
Paulo não era um protestante, ele era um inconformista.
Ele jamais proporia uma Reforma. Ele cria em subversão, em revolução permanente, em nunca se
conformar com este século e suas produções, ainda que teológicas.
A fé de Paulo estaria em permanente estado de crescimento: tanto no conhecimento de Deus, como
em auto-percepção e em discernimento da natureza humana--e também da natureza!
O que a gente não entende quando lê a Palavra em Paulo é que ali há a revelação eterna, e que ela
está sendo enviada ignorantemente —como convém à piedade—na forma de cartas para pessoas que
se reuniam em casas, e que tinham nomes semelhantes a Fernando, Mara, Suzana, Antônio e
Suzane, Maria Helena, Alfredo, Sergio e Débora, Raimundo e Murilo.
Ou seja:
Paulo sabia que o que dizia era a Verdade do Evangelho de Cristo. Ele não tem nenhuma dúvida a
respeito da revelação recebida.
Quando ditava algo ou escrevia para enviar aos Efésios, Romanos, Filipenses, Coríntios ou qualquer
outra cidade, poderia também ser Rio de Janeiro, São Pedro, Curitiba, Teresina e Sobral do Ceará.
Ele era responsável eternamente pelo que ensinava acerca do Evangelho e, ao mesmo tempo,
completamente solidário e participe do momento e das circunstancias das vidas de seus ouvintes.
Ele sabia que o que dizia era o Evangelho e que o Evangelho não era nada mais nem menos que
aquilo.
Ele só não sabia era que sua “correspondência” iria ser lida durante dois mil anos, todos os dias—
especialmente aos domingos—, por milhões, bilhões de seres humanos, e que essas pessoas iriam
pensar que todas as soluções imediatas que ele, Paulo, buscava alcançar no “aplicativo” do Principio
Universal do Evangelho, iriam se transformar em “conteúdo fixo” do evangelho, e que viria a ser
ensinado como “mandamento para todas as culturas dos gentios da terra”.
Logo ele? que lutou contra isso o tempo todo? tendo feito mais inimizades por causa disso do que por
qualquer outra razão entre os judeus ou entre os cristãos judaizantes!?
Não!
Paulo jamais gostaria que o carioca fosse como os gregos e pernambucanos como os holandeses, e
os paulistas como italianos!
Paulo estabeleceu os Pontos Ômega e fez aplicação circunstancializada dos Princípios, conforme o
aplicativo pertinente ao contexto.
Aquelas coisas eram importantes naquela hora, mas não dava para comparar com Bem do Evangelho.
E, à semelhança dele, Paulo cria que cada geração iria ter que reconhecer também, como ele mesmo
pediu a Timóteo que o fizesse—em suas ações, atitudes, amor, longanimidade, fé, pureza, saber, e
também pelas armas da justiça, quer ofensivas, quer defensivas; por boa fama e por desonra; como
quem morre, mas eis que vivo está!—, o significado de crer no Evangelho de Jesus!
“Em Cristo não há homem, nem mulher; nem escravo, nem liberto; nem judeu, nem grego”—foi o que
ele disse.
Isto é Universal.
É! em Cristo!
Voltamos dois mil anos...
Havia um monte de gente vivendo em Corinto.
A cidade era portuária e o verbo corintianizar era sinônimo de tudo o que os cariocas são no imaginário
universal: o povo da boa vida, do prazer e do momento de alegria.
Em Corinto as prostitutas cultuais desciam da Acrocorinto com o rosto nu e as roupas apenas em
suficiência para aumentar a sedução.
Uma mulher que tivesse marido e fosse fiel a ele deveria se diferenciar desse paradigma com
“autoridade”—e a expressão simbólica da mulher que não gosta que fiquem gritando nas costas “sua
gostosa!”, naquela época, era botar o véu sobre a face.
Se no Brasil esse sinal fosse respeitado, muitas mulheres usariam véu, se a percepção cultural das
pessoas fosse idêntica.
Naquele tempo o véu era o sinal vermelho para qualquer pretensão.
Hoje se puser o véu a “rapaziada” arranca e se não ouvir um sonoro “me deixa em paz”, nem sempre
desiste.
O problema é que em Corinto se o que funcionasse fosse o “me deixa em paz”, Paulo iria dizer:
“Irmãs, diferenciem-se, numa circunstancia dessa, dizendo “me deixe em paz”.
Mas era o véu que respeitavam.
E respeitavam-no porque aquela mulher tinha “dono”.
Era a percepção “para fora”.
Para o lado de “dentro” Paulo diz que o “dono” daquela mulher não deveria fazê-la sua propriedade a
fim de
abusar dela.
Afinal, a mulher saiu do homem, mas o homem nasce de mulher.
E assim como o homem é a gloria de Deus, assim também a mulher é a gloria do homem!
E olhe que para Paulo a palavra gloria significava gloria!
(Falaremos disso noutra ocasião).
Resumindo:
Coisas do dia a dia se transformaram em lei de conduta entre os cristãos.
E nas cartas inspiradas enviadas aos amigos e irmãos da comunidade, até os nomes das pessoas
mencionadas são vistos como especialmente eleitos como santos e parte da revelação.
Essas pequeninas coisas é que obscurecem as Universais!
Sabe o que é isso?
É nunca ter entendido a Palavra.
Paulo mesmo disse que a letra mata--até mesmo nas cartas de Paulo!
Quem já conheceu o irmão Paulo não fica mais com esse problema.
Sabe que Paulo era absolutamente certo de ter crido e processado a Palavra da Verdade da Graça de
Deus revelada em Seu Filho Jesus Cristo.
Sabe que tudo isso é decisão de Deus.
É mistério.
Cristo é a Revelação.
O Evangelho é a Boa Noticia, mas não se encerra numa única explicação cultural. Não se deixa
prender nem por judeus, nem por gregos, nem por americanos, ingleses, brasileiros ou até mesmo
argentinos (o “até mesmo” revela meu mergulho no momento histórico emocional brasileiro de fazer
piadas com argentinos).
UMA CRONOLOGIA DA FÉ NO CONTEXTO HISTÓRICO
O que segue é uma tábua cronológica que relaciona a vida de Jesus e de Paulo aos Imperadores Romanos,
aos seus procuradores e ou prepostos na Palestina, inclusive os “Herodes” — com as produções literárias
encontradas no Novo Testamento; digo: especialmente as cartas de Paulo, que é meu interesse imediato,
embora estejam presentes as possíveis datas e época dos demais textos.
Leia com atenção. Meu interesse não é apenas cronológico, pois isto pouco ajudaria a qualquer pessoa, a
menos que se façam outras correlações.
Os imperadores Romanos do período no qual Jesus e Seus apóstolos viveram, foram seres de
impensável monstruosidade.
Ano Imperadores Herodianos e Procuradores romanos Vidas de Jesus e Paulo Livros do Novo
romanos Testamento
10 Augusto Herodes o Grande (37-4 a.C.) Nascimento de Jesus (pelo ano 6 antes da
era atual)
d.C.
Conversão de Paulo
(37-41)
Félix (52-60)
(60-61)
(69-79)
Cartas Universais
80 Domiciano
(81-96)
Nerva (96-98) e Ap
100 Trajano
(98-117)
Paulo, por exemplo, viveu sob o poder de muitos deles. Alguns deles pode-se dizer que foram os piores e
mais malévolos, como aqueles nos dias dos quais Paulo praticou seu ministério e sua fé: Calígula (37-41),
Cláudio (41-54) e Nero (54-68), sob quem veio a morrer.
Os dias áureos dos imperadores Romanos haviam ficado para trás desde antes do nascimento de Jesus.
Assim mesmo, o que se chama de Era de Ouro dos Romanos, também pode ser chamada de Era de
Sangue, Conspiração, Golpes, Traições, e muitas loucura.
Praticamente não houve imperador Romanos, desde o início da Republica, que não tenha morrido por
assassinato, como no caso de Tibério, que, já estava à morte, mas, mesmo assim, foi sufocado por um
travesseiro no seu leito.
Roma era inevitavelmente a Grande Babilônia daqueles dias. A cidade das sete colonas, como diz o
Apocalipse, era a Grande Meretriz da Terra.
Os imperadores todos foram seres cuja devassidão, loucura, orgias, bacanais, homicídios e despotismo não
tinham jamais tido paralelo na História. Ora, tais coisas iam de assassinatos de familiares ou parentes
perigosos (até a própria mãe), às ações de arbitrariedade que serviam para o entretenimento imperial. Isto
sem falar nas orgias mais impensáveis, nas quais valia tudo; e nas quais se “pegava”, dependendo do
imperador maluco, até a mãe, a irmã, o irmão, etc.—pra a satisfação sexual sado-masoquista e incestuosa.
A terceira mulher de Tibério entrou num concurso de sexo contra a mais experiente prostituta de Roma e
ganhou: agüentou muito mais homens numa mesma noite que a prostituta profissional.
Roma era uma prostituta. Uma adultera contumaz. Uma cidade de loucuras, sangue, morte, traição,
embriagues, orgias, bacanais, e, um ambiente no qual não se conhecia nada além do desejo e do prazer; ou
ódio cínico, que se fazia morte pela via dos envenenamentos e outras formas de matar pelas mãos de
terceiros.
Tudo quanto nós pensamos acerca das palavras acima mencionadas é nada. Sim! Porque nossa visão de
tais coisas já carrega o verniz da moral cristã ocidental, a qual, não impede que tais coisas aconteçam, mas
as inibe, fazendo com que, no mínimo, elas aconteçam sob véus e mascaras socialmente menos agressivas
que a própria realidade; ou melhor: que o próprio descaramento com o qual tais coisas eram feitas naqueles
dias.
Ora, digo isto de modo resumido apenas para dar um pequeno pano de fundo histórico ao que desejo
afirmar.
Não existe meio e nem modo de se pensar ou conceber que um judeu, criado como um fariseu da elite,
pudesse assumir os conceitos que Paulo assumiu como fé, pratica e divulgação (mesmo tendo encontrando
a Jesus numa estrada), sem que isto lhe tenha vindo como uma poderosa e inafastável revelação.
Sim! Por que como alguém pregaria o perdão de Deus ao mundo, a Graça de Deus aos homens, todos os
homens, num mundo como aquele, no qual Sodoma e Gomorra eram cidades de escoteiros?
A reação natural seria a do fechamento. Afinal, quem, com bom senso, haveria de falar de Graça num
ambiente de tanta licenciosidade e perversão?
Paulo, exposto ao mundo no qual vivia, teria que ter se tornado um grande “conservador de Jesus”; e não o
apostolo dos gentios, dos pagãos — e que anunciava a justiça da fé, e o perdão unilateralmente decretado
por Deus, em Cristo, na Cruz.
Ele encontra a Jesus no tempo de Calígula. E prega o Evangelho sob ele, Calígula, e sob Nero. Sim! Tudo
quanto dele temos na forma de cartas e epistolas foi produzido no tempo do governo perverso daqueles
dois loucos, primos; e ligados também por relações de natureza incestuosa.
Ambos, Calígula e Nero são tão enlouquecidos de maldade, que, muitas vezes, parecem até ser a mesma
pessoa.
É sob esses dois diabos que Paulo prega, escreve e põe a cara para fora. Acaba sendo morto,
provavelmente decapitado na Via Ápia, sob Nero.
Assim, quando Paulo faz aquela introdução aos Romanos (capítulos 1-2), o mundo que ele tinha diante de
si carregava a força de uma gravidade apocalíptica de natureza existencial e comportamental como nunca
antes se vira, e, depois, poucas vezes houve similar. Pode-se dizer que até o Nazismo de Hitler foi mais
sofisticado e mascarado. Muito mais!
Paulo tratava das questões que se avolumavam monstruosamente sobre ele e o povo, mas jamais deixou
de estabelecer a marca da Graça de Deus, quando, o que naturalmente se faria seria declarar a todos
condenados e o mundo como perdido.
1.Não importa a perversão do mundo, o que Deus revelou, não tem que ser feito mais aberto ou
mais fechado em nenhuma circunstância. A revelação não pode ser objeto de regulagens em razão
de como é a sociedade. Isto porque, para Paulo, ambas as coisas, a Lei e a Licenciosidade, eram
irmãs gêmeas; embora habitassem pólos oposto na aparência moral; posto que, Paulo, logo
entendera que tanto uma quanto a outra levavam o homem para o mesmo lugar de perdição: a Lei
empedrava a alma; e a Licenciosidade a tornava uma pasta.
2.Não importa qual seja o mundo (e poucas vezes o mundo foi caricatamente o “mundo” como nos
dias de Paulo), a Palavra do Evangelho terá o que a ele dizer. E Paulo mostrou como o Evangelho é
poder de Deus em qualquer mundo ou sociedade.
3.Não importam as conseqüências geradas pela pregação, ela tem que ser feita, como ela é, ainda
que se pague com a morte. Ora, Paulo e os demais apóstolos viveram para morrer provando tal
tese.
4.Não importando quais sejam os hábitos e vícios humanos, o Evangelho é mais forte do que eles.
Podendo gerar santos que já foram santificados pela fé; e, produzir os seres humanos mais
extraordinários que o mundo já conheceu.
Outra coisa que gostaria de pedir a você é que levasse em consideração cada uma dessas pequeninas
coisas sempre que você for ler as cartas ou epistolas de Paulo — bem como todo qualquer outro texto do
Novo Testamento. Pois, assim fazendo, jamais cairemos nos extremos que nos são propostos pelas almas
pregadoras que não agem pela Palavra, mas apenas reagem às circunstâncias.
Nele, que nos chama a uma só chamado, seja em Roma, no Rio, em New York, em Paris, ou na Faixa de
Gaza,
Caio
16/01/07
Lago Norte
Brasília
UM SONHO DE ESPERANÇA CONFORME PAULO E UMA IGREJA SEM
ESPERANÇA
Paulo escreveu aos Colossenses e pediu que sua carta fosse lida também aos cristãos de Laodicéia.
A carta que ele escreveu aos de Laodecéia nós não temos, mas imagino a “pérola” que deve ter sido.
João escreveu às sete igrejas da Ásia menor—hoje Turquia—, e entre essas igrejas estava a de
Laodicéia, conforme o Apocalipse.
Eis um trecho da carta que Paulo escreveu aos Colossenses e pediu que também fosse lida em
Laodecéia; afinal, as cidades eram bem próximas.
**************************************
Quero que vocês saibam quão grande luta tenho por vocês, que vivem em Colossos, e também pelos
que estão em Laodicéia, e por quantos não viram face a face.
Luto, mesmo estando longe, para que os seus corações sejam animados; estando vocês unidos em
amor, e enriquecidos da plenitude do entendimento para o pleno conhecimento do mistério de Deus.
Ora, o mistério de Deus é Cristo, em quem estão ocultos todos os tesouros da sabedoria e do
conhecimento!
Digo isto, para que ninguém engane vocês com palavras persuasivas, porém falsas, como se
houvesse “mais” o que se possa saber, para além do que em Cristo se pode encontrar.
Porque ainda que eu esteja distante de vocês quanto à presença física, contudo, em espírito, estou
com vocês.
E, ainda que ausente, me regozijo, vendo a ordem e a firmeza da fé que vocês têm em Cristo.
Portanto, assim como vocês receberam a Cristo Jesus, o Senhor, assim também andem Nele!
E vocês me perguntam “como”?
Ora, andando arraigados e edificados Nele, e confirmados na fé; assim como vocês foram ensinados;
sempre abundando em gratidão pela Graça Nele recebida.
Por isso, tenham cuidado para que ninguém faça de vocês sua própria “presa”, usando os artifícios das
filosofias e das vãs “sutilezas”, conforme as tradições dos homens, segundo os “rudimentos” morais,
religiosos e filosóficos deste mundo; e não conforme o Evangelho de Cristo!
Tudo o que vocês e todos, em qualquer lugar e em qualquer outro tempo precisam ou precisarão, está
em Cristo.
Nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade!
Nele também vocês têm toda a plenitude de que precisam.
Ele o Cabeça de todo principado, potestade, poder e saber.
Nele vocês também foram “circuncidados” não com a circuncisão religiosa de um rito que corta um
pedaço do prepúcio da carne.
A circuncisão que vocês tiveram não foi feita por mãos humanas, mediante o simples cortar de um
pedaço do corpo da carne de vocês.
A circuncisão de vocês é a circuncisão de Cristo!
E como isto aconteceu?
Aconteceu na Cruz!
Em Cristo vocês foram sepultados, e o batismo simboliza esta realidade que Nele já se realizou.
E assim como vocês foram com Ele sepultados; assim também com Ele vocês foram ressuscitados
pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos.
Assim aconteceu com vocês e com todos nós, que antes estávamos espiritualmente mortos nos
nossos delitos e pecados.
Antes vivíamos na “incircuncisão” da nossa carne—pois sem a Cruz nenhuma circuncisão humana
realiza coisa alguma!—, mas fomos salvos pela Sua morte e ressurreição; pois Ele nos vivificou
juntamente com Ele mesmo na ressurreição; perdoando-nos de todos os nossos delitos.
E, além disso, na Cruz, Ele também rasgou de uma vez e para sempre todo o escrito de dívida que
havia contra nós, conforme as ordenanças da lei.
Ora, esse escrito de dívidas era completamente contra todos nós. Mas Ele o removeu totalmente e o
encravou na Cruz.
E quando assim fez, Ele estava despojando os principados e potestades; e desse modo, os exibiu
publicamente ao desprezo; e sobre todos eles Cristo triunfou na Cruz!
Por esta razão não permitam nunca mais que quem quer que seja julgue a vocês pelo que vocês
comem, ou pelo que vocês bebem, ou por causa de dias de festas religiosas, ou de cerimônias
judaicas, como as celebrações da lua nova; nem tampouco submetam-se ao jugo das obrigações dos
“sábados” ou dos “dias santos”; porque todas essas coisas são passadas, e eram apenas sombras das
coisas que em Cristo viriam, e já se materializaram em nosso favor.
Agora nós estamos no Corpo de Cristo!
Não permitam que ninguém se constitua como árbitro contra vocês, sob o disfarce da humildade, ou
evocando falsas espiritualidades, como culto aos anjos; ou alegando que o que dizem receberam por
“visão”.
Tais pessoas estão é inchadas pelo ventos de suas próprias vaidades de entendimento carnal e
presunçoso, não retendo a Cabeça do Corpo—que é Cristo!
Todo aquele que já compreendeu o que Cristo fez, sabe tudo o que estou dizendo. E, esses que assim
crêem, sabem que nosso crescimento vem da Graça que faz todo o Corpo crescer provido e
organizado pelas juntas e ligaduras do amor; e, assim, vai crescendo conforme o aumento concedido
por Deus.
Se você crêem que morreram com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que ainda se deixam
sujeitar por ordenanças, como se vocês ainda vivessem das sombras de um antigo e apavorante
mundo?
Ora, essas “ordenanças” se manifestam do seguinte modo.
“Eles” dizem a vocês: não toquem nisto, não provem aquilo, não manuseiem aquilo ali!
Meus irmãos, tudo isso é bobagem, ainda mais porque todas essas “coisas” perecem com o tempo e o
uso.
Sim! me respondam: Se vocês morreram com Cristo, por que ainda andam segundo os preceitos e
doutrinas dos homens?
Ora, essas “doutrinas” têm, na verdade, alguma “aparência” de sabedoria, mas de fato são “culto de si
mesmo”, “humildade” fingida, e “severidade” apenas contra o corpo da carne.
Mas eu lhes digo: elas não têm valor algum no combate contra a idolatria dos sentidos, que é a
sensualidade.
Quanto mais se as segue, mas seus monstros nos perseguem!
Depois que esta carta for lida por vocês, façam com que ela também seja lida na igreja dos
laodicenses; e a carta que eu mandei aos de Laodicéia, por favor, leiam-na vocês também.
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Bem, não temos a carta de Paulo aos de Laodicéia, mas temos a carta de João aos laodecensses.
Simplesmente a transcreverei conforme foi ditada por Jesus ao Seu apóstolo, João, que estava exilado
na ilha de Patmos.
A igreja em Laudicéia, todavia, anos depois de receber a carta que Paulo lhe enviara, e também
depois de ler a carta aos Colossenses, não mudou os seus caminhos.
Ficou parada no tempo e não cresceu na Graça de Deus.
Você pergunta: como era Laudicéia?
Ora, era uma cidade era rica.
Conheço Pamukali e os seus balneários, e as maravilhosas fontes de águas termais.
É um lugar lindo e ótimo para o laser.
Nos dias de Paulo já era assim.
Hierápolis, cujas ruínas estão bem preservadas até hoje, estava nas redondezas.
Todos faziam parte da mesma geografia, e foram influenciados pelos mesmos agentes religiosos do
engano pseudo-cristão.
A prosperidade de Laudicéia estava presente no “espírito” da igreja.
Os tecidos lindos que produziam, o pó Frígio que servia de colírio para os olhos enfermos, as águas
mornas que tinham poderes curativos, e as riquezas comerciais que ali aconteciam, acabaram por
criar, dentro da igreja, um espírito de arrogância e poder.
Laudicéia aderiu à primeira versão cristã da Teologia da Prosperidade.
E ficou exatamente como estão hoje as “igrejas da prosperidade”: cheia de ufanismo, decretos de
poder e soberania.
Não lemos a Carta de Paulo aos Laudicenses, mas sabemos o que o próprio Senhor Jesus mandou o
apóstolo João dizer a eles.
Leia com atenção, pois, o que se disse a eles é o que se diz a nós.
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Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve:
Isto diz o Amém, a Testemunha Fiel e Verdadeira, o Princípio da criação de Deus: Conheço as tuas
obras, que nem és frio nem quente; oxalá foras frio ou quente!
Assim, porque és morno, e não és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca.
Porquanto dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um coitado,
e miserável, e pobre, e cego, e nu; aconselho-te que de mim compres ouro refinado no fogo, para que
te enriqueças; e vestes brancas, para que te vistas, e não seja manifesta a vergonha da tua nudez; e
colírio, a fim de ungires os teus olhos, para que vejas.
Eu repreendo e castigo a todos quantos amo: sê pois zeloso, e arrepende-te.
Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com
ele cearei, e ele comigo.
Ao que vencer, eu lhe concederei que se assente comigo no meu trono.
Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.
**********************************************
2. Que porta é essa na qual Jesus está batendo: o coração dos “pagãos” ou o dos presunçosos
“cristãos”?
3. Se Ele estava de “fora” da igreja de Laudicéia—que era uma “creche de inocência” se comparada
àquilo que hoje chamamos de “igreja”—, o que nos faz pensar que com os últimos dois mil anos Ele
mudou, a ponto de não nos dizer no mínimo a mesma coisa?
Paulo nos diz o que fazer e o que não fazer a fim de não nos tornarmos “laudicenses”.
João nos diz o que Jesus disse que faria com toda “igreja” que se renda ao espírito de Laudicéia.
Caio
5 de abril de 2009
Lago Norte
Brasília
DF
UM HOMEM QUE SABIA O QUE TINHA VALOR NA VIDA
Sua maior angustia histórica foi não ter andado com Jesus—nascido fora de tempo—e ter entendido a
mensagem melhor que os demais.
Homem nenhum me ensinou—dizia ele.
Daí ter relido todo o Velho Testamento—que ele conhecia como poucos—com olhos diferentes.
Seu encontro com Jesus na estrada e as revelações subseqüentes o fizeram entrar num plano de
intimidade com Deus em fé, que os demais não possuíam com aquela consciência.
Os outros tinham visto tudo e não tinham ainda enxergado o tanto que Paulo via.
Negar isto para ele seria como negar a sua própria história.
A sua eleição para ser quem era, tornara-se algo tão forte que ele se trata como Deus trata a Jeremias
—quanto àquele que me escolheu ainda no ventre de minha mãe—, e fala disso sem pensar nos
antigos como gente com quem Deus tratava diferente.
O que ele não aceitava—e dizia que essa era a gloria dos gentios em seu ministério—era que os
judeus oprimissem os gentios com seus legalismos, cerimonialismos e sacralização cultural.
O escrito de dívidas que havia contra todos tinha sido encravado na Cruz.
A vitória contra a carne só aconteceria se a alma se pacificasse no amor de Cristo e se inclinasse para
o Espírito da Graça.
Nenhuma!
Medo?
De quê?
Medo de viver?
Absurdo?
Que absurdos?
Coisas incompreensíveis?
Quais?
Algum segredo?
Não!
O fato é que Paulo tinha nas referências dos Universais nos quais cria e chamava de Evangelho da
Graça a escopo ilimitado de sua visão da vida--seus aplicativos é que limitavam ao momento e aos
costumes históricos. O que era simbolizador de uma consciência boa para com Deus, ele deixava ficar,
não importando a forma; se, todavia, o Universal tivesse uma intercessão negativa com a cultura, o
Princípio Universal jamais seria negociado.
Daí ele ser alguém em constante processo de aculturação, fazendo-se de sábios para com os sábios e
de tolo para com os estultos--tudo para ganhar alguns para Cristo.
Mas o fato é que ele via muito mais distante do que dava para admitir por qualquer de seus
contemporâneos.
Já era um problema para ele incluir os gentios que cressem na Palavra na Oliveira Histórica da Graça,
quanto mais afirmar que um dia todas as coisas se reconciliariam com Deus?
Caio
Deus decidiu guardar Seus tesouros em recipientes muito fracos. Por isso temos nosso tesouro em
vasos de barro — que somos nós mesmos —, para que a excelência do poder seja de Deus, e nunca
nossa.
O poder de Deus sempre se aperfeiçoa na nossa fraqueza, pois, do contrário, certamente ficaríamos
arrogantes.
Por essa razão é que em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não
desesperados; perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos.
Assim caminhamos, sempre trazendo no nosso corpo o morrer, para que também a vida de Jesus se
manifeste em nós.
Isso porque nós, que vivemos pela fé em Cristo, estamos sempre entregues à morte por amor a Jesus
e para crescermos em Sua Graça.
Ora, isso também acontece a fim de que a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal, que só
pode experimentar vida tão mais excelente se nossa animalidade mais básica for sempre relativizada.
E se desejamos muito ser instrumentos de Deus — também pura obra da Graça —, ainda mais
teremos que conhecer o caminho da fraqueza, a fim de que discirnamos nossos próprios corações.
Por essa razão é que aquele que é visto como alguém que edifica outros, mais profundamente
conhecerá a operação da morte para que outros possam experimentar a vida.
Ora, o espírito de nossa fé é simples, e manifesta-se conforme está escrito: "Eu cri, por isso falei!"
Mas fazemos isto sabendo que Aquele que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará com Ele —
sim, a todos nós!
Desse modo, sendo já herdeiros de todas as coisas, mesmo que existindo em fraqueza, devemos
saber que todas as coisas existem por amor a nós.
Somente pessoas conscientes de sua própria fraqueza podem experimentar esse privilégio como
gratidão, e nunca como arrogância. E tal consciência não se jacta como se isso fosse uma conquista
individual e pessoal. Essa Graça está sobre muitos.
Isto para que a Graça, multiplicada por meio da vida e dons de muitos, faça abundar muita gratidão
entre os homens para a Glória de Deus.
É por essa razão que não desfalecemos nunca. Mesmo quando vemos o nosso “homem exterior” se
consumindo, pois sabemos que existe uma contrapartida. Afinal, na mesma proporção, o nosso
“homem interior” se renova de dia em dia.
Dito isso, quero apenas recordar que não somos filhos da animalidade. Temos um tesouro eterno
habitando em nossa fraqueza.
Ora, tal consciência gera muita paz. Afinal, sabemos que a nossa tribulação na terra é leve e
momentânea, mas produz para nós cada vez mais abundantemente um eterno peso de glória.
Dessa forma, devemos andar pela fé. Não atentando nós nas coisas que se vêem, mas sim nas que se
não vêem.
As coisas que pertencem aos sentidos — as que se vêem — são temporais, enquanto as que se não
vêem são eternas.
Quem tem essa consciência em fé já não se queixa. Tampouco julga que o vaso seja importante.
Afinal, o vaso é de barro, tirado do pó — e ao pó voltará! Mas o tesouro, esse sim, é eterno. E já nos
habita como santa contradição da Graça, embora seus portadores sejam sempre expostos à fraqueza.
Essa é a fé que permite celebrar a Graça e a Vida com saúde. E nunca se gloriar do que possui, pois,
de fato, não possui; apenas carrega!
Caio
Publicado em 30/09/2003
TENTAÇÃO...NA MENTE DE PAULO
Paulo sabia o que era tentação como pouca gente.
E a revelação vem na vida e a vida trás revelação quando a existência é em Cristo e na Palavra.
Assim, a ele foi dado perceber porque ele pode perceber nele mesmo. Ele soube porque sabia e sabia
porque soube.
Tentação...
Essa é a palavra mais temida e mais horrivelmente deliciosa e sedutora na psicologia de qualquer
idioma.
Tentação é tudo o que não devemos, ou achamos que não deveríamos, ou aquilo que achamos que
não deveríamos porque os outros acham que não deveríamos desejar e, também, é aquilo que Deus
disse que não é nosso.
Isso na perspectiva psicológica de nossas mentes confusas, caídas e, portanto, misturadas no meio de
tudo isso.
A tentação é o que não é nosso.
Ela é apenas tudo o que não sendo meu passa a ser objeto do meu desejo.
Daí haver também aquelas tentações que são permitidas, pois, sem alguma tentação, não há nem
mesmo o desejo totalmente livre de alguma forma de admiração que se instalou como vontade de ter,
ser ou possuir.
Mesmo marido e mulher precisam manter alguma forma de admiração para que sua relação afetiva
possa significar uma boa tentação a ser usufruída.
É pela perda dessa ambivalência que o desejo acaba.
A tentação, portanto, tem muitos lugares e papéis dentro de nós.
Ah! Que tentação!—diz você para você mesmo sempre que queria comer um pouco mais o que gosta
e lhe é lícito, mas não deve senão vai engordar.
Nesse caso a tentação é dar a si um prazer que faz mal a você.
Esse exemplo já mostra em si mesmo como a tentação é boa e é má.
Claro. É a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal!
Eles podiam comer de todas as árvores do jardim. Exceto de uma. E foi a única que não podiam, a
única que desejaram.
E se o gosto tiver sido horrivelmente gostoso e sublimemente horrível?
Todas as demais árvores do jardim tinham seus próprios gostos. Mas foi única que não podiam, a
única a fazer síntese de todas.
Daí o ter-se que viver a experiência da Queda em estado de ambigüidade, o tempo todo—mesmo na
virtude.
Aliás, especialmente nas virtudes...
Assim...não é a fartura, mas o proibido aquilo que mais desperta o desejo.
Por essa razão é também que quanto mais Lei, mais cresce o desejo pelo proibido—de acordo com
Paulo aos Romanos. Daí, onde superabunda a lei, aí também superabunda o pecado.
É verdade na mesma medida que a proposta é verdadeira: Onde abundou o pecado, superabundou a
Graça.
Por isto é que Paulo diz que as tentativas de se reduzir o espaço físico da vida e dos sentidos—o
ascetismo...não bebas isto...não toques aquilo... e nem comas aquilo outro...tinha apenas aparência de
sabedoria, mas não tinha nenhum poder contra a sensualidade.
Ora, se com uma única proibição se causou tanto estrago—uma única coisa proibida no Éden—, o que
não se dizer de um mundo onde tudo é proibido?
E de uma igreja que proíbe quase todas as coisas em nome de Deus?
Ora, aquele era o Jardim do Éden. Esse é o Mundo Que Jaz no Maligno.
Aí a tentação será maior.
Posso lhes garantir que todos nós sabemos que é!
Na mente de Paulo quanto mais lei, mais conhecimento do pecado.
O mundo vai ficando menor que a própria porta estreita, e o ser olha para tudo o mais na existência
como tentação e, no fim...se transforma em neurose—no mínimo!
Essa é a minha maneira de dar uma olhadela em Paulo, no seu modo de sentir as coisas em Cristo
quando escreveu Romanos, especialmente os capítulos 6 e 7.
Isso era porque hoje eu ia falar do Corpo de Cristo.
Que bom que posso ir falando o que desejo, na seqüência imposta pelo coração, naquele dia, naquela
hora...
Eu estava no quarto...senti isso, vim aqui e escrevi.
Vou tentar dar uma corrigida. Confesso que sei que há muitos erros nos textos, e que eu mesmo vejo
depois e fico quase envergonhado.
Então, fico nessa luta entre duas coisas boas: escrever bem ou bem escrever.
Caí em tentação: decidi...
É meu direito deixar você decidir se é para você decidir ou não...
SANTIFICAÇÃO: CONSTANTE QUEBRA DE PARADIGMAS!
Jeremias diz que se um negro da Etiópia conseguir ficar branco por si mesmo, ou se um
europeu conseguir ficar preto de si mesmo, ou se um tigre conseguir arrancar as suas
manchas — então, estando o homem acostumado a fazer o mal, conseguirá fazer o bem
[13:23].
Assim o homem é aquilo a que se habitua, se acostuma; pois, no costume, cabe tudo; até
mesmo a dor sentida como necessidade espiritual, psicológica e cerebral; posto que pela
rotina e repetição perversa, novas constituições se desenvolvem na pessoa, a ponto de
alterá-la muitas vezes para sempre.
E, além disso, adicione o curso deste mundo, com seu volume extraordinário de indução,
sugestão e tirania.
Adicione também a percepção de que tudo isto origina arquétipos coletivos que são
“comidos” pelos Principados e Potestades espirituais, e, por eles, a nós devolvidos de
maneiraagigantada, para serem por nós incorporados à cultura, e, por meio
dela, transmitidosa novas gerações que, por sua vez, superlativizarão o caldo que lhes for
contemporâneo e, acima dele, adicionarão novas camadas às já existentes, tornando o
processo sempre e constantemente piorado, até quando melhora em alguns tópicos.
Ora, isto feito, nós temos uma macro-visão dos poderes que influenciam os nossos
hábitos e costumes.
É por isto que Jeremias nos diz que se o costume for o de fazer o mal, então, o fazer o
bem será uma façanha tão grande quanto auto-determinar a cor da pele ou possuir a
capacidade que o tigre não tem de tirar de si mesmo as próprias manchas características.
Ora, Jesus, no entanto, dedicou-se aos que eram justamente os imutáveis de Seus dias e à
Sua volta.
Sim! Ele julgou que o mau costume dos publicanos e pecadores comuns era ainda muito
mais maleável do que o mau costume dos religiosos, os quais, pela repetição constante
do mesmo padrão, séculos afora, eram agora os seres fixos na maldade, visto que eles
carregavam os genes e a cultura [“nossos pais”] dos que mataram todos os profetas
antes deles.
Alguém pergunta:
Somente uma Patada Divina no meio do peito é que faz um homem, à semelhança de
Paulo, poder mudar?
Sim! O paradigma de ser já era completamente constitutivo do ser de Paulo, somente por
uma intervenção traumática poderia ser quebrado como crosta milenar.
Ora, Paulo diz que esse é um processo permanente, e que vai de aplicativos grotescos,
como: “aquele que roubava não roube mais, aquele que mentia, não minta mais” — aos
processos sutis de discernimento diário acerca das ilusões do curso deste mundo,
ao investimento intenso e prioritário na busca de uma checagem ininterrupta do nosso
próprio olhar, submetendo nossa mente a uma “renovação” constante, a qual garantirá
nosso crescimento na direção da instalação do bem como vontade natural do espírito
refeito segundo o entendimento dado pelo Evangelho.
ASSIM, santificação é o processo de quebra do velho e adoecido padrão, e que nos leva
a adotarmos novos costumes para a vida, até que eles se tornem padrões instalados e
manifestos cada vez mais naturalmente como prática do que Jesus chama de bem para a
vida.
Nele,
Caio
23 de outubro de 2008.
Lago Norte
Brasília
DF
SALVANDO PAULO DO “APÓSTOLO PAULO”...
Acho estranho que Paulo pergunte sinceramente “Quem é Paulo? Quem é Apolo? Quem é Pedro?
Senão servos por meio de quem ouvistes a Palavra e creste?”— enquanto, apesar disso, nós
tenhamos levado a ele e aos demais para um patamar de sobrenaturalidade tal, que hoje, se alguém
questiona qualquer coisa que eles tenham dito ou feito, as resposta ortodoxas e veementes são
exatamente a negação do que Paulo disse e insinuou com interrogações insistentes que fez em
relação ao que ele pretendia relativizar: eles próprios.
“Mas como? é Paulo! Mas como? é Apolo! Mas como? é Pedro!”—é o que a estupefação religiosa
responde quando se questiona qualquer coisa que eles possam ter dito, feito ou escrito, e que esteja
AQUEM da proposta do Evangelho, do qual eles eram apenas servos, mas não a sua encarnação e
nem os seus únicos e finais interpretes autorizados.
Somente Jesus é a Encarnação da Palavra e de seu espírito. Paulo, Apolo, Pedro e todo e qualquer
outro irmão da primeira hora, eram apenas servos que pregaram e por meio de quem muitos creram,
inclusive nós, que somos herdeiros da mensagem da Graça, especialmente anunciada por Paulo, mas
do que por qual outro apóstolo naqueles dias.
Ora, o simples fato de dizermos que há em Paulo mais conteúdo do Evangelho que nos demais
apóstolos, por si só, já relativiza a coisa toda, posto que é sem dúvida que o próprio Paulo sabe que
sobre ele há luzes de maior amplidão e discernimento (Gl 1 e 2). E mais: o fato de Pedro dizer que o
“irmão Paulo dizia coisas difíceis de entender, às quais os instáveis e corrompidos de mente
deturpavam”, já demonstra que havia algo acontecendo no plano do discernimento crescente do
Evangelho e de seus aplicativos, que o próprio Pedro se sentia limitado quanto a tentar explicar ou
defender, embora reconhecesse que naqueles conteúdos havia a revelação do Evangelho e de seu
significado.
8. Ações do homem apesar de Deus, e, apesar de tudo ser feito em nome de Deus;
9. Ações de Deus para destituir o que antes fora instituído apenas porque o meio virou fim;
10. Ações do homem com Deus, mas que não são padrões do ideal de Deus na Sua ação nos
homens.
E aqui não vou mencionar os lugares e as horas nas quais, para mim, em meu coração, cada uma
dessas coisas acontece conforme as sutilezas acima expressas.
Há lugares em que meu coração treme sempre, pois me é impossível não ver Deus falando ao
homem. Mas há uma quantidade enorme de produção e projeção humana, reverente e piedosamente
feita em nome de Deus, e com tons de estatutos inspirados.
Toda a Escritura precisa ser lida assim a fim de que não se transforme no samba do crioulo doido nas
nossas interpretações, a maioria delas existindo em estado permanente não de paradoxo, mas da
mais gritante contradição em relação ao espírito do Evangelho de Jesus.
É por isso que há anos eu insisto que a Escritura só pode ser entendida depois que o indivíduo
discerniu a Encarnação da Palavra, posto que é em Jesus, e à partir Dele e de Seu espírito e modo de
ser, que eu posso ver o que é Palavra de Deus, e qual é o seu espírito.
Uma vez que isto está instalado em você tudo fica simples e claro. E você não vacila mais quanto ao
fato que surge em você uma inamovível convicção quanto ao fato que o Evangelho não é um corpo de
doutrinas, mas uma maneira de ver, entender, discernir e experimentar a vida e as múltiplas formas de
relações com Deus, os homens e o todo da criação.
Para mim é tão simples ver quando Paulo está cheio do Evangelho e quando ele está apenas “meio-
cheio” de si.
Tornar “inspirado o seu surto” tem sido uma desgraça para a fé.
Tenho altos papos com Paulo. Ele sabe o quanto o amo, e também, quais são as muitas coisas
periféricas nas quais eu não concordo com ele Hoje, embora concorde com ele no contexto no qual
aquele aplicativo do Princípio do Evangelho foi feito por ele, embora, em minha opinião, algumas
vezes, o aplicativo merecesse um pouco mais de ousadia apenas em razão da compreensão essencial
que havia levado o apostolo até aquele ponto, mas, cuja fronteira, depois, ele não teve a coragem de
cruzar, respeitando os limites do seu tempo.
Todavia, o entendo naquela limitação, mas de modo algum me disponho a obedece-lo naquele
aplicativo pobre, se se toma em consideração a profundidade, a altura, a largura e extensão da
proposta do Princípio do Evangelho pelo apostolo discernido, e não levado até às ultimas
conseqüências em razão de algumas “médias” que ele, por mais liberto que fosse, sentia necessidade
de fazer com a cultura local, ou, ainda, em razão de alguma forma de choque cultural não absorvido
por ele.
Isto sem falar que Paulo tinha alma, e nela, traumas, doenças, idiossincrasias, e preferências... coisas
absolutamente dele, e que muitas vezes aparecem na forma de declarações “inspiradas”, e que,
sinceramente, não o foram; pelo menos não para além daquele contexto imediato, e do limite
psicológico do próprio apóstolo.
Digo isto porque se quisermos ver uma revolução de Deus em nossas consciências, temos que ter
coragem de ler Paulo e ler todos somente a partir de Jesus e da Encarnação.
Afinal, em nome de Paulo, eu também pergunto: “Quem é Paulo? Quem é Apolo? Quem é Pedro? Se
não servos por meio de quem ouvistes a Palavra e creste?”
Neles eu tenho as referencias do Fundamento, do qual Jesus é a Pedra Angular, sendo, portanto, por
Ele, a Pedra da Esquina, que eu tiro o prumo e o nível de todas as coisas, tendo inclusive a liberdade
de dizer: “Irmão Paulo, nesse quesito, chega um pouquinho para cá... ou para lá... posto que as
implicações do Evangelho relativizaram já há muito o seu esforço de atualização da Palavra para os
seus dias, que já não são nossos”.
E se ele estivesse aqui, eu sei, amando a Jesus e ao Evangelho como ele amava e cria, não tenho
dúvidas de que em muitas coisas ele diria: “É isso aí, meu irmão!”
Caio
06/05/05
SABE, PORÉM, ISTO...
Sim, pois eles se tornarão sem afeto natural, e, por isso, serão
irreconciliáveis, caluniadores, descontrolados, cruéis, sem amor para
com o que é bom.
Desses, afasta-te logo! Não vá com eles. Não os imites. Não tenhas
inveja deles. Jamais creias que eles ficarão sem o juízo da verdade,
pois eles o conhecerão mais cedo ou mais tarde.
Por isso, tais mulheres são levadas pelo impulso das várias
concupiscências, e, assim, aprendem sempre, mas nunca podem
chegar ao conhecimento da verdade, posto que a indiferença para
com a verdade que se sabe torna insensível o coração.
O que ilustra essa situação muito bem foi o que aconteceu a Janes e
Jambres, os quais resistiram a Moisés no deserto.
Caio
16/06/07
Lago Norte
Brasília
QUEM É A SUA MÃE?
Paulo disse que a Jerusalém de pedras e morros, situada na Judéia, em seus dias era espiritualmente
como a escrava Hagar era para Sara, nos dias de Abraão; pois quem de Hagar nascia, escravo era
desde o nascimento, visto que escravo gera escravo em regime de escravidão. Entretanto, os filhos da
Graça-Promessa, eram como Isaque, o filho de Sara, a livre.
Se o espírito da mãe é de escrava amargurada e infeliz, nem Abraão aí fará filhos livres.
Por esta razão é que Paulo diz que os filhos da escrava sempre perseguem os filhos da livre; pois eles
mesmos sabem quem é livre e quem não é. Por isso quem não é persegue a quem é. É sempre o não-
é perseguindo ao que é.
A ironia é que Paulo saiu de Jerusalém com a ordem de matar os filhos da livre, e, ao chegar ao seu
destino, Damasco, vira tanta luz que já nada via; porem, sendo já livre, mal abriu os olhos e começou a
ser perseguido pelos filhos da escrava, como de fato o foi até o fim da vida.
Os filhos da escrava sempre odiaram os filhos da livre. Portanto, quando os filhos da escrava amam
alguém, então é porque tal pessoa não é filho da livre.
Ora, assim como a Jerusalém dos dias de Paulo gerava filhos para a escravidão, assim também a
Religião [seja qual for sua denominação cristã] gera para a escravidão também. Ambas são a mesma
coisa, assim como os judeus procederam de Sara e acabaram como filhos de Hagar.
E fácil ver quem é filho da Escrava e quem é filho da Livre. Basta ver quem persegue quem; e quem
odeia a quem; e quem desejaria o sumiço de quem; e quem se ocupa de quem; e quem se alimenta da
existência de quem.
Os filhos da Livre só têm olhos para o Pai. Mesmo quando a noite é escura e o pai leva seu filho a
Moriá. Mesmo nesse dia o filho da Livre não pergunta pelo destino do filho da Escrava; nem se
comparará a ele; e nem tampouco invejará qualquer que seja o seu poder histórico.
Os filhos da livre comem Promessa e andam em Graça. Mas os filhos da escrava só comem letras
amargas e caminham em chão de inimizades.
O filho da Livre sabe que é livre. Mas o filho da Escrava precisa se convencer do contrário o tempo
todo. Daí perseguir o que é Livre.
Portanto, não se espante [caso você seja filho da Livre], pois, é chegada a hora em que os filhos da
Escrava levantar-se-ão tomados de ciúmes.
Pense nisto. E quando acontecer, lembre de hoje.
Caio
13/08/07
Manaus
AM
QUE RESPOSTA É ESSA?
Aliás, não me diga, mas, se disser, não espere uma resposta, pois, sei que
não conseguirei responder a todos.
Veja:
Gente amada!
Cinco pães e dois peixes, nas Mãos certas, podem alimentar muita gente!
Um beijo em todos.
Nele,
Caio
29 de setembro de 2008
QUE DEUS LOUCO É ESSE?
A Mensagem da Cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de
Deus. Porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios, e aniquilarei a sabedoria o entendimento
dos entendidos.
Sabe-se da nulidade desses esforços e jactâncias humanos porque, pela Sabedoria de Deus, o mundo
não o conheceu pela sua própria sabedoria.
Isto porque Deus mesmo decidiu se revelar como Salvador dos que crêem pela loucura da pregação.
Enquanto isto os Judeus e todos os religiosos pedem sinal para que possam “crer”, e os gregos e
sábios buscam sabedoria como evidencia que lhes garanta um fácil e lógico repouso numa “fé” que
pela sua própria natureza não daria a glória nenhuma a Deus.
Nós, no entanto, pregamos a Cristo Crucificado, que é escândalo para os religiosos judeus ou não, e
loucura para os gregos e também para os que se presumem racionais.
Todavia, para os que são Chamados pela Graça que trás revelação—tanto judeus como gregos—,
Cristo é discernido como poder de Deus, e sabedoria de Deus.
Saiba-se assim que a loucura de Deus é mais sábia que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte
que os homens.
Para se entender isto basta que o próprio indivíduo se enxergue. Se não, vejam irmãos. Olhem para si
mesmos.
Observem a natureza do seu próprio chamado.
Notem que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os
nobres que são chamados.
Pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para confundir os sábios; e Deus escolheu
as coisas fracas do mundo para confundir as fortes; e Deus escolheu as coisas sem nobreza do
mundo, e as desprezadas, e as que não são, para reduzir a nada as que são.
E por que?
Mas Graças a Deus que somos Dele em Cristo Jesus. Sim! em Cristo, que para nós foi feito por Deus
Sabedoria, e Justiça, e Santificação, e Redenção!
Mas a fé não é de todos. Pois nem todos conseguem se entregar por inteiro a essa Loucura que se
torna sabedoria exclusivamente pela fé.
A resposta de Deus não atende às demandas das crenças religiosas—que precisam sempre se auto-
justificar—e nem socorre aos caprichos do racionalismo—que pretende sempre explicar—pois que
está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor!
Assim, que toda boca se cale. Que faça-se silencio. E que quem quer que deseje se gloriar, glorie-se
de não ter do que se gloriar. Antes exalte com gratidão ao Deus que a ele se revelou em Graça.
Caio
19/12/2003
QUANDO AS ANTAS FOREM OS JUÍZES DOS HOMENS
Não sei se pela minha amazonicidade e espírito florestal, mas desde o início da jornada que sempre
me senti afetado pela declaração de Paulo de que a natureza geme, aguardando a redenção, visto que
ela está sob escravidão, e que a tal servidão não foi a ela imposta por qualquer transgressão dela
própria, mas em razão da vaidade de outrem.
Boa parte de meu sentir ecológico se origina daí. No entanto, não me era possível visualizar o que
teria sido o espetáculo histórico que teria permitido a Paulo ter aquele vislumbre.
Isto porque para mim, que sou filho do século XX e invasor do século XXI, é fácil ler aquelas palavras e
dar a elas um sentido esmagador, e que me vem da constatação global e cósmica que possuo como
filho deste tempo global e cósmico. Para mim é fácil ver que a presença do homem na Terra é a tirania
da vaidade sobre a vida e a natureza. Eu posso ver isto. Mas como poderia Paulo ver isto? Sim, pois
nos dias dele a natureza, do ponto de vista ecológico, ainda não estava totalmente esmagada pela
vaidade do homem. A Terra ainda era dona da maior parte de si mesma, e a natureza ainda se
pertencia com significativa liberdade.
Digo isto porque não creio que Paulo psicografasse. Ele não recebia revelações em transe. As
revelações nasciam-lhe na consciência. Era como o explodir de uma luz interior e que se firmava como
entendimento espiritual. No entanto, para poder dizer que a natureza estava sujeita à vaidade, e fazer
isto com um sentir que se exprimisse como cósmico—como é o caso do “sentir” em Romanos 8—, e
sem ser por visão ou psicografia, só se o indivíduo tivesse sido exposto a algum cenário esmagador, e
que bem propiciasse o sentir, a fim de que bem demonstrasse o conceito.
E de onde pode ter vindo a Paulo essa “visão” da sujeição da natureza à vaidade do homem?
Ora, sabe-se que entre as elegantes crueldades da estética e hedonista sociedade romana, havia o
enfrentamento entre gladiadores e feras. Tais espetáculos tinham grande significado social, político e
psicológico. E havia um encadeamento entre eles. Tudo ligado por sangue e riso.
Nos arredores de Roma havia viveiros—zoológicos—de animais: elefantes, tigres, leões, veados,
rinocerontes, e muitas outras criaturas; e que eram trazidas de vários lugares diferentes do império
romano, e que ali ficavam, aos montes, com espaço razoável, comendo homens-sentenciados, a fim
de abrirem o apetite para comerem gladiadores na arena.
Na realidade havia homens que buscavam os favores do imperador através da organização
permanente desse tipo de entretenimento, posto que até o ato de atiçar o interesse das feras pela
carne humana, era feito com um show no qual criminosos eram entregues para serem comidos pelos
bichos ensandecidos de fome, e perante um delirante público.
Dizem que metade dos dias do ano eram ocupados com esse tipo de diversão e carnificina.
Assim, quando os animais estavam já bem “felino-homicidas”, então, eram postos para lutarem contra
os gladiadores armados e treinados.
Milhares de animais belos, lindos, raros, e de terras distantes, eram mortos sob o delírio de arenas
lotadas e ao som dos apupos da morte feita diversão.
Era imenso o rodízio de animais nos Viveiros romanos. E, assim, no dias de Paulo, os animais
experimentavam uma das mais perversas manifestações do governo da Vaidade sobre a Natureza.
Eu não tenho dúvida de que tais espetáculos muito devem ter impressionado a mente de Paulo. Daí
lhe ter sido natural e próprio dizer: “...a natureza geme...suporta angustias...está sob vaidade...por
causa daquele que a sujeitou.”
Se levarmos em consideração todo o tempo de datação da vida na Terra, veremos que em bilhões de
anos, vindos das formas mais primitivas de existência, até o homem, bilhões de anos se passaram. A
nossa existência chega no sexto dia. E se tomássemos “1 hora” como medida referencial do tempo
todo da vida na Terra, a existência do homem teria começado nos últimos 8 segundos.
Sim, todos os poucos milhares de anos de nossa existência na Terra equivaleriam a apenas oito
segundos, se toda a vida na Terra fosse medida, desde seu começo, tendo-se 1 hora como escala de
tempo!
No entanto, nesses 8 segundos de tempo, nós nos mostramos a maior desgraça que já acometeu a
Terra.
O mesmo diriam todos os demais animais da Terra, exceto os que se tornaram “domésticos”,
perderam a identidade, e se tornaram dependentes de seus senhores.
O pior é que em menos do que 10% de apenas 1 de nossos 8 segundos de existência na Terra, nós
conseguimos criar um sistema que é capaz de acabar, por si mesmo, todo equilíbrio natural, e destruir
boa parte da vida, especialmente a nossa própria.
Do ponto de vista da Natureza nada aconteceu na Terra mais estúpido do que a criação da
“inteligência”: a do homem.
De fato, os humanos são o câncer deste planeta, são a Aids da natureza, são a gripe espanhola do
eco-sistema, são a peste bubônica da existência.
Se homens julgarão anjos; saibamos, todavia, que as criaturas, todas elas, incluindo os plânctons,
cracas, lesmas, e minhocas, julgarão aos homens.
“E eis que vi um anjo voando pelo meio do céu, o qual tinha um evangelho eterno para pregar; e que
dizia: Temei a Deus, e dai-lhe glória; a Ele que criou os céus, a terra, o mar e as fontes das águas”—
viu João como séria advertência no Apocalipse de nossas próprias ações.
Quem pode negar que esse bicho, além de inteligente, também não é burro? e que além de esperto,
não é também um idiota? e que além de belo, não é também diabólico? e que além de amoroso com
os seus, não é também um câncer faminto para tudo o mais? e que além de ser homem, não é
também seu pior inimigo? Sim, seu próprio inimigo, e da própria vida?
Sim, quem pode negar que o homem é pecador? Ora, ele é o canibal da vida!
Caio
-----Original Message-----
From: David William
Sent: quinta-feira, 9 de outubro de 2003 15:14
To: contato@caiofabio.com
Subject: Contato do Site
Referente ao texto UMA VIAGEM PELA MENTE DE
PAULO
Mensagem:
Caro Caio Fábio, Paz!!
Paz,
David William.
**************************************
Meu amado, obrigado pelo texto tão agradável.
Na minha maneira de ver Paulo sabia muito mais que
expunha.
Ele respeitava a consciência fraca dos irmãos sinceros.
Parte de seus ensinos foca nesse ponto e anda sobre essa linha
tão tênue.
Ele sabia que em Cristo não há homem nem mulher, nem...
Mas mesmo assim, em dadas circunstancias, ele lida com o
imediato, e diz que há homem e mulher—e impõe limites
circunstancias.
E por quê?
Porque aquelas questões eram periféricas para a salvação,
porém relevantes para o “momento” da cultura e da questão
que estava posta.
Uma das coisas que vemos em Paulo é um constante “dilema”
entre aquilo que ele já sabe que é uma conquista eterna de
Cristo e aquilo que precisa ser uma “apropriação gradual” da
consciência humana.
Exemplo: Em Cristo não há escravo, nem livre--Paulo disse
como Princípio. Mas, no aplicativo, ele diz como o irmão-
escravo deveria se relacionar com o "dono". E vice-versa. E
por quê? Ora, em Cristo aquilo tudo teria que acabar. Mas
enquanto não chegasse o dia e a hora, haveria um modo
relativo, porém circunstancialmente "cristão" de praticar o
Princípio. Mas os cristãos usaram o "aplicativo" até a pouco
tampo atrás como se fosse um "mandamento" que justificasse
a escravidão.
No caso do véu, creio que você não entendeu bem, e
misturou com a questão do bispo ser “marido de uma só
mulher”.
O que eu disse é simples: como ele estava “indicando” o
rumo do Bem Eterno, ele afirmava o Ideal como Princípio,
mas lidava com o circunstancial com a sabedoria da ética que
ele professava. Ou seja: uma ética que dizia que se tem, muitas
vezes, que escolher um mal menor; ou ter que admitir que
certos fatos da vida já sejam irreversíveis. Mas não nos
conformarmos com eles.
“Se podes tornar-te livre, aproveita a oportunidade"--diz ele.
Enquanto isto: "Cada um ande conforme foi chamado".
Bem, para mim, pelo menos, a diferença é clara e está
estabelecida. Existe o Princípio Absoluto, e existe a
"relatividade do aplicativo", que sempre a sabedoria aplicada
ao contexto.
Parte de sua “briga” com Jerusalém era essa. Daí ele ter
“conseguido” aquele avanço no Concílio de Jerusalém de que
as “proibições aos gentios” ficassem reduzidas a apenas
quatro. Ele era aquele que se fazia de tudo para com todos
para salvar alguns. Ora, essa frase dele já diz tudo.
Além do que, mesmo tendo a liberdade em Cristo
completamente dilatada, ele é também o homem que “toma
voto” em Jerusalém. E por quê? Por ele mesmo? Não! Pelos
irmãos. Entre judeus, como um judeu. Entre os Gálatas,
como um deles. E não admitia que Pedro falsificasse a
realidade — conforme você pode ler na carta aos Gálatas.
Bem, o assunto dá um compêndio. Mas estou tendo que
correr pra aconselhar um moço ali na esquina, no Tango e
Café, onde atendo boa parte dos que me procuram durante o
dia.
Um beijão,
Caio
***************************************************
Agora, se possível, releia o texto em questão e veja se está
mais claro.
**************************************************
Acho que já deu para todo mundo notar que eu não concordo
com Friedrich Nietzsche quando acusa Paulo de ser o
fundador do “Cristianismo”.
A Basílica é de São Pedro, não de São Paulo!
Paulo perdeu a “parada” na construção do “Cristianismo”
simplesmente porque o que Paulo discerniu, creu, ensinou e
praticou, jamais criaria um “Cristianismo”, mas tão somente
igrejas que se amavam, se correspondiam, se comunicavam, e
se sentiam parte do Corpo Universal de Cristo.
Essas igrejas não deixavam de ser o que eram e nem as
pessoas quem eram nas circunstancias de suas vidas e culturas,
visto que não haveria nunca nenhum poder humano, central
ou regional, que fizesse ninguém dominar sobre ninguém,
ditando ensinos de homens e revelações do ego, pois, Cristo é
o Cabeça do corpo e Nele temos o Amém de Deus —
conforme Paulo!
Além disso, não haveria uma profissão teológica a ser buscada
e nem um status profético de detentor de novas revelações a
ser alcançado, pois, em Cristo, todos os tesouros da sabedoria
e do conhecimento já haviam sido revelados.
O apostolo também cria que o mistério desse crer e saber
geraria um sentir de almas unidas no amor de Cristo. E, assim,
o mundo veria a presença do reino de Deus.
Ele também cria que esse testemunho tinha que ser dado
dentro do contexto onde a Palavra estava sendo anunciada.
Assim, para os judeus ele era escândalo entre os gentios!
Para os gentios ele não era um escândalo entre os judeus,
quando raspou a cabeça, tomando voto. Afinal, quando
alguém faz parte de uma cultura onde a revelação se originou,
pode passar a pensar que sua cultura e sua história são santas
também. E os que souberam depois—os gentios, no caso—
sentem-se privilegiados em poder ter algum contato com a
“cultura original”, como o fazem os católicos e evangélicos
quando beijam o chão de Israel!
Hoje a exemplificação também vem dos novos convertidos
evangélicos que recebem a Jesus e tem que "engolir" o pacote
como se tudo fosse o evangelho, até o jeito de falar ou vestir!
O engano é pensar que quem chegou antes já discerniu mais.
Paulo nuca creu nisso. Por isso mesmo botou Pedro sob a
Graça e enfrentou tudo e todos pela verdade do Evangelho.
Nisto ele também se gloriava.
Dois mil anos depois...
Já para nós, em certas coisas, temas e circunstancias da vida,
Paulo parece um pouco de menos para os liberais e um pouco
demais para os conservadores—e nada para os
neopentecostais!
Para nós Paulo é tão demais ainda que o “demais” de Paulo,
pouca gente tem enxergado.
E Paulo apesar de saber que era demais, era para si mesmo tão
de menos, que nunca pensou que sua pessoa fosse ficar nada
além do que nele se via e dele se ouvia!
Mas a mediocridade se aferra às circunstancialidades do
“aplicativo” do Princípio da Palavra em Paulo e não cresce no
Principio da Palavra a fim de fazer seu “aplicativo” no
momento histórico em que se está vivendo.
Assim, o Universal em Paulo se reduz a slogans e o
“aplicativo circunstancial” se transforma é “principio
universal”.
Alguns exemplos.
Primeiro os slogans que sobraram:
Pela Graça sois salvos!—para os Reformados.
Não me envergonho do Evangelho!—para os Missionários.
Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim!—para os
Santificados.
Dou Graças a Deus porque falo em línguas mais do que todos
vós!—para os Carismáticos.
Tudo é vosso!—para os liberais.
Todas as coisas são puras para os puros!—para quem gosta
daquilo que a maioria diz não poder ou gostar.
Não é bom para o homem o comer com escândalo!—para
quem anda doido para fazer alguma coisa e tenta se controlar.
O bispo seja marido de uma só mulher!—para aquele que tem
um medo horrível de gostar tanto de pregar quanto gosta de
mulher.
O bispo governe bem a sua própria casa!—para o líder que
acha que consegue manter os filhos escondendo bem seus
próprios corações.
Há muitos outros slogans!
Outro dia eu volto a eles.
Agora os aplicativos.
Ora, os aplicativos são tantos que eu vou deixar a expansão
deles para outra hora. Aqui vou apenas dar alguns poucos
exemplos.
Vejamos:
O bispo seja marido de uma só mulher!—porque no principio
Deus criou Adão e Eva, não Adão e suas mulheres. No
entanto, Adão caiu e o mundo de Paulo não era o jardim do
Éden.
Portanto, a fim de que o Evangelho fosse boa notícia para
todos—incluindo os que tinham mais de uma esposa ou
mulher quando conheceram a Palavra—, Paulo recomenda
que o bispo seja o referencial desse novo modelo.
Afinal, não há homem nem mulher (Gl 3:28).
E o homem que não quiser sua mulher pensando como ele,
que pense como ela.
E assim, haverá igualdade.
Mas o mundo é caído!
Cada geração tem que entender e saber recomeçar sem
negociar com o Princípio da Palavra.
O aplicativo carrega o Princípio, mas não pode ser instituído
como forma.
Mais algumas acusações feitas ao irmão Paulo.
Ele é acusado de ter inventado o “bispo” (que era bispo de
casas de fraternidade, o outro nome é igreja, e não essa figura
estereotipada de hoje), a “hierarquia” (que era orgânica e não
funcional), o “silencio das mulheres” (que era cultural), o tom
agressivo (que era o mínimo que ele poderia fazer
considerando a dor das circunstancias), a lógica na
argumentação (porque ele era inteligentíssimo), a
independência excessiva (porque ele cria, não duvidava e não
tinha medo), etc...
Para mim, sinceramente, ele é o homem que discerniu e
explicou a razão da esperança melhor que ninguém. Isso
ninguém pode negar!
Mas se Paulo tivesse sido entendido nos Princípios Essenciais
da revelação que transmitia, a história teria sido possivelmente
outra, em razão de que a essência do que Paulo ensinou não
criaria o que o “Cristianismo” se tornou, em qualquer de suas
variáveis.
Perfeito nunca seria—somos caídos e Paulo se considerava o
principal entre os pecadores—, mas seria muito mais
revolucionário!
E não haveria uma Basílica que representasse o Templo de
Jerusalém sendo erguida em nome da fé em Jesus!
Mas também não haveria o Protestantismo.
Paulo não era um protestante, ele era um inconformista.
Ele jamais proporia uma Reforma. Ele cria em subversão, em
revolução permanente, em nunca se conformar com este
século e suas produções, ainda que teológicas.
A fé de Paulo estaria em permanente estado de crescimento:
tanto no conhecimento de Deus, como em auto-percepção e
em discernimento da natureza humana--e também da
natureza!
O que a gente não entende quando lê a Palavra em Paulo é
que ali há a revelação eterna, e que ela está sendo enviada
ignorantemente —como convém à piedade—na forma de
cartas para pessoas que se reuniam em casas, e que tinham
nomes semelhantes a Fernando, Mara, Suzana, Antônio e
Suzane, Maria Helena, Alfredo, Sergio e Débora, Raimundo e
Murilo.
Ou seja:
Paulo sabia que o que dizia era a Verdade do Evangelho de
Cristo. Ele não tem nenhuma dúvida a respeito da revelação
recebida.
Quando ditava algo ou escrevia para enviar aos Efésios,
Romanos, Filipenses, Coríntios ou qualquer outra cidade,
poderia também ser Rio de Janeiro, São Pedro, Curitiba,
Teresina e Sobral do Ceará.
Ele era responsável eternamente pelo que ensinava acerca do
Evangelho e, ao mesmo tempo, completamente solidário e
participe do momento e das circunstancias das vidas de seus
ouvintes.
Ele sabia que o que dizia era o Evangelho e que o Evangelho
não era nada mais nem menos que aquilo.
Ele só não sabia era que sua “correspondência” iria ser lida
durante dois mil anos, todos os dias—especialmente aos
domingos—, por milhões, bilhões de seres humanos, e que
essas pessoas iriam pensar que todas as soluções imediatas
que ele, Paulo, buscava alcançar no “aplicativo” do Principio
Universal do Evangelho, iriam se transformar em “conteúdo
fixo” do evangelho, e que viria a ser ensinado como
“mandamento para todas as culturas dos gentios da terra”.
Logo ele? Que lutou contra isso o tempo todo? Tendo feito
mais inimizades por causa disso do que por qualquer outra
razão entre os judeus ou entre os cristãos judaizantes!?
Não!
Paulo jamais gostaria que o carioca fosse como os gregos e
pernambucanos como os holandeses, e os paulistas como
italianos!
Paulo estabeleceu os Pontos Ômega e fez aplicação
circunstancializada dos Princípios, conforme o aplicativo
pertinente ao contexto.
Aquelas coisas eram importantes naquela hora, mas não dava
para comparar com Bem do Evangelho.
E, à semelhança dele, Paulo cria que cada geração iria ter que
reconhecer também, como ele mesmo pediu a Timóteo que o
fizesse—em suas ações, atitudes, amor, longanimidade, fé,
pureza, saber, e também pelas armas da justiça, quer
ofensivas, quer defensivas; por boa fama e por desonra; como
quem morre, mas eis que vivo está!—, o significado de crer
no Evangelho de Jesus!
“Em Cristo não há homem, nem mulher; nem escravo, nem
liberto; nem judeu, nem grego”—foi o que ele disse.
Isto é Universal.
É! Em Cristo!
Voltamos dois mil anos...
Havia um monte de gente vivendo em Corinto.
A cidade era portuária e o verbo corintianizar era sinônimo de
tudo o que os cariocas são no imaginário universal: o povo da
boa vida, do prazer e do momento de alegria.
Em Corinto as prostitutas cultuais desciam da Acrocorinto
com o rosto nu e as roupas apenas em suficiência para
aumentar a sedução.
Uma mulher que tivesse marido e fosse fiel a ele deveria se
diferenciar desse paradigma com “autoridade”—e a expressão
simbólica da mulher que não gosta que fiquem gritando nas
costas “sua gostosa!”, naquela época, era botar o véu sobre a
face.
Se no Brasil esse sinal fosse respeitado, muitas mulheres
usariam véu, se a percepção cultural das pessoas fosse
idêntica.
Naquele tempo o véu era o sinal vermelho para qualquer
pretensão.
Hoje se puser o véu a “rapaziada” arranca e se não ouvir um
sonoro “me deixa em paz”, nem sempre desiste.
O problema é que em Corinto se o que funcionasse fosse o
“me deixa em paz”, Paulo iria dizer:
“Irmãs, diferenciem-se, numa circunstancia dessa, dizendo
“me deixe em paz”.
Mas era o véu que respeitavam.
E respeitavam-no porque aquela mulher tinha “dono”.
Era a percepção “para fora”.
Para o lado de “dentro” Paulo diz que o “dono” daquela
mulher não deveria fazê-la sua propriedade a fim de
abusar dela.
Afinal, a mulher saiu do homem, mas o homem nasce de
mulher.
E assim como o homem é a gloria de Deus, assim também a
mulher é a gloria do homem!
E olhe que para Paulo a palavra gloria significava gloria!
(Falaremos disso noutra ocasião).
Resumindo:
Coisas do dia a dia se transformaram em lei de conduta entre
os cristãos.
E nas cartas inspiradas enviadas aos amigos e irmãos da
comunidade, até os nomes das pessoas mencionadas são
vistos como especialmente eleitos como santos e parte da
revelação.
Essas pequeninas coisas é que obscurecem as Universais!
Sabe o que é isso?
É nunca ter entendido a Palavra.
Paulo mesmo disse que a letra mata--até mesmo nas cartas de
Paulo!
Quem já conheceu o irmão Paulo não fica mais com esse
problema.
Sabe que Paulo era absolutamente certo de ter crido e
processado a Palavra da Verdade da Graça de Deus revelada
em Seu Filho Jesus Cristo.
Sabe que tudo isso é decisão de Deus.
É mistério.
Cristo é a Revelação.
O Evangelho é a Boa Noticia, mas não se encerra numa única
explicação cultural. Não se deixa prender nem por judeus,
nem por gregos, nem por americanos, ingleses, brasileiros ou
até mesmo argentinos (o “até mesmo” revela meu mergulho
no momento histórico emocional brasileiro de fazer piadas
com argentinos).
Certo?
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Espero que tenha ajudado
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Vou ter que sair correndo para fazer um "aplicativo" de alguns
Princípios, no aconselhamento que trás dilemas
"circunstanciais", e que é pertinente ao drama urbano de um
irmão que me aguarda não na sinagoga, mas numa cafeteria
na esquina da Barata Ribeiro com a Raimundo Correia, e que
se chama--argentinamente--Tango & Café.
Veja que fiz um "aplicativo" de brincadeira com os
"Argentinos", mas vivo em respeito ao Princípio de que em
Cristo não há nem brasileiros nem argentinos, pois, todos são
um em Cristo
Caio
PAULO, LIVREMENTE...LIVRE!
“Todas as coisas me são licitas, mas nem todos me convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas nem
todas edificam”.
“Porque estou bem convencido de que todas as coisas são puras para aquele que assim as
considera”.
“Eu, porém, nada farei que faça meu irmão de consciência mais frágil pecar”.
“Foi para liberdade que Cristo vos libertou; não vos ponhais, portanto, outra vez, sob jugo de
escravidão”.
“Esses que vos incitam à rebeldia [contra a Graça de Deus em Cristo], quem dera, ao tentarem praticar
a circuncisão, eles mesmo se castrassem”.
“... porque a nenhum deles [os que eram da parte de Tiago de Jerusalém] eu me submeti nem por um
momento...”
“... eles, porém, são falsos apóstolos de Cristo. E não é de admirar, pois o próprio Satanás se
transforma em anjo de luz..., quanto mais os seus ministros, em ministros da justiça” [referindo-se
especialmente aos judaizantes].
“Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas
transgressões; e nos constituiu ministros da reconciliação...”
“... por isso rogamos aos homens que se reconciliam com Deus”.
“... não há, pois, mas nenhuma condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus”.
“Pois o amor de Cristo nos constrange; julgando nós isto: um morreu por todos, logo, todos morreram,
para que aqueles que vivem, não vivam mais para si mesmos, mas para Aquele que por eles morreu e
ressuscitou...”
Caio
PAULO, FREUD E OS EVANGÉLICOS
Albert Shueitzer prega o misticismo de Cristo com base no conceito escatológico da solidariedade
predestinada dos Eleitos uns com os outros, e com o Messias, como Jesus tinha feito antes de Paulo,
mas com a diferença de que Paulo a apresenta na forma que ela adquire como conseqüência da morte
e ressurreição de Jesus.
Que incessante perturbação a teologia tem dado a si mesma acerca do "problema de Paulo e Jesus",
e qual substituto tem sido colocado para explicar porque Paulo não deriva seu ensino da pregação de
Jesus, mas neste aspecto permanece tão independente ao lado Dele!
Fazendo isso, a teolgia está andando em volta de um problema por falta de ser compreendido na sua
inteireza. Dizer que Paulo tornou-se independente é enganador. Paulo participa com Jesus da
cosmovisão escatológica, a única diferença é a hora no relógio mundial nos dois casos. Criando uma
metáfora como analogia; ambos estão considerando a mesma cadeia de montanhas, mas enquanto
que Jesus a vê como estando diante Dele, Paulo já encontra-se sobre ela e seus primeiros declives já
estão atrás dele. As características da certeza escatológica assumem um aspecto diferente. Nem tudo
que então parecia sólido parece assim agora, e nem tudo que agora é válido parecia assim
anteriormente. Porque o período do tempo mundial é diferente, o "ensino de Jesus" não pode traçar
continuamente as linhas para Paulo. A autoridade dos fatos deve ser mais importante. Para ele a
verdade e o conhecimento da redenção como ela resulta, sobre a base da expectação escatológica, do
fato da morte e ressurreição de Jesus.
Contra aqueles que não consideram adicionar qualquer consideração, ele diz: "Assim que nós daqui
por diante, a ninguém conhecemos segundo a carne; e se antes conhecemos Cristo segundo a carne,
já agora não o conhecemos deste modo" (II Cor 5:16).
Aqui ele ousa afirmar que aqueles que conheceram Cristo na carne daqui em diante não o
conheceriam mais assim. Paulo é forçado a tomar em seu ensino, uma atitude original ao lado de
Jesus. Ele não abandona, mas continua o seu ensino de Jesus no tempo. Ele partilha com Jesus da
morte e ressurreição de Jesus como eventos cósmicos. Visto que Jesus espera que o início do Reino
ocorra imediatamente após a Sua morte, Ele não pressupõe qualquer doutrina de redenção aplicável
àquele período. Quando em conseqüência da demora do Reino Messiânico, uma doutrina como esta
devia ser necessariamente proposta. Eles esperavam que a redenção realizada por Jesus seguisse as
linhas da escatologia tradicional, que não dá importância para o fato de que o futuro Messias devia
previamente morrer e ressuscitar.
Somente Paulo remodela a doutrina da redenção de acordo com os fatos no tempo, a saber, que o
Messias não deve apenas voltar a aparecer no futuro, mas já está no presente na terra nas condições
da existência humana, e que por Sua morte e ressurreição deve tornar-se a primeira causa da
ressurreição dos mortos.
Os Eleitos participam uns com os outros e com Cristo de uma corporiedade que de um modo especial
é suscetível à ação dos poderes da morte e ressurreição e é consequentemente capaz de adquirir o
estado de existência da ressurreição antes que a ressurreição geral dos mortos ocorra. Não começa
pelo crer e nem pela fé, e sim pelo batismo do crente ao entrar na "comunidade de Deus"; e entra em
comunhão, não somente com Cristo, mas também com a comunidade dos Eleitos. Portanto o
Misticismo Paulino nada mais é do que a doutrina de tornar manifesta a Igreja pré-existente ( a
Comunidade de Deus ), como conseqüência da morte e ressurreição de Jesus.
Estar no Espírito - A possessão do Espírito prova aos crentes que eles já estão transferidos do estado
natural de existência para o sobrenatural. Eles estão "no Espírito", o que significa que não estão mais
na carne. É a manifestação-testemunho do renascimento do estar-em-Cristo. Agora, estão erguidos
acima das limitações do estar-na-carne. A circuncisão do coração é agora realizada neles. O Espírito
agora tem forma, é o Espírito da Nova Aliança. Através do Espírito eles sentem-se amados por Deus
em seus corações. A manifestação é o testemunho expresso da Sua Presença.
"Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus. Porque a lei do Espírito
da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte"(Romanos 8 : 1-12 ).
Paulo prova a verdade da sua ética por sua forma de vivê-la. É um ser humano que pelo Espírito de
Cristo foi purificado e elevado a uma grande humanidade. Apesar de não ser um recluso, era um
asceta por viver uma vida não mundana, por causa daquela que ele no Espírito de Cristo se tornou
interiormente. Só não se tornou um iluminado para mim, porque, como alguém que pensou, serviu e
dirigiu no Espírito de Cristo, achou-se com o direito de dizer aos homens de todas as épocas, através
das escrituras : " Sejam meus imitadores, como eu sou de Cristo", criando aí a idolatria personalista
dos pastores eruditos.
Ao apontar a lua, mandou-nos olhar para o seu dedo e não para a lua. Estabelecendo em si a
referência "o ministro de Jesus Cristo". Só a Sua Graça lhe bastariam... Dessa forma, o "espinho na
carne" teria que ser mantido para equilibrar o ego inflacionado. Crer na Boa Nova, o Evangelho de
Jesus, significa deixar a crença no Reino tornar-se uma realidade viva dentro da crença Nele e na
redenção experimentada Nele. Acho que Paulo foi o primeiro humano a realizar isso de forma íntegra,
sendo por isso razoável para nós, não negligenciarmos os ganhos que ele assegurou. Agora, tentar
alcançar o mesmo resultado copiando-o, não seria desacreditar do arbítrio do Espírito e do poder da
Graça?
O Mistério de Cristo é o meio pelo qual o ser entra em relação com Deus. Ou seja: eu estou em Cristo;
Nele eu conheço a mim mesmo como um ser que é elevado acima deste mundo pecaminoso e
transitório; Nele sou um filho de Deus. Estar em Cristo é como ter morrido e ressuscitado novamente
com Ele, em conseqüência do quê, aquele que participa, tem sido liberado do pecado e da lei, e possui
o Espírito de Cristo, e está seguro da ressurreição.
Quando eu disse à você que estava lendo um livro sobre Paulo de Tarso, de autoria de Albert
Schueitzer, você não considerou que fosse algo que me fosse acrescentar mais do que ler Lucas no
Novo Testamento. Não desconsidero o seu parecer, mas para mim, que estou engatinhando no
Caminho, um Caio Fábio com a sua visão contemporânea, ou Albert Schueitzer, que é Doutor Honoris
Causa em Teologia, medicina e música, um prêmio Nobel, que achou tempo para dedicar a sua vida
como médico aos des-assistidos da África, são para mim parâmetros para o meu aprendizado. Não me
sinto em condições de desqualificar pessoas que me falem de Jesus ou de qualquer apóstolo. Não
tenho conhecimento e nem essa pretensão. Sei apenas que me acrescentou algo sobre o Caminho, e
me deu uma visão da capacidade humana de Paulo com todo o seu temperamento...
Um grande abraço,
Alfredo
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Resposta:
De fato, ninguém antes discerniu a profundidade e o significado do que seja “estar em Cristo”, e até
hoje poucos o fizeram na mesma qualidade existencial.
Ninguém antes de Paulo tinha visto o mundo com o olhar de quem olha "de dentro de Cristo" para fora.
Todos os demais—à exceção de João, que fez essa síntese pela via do amor, ainda que sem a
profundidade de consciência de Paulo—olharam o mundo "de fora" desse “estar em Cristo”. Todos
enxergaram apenas de fora o que fosse estar em Cristo. Daí eles terem uma palavra da redenção
muito mais material e externa—muito mais Crucificação que Cruz; muito mais evidencia da
Ressurreição que poder da Ressurreição—, enquanto Paulo nos faz ver e sentir como quem olha de
dentro para fora. Isto é não conhecer a Jesus segundo a carne na mais profunda acepção dessa
compreensão.
Paulo foi o primeiro a existencializar conscientemente o significado de Jesus para a totalidade do ser e
da existência!
1ª Acerca de Lucas. Ora, Lucas foi o biografo de Paulo (veja Atos, e muitas epístolas nas quais ele
está sempre presente: “somente Lucas está comigo...”). Portanto, a cegueira dos teólogos que
pretendem ver em Lucas um Jesus diferente do de Paulo é a mais horrível evasão da realidade, posto
que foi Paulo a fonte inspiradora da cosmo-visão do evangelho de Lucas. Assim, se alguém desejar
saber como Paulo via o Jesus histórico, basta ler Lucas. Pensar diferente é negar a visceralidade da
importância de Paulo na vida e no entendimento de Lucas, e significa também não poder explicar
como alguém dedica a sua vida a acompanhar um apostolo, e, na hora de escrever as narrativas
acerca de Jesus, fazê-lo sem a influencia da mente e do entendimento espiritual de seu mestre
humano. Para mim tal possibilidade é impensável.
2ª Acerca da escatologia. O erro do Albert Shueitzer foi tentar fazer de Jesus um ser auto-enganado
com relação a Sua próxima vinda—isto sendo plain and clear! Jesus nunca teve a intenção de deixar
os discípulos com qualquer certeza acerca de Sua segunda vinda. E isto por uma razão simples: o
mundo acabou na morte e ressurreição de Jesus. Todos os dias, portanto, são dias escatológicos, e a
volta do Senhor é algo para ser vivido com a expectação existencial do dia chamado Hoje. Tudo no
evangelho carrega essa existencialidade do Hoje. Afinal, a escatologia tem duas mãos: Uma de Cristo
para nós. Outra de nós para Cristo. Ou seja: Jesus ainda não voltou para que “todo olho veja”, mas
muitos olhos já o viram voltar, quando daqui se foram. Ora, neste sentido, Jesus já voltou para o meu
filho Lucas, que foi ao encontro Dele. Um dia, todavia, todo olho o verá. Assim, o dia da volta de Cristo
tem significado escatológico todos os dias, visto que de um modo ou de outro está às portas, e cada
geração tem visto isto acontecer. Afinal, quando era apedrejado, Estevão disse: “Vejo os céus abertos,
e o Filho do Homem em pé à destra de Deus”. Ora, essa é uma visão escatológica, mas seu
cumprimento era subjetivo, porém não menos real.
3ª Paulo, “um quase iluminado”. Ora, isto ainda é parte de sua visão espiritual forjada tantos anos
conforme os ensinos dos mestres do oriente. No entanto, vale a ilustração, embora, para mim, não
valha o seu significado. O apelo de Paulo não era o de um narcisista, mas de um apóstolo angustiado,
e que temia ver seu trabalho perdido, como pode acontecer no coração de qualquer ser humano. De
fato, do ponto de vista histórico, Paulo “perdeu a parada”. Isto porque se o ensino de Paulo tivesse
sido crido, não teríamos nem mesmo tido o “cristianismo”, posto que este é uma fusão da igreja de
Jerusalém com o sincretismo pagão. Da igreja de Jerusalém temos um híbrido entre a fé na
justificação e muitos aparatos culticos, litúrgicos e sacerdotais praticados pelos discípulos de Tiago e
os judaizantes. Ora, essa “síntese de Jerusalém” foi invadida pelo paganismo greco-romano, e surgiu
esse Bezerro de Ouro chamado de Cristianismo. Paulo só não perdeu a parada espiritual, visto que,
até hoje, quem quer que deseje ter uma visão mais profunda do significado de Jesus como o Cristo
Histórico e também Meta-Cósmico, não tem como fugir de Paulo, nem Pedro o pode, apesar de dizer
que o “irmão Paulo dizia coisas difíceis de entender”. Além disso, é de Paulo que vem aquilo que eu
chamaria de uma psico-teologia da Graça. Ora, sem tal revelação não haveria a consciência da nossa
total libertação da Lei, conforme a afirmação paulina de que Cristo nos tornou “viúvos da Lei” a fim de
podermos contrair “novas núpcias”, só que num casamento sem Lei, e feito na aliança da Graça de
Jesus. Veja bem, sem essa revelação ninguém teria paz para existir, mesmo que tivesse nas mãos
todas as demais cartas e epístolas dos demais apóstolos. Paulo é o apostolo da redenção da
consciência.
4ª Você disse: "Não começa pelo crer e nem pela fé, e sim pelo batismo do crente ao entrar na
"comunidade de Deus"; e entra em comunhão, não somente com Cristo, mas também com a
comunidade dos Eleitos". De fato, meu querido, jamais poderia ser assim, visto que nenhuma inclusão
consciente é possível se não se derivar da fé e do mergulho místico em Cristo. Ora, sem fé é
impossível estar em Cristo. E creio que não preciso nem explicar as razões, visto que você já sabe que
"sem fé é impossível" qualquer coisa em relação a Deus.
Com todo amor e carinho quero dizer a você mais duas coisas:
1ª Fico feliz em Cristo ao lembrar que há menos de três anos você entrou pelas portas do Café como
um “pai de santo”, e hoje é “santo do Pai”. Para mim isto é grande alegria. E quando vejo sua busca de
progresso na fé, e constato seu efetivo crescimento, meu coração se rejubila. Você foi a primeira
semente de conversão no Café. E folgo que ela tenha vingado, e que esteja a cada dia dando fruto.
2ª Há alguns pequenos reparos que eu faria em algumas das coisas que você escreveu. Mas como
você já me conhece, sempre deixo que aquele que começou a boa obra, Ele mesmo a termine. Como
seu irmão mais velho na fé, tenho consciência de minha influencia em muitas coisas em sua vida, e me
alegro que Deus tenha me dado a chance de dividir com você o que Ele mesmo me tem dado pela
Graça. Todavia, muitas foram as vezes em que eu tinha algo a dizer e não disse; e isto apenas para
que eu mesmo não atrapalhe o trabalho do Espírito em seu coração. Portanto, são filigranas, e como
tais devem ficar, pois sei que você, guiado pelo próprio Espírito, as discernirá na hora própria. Por isto,
meu amigo, apenas celebro o tanto que Ele já lhe deu, e descanso no amor Dele por todos nós, e no
fato de que Ele mesmo nos guia a toda verdade.
Nele, em Quem Paulo viu tudo o que viu, especialmente de dentro Dele; ou seja: Nele,
Caio
PAULO PENSAVA QUE SUAS CARTAS SERIAM ESCRITURAS?
----- Original Message -----
From: PAULO PENSAVA QUE SUAS CARTAS SERIAM ESCRITURAS?
To: contato@caiofabio.com
Sent: Tuesday, December 05, 2006 5:31 AM
Subject: Inspiração?
Muitos defendem ardorosamente, em relação à Palavra de Deus, algo que Paulo escreveu para
Timóteo, afirmando que toda a escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino... Muitos encaram,
por exemplo, que a partir deste texto de Paulo, suas cartas são inquestionáveis em tudo. Tudo o que
ele disse, é Deus falando e não se pode questionar. Daí, todos sabemos, surgiram as doutrinas...
Marcos Wandré
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Resposta:
Em minha opinião estamos falando de duas coisas diferentes. A primeira é: estava Paulo fazendo
referencia às suas cartas quando falava em “toda Escritura”? E mais: Vieram de Paulo e por causa
disso as doutrinas?
Primeiro é obvio que Paulo cria que havia recebido revelação de Jesus em relação ao que ensinava
como Evangelho. Ele deixa isso claro. Segundo: tais conteúdos têm a ver com Jesus e a justiça de
Deus em Cristo (com todos os privilégios de consciência espiritual que daí advêm) — e não com
formas de governo, indicação de presbíteros, bispos, pastores, mestres e líderes.
Para Paulo o que era revelação era o “mistério outrora oculto e agora revelado”; a saber: “Cristo em
nós a esperança da glória”. Já os governos e suas formas eram elementos vinculados ao bom-senso e
à ordem, mas não eram Revelação, como se fossem parte do Evangelho. Tinham a ver com a
necessidade histórica, com o momento, e com aquilo que o bom senso recomendava — sempre
conforme o espírito do Evangelho.
Quanto às “doutrinas” que têm em Paulo sua maior inspiração, saiba: tal coisa pouco tem a ver com
Paulo, mas sim com os doutores da igreja; especialmente depois do concílio de Nicéia.
Assim, voltando ao início de tudo, vale perguntar: “Estava Paulo fazendo referencia às suas cartas
quando falava em “toda Escritura”?
Não! Paulo não estava falando de “todo escrito”, mas sim de “toda Escritura”. Portanto, escrevendo a
Timóteo, Paulo falava da Escritura que ele chamava de Escritura, que eram os livros que nós
chamamos na Bíblia de Antigo Testamento.
Entretanto, vem de Pedro a afirmação por inferência quanto à inspiração do que Paulo escrevia, posto
que Pedro diz que havia pessoas que pervertiam e corrompiam o que Paulo dizia e escrevia, como de
resto faziam “com todas as demais Escrituras” — colando os textos e falas de Paulo entre os
conteúdos inspirados como “as demais Escrituras”.
Paulo, entretanto, não olhava para o futuro da História como muitos passaram a fazer depois de alguns
anos; e, depois, por quase dois milênios. Para Paulo o tempo estava próximo, às portas. Ele não
olhava para o futuro e via mais milhares de anos de História; muito menos via algo a ser chamado de
“História da Igreja”; e tampouco pensava que suas cartas estariam num livro, em pé de igualdade com
Isaías, Jeremias, todos os profetas, etc (em alguns aspectos em vantagem, pela atualidade de suas
compreensões em relação a Jesus).
O que Paulo desejava não era a manutenção de suas cartas. Ele ambicionava era que o Evangelho
por ele pregado não fosse deturpado em seu conteúdo acerca de Jesus. Paulo só tinha coração para o
que dizia respeito a Jesus. As demais coisas ele fazia a fim de proteger o rebanho daqueles que eram
os “falsos ministros” e “falsos apóstolos” desse “evangelho” que ora diminui, ora acrescenta coisas, ora
suprime por completo os conteúdos do Evangelho.
Na visão de Paulo a questão era fazer Timóteo alguém que encarnasse a compreensão e o
entendimento do Evangelho que Paulo explicava em suas cartas, epístolas e pregações. Ele pensava
assim, pois esse era o modo hebreu de pensar. Além disso, o próprio Jesus havia tratado tudo com
total “despreocupação” em relação a carregar com Ele um escriba, anotando todas as coisas. O
primeiro texto-evangelho sobre Jesus apareceu apenas 15 a 20 anos depois. Portanto, Paulo cria do
mesmo modo. E o que ele transformava em carta, era o que ele sabia fazer como “mídia”. Não como
Escritura.
É também por tal razão que Paulo trata a Timóteo como Jesus tratara os apóstolos. Por essa razão é
que Paulo pede ao discípulo que ande como ele, Paulo, andava; que servisse no espírito do serviço
que ele, Paulo, mostrava; e que assim fosse feito, pois, o que nele, Paulo, se podia buscar ver, ouvir e
entender, era sempre Evangelho.
Para Paulo a absorção do Evangelho não era uma questão de transferência e absorção de
conhecimento, mas sim de assimilação de caráter, entendimento e percepção aplicável à vida. Assim é
que ele manda Timóteo olhar para ele e imitá-lo no procedimento, na fé, no amor e no saber; pois, ele,
Paulo, fazia isso como quem era uma Escritura viva de Jesus; uma carta viva, escrita pelo Espírito.
Para Paulo a doutrina era o modo de viver, e não um pacote de saberes. Para Paulo doutrina era
equivalente a crer na verdade, e não uma elaboração de informações. Sim! Para Paulo doutrina era
entendimento do Evangelho aplicado à vida.
O mais, meu amigo, é tolice de quem deseja um álibi para não levar a sério a Palavra do Evangelho.
Afinal, como era nos dias de Paulo, também é em nossos dias.
Um beijão carinhoso!
Caio
PAULO ORAVA TANTO, QUE NEM TANTO...
Ele orava porque sabia que Deus sabe que não sabemos.
Por isto, ele orava o que queria, mas aguardava o que Deus quisesse.
Você gosta de falar com quem ama e com quem ama você?
Quem escrevia tanto para os amigos tinha que falar muito com o Amigo.
Ele encomendava jornadas em oração em seu favor, fazia jejuns e rogava por
amigos que estavam sofrendo de males físicos.
Mas como, se ele cria que tudo é Graça?
Deus fala.
Paulo orava.
Ele cria que Deus sabia o que ele queria, embora também soubesse que
talvez, ele mesmo, Paulo, não soubesse o que estava de fato pedindo.
E ele não temia dizer o que queria porque não temeria o que Deus desejasse.
E para fazer isso ele não andava de joelhos e nem tentava fazer calos de
camelos nas rodilhas dos joelhos para mostrar o quão consagrado ele era a
Deus em oração.
Entendeu?
É fazer o processo de pensar, sentir, refletir e meditar, acontecer em Deus.
Muda tudo.
Caio