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A teologia paulina:

I. Base
A Teologia paulina fundamenta-se:
1. na experiência pessoal que Paulo teve do Senhor
ressuscitado (Gl 1,11-12; I Cor 9,1; 15,8; e as três
narrações dos Atos: At 9,1-9; 22,5-6; 26,9-18);
2. na meditação do kerigma, transmitido em Jerusalém
pela comunidade apostólica (Gl 1,18-2,2).

– Ambas as fontes vividas em íntima relação com a sua


missão de apóstolo dos gentios e, portanto, em ambiente
helenista.

– Indubitavelmente, Paulo se encontra mais ligado ao


kerigma do que à memória de Jesus. Porém, existe
continuidade de mensagem.
A teologia paulina:
II. Desenvolvimento histórico

A teologia paulina, no seu desenvolvimento


histórico, conhece pelo menos quatro fases:
A.Fase escatológica
B. Fase soteriológica
C.Fase cristológica
D.A piedade cristã na vida cotidiana
A teologia paulina:
II. Desenvolvimento histórico
A. Fase escatológica
2ª Viagem: da Ásia à Grécia→ I-II Ts (anos
51-52)
1. Causa
(1) I Ts: Paulo ainda sob os efeitos da teofania de Damasco.
(2) Kerigma primitivo como inspiração: Morte e
Ressurreição de Cristo.

2. Núcleo (Cristológico): A ressurreição de Jesus


(1) Introduz no mundo a potência santificadora e
renovadora do mundo futuro, que já se revela na vida
cristã: Santidade e caridade (I Ts 1,5-6; 5,19).
(2) O Reino do Filho não é somente futuro, mas já foi
iniciado no presente pelo Espírito Santo (I Ts 1,5-6;
5,19).
A teologia paulina:
II. Desenvolvimento histórico
A. Fase escatológica
2ª Viagem: da Ásia à Grécia→ I-II Ts (anos
51-52)
3. Estrutura eclesial
(1) Ainda embrionária.
(2) Problema: Relação entre «carisma e instituição».
- Paulo convida a não apagar o Espírito Santo e a não desprezar a
profecia.
- Porém, ao mesmo tempo, convida a “verificar tudo com senso
crítico e ficar com o que é bom” (I Ts 5,19-22).
(3) Com chefes que devem ser reconhecidos (I Ts 5,12-13).
(4) e cujo ambiente será a caridade recíproca: “Não
respondendo ao mal senão com o bem” (I Ts 5,15).
A teologia paulina:
II. Desenvolvimento histórico
A. Fase escatológica
2ª Viagem: da Ásia à Grécia→ I-II Ts (anos
51-52)
4. Ética e escatologia
(1) Estreitamente relacionadas a nível pessoal e comunitário.
(2) Mensagem teológica:
- Muito próxima da pregação missionária judeu-helenística, com
oposição entre o monoteísmo judaico e o politeísmo gentio.
- Fortemente marcada pela cristologia escatológica, centrada na
Ressurreição e na Espera do Senhor.
(3) Espera escatológica:
- Dominada por um futuro já iminente.
- Parusia descrita com o colorido do gênero apocalíptico (I Ts 4,13-
5,11).
- Visão tão acentuada que, em II Ts 3,10, Paulo corrige o ócio dos
A teologia paulina:
II. Desenvolvimento histórico
B. Fase soteriológica
Viagem 3ª: Éfeso (3 anos); Gl; I-II Cor (inverno); Rm.

1. Importância:
Representa o coração da teologia paulina.

2. Motivos:
(1) Responde polemicamente aos adversários que se
introduziram nas jovens comunidades dos Gálatas e de
Corinto.
(2) E ao mesmo tempo amadurece a reflexão da fé, sobre o
significado teológico do kerigma: «a salvação de todos os
homens mediante fé em Jesus Cristo morto e
ressuscitado».
A teologia paulina:
II. Desenvolvimento histórico
B. Fase soteriológica
Viagem 3ª: Éfeso (3 anos); Gl; I-II Cor (inverno); Rm.

3. Núcleo:
(1)A única «via de salvação»: A fé em Cristo morto e
ressuscitado (I Cor 15,1-3; Rm 4,25).
(2) Contraposta às outras duas vias em voga:
a. A Torah: Hebreus e grupos judeu-cristãos;
b. A sabedoria filosófica e das religiões mistéricas: cultura
greco-romana.
(3) O horizonte desta salvação:
a. A vida ordinária do cristão (Rm 8,22-23).
b. E ainda, todos os homens e também o cosmo.
A teologia paulina:
II. Desenvolvimento histórico
B. Fase soteriológica
Viagem 3ª: Éfeso (3 anos); Gl; I-II Cor (inverno); Rm.
4. Fundamento teológico
(1) Elaborada no início de Rm (I-IV) e I Cor (I-III).
(2) Tese:
- Necessidade e singularidade da justificação e da salvação
cristãs mediante fé em Cristo;
- e sua oposição às vias judaica e dos gentios.
A teologia paulina:
II. Desenvolvimento histórico
B. Fase soteriológica
Viagem 3ª: Éfeso (3 anos); Gl; I-II Cor (inverno); Rm.
* Contra os judeus:
Não somos autores da nossa justificação e salvação, mediante as obras da Lei (Rm
3, 27; 9,30 -10,4). Esta é somente juiz (Rm 3,20). É Deus que, por meio da fé e do
batismo (Rm 6), nos reconcilia consigo e se faz autor de nossa justificação atual e
da nossa salvação futura. Somente em Jesus, Deus nos oferece a autêntica
circuncisão do coração (Rm 2,29) e a lei interior do Espírito Santo (Rm 8,1-2), por
meio da qual conhecemos a autêntica vontade de Deus (Rm 12,1-2) e somos capazes
de cumpri-la (Rm 8).

* Contra os gentios:
Ainda mais dura do que contra os judeus. Não reconheceram, na prática, o Deus
que intelectualmente conheceram (Rm 1,18-23). Castigo: Deus os abandona aos
vícios mais abomináveis (Rm 1,24-32). A condenação mais radical é elabora em I
Cor 1-2: aqui, a sabedoria cristã é paradoxalmente identificada com Cristo
crucificado, no chamado “discurso da cruz” (I Cor 1,21-24).
A teologia paulina:
II. Desenvolvimento histórico
B. Fase soteriológica
Viagem 3ª: Éfeso (3 anos); Gl; I-II Cor (inverno); Rm.

5. Antropologia e eclesiologia
(1) O cristão é o «homem novo»: gerado pela fé e pelo batismo.
- Libertado do medo da morte, do pecado e da Lei (Rm 5-7).
- Criatura nova em Cristo (Gl 6,15; II Cor 5,17).
- Que se comporta de modo novo (parte parenética das cartas).
- E que vive em uma nova comunidade vivificada pelo Espírito Santo
(carismas e caridade).

(2) Comunidade Cristã: corresponde ao Corpo (de Cristo).


- Animada pelo mesmo e único Espírito Santo (I Cor 12; Rm 12).
- Com muitos membros e diversas funções.
A teologia paulina:
II. Desenvolvimento histórico
C. Fase cristológica
(Histórico-cósmica): 4a viagem: Roma: Ef, Cl, Fl.

1. Principais temas
- A Cristologia e a Eclesiologia,
- Em perspectiva histórico-salvífica.
A teologia paulina:
II. Desenvolvimento histórico
C. Fase cristológica
(Histórico-cósmica): 4a viagem: Roma: Ef, Cl, Fl.

2. Núcleo: «O mistério da pessoa de Cristo»


(1) Nova síntese:
- “Desde a Eternidade” (teológica/passado): quanto mais se aprofunda
no Mistério em linha vertical (em sua relação única com o próprio
mistério de Deus);
- “Plenitude dos Tempos” (soteriológica/presente): tanto mais se alarga a
perspectiva de seu influxo sobre a história, e inclusive sobre o
cosmos.
- “Recapitulação Universal” (escatológica/futuro): primado absoluto e
universal de Cristo (Ef 1,3-14; Cl 1,15-20):
+ para o passado: protologia do homem e do mundo (a
CRIAÇÃO).
+ para o futuro: a redenção completa do homem, da história e
do cosmo.
A teologia paulina:
II. Desenvolvimento histórico
C. Fase cristológica
(Histórico-cósmica): 4a viagem: Roma: Ef, Cl, Fl.

(2) Mistério: «Economia da Salvação, escondida em Deus e revelada no


tempo e na história de Cristo para o homem».
(3) Grandes hinos Cristológicos:
- Preexistência de Jesus em Deus (Cl 1,15-20).
- Sua vinda ao mundo (Fl 2,6-11)
+ humilhação
+ exaltação a Senhor
- E sua mediação na reconciliação escatológica com Deus,
correspondente a sua obra mediadora na criação (Ef 1,3-14):
+ Reunindo em Deus a quantos estavam divididos (hebreus e
gentios),
+ e dispersos por causa do pecado (Ef 1,9-10. 15-23).
A teologia paulina:
II. Desenvolvimento histórico
C. Fase cristológica
(Histórico-cósmica): 4a viagem: Roma: Ef, Cl, Fl.
3. Eclesiologia
(1) Metáfora do corpo: acrescenta aos membros a figura de sua Cabeça
(Ef 1,2; 4,5; Cl 1,18; 2,10.19).
(2) Figura de Cristo: Esposo da nova aliança e da Igreja. Reflexão que
ilumina o matrimônio cristão (Ef 5,22-23).
(3) Chefes da comunidade: inicia-se uma terminologia que se tornará
técnica: “Bispos e diáconos” (Fl 1,1).

4. Antropologia: o homem novo, universal, criatura do novo Adão.


Tese:
- O cristão é o hebreu que reconheceu em Jesus a revelação pessoal
em Deus (Rm 4) e o cumprimento das promessas feitas a
Abraão.
- O cristão é o gentio que reconheceu nele, crucificado e
ressuscitado, a verdadeira sabedoria e a autêntica salvífica de
Deus. (Ef 2).
A teologia paulina:
II. Desenvolvimento histórico
C. Fase cristológica
(Histórico-cósmica): 4a viagem: Roma: Ef, Cl, Fl.
5. Soteriologia escatológica
(1) Problema do Kerigma: “Por que a salvação passa através de Cristo?”
(2) Resposta:
- Por causa da preexistência divina de Jesus como Filho de Deus.
- E da sua profunda inserção na história humana, para
transformá-la por dentro e reconduzi-la a Deus.
- De tal modo que o Pai seja tudo em todos (Ef 1; I Cor 15).

6. Conclusão: Tudo o que vimos anteriormente comprova como, em Paulo,


teologia, antropologia, eclesiologia e escatologia estão indissoluvelmente
unidas na cristologia do kerigma, nas profissões de fé e nos hinos da
comunidade cristã primitiva assumidos pelo “apóstolo dos gentios”.
A teologia paulina:
II. Desenvolvimento histórico
D. A piedade cristã na vida cotidiana
(Cartas Pastorais: I Tm; II Tm e Tt)
1. Marco
- Dentro das «teologias da praxe» cristã (com Tg e Pd).
- Que se nutrem geralmente da tradição sapiencial.

2. Temas
(1) Tradicionais
- Kerigma da salvação: pela morte de Cristo (I Tm 2,5-7; II Tm 2,8; Tt
2,14).
- Graça: sem as obras da Lei (II Tm 2,8; Tt 2,11; 3,5).
- Mistério (I Tm 3,9; 3,16).
A teologia paulina:
II. Desenvolvimento histórico
D. A piedade cristã na vida cotidiana
(Cartas Pastorais: I Tm; II Tm e Tt)
2. Temas
(2) Expressões de fé e escatologia (modificaram-se em relação às “grandes
cartas”):
- Escatologia “presencial” (Tt 2,11-13; 3,4)
- E futura (I Tm 6,14).
- Em termos de “Epifania” (= manifestação: I Tm 6,14; Tt 2,3.11; 3,4; II Tm
1,10; 4,1.8).
(3) Estreita relação entre a fé e a praxe (sublinhada muito mais do que o
normal):
- Reprova os heréticos, quando estes dizem conhecer a Deus, negando-o, porém,
com as suas más ações (Tt 1,16; Cf. II Tm 3,5, análogo em Tg 2,14-17).
- Recomenda aos fiéis: “os que crêem em Deus procurem aplicar-se às boas
obras” (Tt 3,8).
A teologia paulina:
II. Desenvolvimento histórico
D. A piedade cristã na vida cotidiana
(Cartas Pastorais: I Tm; II Tm e Tt)
3. A «eusebeía» (A “Piedade”)
(1) Consciência: Termo típico das Cartas Pastorais (I Tim 2,2; 3,16; 4,7-8;
6,3.5-6.11; II Tm 3,5; Tt 1,1).
(2) Significado: Mais que o espírito de oração...
- Expressa melhor o conjunto dos deveres religiosos e morais.
- Sintetiza a boa conduta do cristão.
- Inclusive o evento salvífico de Cristo é qualificado como «mistério da
piedade» (I Tm 3,16).
(3) «Asebeía» (“Impiedade”): Assim é tachada a conduta contrária (II Tm
2,16 y Tt 2,12).
- Entre os comportamentos criticados, o mais estigmatizado é a ávida
busca das riquezas (I Tm 6,9.17-18; II Tm 3,2-3).
A teologia paulina:
II. Desenvolvimento histórico
D. A piedade cristã na vida cotidiana
(Cartas Pastorais: I Tm; II Tm e Tt)

4. Características (da conduta diária do cristão):


(1) Ligada à organização interna da Igreja (= hierarquia) ante o mundo (I
Tm 2,1; Tt 3,1-2).
(2) Distingue-se pelas boas obras, vida familiar ordenada e comportamento
virtuoso dos líderes.
(3) Reminiscências de Jesus (II Tm 2,12 = Mt 10,33, Lc 12,9).
A teologia paulina:
II. Desenvolvimento temático
A. Mistério pascal
(elemento condutor da teologia Paulina).

Chave de interpretação (de toda a mensagem cristã):


binômio histórico-salvífico de «Morte-Ressurreição» como
origem e modelo da novidade cristã.
a) Paulo acolhe, desenvolve e aprofunda o kerigma
primitivo (I Cor 15,1-5).

b) A experiência de Damasco constitui a fonte de sua fé


em Cristo, porém não é o elemento catalisador de sua
teologia, que deve ser buscado ao interno do seu
pensamento.
A teologia paulina:
II. Desenvolvimento temático
B. Títulos cristológicos
(enraizados no evento pascal)

1. «O Senhor»
(1) Hino pré-paulino (Fl 2,6-11).
(2) Relação com a espera escatológica (I Cor 16,22)
(3) e especialmente com a atual presença do Ressuscitado na comunidade
(contextos parenéticos).

2. «Cristo» (o mais comum: 353 vezes)


(1) Como sujeito (tanto gramatical quanto lógico) das frases que anunciam o
mistério pascal (Gl 2,19,21; I Cor 15,3; Cf. I Cor 2,2; 15,12-15, Rm
5,6.8; 6,4-9; II Cor 1,5).
(2) Título que tende a converter-se em nome próprio, ao ponto de qualificar
irrevogavelmente Jesus de Nazaré como aquele que “morreu e
ressuscitou” (I Ts 4,14).
A teologia paulina:
II. Desenvolvimento temático
B. Títulos cristológicos
(enraizados no evento pascal)
3. «Filho de Deus» (17 vezes)
(1) Seu uso é característico nas fórmulas de missão (Gl 4,4; Rm 8,3) que
aludem claramente à preexistência de Jesus (explicável pelo fundo
sapiencial do judaísmo alexandrino; veja Sb 9,10.7).

(2) Mais do que qualquer outro título, expressa a imediata proximidade de


Jesus com Deus (Cf. Cl 1,13).
A teologia paulina:
II. Desenvolvimento temático
B. Títulos cristológicos
(enraizados no evento pascal)

4. Dados pelo próprio Paulo (mais raros, porém muito


significativos).

(1) Último Adão (I Cor 15,22.45; Rm 5, 12-21)


(2) Espírito Vivificante (I Cor 15,45; exclui-se II Cor 3,17)
(3) Sabedoria de Deus (I Cor 1,24.30; Cl 2,3)
(4) Imagem de Deus (II Cor 4,4; Cl 1,15)
(5) Primogênito (Rm 8,29; Cl 1,15.18; sinônimo de primícias: I Cor 15,20-23)
(6) Cabeça (Cf. Ef 1,22; Cl 2,19)
(7) Esposo (Ef 5,25)
(8) Salvador (Ef 5,23; nas “grandes cartas” possui valor escatológico: Fl
3,20).
A teologia paulina:
II. Desenvolvimento temático
B. Títulos cristológicos
(enraizados no evento pascal)

5. Nunca mencionados por Paulo (os títulos do “Jesus terre­no”


que procedem dos evangelhos)

(1) Mestre, Rabi, Profeta, Filho de Davi, Filho do Homem.

(2) A atenção se fixa agora sobre o evento pascal e sobre as suas


conseqüências para a fé cristã.
A teologia paulina:
II. Desenvolvimento temático
C. Soteriologia Paulina

1. Base: O evento Pascal (Morte e ressurreição como um único mistério: Gl


2,21; I Cor 15,17)
- Proveniente do kerigma (I Cor 15,3)
- e da própria experiência de Paulo (II Cor 5,21)

2. Emblema de seu Evangelho: A «Dikaiosýne» (“Justiça” de Deus).


(1) Não é a justiça distributiva ou retributiva do âmbito judicial humano.
(2) Mas a intervenção salvífica de Deus:
- que restabelece o homem nas justas relações com Deus (Rm 1,17;
3,5.21.22.25.26; 4,5.6; Gl 2,21; 3,6.21; Fl 3,6-9)
- é Deus que torna justo o ímpio (Rm 4,5; 3,24 e 5,8; Gl 5,4; Ef 2, 7-8).
A teologia paulina:
II. Desenvolvimento temático
C. Soteriologia Paulina

3. Recurso cultual: Para aprofundar a sua reflexão, compara o mistério


Pascal ao:
(1) O sacrifício pascal (I Cor 5,7)
(2) De Expiação (Rm 3,25)
(3) De Aliança (Ef 5,2)
(4) Alusão ao «sangue de Cristo».
A teologia paulina:
II. Desenvolvimento temático
C. Soteriologia Paulina
4. Em termos personalistas:
(1) Como ato de incondicional obediência a Deus (Rm 5,19; Fl 2,8)

(2) Mais ainda, de amorosa autodoação por nós (Gl 2,20; 1,4; II Cor
5,14; Rm 8,35.37; Ef 5,2.25)

(3) Entrega que considera substitutiva (II Cor 5,21; Gl 3,13; Rm 8,3):
- Porém não como isenção de compromisos.
- mas como causa de um radical resgate (I Cor 6,20; 7,23; Gl 3,13).

(4) A “redenção é libertação para a liberdade” (Gl 5,1; Rm 6,18.22; 8,2)


- Inerente à cruz e à “mensagem da cruz de Cristo” (I Cor 1,17-18)
- Que resgata o homem da lei do pecado e da morte (I Cor 15,50-57;
Rm 8,2). Não somente em termos jurídicos, mas de comunhão
na vida de Cristo (II Cor 5,17).
A teologia paulina:
II. Desenvolvimento temático
D. Antropologia Paulina

1. Destinatário (do Evento Pascal): O homem... advindo por e para


nós: “por nossos pecados”, pelos ímpios” (I Cor 1,13; 11,24; II Cor
5,14.15.21; Gl 1,4; Rom 5,6-8 etc.).

2. Objeto: O «homem velho» (Rm 6,6; Cl 3,9), fora de Cristo (descrito


magistralmente em Rom 7); inautêntico por causa:
- das pretensões da Lei;
- da escravidão do pecado;
- das ciladas da carne.
- da inevitabilidade da morte
A teologia paulina:
II. Desenvolvimento temático
D. Antropologia Paulina

3. Superação (e anulação)
Pela nova criatura (II Cor 5,17a; Gál. 6,13) ou «homem novo» (Cl 3,10; Ef 2,15;
4,24)
(1) Efeito da combinação da graça de Deus e da fé.
(2) A “fé” (Grego: pistis) que dá corpo à justificação (Rm 3,38; cf. Gl 2,16)
- introduz diretamente em uma situação de paz e familiaridade com Deus
(Rm 5,1-2)
- e ao ser corroborada pelo Batismo (Rm 6) torna a existência do cristão
uma «vida livre em Cristo» (Rm 8,1). Novo âmbito vital: místico.
(3) «Novidade de Vida» (moral: Rm 6,4)
- Daí as constantes “parêneses” ou admoestações (I Cor cap. 5 e 6);
- Os catálogos de virtudes e vícios (Gl 5,19; Cl 3,5ss.);
- Os códigos domésticos (Cl 3,18-4,1; Ef 5,22-6,9).
- Pois a fé deve tornar-se operante por meio da caridade (Gl 5,6).
- E o ágape (“caridade”) como compêndio de toda a Lei (Rm 13,8.10).
Grande apologia em I Cor 13!
A teologia paulina:
II. Desenvolvimento temático
E. Eclesiologia Paulina
(raiz essencial: a Páscoa do Senhor)
1. Definição:
(1) Tipicamente paulina: Igreja como «Corpus Christi», identificada com o
próprio Cristo (I Cor 12,12; Rm 7,4; Fl 3,21).
(2) Distinção entre Cristo e a sua Igreja (cartas da prisão):
- Cristo como Cabeça (enquanto ressuscitado: Cl 1,28; Ef 1,22).
- Cristo como Esposo de sua Igreja (que se entregou por ela: Ef 5,25;
2,14-15).
(3) Implícitas:
- Igreja como Povo de Deus (Cf. I Cor 10,18; Gl 6,16)
- Igreja como Templo do Espírito Santo (I Cor 3,16; 12,13; Ef 2,21-22)
(4) Os cristãos, em conjunto, são chamados «santos» (Cf. I Ts 2,14; I Cor
1,21ss.).
A teologia paulina:
II. Desenvolvimento temático
E. Eclesiologia Paulina
(raiz essencial: a Páscoa do Senhor)

2. Ministério apostólico:
(1) Configurado sobre o Mistério Pascal (II Cor; Cf. 4,7-15).

(2) É o seu tema principal (Cf. I Cor 2,1-2; 15,11; Rm 1,16ss; 10,9.17).

(3) E influi sobre o Batismo (Rm 6,1-11) e sobre a Eucaristia (I Cor


11,17ss).
A teologia paulina:
II. Desenvolvimento temático
F. Escatologia Paulina

1. Fundamento:
(1) A Ressurreição de Cristo deu início aos “últimos dias” (I Cor, 10.11).
(2) E Cristo é a sua “primícia” (I Cor 15,20.23):
- Primogênito dos mortos (Cl 1,18); como antecipação e real iniciador
(intrinsecamente).
- Espírito Santo = penhor, difundido nos corações (II Cor 1,22; 5,5; Ef
1,14).
(3) Kerigma: I Cor 15; (Cf. I Ts 1,10; 4,14; I Cor 6,14; II Cor 4,44;
Rm 8,11; 14,8-9; Fl 3,21).
A teologia paulina:
II. Desenvolvimento temático
F. Escatologia Paulina

2. Aspecto personalista (não é igual à apocalíptica judaica) da Parusia:


“Estaremos sempre com o Senhor” (I Ts 4.17; Cf. II Ts 1,9; I Cor 1,9;
15,23).

3. Vocábulos:
(1) «Salvação»:
- De vez em quando, usa-se o termo em relação ao “Evento-Mensagem Pascal” (Rm
10,9; I Cor 1,21; II Cor 6,2; Ef 2,5).
- Ou em relação ao futuro escatológico (Cf. Rm 13,11; I Cor 3,15; Fl 3,20; I Ts 5,9).
- Duplo aspecto insuperavelmente formulado em: Rm 8,24 ... “fomos salvos na
esperança”.
(2) «Mistério»: pertence a este âmbito de idéias: I Cor 2,1-7; Rm 16,25; Cl 1,26-
27; 2,2; 4,3; Ef 1,9; 3,3.4.9; 5,32; 6,19
A teologia paulina:
II. Desenvolvimento temático
G. O Mistério Trinitário à luz da Páscoa de Cristo

1. Ação do Pai:
(1) Morte: Jesus foi entregue (Rm 4,25) ou Deus o entregou (Rm 8,32).
(2) Ressurreição:
- Cristo foi ressuscitado (Cf. Rm 4,25) ou Deus o ressuscitou (Cf. Rom
10,9; I Cor 6,14; II Cor 4,14; etc.).
- Locução tipicamente paulina: pela glória do Pai (Rm 6,4) Deus se
revela como «Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo» (Rm 15,6; II Cor
1,3; 11,31; Cl 1,3; Ef 1,3).
A teologia paulina:
II. Desenvolvimento temático
G. O Mistério Trinitário à luz da Páscoa de Cristo

2. Ação do Espírito Santo:


- Espírito de Filho (Gl 4,6)
- Espírito de Cristo (Rm 8,9)
- Espírito de Jesus Cristo (Fl 1,19)
- Espírito que ressuscitou Jesus de dentre os mortos (Rm 8,11)
A teologia paulina:
II. Desenvolvimento temático
G. O Mistério Trinitário à luz da Páscoa de Cristo

3. Confissão trinitária (alusões):


- Cf. I Cor 6,11; 12,4-6; II Cor 1,21-22; Gl 3,14; Rm 5,5-6; Ef 1,13;
- A fórmula mais precisa: II Cor 13,13: “A graça do Senhor Jesus Cristo, o
amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos
vós” (cf. nota da Bíblia de Jerusalém).
- Ritmo Trinitário mediante o Batismo: Gl 4,6 e Rm 5,15;8,15.

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