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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA

CENTRO DE EDUCAÇÃO – CEDUC


CURSO DE PSICOLOGIA

LYANNDRY PIRES VIANA


SARA PATRICIO F DE ALMEIDA

O Estado da Arte da Instituição Hospitalar

Boa Vista, RR
2022
LYANNDRY PIRES VIANA
SARA PATRICIO F DE ALMEIDA

O Estado da Arte da Instituição Hospitalar

Projeto de pesquisa apresentado como


requisito para a obtenção da terceira
avaliação da disciplina PSI074 Psicologia
Hospitalar, pelo Curso de Psicologia da
Universidade Federal de Roraima.

Orientadora: Profª D.ª Maria do Socorro


Lacerda Gomes

Boa Vista, RR
2022
RESUMO

O local onde tratam os enfermos, mudou muito durante os períodos da história,


juntamente com os métodos utilizados e quem os aplicava. A pesquisa tem como
objetivo principal descrever as mudanças das instituições hospitalares durante a
Idade Antiga, Idade Média e Idade Moderna, a fim de avaliar como ocorreu as
transformações nesses locais. Para tanto, em um estudo de conteúdo das obras de
diferentes autores de forma, apresentou como deu-se a assistência média aos
enfermos nas sociedades da Idade Antiga, Idade Média e Idade Moderna, bem
como, o processo de desenvolvimento das edificações hospitalares dessas mesmas
épocas. Por fim, é possível identificar que as instituições hospitalares foram tem
origem na Idade Antiga com os templos egípcios na antiguidade oriental, sendo
responsáveis por essa finalidade por muito tempo. Esses locais continuaram a
desenvolver até chegar aos hospitais que se tem atualmente, bem como, a
assistência médica prestada que se iniciou com uma visão religiosa até alcançar a
visão cientifica.

Palavras-chave: Hospital. Assistência. Sacerdotes. Templos. Médicas


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO …………………………………………………………………………….5

2 OBJETIVOS ……………………………………………………………………………….6

2.1 OBJETIVO GERAL ……………………………………………………………………..6

2.2 OBJETIVO ESPECÍFICO ………………………………………………………………6

3 JUSTIFICATIVA………………………………………………………………………...…7

4 REFERENCIAL TEÓRICO……………………………………………………......……..8

4.1 IDADE ANTIGA ……………………………………………………................………..8

4.1.1 Antiguidade Oriental……………………………………….……………......………..8

4.1.2 Antiguidade Ocidental ………………………………....………................………..10

4.2 IDADE MÉDIA ………………………………....………...............................


………..13

4.3 IDADE MODERNA ………………………………....………........................


………..17

5 METODOLOGIA …………………………………………………………………………18

6 CRONOGRAMA …………………………………………………………………………19

REFERÊNCIAS…………………………………………………………………………….20
5

1 INTRODUÇÃO

O hospital é o ponto das discussões do presente projeto, suas formas


institucionais e as mudanças vivenciadas nesse contexto. Ressaltando seus
aspectos estruturais, seu impacto na vida urbana e sua progressão atemporal, como
se davam os cuidados com os doentes, a assistência médica e sua evolução. Serão
abordadas as seguintes instituições: Idade Antiga, Antiguidade Oriental, Antiguidade
Clássica, Idade Média, Idade Moderna, Idade Contemporânea.
O relato histórico que se introduz neste projeto, fará uma exposição reunindo
diferentes tempos e mudanças globais e institucionais que, com o passar do tempo,
foram implantados. Articulando uma revisão histórica abordaremos os templos
antigos e os mosteiros medievais como precursores dos hospitais contemporâneos,
bem como a projeção desses estabelecimentos ao longo da história e como as
cidades se organizavam para o cuidado das doenças.
Através dessa temática, é possível compreender que os hospitais foram,
desde a origem, um lugar de acolhimento e abrigo para os doentes. Hoje, o hospital
é uma construção que disponibiliza assistência à saúde através de uma equipe
interdisciplinar, com instrumentos especializados, bem como um centro de
educação e pesquisa.
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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Descrever as mudanças das instituições hospitalares durante a Idade Antiga,


Idade Média e Idade Moderna

2.2 OBJETIVO ESPECÍFICO

● Ilustrar como as sociedades na Idade Antiga, Idade Média e Idade Moderna


prestava a assistência média aos enfermos.
● Relatar o processo de desenvolvimento das edificações hospitalares.
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3 JUSTIFICATIVA

Discutir a origem e evolução da assistência médica justifica-se pela


necessidade de compreender quais mudanças ocorreram desde a Idade Antiga até
a atual Idade Contemporânea. Para tanto, é necessário entender as formas
encontradas para tentar amenizar o sofrimento ou alcançar a cura das doenças,
quem as administrava e quais eram os locais utilizados para isso. Pois, no decorrer
da história, com o surgimento das doenças, os povos leigos da época, em busca de
alcançar a cura tentaram descobrir novas práticas de tratamentos que foram de
grande ajuda para a medicina evoluir e chegar ao que existe atualmente.
Assim, o presente trabalho partiu do interesse de conhecer a origem e
evolução dos hospitais e os diferentes meios de assistência médica dispostos
durante os períodos históricos, visto que, para existir um local destinados ao
atendimento aos enfermos, era necessário existir primeiro os cuidados médicos.
Dessa forma, torna-se de grande relevância o estudo e destaque dessa temática.
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4 REFERENCIAL TEÓRICO

Conforme às psicólogas Elisa Kern de Castrom e Ellen Bornholt (2004) o


termo hospital corresponde a uma estrutura concreta onde se trata os adoentados,
aplicando somente intervenções secundárias e terciárias. Visa prevenir efeitos
prejudiciais físicos, emocionais ou sociais.
Ainda, o termo hospital, segundo o site Dicionário Online Conceitos pode
referir-se ao local cujo objetivo é diagnosticar e tratar os enfermos, além de preparar
profissionais do campo da saúde e realizar pesquisas. A palavra também pode ser
utilizada no sentido figurado para indicar qualquer habitação com muitos doentes.
Outrossim, consoante ao Ministério da Saúde, hospital é definido como:

“Parte integrante de uma organização médica e social, cuja função básica


consiste em proporcionar à população assistência médica integral, curativa
e preventiva, sob quaisquer regimes de atendimento, inclusive o domiciliar,
constituindo-se também em centro de educação, capacitação de recursos
humanos e de pesquisas em saúde, bem como de encaminhamento de
pacientes, cabendo-lhe supervisionar e orientar os estabelecimentos de
saúde a ele vinculados tecnicamente.” (MS,1977)

Quanto a origem da palavra hospital, o Dicionário Etimológico esclarece que


provém do vocábulo em latim hospes (hóspedes), que originou os termos Hospitalis
e Hospitium. O primeiro designava os locais onde os viajantes, enfermos e
peregrinos se hospedavam. O segundo indicava os lugares nos quais os pobres,
incuráveis e insanos se estabeleciam.
Segundo a escritora Teresinha Covas Lisboa (2002) a criação de edificações
hospitalares, não são recentes, visto que, tais estruturas provém de épocas
anteriores a era cristã. Logo, evoluíram, transformaram e desenvolveram-se
gradualmente até alcançar a estrutural, atual. Esse desenvolvimento também é
valido para os tratamentos das doenças.

4.1 IDADE ANTIGA — 4000 a.C. - 476 d.C

De acordo com Lisboa (2002) o início da assistência médica nas sociedades


orientais e ocidentais esteve ligada a práticas mágicas, religiosas e crenças, que
eram sempre praticadas por sacerdotes. Entretanto, na parte ocidental, apenas com
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a chegada de Hipócrates passou-se a utilizar, também, conceitos científicos. Quanto


as edificações médicas, essas ficavam a cargo dos templos, locais em que ocorreu
pouco desenvolvimento da estrutura.

4.1.1 ANTIGUIDADE ORIENTAL

A civilização assírio-babilônica foi a primeira a desenvolver práticas médicas,


datando de 3000 anos a.C. O código de Hamurabi, criado pelo rei do Império da
Babilônia, Hamurabi, regulava o exercício, o pagamento e os castigos recebidos
pela negligência médica (LISBOA, 2002). Todavia, segundo Guilherme Pompeo
(2020) ainda não se tem registro que aponte qual o local onde a assistência médica
era realizada.
Ainda, Heródoto (484-425 a.C.) relatou que na Babilônia o doente era levado
ao centro comercial da cidade para ser questionado sobre a enfermidade que o
afligia, isso porque ainda não existiam médicos:
Os que passavam pelo doente interpelavam-no com o intuito de verificar se
eles próprios sofreram o mesmo mal ou sabiam de outros que tivessem
tido. Podiam, propor o tratamento que lhes fora eficaz na cura de pessoas
de suas relações. E não era permitido passar pelo doente em silêncio.
Todos deviam indagar a causa de sua moléstia. (Heródoto apud Campos,
1944:10 apud Lisboa, 2002, p 9)

Posteriormente, de acordo com Lisboa (2002), no antigo Egito o auxílio aos


doentes era realizado pelos sacerdotes-médicos, que baseavam seus
conhecimentos em livros médicos contendo a descrição de cirurgias, a classificação
de doenças, as técnicas para preservar cadáveres, bem como, uma farmacopeia
que cataloga mais de 700 drogas. Esses escritos datam desde 1700 a.C. e
misturam ciência e religião. Além disso, os templos serviam como edificações
hospitalares e para o ensino da medicina, contendo ambulatórios gratuitos para que
os alunos e futuros sacerdotes-médicos praticassem
Aproximadamente em Israel, no século XIII a.C., Moisés considerado um
grande sanitarista, ensinava como lidar com enfermidades de pele, doenças
contagiosas como a lepra, manejo de cadáveres, menstruação, gravidez, bem
como, higiene pessoal e coletiva. Acerca das edificações hospitalares não se tem
comprovação de hospitais permanentes, mas por ser considerado dever sagrado
ajudar os doentes, os hebreus visitavam hospedarias e albergues, gratuitos aos
viajantes pobres, para ajudar os enfermos (LISBOA, 2002).
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Na Índia, a autora Lisboa (2002) afirma que os indivíduos responsáveis pela


assistência médica eram enfermeiros e médicos que deveriam ter hábitos de
higiene, o que contribuía na prevenção de doenças. Os métodos utilizados de
tratamentos eram remédios elaborados pelos próprios médicos. Ademias, Mac
Eachern (apud LISBOA, 2002) informa que Buda teria construído desde, 543 a.C,
diversos hospitais anexados aos mosteiros budistas e nomeado um médico para
cada dez cidades, existiam até mesmo hospitais para animais.
Na China, no século III, pela influência do budismo, os encarregados de
proporcionar os serviços de saúde eram enfermeiros e parteiras. Quanto ao
conhecimento médico, a area de cirurgia foi impedida de desenvolver-se, visto que,
dissecar cadáveres era proibido. Nessa época muitos hospitais para tratar
enfermidade em geral e para isolar pessoas com doenças contagiosas foram
construídos. Mais tarde toda essa organização foi sendo gradualmente abandonada,
e substituída por uma medicina ligada a astrologia (LISBOA, 2002).

4.1.1 ANTIGUIDADE CLÁSSICA

Na Grécia Antiga, de acordo com Antunes, (1991) e Lisboa (2002) por volta
do século VI a.C., a medicina se misturava a religião. Os gregos acreditavam que as
doenças eram efeitos do desagrado dos deuses com os seres humanos e apenas
através deles seria possível conseguir a cura. Por isso, foram erguidos muitos
templos a Asclépio/Esculápio, considerado o deus da Medicina. Mais tarde o bastão
de Esculápio enrolado em uma cobra tornou-se segundo o Centro Cultural do
Ministério da Saúde (2020) um símbolo da Medicina.
Os templos eram chamados de Asklepieia e contavam com um prédio
circular, chamado Tholos ou Rotunda, que possuía como finalidade rituais
funerários, sacrifícios, bem como, oferendas às divindades e aos mortos (ROBERT,
1935; apud ANTUNES, 1991). Ademais Antunes (1991) afirma que os rituais de
cura eram realizados em um local retangular conhecido como Abaton e que os
templos, ajudaram de forma primária a desenvolver a prática moderna de internação
de pacientes.
Outrossim, a partir de 170 d.C., ligada aos Asklepieia era possível encontrar
construções destinadas a mulheres grávidas e pessoas em estágio terminal,
tornando os primeiros hospitais permanentes da Europa. Era possível encontrar
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escrito nas paredes dos Asklepieia listas de remédios que tinham a eficiência
comprovada, gerando uma espécie de prontuário clínico (ANTUNES, 1991; FAXON,
1943 apud ANTUNES, 1991)
Segundo Antunes (1991) os templos de Asclépio eram procurados pelos
enfermos ao buscar tratamentos, mas também pelos viajantes, peregrinos e
pessoas sadias como uma forma de abrigo. Os rituais de cura eram intermediados
pelos sacerdotes-médicos dos templos, sendo o ritual do sono o mais utilizado.
Esse tinha por método pôr o enfermo em um estado de sono, para que em sonho o
deus Asclépio intervisse concedendo a cura ou passando instruções que deveriam
ser interpretadas pelos sacerdotes e seguidas pelos doentes. É necessário pontuar
que às vezes as indicações podiam levar o indivíduo à morte.
A partir do século IV a.C., uma visão mais cientifica foi sendo integrada as
práticas médicas gregas por Hipócrates, conhecido como “pai da medicina
ocidental”. Ele foi educado em um dos templos de Asclépio pelos médicos-
sacerdotes e negava que tanto a cura quanto as doenças poderiam advir das
divindades, acreditando, assim, que elas provinham do mundo. (LISBOA, 2002;
FRAZÃO, 2019)
Dessa forma, de acordo com Antunes (1991) no século V a.C., a medicina
mesmo que leiga conseguiu se desenvolver na Grécia. Os cidadãos passaram a ser
socorridos na Iatreion, local também utilizado como escola para formar novos
médicos e era possível encontrar medicamentos.
Com a queda da Grécia para Roma a partir de 146 a.C., nos templos que
cultuavam Asclépio foram construídas salas de banhos e em 335 d.C., o Imperador
Constantino fechou todos os Asklepieia e os substituiu por hospitais cristãos
(ANTUNES, 1991; SILVA, s.d).
Em Roma a particularidade da cultura ficou sob responsabilidade dos hábitos
de higiene, como banhos e grandes construções arquitetônicas como termas
públicas e banheiros públicos, bem como, o costume de cremar os mortos. Quanto
a questão de atendimento aos doentes, a medicina era exclusivamente religiosa,
com o Pater familiae sendo responsável por cuidar dos indivíduos da sua residência
e de realizar diversos rituais religiosos, assumindo também o papel de sacerdote.
Por isso os médicos gregos tinham suas habilidades desprezadas, sendo muitas
vezes acusados de conspirar para a morte dos doentes, e eram chamados por
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alguns romanos de Carnifex, “carniceiro” (ANTUNES, 1991; VALDÉS 1987 e


CISNEROS, 1954 citado por ANTUNES, 1991)
Entretanto, conforme Antunes (1991) com a grande efetividade dos
tratamentos realizados pelos médicos gregos, a medicina ultrapassou gradualmente
a resistência romana. Então, isso aliado ao fato de Roma ter se tornado
expansionista gerou a necessidade de construir os Valetudinaria, considerados as
primeiras edificações médicas em Roma, semelhantes às unidades de saúde móvel
militar (hospital de campanha). Esses lugares eram formados por tendas e
estruturações desmontáveis, além de se encontrarem longe das cidades e perto das
áreas de guerra para facilitar o acesso dos soldados feridos, permitindo, assim,
utilizá-los novamente nas batalhas. Por serem voltados apenas para atendimento
dos soldados, não atendiam o público geral.
No século I d.C., os Valetudinaria, começaram a possuir uma estrutura mais
fixa, contando com cozinha, refeitório, salas para os enfermos e para administração,
banheiros, centros cirúrgicos e sala de estar. Além disso, contavam com médicos,
enfermeiros e um regulamento rigoroso, que controlava doentes e funcionários,
semelhante aos das instituições hospitalares modernas. Aliás, nessa época, a
medicina praticada em Roma, começou a introduzir gradativamente conceitos mais
científicos (ANTUNES, 1991).
Consoante os autores Antunes (1991) e Lisboa (2002), passado um tempo,
com o surgimento e a propagação do cristianismo no século IV, religião que tem por
base a caridade, a assistência aos necessitados foi multiplicada e o público
beneficiário ampliado. Dessa forma, em 325 d.C., foi realizado o Concílio de Nicéia
que obrigava as Igrejas a possuir um local específico em todas as cidades, para
atendimento dos pobres, peregrinos, órfãos e enfermos; ter o próprio capital e o
diretor tinha que ser um monge. Logo, o número de instituições hospitalares cresceu
rapidamente.
No ano de 395 d.C., o Imperador Teodósio dividiu Roma em Império Romano
do Oriente, chamado também de Império Bizantino, que tinha como capital
Constantinopla e o Império Romano do Ocidente que possuía a capital em Roma.
Essa divisão fez o tempo de expansão do cristianismo diferir em cada região, dessa
forma, as instituições cristãs de assistência como Lobotrophia, Xenodochia e
Nosocomia foram construídas primeiro no Império Bizantino (ANTUNES, 1991;
LISBOA, 2002; SALOMÃO s.d.).
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Santa Helena, Zótico e Ebulo foram os primeiros a financiarem a criação dos


Lobotrophia que abrigavam todas as pessoas com qualquer categoria de infecções
de pele sem expectativa de cura. Esses locais eram usados como uma tentativa de
proteger a população sã e isolar os doentes. Ainda, os enfermos eram chamados
“leprosos”, porque, na época não existia conhecimento suficiente para ser possível
diferir as doenças (ANTUNES, 1991; LISBOA, 2002; SALOMÃO s.d.).
De acordo com Antunes (1991) e Lisboa (2002) os Xenodochia que antes
serviam como abrigo aos peregrinos e viajantes, começaram a parecer hospitais,
porque, as pessoas que estavam de passagem geralmente chegavam enfermas.
Então, especializaram-se em atender os doentes, assemelhando-se aos Nosocomia
que atendiam os doentes em geral. Outrossim, entre os anos 380 e 400 Santa
Fabíola financiou o primeiro Nosocomium e Xenodochia do Império Romano do
Ocidente. Antunes (1991) acredita que as primeiras instituições cristãs fossem
simples e pequenas.
Em relação ao conhecimento médico científico houve uma interrupção do seu
uso e desenvolvimento. Pois, os religiosos-médicos, que diferentemente da
medicina grega que tinha gradualmente começado a adentrar nas práticas médicas
em Roma, não acreditavam que as doenças e cura provinham do mundo natural,
julgavam que as enfermidades eram castigos de Deus ou um teste ao caráter dos
fiéis. Dessa maneira, orações e arrependimento dos pecados seria a única forma de
tratamento. Entretanto, conforme Tavares de Souza (1981 apud ANTUNES, 1991) a
conservação dos ensinamentos da antiguidade greco-romana foi realizada pelos
nestorianos que a difundiram mais tarde por diversos lugares como Índia, China,
África, Espanha. (ANTUNES, 1991)

4.2 IDADE MÉDIA — 476 - 1453

É de conhecimento geral que o período da Idade Média não é visto como


uma época de muitos avanços científicos, isso porque, a Igreja Católica dominava
tudo, dificultando toda e qualquer produção de conhecimento. Entretanto, de acordo
com Antunes (1991) é possível conferir que mesmo durante esse longo momento da
história, pode ser encontrado inovações na área da saúde que estimularam a
construção de Nosocomium ou Xenodochiumde em conventos na Europa Oriental.
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Essas inovações foram iniciadas e realizadas por Santo Agostinho de


Tagaste (354-430) que aproximou a religião cristã dos conhecimentos científicos
das sociedades clássicas e São Bento de Núrsia (480-547) que fundou em 524 uma
nova Ordem monástica, chamada Ordem de São Bento e escreveu novos princípios
para os monges, denominado Regra dos beneditinos.
A Ordem de São Bento se expandiu pela Europa e ampliou a assistência aos
enfermos, porque, estipulou que todos os conventos da sua Ordem possuíssem um
lugar destinado à recuperação dos doentes. A Regra dos beneditinos mudou a
estrutura da vida monástica, algumas dessas mudanças foram o trabalho manual e
realizar diariamente leituras de livros científicos (ANTUNES, 1991.
O autor Bullough afirma que (1966, apud Antunes, 1991) seguindo a Regra
dos beneditinos, Cassiodoro, fundou um mosteiro que se tornou uma escola de
medicina em que era determinado a leitura de tratados médicos gregos, o estudo de
plantas medicinais para aperfeiçoar a assistência exercida pelos monges aos
enfermos, para isso foram também criados anexos nessas instituições religiosas
para o cuidado, chamados de infirmarium, ou seja, enfermaria.
Então, de acordo com Antunes (1991) durante os primeiros anos da Idade
Média como os mosteiros eram os únicos locais onde os enfermos poderiam
conseguir assistência, tornaram-se populares e consequentemente receberam
doações de riquezas e mão de obra dos cristãos, assim, enriquecendo
consideravelmente.
Além disso, o autor explica que em 816, o Concílio de Aachen (Aix-la-
Chapelle) determinou aos bispos que em cada uma das dioceses, obrigatoriamente,
deveria ser construído um anexo para o tratamento dos doentes, sendo assim,
hospitais e igrejas tinham arquiteturas parecidas na idade média
Ainda no século XI, devido ao período histórico das cruzadas, populações de
cidades, já em estado de fome, doentes ou feridas precisavam ainda mais de
socorro das instituições hospitalares, dessa forma, houve a necessidade de se
construir mais hospitais cristãos. O surgimento da burguesia, e o desenvolvimento
de mercados e indústria, também foram fatores que influenciaram para a construção
de mais hospitais, pois, as pessoas advindas do campo e feudos falidos,
percebendo o desenvolvimento das cidades e enriquecimento da nova classe social
realizaram o êxodo rural. Então, devido ao aumento populacional os mosteiros
enriqueceram, ajudando, assim, a expansão hospitalar cristã. Contudo, por causa
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do acúmulo de riqueza, as ordens monacais tornaram-se corruptas e deixaram de


prezar os preceitos monásticos (ANTUNES, 1991).
Ademais, ensino da medicina e da prática médica se deu pelos monásticos
que ensinavam os próprios membros religiosos e leigos que iam para os conventos
para educar-se em práticas medicinais, sendo considerados as primeiras
instituições medievais de educação em saúde e assistência médica (LISBOA 2002).
Além disso, segundo Lisboa (2002) em Salerno, houve o desenvolvimento
institucional da educação médica com a criação da primeira escola de medicina,
considerado o único lugar para formação profissional na Europa. Com a expansão
das universidades, mais profissionais foram sendo formados em conhecimento de
medicina e em prática cirúrgica.
Em 1098, ocorreu a Reforma Cisterciense que visava a restauração dos
preceitos cristãos de austeridade nas ordens bentas. Algumas ordens distribuíram
esmolas, construíram leprosários ou promoveram a construção de hospitais gerais,
até estratégias visuais como a utilização do hábito branco foram implementadas.
Mas um grande marco foi causado pela Irmandade Espirito Santo, responsáveis
pela desvinculação dos hospitais com a igreja, diferenciando os antigos hospitais
cristãos, além de também criarem o primeiro hospital da América (ANTUNES,
1991).
Antunes (1991) afirma que no XIII, os hospitais cristãos entraram em declínio
e passaram a ser administrados pelas instituições públicas, que possuíam pouca
experiencia para gerenciar esses locais. Ainda, o autor informa que o poder público
se quer elaborou projetos para reorganizar os hospitais e que isso foi uma tentativa
de se colocar acima da Igreja. Esses hospitais eram mantidos através da cobrança
de impostos dos súditos.
o autor também esclarece que o Concílio de Viena, em 1312 determinou a
Igreja a adotar funções de enfermagem e administrativas, mas o clero não
abandonou sua missão de assistência aos enfermos. Enquanto isso, a medicina
leiga ao distanciar-se da Igreja, desenvolveu-se e ficou mais técnica e se oficializou
como profissão ao cobrar retorno financeiro em troca dos serviços médicos.
Do século XI ao XIV, a Europa estava em alerta com a disseminação da
Lepra, uma doença altamente contagiosa que causava inflamações na pele,
causando exclusão dos infectados pela sociedade na idade média. Os leprosários
eram isolados em edificações, as vezes reunidos em comunidades apenas de
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leprosos, isoladas e vigiadas. O tratamento hospitalar era de alguns cuidados


básicos de enfermagem e isolamento deles da sociedade para não disseminar mais
a doença, os leprosos uma vez denunciados eram recolhidos e abandonados.
Ademias, a lepra era associada a um castigo de Deus e com medo de
também desagradarem o divino, a população não se atrevia a tratar os leprosos
com nenhum tipo de gentileza, sendo eles agora conhecidos como impuros. O que
causou grandes problemas as hierarquias religiosas que não aceitavam adoecer
assim como o resto da população, sem distinção, transmitindo a doença para outros
religiosos.
No século XII, os leprosários estavam espalhados por toda a Europa e
fizeram um papel de higienização social, onde grupos que eram incômodos como
mendigos, eram levados até essas comunidades, então, no século XIV entraram em
declínio, com a redução de pessoas com a doença. Muitos são os fatores que
contribuíram com essa diminuição, como o fim das cruzadas e o extermínio de
populações, além disso houve uma transformação dos hábitos alimentares e de
higiene da população.
Com o fim da lepra, veio a peste que assolou a Europa entre os séculos XIV
ao XVII, a peste bubônica gerou novas edificações hospitalares e os doentes
também eram considerados pecadores aos olhos do divino, a peste seria um
castigo de Deus. Na época, o médico Guy de Chauliac sugeriu que aloés, uma erva
medicinal, fosse ingerida como prevenção. E para a comunidade médica, advertia
que se restringissem a dar conselhos profiláticos, não deveriam ser cobrados
pagamentos pelos tratamentos, pois a eficácia era mínima. Para manter a saúde
coletiva, a literatura médica foi constituída de regras e conselhos para evitar o
contágio, por conta disso, migrantes não eram mais permitidos, portos não
aceitavam qualquer desembarque, e os doentes ou pessoas com suspeita que
contraíra a peste, eram expulsos das cidades para morrer nos bosques e só podiam
retornar se provassem que estavam sadios.
A partir do século XV, foram criadas as edificações hospitalares de
quarentenas, os lazaretos, onde os que continham a peste ou continham sintomas
permaneciam isolados da população. De acordo com o autor, a iniciativa das
edificações de quarentenas foi um marco para o desenvolvimento técnico no
tratamento de saúde. Mas os lazaretos, inspirados nos leprosários, não eram
eficazes em assistência médica ou terapêutica, apenas vigiavam e impediam que
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essas pessoas contaminassem o resto da população. Ainda eram feitas


quarentenas preventivas, antes das pessoas manifestarem se continham a doença
ou não, mas como nessas quarentenas eram misturados tanto infectados e pessoas
sadias, no final todas eram infectadas e morriam antes dos quarenta dias.
A edificação hospitalar deveria ser ilhada por um fosso, em um terreno
retangular de pátio aberto e ao meio uma capela de oito lados, todos abertos. E
ainda conter a cozinha, despensa além dos abrigos para os funcionários.
Como as condições sanitárias e de higiene do Renascimento não eram boas,
os hospitais eram disseminadores de doenças pela quantidade de enfermos
reunidos com múltiplas doenças em um mesmo espaço. O que levou a associação
de que hospitais eram perigosos para a saúde, nessa época internações não eram
incentivadas, e apenas em casos que não se podia oferecer o tratamento domiciliar,
era que o paciente era internado no hospital.

4.3 IDADE MODERNA — 1453 – 1789

A Idade Moderna é um período de grandes marcos históricos, que geraram


transformações econômicas, culturais, religiosas, sociais e cientificas. Dentre esses
marcos estão o Renascimento, Iluminismo, Expansão Marítima Europeia,
Colonialismo europeu na América, Reforma Protestante e Contrarreforma. Quanto
aos hospitais, a administração passou definitivamente para as municipalidades que
possuíam pouca experiencia para gerenciar esses locais e se quer elaboraram
projetos para reorganizar os hospitais.
No século XVI os hospitais lentamente passaram por transformações na
estrutura física e no funcionamento. Isso deve-se ao êxodo rural, o crescimento da
burguesia, o fluxo migratório, o aumento da vadiagem e as melhores condições de
vida na cidade que aumentaram a procura pelos serviços prestados por esses
locais. Dessa maneira, essas edificações precisaram ser ampliadas, porém por
estarem sendo administrados pelo poder público, o desenvolvimento desses locais
foi interrompido por Henrique VIII ao mandar fechar e demolir os hospitais.
À vista disso, o caos atingiu as cidades pois o contingente populacional que
antes dirigia-se aos hospitais, agora se amontoavam pelas ruas. Então, súditos
abastados e o Corregedor-mor solicitaram ao rei que os hospitais fossem reabertos,
bem como, se disponibilizaram a sustentá-los, o que foi atendido pela Coroa com a
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condição de que apenas cinco hospitais fossem reabertos em Londres. Isso,


produziu um grande fluxo migratório de pessoas em busca de atendimento,
consequentemente, superlotando as instituições hospitalares.
No século XVII o poder público conseguiu aumentar a riqueza e construiu
hospitais gerais grandiosos o que desagradou à população, porque, acreditaram
que as grandes dimensões eram uso exagerado dos fundos públicos. A partir dessa
época esses locais foram utilizados para como centros de ensino e pesquisa da
medicina.
Ademais, no século XVIII foram construídos os “dispensários” ou
“ambulatório”, unidades hospitalares de consulta externa cujo objetivo é oferecer
assistência médica e de hospitalidade sem necessidade de internação. Eles foram
edificados como uma forma de aliviar a sobrecarga dos hospitais.
Os hospitais da Idade Moderna, mantiveram alguns aspectos dos hospitais
cristãos da Idade Média como o de promover auxílio aos doentes e aos
desfavorecidos que por vezes apenas precisavam de uma assistência geral,
entretanto, ocorreu um acréscimo nas funções de hospitais. Essa nova função era a
de higienizar o espaço urbano, assim, pobres, mendigos, imigrantes, pessoas com
doenças contagiosas e os considerados loucos eram retirados das vistas da
sociedade e segregados dentro desses locais. Dessa maneira, as cidades poderiam
passar a impressão de ordem pública.
Porém, dentro desses lugares a desordem era completa, não existia
categorização nem separação dos doentes, o que gerava uma grande difusão de
doenças, além disso, existia uma grande taxa de mortalidade. Além disso, quanto
aos avanças científicos desse período podem ser assinalados a descoberta da
circulação sanguínea e a utilização do éter
. No Brasil o primeiro hospital a ser construído foi a Santa Casa de
Misericórdia, em 1543. Nesse período por não haver médicos para trabalhar nessa
instituição os sacerdotes ficaram com esse papel
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5 METODOLOGIA

O presente trabalho tem caráter descritivo qualitativo realizado através de


revisão bibliográfica em livros, artigos e web sites, cujo objetivo central é usar
embasamentos teóricos para compreender os aspectos históricos da Instituição
hospitalar.
De forma geral, esse tipo de pesquisa, compreende a reunião do que se tem
falado sobre determinado tema. Trata-se de um estudo teórico realizado por meio
de consultas à literatura especializada . Assim, produzido com base na formulação
discursiva através de livros e artigos científicos, que abordem sobre o contexto
histórico e os métodos utilizados para o enfrentamento das doenças, a partir do
contexto e da relevância reflexiva sobre o tema.
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REFERÊNCIAS

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