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NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO

Falar sobre o novo acordo ortográfico implica saber que em termos históricos já se
fizeram várias tentativas de unificação da ortografia da língua portuguesa, sendo que a
primeira data de 1911, que culminou em Portugal na primeira grande reforma. Depois
existiram várias tentativas, sendo a mais importante a de 1990 que é a que está por trás
de toda a celeuma levantada atualmente sobre esta questão.
Seguindo o disposto numa reunião da Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP), realizada em Julho de 2004 em São Tomé e Príncipe, ficou decidido
que para o novo acordo ortográfico entrar em vigor, bastaria que três países o
ratificassem. O Brasil em Outubro de 2004, Cabo Verde em Abril de 2005 e São Tomé em
Novembro de 2006 ratificaram o acordo, estando assim cumprido o disposto nessa
reunião da CPLP. Em Portugal, este acordo ortográfico foi ratificado pelo governo a 6 de
Março de 2008, faltando à aprovação no Parlamento ou pelo Presidente da República.
O novo Acordo Ortográfico entrou em vigor em Janeiro de 2009, mas até dezembro
de 2012, decorreu um período de transição, durante o qual ainda se podia utilizar a grafia
atual.
No Brasil 0,5% das palavras sofrerão modificações, em Portugal e nos restantes
dos países lusófonos, as mudanças afetarão cerca de 2.600 palavras, ou seja, 1,6% do
vocabulário total.
Esse material já se encontra segundo o Novo Acordo Ortográfico.

ORTOGRAFIA

A palavra ortografia é formada pelos elementos gregos orto “correto” e grafia


“escrita” sendo a escrita correta das palavras da língua portuguesa, obedecendo a uma
combinação de critérios etimológicos (ligados à origem das palavras) e fonológicos
(ligados aos fonemas representados).
Somente a intimidade com a palavra escrita, é que acaba trazendo a memorização
da grafia correta. Deve-se também criar o hábito de consultar constantemente um
dicionário.

ALFABETO

O alfabeto passou a ser formado por 26 letras. As letras “k”, “w” e “y” não eram
consideradas integrantes do alfabeto (agora são). Essas letras são usadas em unidades
de medida, nomes próprios, palavras estrangeiras e outras palavras em geral. Exemplos:
km, kg, watt, playground, William, Kafka, kafkiano.
Vogais: a, e, i, o, u.
Consoantes: b,c,d,f,g,h,j,k,l,m,n,p,q,r,s,t,v,w,x,y,z.
Alfabeto: a,b,c,d,e,f,g,h,i,j,k,l,m,n,o,p,q,r,s,t,u,v,w,x,y,z

ACENTUAÇÃO GRÁFICA

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Acentos gráficos são sinais que indicam sílaba tônica e a vogal aberta (céu) ou
vogal fechada (pôde). Em português existem três acentos gráficos:
Acento agudo ( ´ ): indica que a sílaba é tônica e que a vogal é aberta (pé, pó). Às
vezes indica apenas que a sílaba é tônica (recém, refém).
Acento circunflexo ( ^ ): o acento circunflexo indica que a vogal é tônica e a vogal é
fechada (alô, você).
Acento grave ( ` ): o acento grave indica a crase: à, àquele.

1. CONCEITOS PRELIMINARES

a. Sílaba: é o fonema ou grupo de fonemas emitidos numa só aspiração.

b. Encontros vocálicos:

 ditongos: é o encontro de uma vogal e uma semivogal (ou vice-versa) numa


mesma sílaba. Ex.: pai, ginásio;
 tritongos: é o encontro de uma semivogal com uma vogal e outra semivogal numa
mesma sílaba. Ex.: Paraguai;
 hiatos: é o encontro de duas vogais pronunciadas em dois impulsos distintos,
formando sílabas diferentes. ex.: saída (sa-í-da), juiz (ju-iz).

c. Palavras quanto ao número de sílabas:

 monossílabas: as que têm uma só sílaba. Ex.: pó, luz, é, pão, mau etc.;
 dissílaba: as que têm duas sílabas. Ex.: café, livro, leite, caixas, noites etc.;
 trissílaba: as constituídas de três sílabas. Ex.: cabeça, jogador, ouvidos etc.;
 polissílabas: as que têm mais de três sílabas. Ex.: casamento, americano,
responsabilidade.

d. Palavras quanto ao acento tônico


De acordo com a posição da sílaba tônica, as palavras com mais de uma sílaba
classificam-se:

 oxítonos: quando a sílaba tônica é a última. Ex.: avó, urubu, parabéns;


 paroxítonos: quando a sílaba tônica é a penúltima. Ex.: dócil, suavemente,
banana;
 proparoxítonas: quando a sílaba tônica é a antepenúltima. Ex.: máximo, parábola,
íntimo.

Os monossílabos têm a seguinte classificação:


 monossílabo átono: desprovido de acentuação própria: a; de; mais; o;
 monossílabos tônicos: é que tem acentuação própria: más,ó, dê, mar, mel, paz.

2. ACENTUAÇÃO GRÁFICA

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2.1. MONOSSÍLABOS DITOS TÔNICOS

a. Levam acento agudo ou circunflexo os monossílabos terminados em:


 a(s): fá, lá, vás;
 e(s): fé, lê, pés;
 o(s): pó, dó, pós, sós.

b. São também acentuadas as formas verbais terminadas em: (a, e, o) tônicas, seguidas
de lo(s), la(s):
 a: dá-los, fá-lo-ás, tê-los;
 e: vê-lo, tê-los;
 o: pô-los, pô-la-ão.

c. Ditongos abertos:
 éi: réis(moeda) géis, méis, féis;
 éu: véu, céu, réu, léu;
 ói: sóis, dói. Rói, mói.

2.2. OXÍTONOS

a. Levam acento agudo ou circunflexo os oxítonos terminados em:


 a(s): cajá, jacá, vatapá;
 e(s): você, café, através;
 o(s): cipó, dominó, avô;
 em/ens: também, ninguém, armazéns.

b. São também acentuadas as formas verbais terminadas em: (a, e, o) tônicas, seguidas
de lo(s), la(s):
 a: recuperá-lo, cortá-lo, animá-las;
 e: vendê-los, fazê-las, convencê-los;
 o: dispô-las, propô-las, compô-lo.

c. Ditongos abertos:
 éi: papéis, anéis, fiéis;
 éu; troféu, chapéu, ilhéu;
 ói; herói, anzóis, faróis.

2.3. PAROXÍTONOS

a. Levam acento agudo ou circunflexo os paroxítonos terminados em:


 i(s): júri, táxi, lápis, grátis;
 us: vênus, bônus, vírus,
 r: revólver, mártir, caráter;
 l: ágil, amável, hábil, desejável;
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 x: tórax, fênix, ônix;
 n: pólen, éden, hífen (mas edens, hifens, sem acento);
 ã(s): imã, órfã;
 ão(s): órfão, órgão, bênção, órgãos;
 ps: bíceps, tríceps;
 on(s): cânon, próton, elétrons;
 um (uns):médium, álbum, fórum, médiuns, álbuns, fóruns.

b. Ditongos crescentes seguido ou não de s: sábio, róseo, régua, árdua, ànsia, tênues,
ingênuo...

2.4. PROPAROXÍTONOS

a. Todos os vocábulos proparoxítonos são acentuados na vogal tônica:


 lâmpada, árvore, tônica, código, ínfimo, gástrico, bêbado, México...

2.5. HIATOS

a. Acentuam-se o /i/ e o /u/ tônicos (seguidos ou não de s) quando forem a segunda vogal
tônica do hiato: Juízo, sanduíche, saúde, reúne, egoísta, baús. Constituído...

b. Continuará valendo esta regra, quando forem vagais seguidas dos pronomes lo, la, los,
las: subtraí-lo, distribuí-los-ei, distraí-la-íamos.

2.6. ACENTO DIFERENCIAL

a. Emprega-se o acento diferencial como sinal distintivo de vocábulos homógrafos (grafia


igual), nos seguintes casos: Nas palavras:
 pôde (passado) ≠ pode (presente);
 pôr (verbo) ≠ por (preposição).

b. É facultativo o emprego do acento circunflexo para diferenciar as palavras forma/


fôrma, desde que garantida a clareza da frase.

c. Nas formas verbais


 singular: ele tem; ele vem; ele intervém; ele mantém;
 plural: eles têm, eles, vêm, eles intervêm, eles mantêm;
 ocorre nos verbos ter e vir, bem como em seus derivados (deter, manter, reter,
intervir, sobrevir, etc.

NOTAÇÃO LÉXICA

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Notação Léxica são certos sinais gráficos que se juntam às letras, geralmente para
lhes dar um valor fonético especial e permitir a correta pronuncia das palavras. São os
seguintes:

1. TIL

O til sobrepõe-se às letras “a” e “o” para indicar vogal nasal. Pode figurar em
sílaba:
 tônica: maçã, cãibra, perdão, barões, põe, etc.;
 pretônica: ramãzeira, balõezinhos, grã-fino, cristãmente, etc.;
 átona: órfãs, órgãos, bênçãos, etc.

2. TREMA

Não se usa mais o trema na letra u, para indicar que ela deve ser pronunciada nos
grupos gue, gui, que e qui: aguentar, arguiar, frequência. O trema permanece nas
palavras estrangeiras e em suas derivadas. Bündchen, Führer, Hübner, Müller,

3. APÓSTROFO

Indica supressão da vogal: mãe-d’ água.

4. HÍFEN

O hífen representa um sinal gráfico, cujas funções estão associadas a uma


infinidade de ocorrências linguísticas, tais como:
 ligar palavras compostas;
 fazer a junção entre pronomes oblíquos e algumas formas verbais, representadas
pela mesóclise e ênclise;
 separar as sílabas de um dado vocábulo;
 ligar algumas palavras precedidas de prefixos.

Com o advento da Nova Reforma Ortográfica, houve mudanças em relação à sua


aplicabilidade. Sendo assim, dada a complexidade que se atribui ao sinal em questão,
temos por finalidade evidenciá-las, procurando enfatizar, em alguns casos, o que antes
prevalecia e o que atualmente vigora.

4.1. Emprego do hífen

a. Com prefixos, usa-se sempre o hífen diante de palavra iniciada por h:


 ex.: anti-higiênico, super-homem;
 exceção: subumano (nesse caso, a palavra humano perde o h).

b. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal diferente da vogal com que se
inicia o segundo elemento:
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 ex.: autoescola, antiaéreo. Aeroespacial, agroindustrial, anteontem, antiaéreo;
 exceção: o prefixo co aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo
quando este se inicia por o: coobrigar, coobrigação, coordenar, cooperar, etc.

c. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa
por consoante diferente de: r ou s:
 ex.: autopeça, autoproteção, coprodução, geopolítica, microcomputador;
 atenção: com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen. Ex.: vice-rei, vice-almirante.

d. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa
por r ou s. Nesse caso, duplicam-se essas letras:
 ex.: antirrábico, antirracismo, antirreligioso, antirrugas, antissocial.

e. Quando o prefixo termina por vogal, usa-se o hífen se o segundo elemento começar
pela mesma vogal:
 ex.: anti-ibérico, anti-imperialista, anti-inflacionário, anti-inflamatório.

f. Quando o prefixo termina por consoante, usa-se o hífen se o segundo elemento


começar pela mesma consoante.
 ex.: hiper-requintado, inter-racial, inter-regional, sub-bibliotecário.

Atenção:
 nos demais casos não se usam o hífen. Exemplos: hipermercado, intermunicipal,
superinteressante, superproteção;
 com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r: sub-
região, sub-raça etc.;
 com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e
vogal: circum-navegação, pan-americano etc.

g. Quando o prefixo termina por consoante, não se usa o hífen se o segundo elemento
começar por vogal:
 ex.: hiperacidez, hiperativo, interescolar, interestadual.

h. Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, usa-se sempre o hífen:
 ex.: além-mar, além-túmulo, aquém-mar, ex-aluno, ex-diretor.

i. Deve-se usar o hífen com os sufixos de origem tupi-guarani: açu, guaçu e mirim:
 ex.: amoré-guaçu, anajá-mirim, capim-açu.

j. Deve-se usar o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se
combinam, formando não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares:
 ex.: ponte Rio-Niterói, eixo Rio-São Paulo.

k. Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam a noção de composição:

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 ex.: girassol madressilva mandachuva paraquedas.

l. Para clareza gráfica, se no final da linha a partição de uma palavra ou combinação de


palavras coincidir com o hífen, ele deve ser repetido na linha seguinte:
 ex.: Na cidade, conta-
-se que ele foi viajar:
 O diretor recebeu os ex-
-alunos.

4.2. RESUMO: EMPREGO DO HÍFEN

a. Regra básica:
Sempre se usa o hífen diante de h: anti-higiênico, super-homem.

Outros casos

b. Prefixo terminado em vogal:


 sem hífen diante de vogal diferente: autoescola, antiaéreo;
 sem hífen diante de consoante diferente de r e s: anteprojeto, semicírculo;
 sem hífen diante de r e s. Dobram-se essas letras: antirracismo, antissocial,
ultrassom;
 com hífen diante de mesma vogal: contra-ataque, micro-ondas.

c. Prefixo terminado em consoante:


 com hífen diante de mesma consoante: inter-regional, sub-bibliotecário;
 sem hífen diante de consoante diferente: intermunicipal, supersônico;
 sem hífen diante de vogal: interestadual, superinteressante.

d. Observações
 com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r sub-
região, sub-raça etc. Palavras iniciadas por h perdem essa letra e juntam-se sem
hífen: subumano, subumanidade;
 com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e
vogal: circum-navegação, pan-americano etc.;
 o prefixo co aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo quando este se
inicia por o: coobrigação, coordenar, cooperar, cooperação, cooptar, coocupante
etc;
 com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen: vice-rei, vice-almirante etc.
 não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam a noção de
composição, como girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas,
paraquedista etc.;
 com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, usa-se sempre o
hífen: ex-aluno, sem-terra, além-mar, aquém-mar, recém-casado, pós-graduação,
pré-vestibular, pró-europeu.

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