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Questões para estudo relativas ao texto: “O Nascimento do Hospital”

1. Quais são as características das viagens-inquérito? (p. 99-101)

1°) Sua finalidade é definir, depois do inquérito, um programa de reforma e


reconstrução dos hospitais. Considera-se que nenhuma teoria médica por si mesma é
suficiente para definir um programa hospitalar. Além disso, nenhum plano
arquitetônico abstrato pode dar a fórmula do bom hospital. Este é um objeto complexo
de que se conhece mal os efeitos e as consequências, que age sobre as doenças e é
capaz de agravá- las, multiplicá-las ou atenuá-las.
Somente um inquérito empírico sobre esse novo objeto ou esse objeto interrogado e
isolado de maneira nova - o hospital - será capaz de dar idéia de um
novo programa de construção dos hospitais. O hospital deixa de ser uma simples
figura arquitetônica. Ele agora faz parte de um fato médico-hospitalar que se deve
estudar como são estudados os climas, às doenças, etc.

2°) Esses inquéritos dão poucos detalhes sobre o exterior do hospital ou sobre a
estrutura geral do edifício. Não são mais descrições de monumentos, como as dos
viajantes clássicos, nos séculos XVII e XVIII, mas descrições funcionais.
Encontra-se, também, uma pesquisa das relações entre fenômenos patológicos e
sociais. Tenon, por exemplo, investiga em que condições espaciais os doentes
hospitalizados por ferimentos são melhor curados e quais as vizinhanças mais
perigosas para eles. Estabelece, então, uma correlação entre a taxa de mortalidade
crescente dos feridos e a vizinhança de doentes atingidos por febre maligna, como
se chamava na época. A correlação espacial ferida-febre nociva para os feridos.
Explica também que, se parturientes são colocadas em uma sala acima de onde estão
os feridos, a taxa de mortalidade das parturientes aumenta. Não deve haver, portanto,
feridos embaixo de mulheres grávidas.

3°) Os autores dessas descrições funcionais da organização médico-espacial do


hospital não são mais arquitetos. Surge, portanto, um novo olhar sobre o hospital
considerado como máquina de curar e que, se produz efeitos patológicos, deve ser
corrigido.

2. Como era o hospital antes do séc. XVIII e para que ele servia? (p. 101-103)

Antes do século XVlII, o hospital era essencialmente uma instituição de


assistência aos pobres. Instituição de assistência, como também de separação e
exclusão. O pobre como pobre tem necessidade de assistência e, como doente,
portador de doença e de possível contágio, é perigoso. Por estas razões, o hospital
deve estar presente tanto para recolhê-lo, quanto para proteger os outros do perigo que
ele encarna. O personagem ideal do hospital, até o século XVIII, não é o doente que é
preciso curar, mas o pobre que está morrendo. E alguém que deve ser assistido
material e espiritualmente, alguém a quem se deve dar os últimos cuidados e o último
sacramento. Esta é a função essencial do hospital.

O hospital era um morredouro, um lugar onde morrer. E o pessoal hospitalar


não era fundamentalmente destinado a realizar a cura do doente, mas a conseguir sua
própria salvação. Era um pessoal caritativo - religioso ou leigo - que estava no
hospital para fazer uma obra de caridade que lhe assegurasse a salvação eterna.
Assegurava-se, portanto, a salvação da alma do pobre no momento da morte e a
salvação do pessoal hospitalar que cuidava dos pobres. Função de transição entre a
vida e a morte, de salvação espiritual mais do que material, aliada à função de
separação dos indivíduos perigosos para a saúde geral da população."

3. Como se deu a transformação, isto é, como o hospital foi medicalizado e a


medicina pode tornar-se hospitalar? (p. 103-104)

O primeiro fator da transformação foi não a busca de uma ação positiva do


hospital sobre o doente ou a doença, mas simplesmente a anulação dos efeitos
negativos do hospital. Não se procurou primeiramente medicalizar o hospital mas
purificá-lo dos efeitos nocivos, da desordem que ele acarretava. E desordem aqui
significa doenças que ele podia suscitar nas pessoas internadas e espalhar na cidade
em que estava situado, como também a desordem econômico-social de que ele era
foco perpétuo.
O ponto de partida da reforma hospitalar foi, não o hospital civil, mas o
hospital marítimo. A razão é que o hospital marítimo era um lugar de desordem
econômica. Através dele se fazia, na França, tráfico de mercadorias, objetos
preciosos, matérias raras, especiarias, etc., trazidos das colônias. O traficante fazia-se
doente e era levado para o hospital no momento do desembarque, escondendo objetos
que escapavam, assim, do controle econômico da alfândega.
Se os hospitais militares e marítimos tornaram-se o modelo, o ponto de partida
da reorganização hospitalar, é porque as regulamentações econômicas tornaram-se
mais rigorosas no mercantilismo, como também porque o preço dos homens tornou-se
cada vez mais elevado. É nesta época que a formação do indivíduo, sua capacidade,
suas aptidões passam a ter um preço para a sociedade.

(exemplo do exército)

4. O que são mecanismos disciplinares e como eles influenciaram no processo de


criação dos hospitais? (p.105)

Historicamente as disciplinas existiam há muito tempo, na Idade Média e


mesmo na Antiguidade. Os mosteiros são um exemplo de região, domínio no interior
do qual reinava o sistema disciplinar. A escravidão e as grandes empresas escravistas
existentes nas colônias espanholas, inglesas, francesas, holandesas, etc., eram
modelos de mecanismos disciplinares. Pode-se recuar até a Legião Romana e, lá,
também encontrar um exemplo de disciplina. Os mecanismos disciplinares são,
portanto, antigos, mas existiam em estado isolado, fragmentado, até os séculos XVII e
XVIII, quando o poder disciplinar foi aperfeiçoado como uma nova técnica de gestão
dos homens.

Algumas de suas características:


● Uma arte de distribuição espacial dos indivíduos.
● A disciplina exerce seu controle, não sobre o resultado de uma ação, mas
sobre seu desenvolvimento.
● A disciplina é uma técnica de poder que implica uma vigilância perpétua e
constante dos indivíduos. Não basta olhá-los às vezes ou ver se o que fizeram
é conforme à regra. É preciso vigiá-los durante todo o tempo da atividade e
submetê-los a uma perpétua pirâmide de olhares.
● A disciplina implica um registro contínuo. Anotação do indivíduo e
transferência da informação debaixo para cima, de modo que, no cume da
pirâmide disciplinar, nenhum detalhe, acontecimento ou elemento disciplinar
escape a esse saber.

5. Cite algumas medidas tomadas no ambiente físico dos hospitais após as


viagens-inquérito. (p. 105-106)
1) Em primeiro lugar, onde localizar o hospital, para que não continue a ser uma
região sombria, obscura, confusa em pleno coração da cidade, para onde as
pessoas afluem no momento da morte e de onde se difundem, perigosamente,
miasmas, ar poluído, água suja, etc.? É preciso que o espaço em que está
situado o hospital esteja ajustado ao esquadrinhamento sanitário da cidade. É
no interior da medicina do espaço urbano que deve ser calculada a localização
do hospital.

2) Em segundo lugar, é preciso não somente calcular sua localização, mas a


distribuição interna de seu espaço. Isso será feito em função de alguns
critérios: se é verdade que se cura a doença por uma ação sobre o meio, será
necessário constituir em torno de cada doente um pequeno meio espacial
individualizado, específico, modificável segundo o doente, a doença e sua
evolução. Será preciso a realização de uma autonomia funcional, médica, do
espaço de sobrevivência do doente. É assim que se estabelece o princípio que
não deve haver mais de um doente por leito, devendo ser suprimido o leito
dormitório onde se amontoavam até seis pessoas. Será, também, necessário
construir em torno do doente um meio manipulável que possibilite aumentar a
temperatura ambiente, refrescar o ar, orientá-lo para um único doente, etc.

6. Discorra sobre o que é a Disciplina e qual é e foi a sua função no ambiente


hospitalar. ((p. 106-109)
7. Relate às mudanças que ocorreram na profissão de médico durante o processo de
medicalização dos hospitais. (p. 102 e p.110)

8. Por que o indivíduo passa a ser visto como um objeto de saber? (p. 110-111)

Constitui-se, assim, um campo documental no interior do hospital que não é


somente um lugar de cura, mas também de registro, acúmulo e formação de saber. E
então que o saber médico que, até o início ,do século XVIII, estava localizado nos
livros, em uma espécie de jurisprudência médica encontrada nos grandes tratados
clássicos da medicina, começa a ter seu lugar, não mais no livro, mas no hospital; não
mais no que foi escrito e impresso, mas no que é cotidianamente registrado na
tradição viva, ativa e atual que é o hospital. É assim que naturalmente se chega, entre
1780/1790, a afirmar que a formação normativa de um médico deve passar pelo
hospital. Além de ser um lugar de cura, este é também lugar de formação de médicos.

Questões para estudo relativas ao texto “A Psicologia no Hospital Geral: aspectos históricos,
conceituais e práticos.”

1. Cite alguns exemplos das atividades que podem ser desenvolvidas pelo Psicólogo
Hospitalar. (p. 574), (p. 10 e 11 das referências técnicas)

No que se refere às atividades desenvolvidas pelo psicólogo nesse tipo de am-


biente, estão citadas na produção científica: preparação psicológica de pacientes para
cirurgias; assistência aos familiares de pacientes hospitalizados; e acompanhamento
psicológico de pacientes com doenças crônicas como o câncer, por exemplo, e que serão
submetidos aos procedimentos invasivos
Atua também em instituições de ensino superior e/ou centros de estudo e de pesquisa,
visando o aperfeiçoamento ou a especialização de profissionais em sua área de competência,
ou a complementação da formação de outros profissionais de saúde de nível médio ou
superior, incluindo pós-graduação lato e stricto sensu. Atende a pacientes, familiares e/ou
responsáveis pelo paciente; membros da comunidade dentro de sua área de atuação; membros
da equipe multiprofissional e eventualmente administrativa, visando o bem-estar físico e
subjetivo do paciente; e, alunos e pesquisadores, quando estes estejam atuando em pesquisa e
assistência. Oferece e desenvolve atividades em diferentes níveis de tratamento, tendo como
sua principal tarefa a avaliação e acompanhamento de intercorrências psíquicas dos pacientes
que estão ou serão submetidos a procedimentos médicos, visando basicamente a promoção
e/ou a recuperação da saúde física e mental. Promove intervenções direcionadas à relação
médico/paciente, paciente/família, e paciente/paciente e do paciente em relação ao processo
do adoecer, hospitalização e repercussões emocionais que emergem neste processo.
O acompanhamento pode ser dirigido a pacientes em atendimento clínico ou
cirúrgico, nas diferentes especialidades médicas. Podem ser desenvolvidas diferentes
modalidades de intervenção, dependendo da demanda e da formação do profissional
específico; dentre elas ressaltam-se: atendimento psicoterapêutico; grupos psicoterapêuticos;
grupos de psicoprofilaxia; atendimentos em ambulatório e Unidade de Terapia Intensiva;
pronto atendimento; enfermarias em geral; psicomotricidade no contexto hospitalar; avaliação
diagnóstica; psicodiagnóstico; consultoria e interconsultoria. No trabalho com a equipe
multidisciplinar, preferencialmente interdisciplinar, participa de decisões em relação à
conduta a ser adotada pela equipe, objetivando promover apoio e segurança ao paciente e
família, aportando informações pertinentes à sua área de atuação, bem como na forma de
grupo de reflexão, no qual o suporte e manejo estão voltados para possíveis dificuldades
operacionais e/ou subjetivas dos membros da equipe (CFP, 2007, p. 21).

2. Discorra sobre o histórico da Psicologia da Saúde nos Estados Unidos. (p. 574-575)

Nos Estados Unidos da América (EUA), a atuação do psicólogo no hospital geral


ocorreu após o término da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), quando foi identificada a
necessidade da assistência psicológica para os militares, que apresentavam uma série de
reações psíquicas no período de hospitalização, como distúrbios da sensopercepção,
alterações no humor e agitação psicomotora (Pate & Kohut, 2003). As atividades da
Psicologia nos ambientes de saúde iniciaram-se com o propósito de identificar as repercussões
psicológicas decorrentes do processo de adoecimento e consequente hospitalização, buscando
estratégias para minimizar as alterações psíquicas e compreender a experiência da pessoa
doente.

3. Discorra sobre o histórico da Psicologia Hospitalar no Brasil. (p. 575-579), (p. 9 e 10 das
referências técnicas)

4. Qual a importância da adaptação do paciente enquanto hospitalizado? (p.579)

A adaptação está ligada a uma concepção evolucionista do ser humano, ou seja,


refere-se à capacidade do indivíduo de construir estratégias para o enfrentamento das
situações que, a curto ou longo prazo, possibilitem um funcionamento produtivo, permitindo
desenvolver recursos úteis para o seu crescimento pessoal (Leahy, Tirch, & Napolitano,
2013).

5. Aponte o porquê a interdisciplinaridade é efetiva. (p. 580)

A perspectiva interdisciplinar por meio do diálogo constante entre a equipe de saúde


representa uma estratégia efetiva para facilitar a comunicação, conforme foi destacado por
Chiattone (2006) e Almeida (2000). Isso possibilita discutir características de um caso clínico
com os profissionais, definir procedimentos de intervenção e acompanhar os resultados
avaliando seus efeitos.

6. Discorra sobre a tríade paciente, acompanhante e equipe de saúde. (p. 13 das referências
técnicas)

Questões para estudos relativos ao texto "Referências Técnicas para atuação das(os)
psicólogas(os) nos serviços hospitalares do SUS”.
1. Por que, de acordo com Simonetti, precisamos entender a doença pela dimensão
biopsicossocial? (p. 12 e 13)
2. Para Straub (2005), o que é Psicologia da Saúde? (p. 14)
3. Discorra sobre as diferenças entre a Psicologia Hospitalar e a Psicologia da Saúde no
Brasil. (p. 14 -17)
4. Quais são os princípios fundamentais do código de ética do psicólogo? (p. 19)
5. Fale sobre o nascimento do SUS juntamente com suas leis e diretrizes. (p. 21)
6. Resuma:
a. A Rede de Atenção à Saúde (RAS);
b. A Política Nacional de Humanização (PNH)/Humaniza SUS e seus princípios;
c. Atenção Hospitalar ou Terciária.
7. O que é o adoecimento? (p. 31)
8. Como diferenciar o objetivo da Psicologia da Medicina no ambiente hospitalar? (p. 35)

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