Você está na página 1de 3

A ORIGEM E A EVOLUÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA NO TEMPO E NO

ESPAÇO

A língua portuguesa tem a sua origem no latim: o chamado latim coloquial tardio.
Ela é o resultado de uma longa evolução. Quando os romanos passaram a dominar
a Península Ibérica (por um período de mais de cinco séculos), divulgaram a sua
língua, o latim. Foi esta a grande matriz da língua portuguesa.

PROCESSOS DA EVOLUÇÃO DO LÉXICO PORTUGUÊS

A evolução do léxico português, compreendeu alguns processos, dentre eles a


evolução fonética, com tendência de os falantes reduzirem o esforço ao pronunciar
alguns sons. Eis, alguns casos:

Fenómeno de queda – attonitu> tonito> tonto;

Fenómeno de adição- stare> estar;

Fenómeno de permuta- semper> sempre.

Além da evolução fonética, temos a evolução semântica que consiste na alteração


de significado de certas palavras, ao longo dos tempos.Eis alguns casos:

Barba- (queixo, rosto, mento;significado antigo); (camada pilosa que cobre partes
do rosto; significado actual)

Ministro - (escravo, servidor;significado antigo); (cargo superior;significado actual).

Além dos processos já referenciados, incluem-se os estrangeirismos ou


empréstimos (adopção de uma nova palavra, frase ou expressão de uma língua
estrangeira). No entanto, contrariamente ao estrangeirismo, o empréstimo está
perfeitamente integrado no léxico da língua que acolhe.

O neologismo é uma palavra que deu entrada na língua no decorrer de um período


recente e que ainda não foi dicionarizada.

Os neologismos, são vários, a saber:

a) Neologismo morfológico: palavra nova formada por derivação ou por


composição: desnuclearização, ibericidade, etc.
b) Neologismo semântico: atribui de uma nova significação a uma palavra já
existente, como a palavra rato, que passou a designar um dos componentes
periféricos do computador.

c) Neologismos terminológicos ou neónimos: palavras novas que fazem parte de


vocabulários de especialidade (vocabulários técnicos e/ou científicos, como a
economia, a medicina, etc.) e que surgem devido à necessidade de denominar
novos objectos, novas técnicas e novas teorias: biogenética; cartão-inteligente, etc.

d) Neologismos literários ou neologismos estilísticos: são utilizados para conferir


ênfase ao que se pretende transmitir e, na maior parte dos casos, ocorrem apenas
uma vez:”Sou um homem obeditoso aos mandos.

Resumo-me: sou um obeditado.” (Mia Couto, 1991, Cronicando, Lisboa, Caminho,


p.167.).

Relativamente aos empréstimos ou estrangeirismos, os mais frequentes são os de


origem:

a) Inglesa – anglicismos: badminton, boom, breafing, etc;

b) Francesa – galicismos: ballet, bâton, bouquet, dossier, etc;

c) Italiana – italianismos: adagio, cicerone, macarrão, madonnna, etc.

Ao longo da história da língua portuguesa foram introduzidas igualmente no


vocabulário português palavras de:

a) Línguas americanas: arara, caipira, goiaba, etc.

b) Línguas africanas: azagaia, batuque, cacimba, etc.

c) Línguas asiáticas: anil, bazar, bambu, etc.

DIFERENÇAS ORTOGRÁFICAS DO PORTUGUÊS EUROPEU E DO BRASILEIRO

No Brasil emprega-se o trema no u precedido de g ou q e seguido


de e ou i quando é pronunciado: agüentar; tranqüilo. (O emprego do trema foi
abolido em Portugal desde 1945);
No Brasil não se emprega, ao contrário do que acontece em Portugal, o hífen entre
as formas monossilábicas do verbo haver e a preposição de: hei de, has de, etc.

As diferenças na acentuação gráfica estão de um modo geral relacionadas com as


pronúncias diferentes das vogais tónicas que caracterizam a norma do português
europeu e a norma brasileira. Elas incidem em particular no diferente uso do acento
agudo e circunflexo que assinalam a vogal tónica quando ela é aberta ou fechada,
respectivamente.

Vejamos os casos mais significativos de divergência:

Antes de consoante nasal as vogais a, e, o são na norma brasileira pronunciadas


como fechadas e por isso, quando acentuadas graficamente, usa-se no Brasil
sempre acento circunflexo. Assim, no Brasil escreve-se cênico, anatômico, tênis, e
em Portugal cénico, anatómico, ténis. Tratando-se da vogal a, não ocorre
geralmente divergência, por ser neste caso a pronúncia quase sempre
coincidente: ânimo, pânico, ânus;

No Brasil não são acentuadas graficamente as formas da primeira pessoa do plural


do pretérito perfeito dos verbos da primeira conjugação, uma vez que, ao contrário
do que acontece na norma europeia, a vogal tónica é na norma brasileira
pronunciada como fechada.

No Brasil acentua-se graficamente o <e> tónico das palavras terminadas em –


eia quando aquela vogal é pronunciada como aberta: assembléia, idéia (mas feia,
meia). No Brasil não se escrevem as consoantes etimológicas mudas, isto é, não
articuladas: ação, afetiva, ato, direção, adoção, batizar.

Você também pode gostar