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Introdução

O presente trabalho da cadeira de culturas moçambicanas, tem como tema território de grupo
étnico do povo macua onde encontramos vários grupos étnicos. O grupo étnico Mucua, também
conhecido como Makua ou Macua, é um dos maiores grupos étnicos em Moçambique, com uma
população de aproximadamente 5 milhões de pessoas. Eles são predominantemente encontrados
nas províncias de Nampula, Niassa e Cabo Delgado, (Amide, 2008).
São divididos em vários subgrupos, como os Mucua-Lomwe, Mucua-Irite, Mucua-Nare, Mucua-
Saka e Mucua-Nahara. Cada um deles tem suas próprias características linguísticas e culturais,
embora compartilhem certas semelhanças.
A língua Mucua pertence à família das línguas Bantu e apresenta uma variedade de dialectos. O
povo Mucua é conhecido por suas habilidades artesanais, como a cestaria, cerâmica e tecelagem.
Eles também possuem uma tradição musical rica, com danças e cantos que marcam as principais
cerimónias e festivais.
Objectivo geral
 Analisar as praticas, costumes, tradição e cultura do grupo étnico do povo macua
abordado no trabalho.

Objecto específico
 Práticas do grupo étnico macua

Metodologia
Quanto a metodologia utilizada no trabalho, foram as revistas bibliográficas, manuais,
assim como realizando busca nos websites, artigos científicos e outros documentos para
enriquecer o trabalho 5
Território de grupo étnico de macua
O grupo étnico Macua, também conhecido como Makua ou Macua, é um dos maiores grupos
étnicos em Moçambique, com uma população de aproximadamente 5 milhões de pessoas. Eles
são predominantemente encontrados nas províncias de Nampula, Niassa e Cabo Delgado,
(Amide, 2008).
A língua Mucua pertence à família das línguas Bantu e apresenta uma variedade de dialectos. O
povo Mucua é conhecido por suas habilidades artesanais, como a cestaria, cerâmica e tecelagem.
Eles também possuem uma tradição musical rica, com danças e cantos que marcam as principais
cerimónias e festivais.
Além disso, o grupo étnico Macua é caracterizado por sua organização social matrilinear, onde a
linhagem e a herança seguem a linha materna. As mulheres desempenham um papel importante
na família e na sociedade Mucua, ocupando posições de liderança em alguns casos.
Culturalmente, os Mucua são fortemente influenciados por crenças animistas, embora também
haja seguidores do Islã e do Cristianismo dentro do grupo.
Origem e povoamento do grupo étnico macua
O grupo étnico Macua tem uma organização social baseada na linhagem matrilinear, onde a
descendência e a herança seguem a linha materna. As mulheres desempenham um papel central
na sociedade Macua, exercendo poder e influência em várias áreas da vida social e política.
O povoamento Macua é caracterizado por uma estrutura hierárquica complexa, com chefes e
líderes tradicionais que desempenham um papel crucial na tomada de decisões e na mediação de
conflitos. Existem também organizações de jovens e homens adultos que se dedicam à proteção
da comunidade e da terra.
Um autor que se destaca no estudo do povoamento e organização do grupo étnico Macua
(também conhecido como Mucua) é o antropólogo moçambicano Félix Aurélio Ntoto
Martinez. Martinez é especialista em estudos étnicos e culturais em Moçambique, tendo
realizado vários trabalhos sobre as tradições, língua, crenças e costumes dos povos Macua.
História e relações interétnicas de macua
A história do povo Macua e suas relações intersectinicas são ricas e complexas. O grupo étnico
Macua habita a região norte de Moçambique, onde eles mantiveram uma estreita conexão com
outros grupos étnicos da região, como os Swahili, os Yao e os Maconde, através de trocas
comerciais, alianças políticas e intercâmbios culturais.
As suas origens são debatidas, com alguns estudiosos sugerindo que podem ter se originado nas
montanhas, enquanto outros acreditam que podem ter vindo da Tanzânia ou do sul. O povo
Makua também tem uma forte ligação à sua história mitológica, com lendas sobre os seus
antepassados terem nascido numa montanha sagrada chamada Namúli. No geral, a sua história e
relações interculturais são diversas e multifacetadas, reflectindo a sua longa e rica herança
cultural.
O povo macua
Segundo o recenseamento de 1980, eram três milhões e meio de macuas. Há um indiscutível e
fundamental elemento em comum, a língua macua. Este povo apesar de ser numerosa é pouco
estudado, segundo o que dizer dois investigadores macuas da província de Nampula, Calisto
Linha e Alberto Viegas.
Os macuas constituem pelo menos um terço da população moçambicana. Em termos relativos
são o grupo mais numeroso. E contudo, parecem ser o grupo ausentes na história nacional, e o
seu próprio nome de povo soa como uma maldição: Chamar-se macua é uma ofensa, mas nem
sempre foi assim (Linha e Viegas. O jornal do povo. P. 3)
Os ritos
Esterilidade
Um outro pormenor abordado com Martinez é o mal causado pela esterilidade. Segundo ele, a
esterilidade é algo sempre considerado, na sociedade macua, como uma desgraça, um castigo, ou
maldição, consequência directa da transgressão de alguma lei, de um mau comportamento de
acção, de alguém que nos deseja mal. O povo despreza o homem e a mulher estéreis porque
“suspendem a vida” estéreis opõem-se, à transmissão da vida. Com homens e mulheres assim
quebra-se a ligação que nos une aos medianeiros da vida, interrompendo-se a corrente vital. Por
isso o povo macua mantém uma atitude de desde (desprezo altivo) para com os estéreis e os que
não casam.
A gravidez
Durante todo este tempo deve observar-se uma série de normas e respeitar as proibições
estabelecidas pela tradição, para que o embrião se desenvolva bem, a mãe não aborte e o parto
seja fácil. Desta forma se evitará, como diz um adagio citado por Martinez ”que o filho se perca
no caminho da vida” (Martinez, 1993).
No período de gravidez, os pais da criança que se esta formar no seio materno devem continuar a
ter relações conjugais, para que o filho se torne cada vez mais forte, segundo a maneira
tradicional.
Participação familiar
O grupo étnico Macua tem uma organização social baseada na linhagem matrilinear, onde a
descendência e a herança seguem a linha materna. As mulheres desempenham um papel central
na sociedade Macua, exercendo poder e influência em várias áreas da vida social e política.
O povoamento Macua é caracterizado por uma estrutura hierárquica complexa, com chefes e
líderes tradicionais que desempenham um papel crucial na tomada de decisões e na mediação de
conflitos. Existem também organizações de jovens e homens adultos que se dedicam à proteção
da comunidade e da terra.
Segundo (Martinez, 1994), cada nascimento torna mais forte a família, mais intimamente unidas
aos medianeiros da vida, aos antepassados, e por meio deles, à própria fonte da vida, Deus. Desta
forma o seu futuro torna-se mais claro e o seu progresso ainda mais seguro.
.
Proibição tradicional
Parafraseando Martinez, de entre as prescrições deste período específico, indica-se algumas
características mais comuns, que a mulher gravida não pode prestar:
 Não pode acender fogo caseiro na presença do homem;

 Deve abster-se de alguns alimentos, por causa da semelhança simbólica destes com o feto e
com o nascituro (ovos, certos tipos de peixes, banana unidas para evitar gémeos e patas de
galinha, para evitar que, ao nascer criança arranhe a pele da mãe), como viu-se referido
anteriormente.

 Come sempre sozinha, pois encontra-se em estado de segregação social,

 Deve manter um certo comportamento que dê a entender a sociedade o seu estado “liminar”
no vestir (não amarrar a capulana à cintura, mas sim por cima do peito e propositadamente
vestirá de maneira descuidada), no penteado (não deve entrançar o cabelo usar penteados que
demostram cuidados especiais), na forma de andar pela aldeia, na maneira de se sentar em
público ou em sua própria casa na presença de homens, ao cumprimentar falo- á com a cabeça
inclinada, não assistirá às danças, terá cuidados com o modo como dorme.
Estas e outras proibições constituem a educação tradicional que a mulher macua deve cumprir.
Para o efeito outras características que a mulher deve apresentar-se no estado de gravidez é o
corte de cabelo segundo a apreciação de Martinez.
Corte de cabelo
A mulher gravida submete-se ao rito de corte de cabelo, um rito de separação com o qual, através
de um sinal corporal, é mostrada a comunidade o novo estado da mulher que vai ser mãe. A
encarregada de cortar o cabelo à mulher gravida deve pertencer ao grupo das instrutoras, a sua
sogra ou uma anciã da sua família. Este rito de separação é completado pelas usanças (costumes,
hábitos tradicionais) que a mulher gravida deve observar na maneira de vestir e na maneira de se
apresentar em público (Martinez, 1996).
Outra das actividade que a mulher gravida deve observar durante este período é o ensinamento a
partir das mulheres experientes, é dada em forma de instrução que o termo em macua designado
por “IKANO”
Instrução
Durante o período de gravidez, a interessada recebe uma série de instruções apropriadas ao seu
novo estado. As encarregadas de dar esta instrução pré-natal são as mulheres instrutoras, mestras
tradicionais nos vários ritos de passagem, a mulher gravida recebe indicações o estado de
gravidez, sobre o comportamento sexual com o próprio marido e sobre a higiene intima. Outros
termos de instrução são: os ritos que deve realizar, as prescrição e proibição deste período e os
remédios que deve tomar para proteger o feto das suas entranhas.
O parto
Segundo Martinez, o parto propriamente é dito um assunto de competência exclusiva das
mulheres. Só elas podem participar, sendo severamente proibida a presença de homens.
Geralmente nas entidades religiosas tradicionais moçambicanas, particularmente as macuas,
estes tipos de situações são consideradas de tabú para qualquer pessoa (homem é interdito,
crianças e mulheres que não passaram nos ritos de iniciação e que não tiveram experiências
iguais), por isso quando chega o momento de parto procura-se um lugar sigiloso e de máxima
segurança.
O lugar
Segundo as apreciações de Martinez chegado o momento critico de dar à luz, a futura mãe,
algumas anciãs e familiares (com a condição de todos eles terem dado a luz alguma vez) em
caminha-se para um lugar apartado, fora da casa e do pátio da residência da parturiente.
Geralmente, escolhe-se um lugar recolhido do bosque, debaixo de uma árvore.
Coloca-se uma esteira no chão e uma das anciãs, sentada na esteira, recosta nos seus braços a
parturiente. As outras mulheres preparam o necessário para os primeiros auxílios (vasilhas com
água, uma manta e uma pequena faca para corte de cordão umbilical e ajudam a parturiente,
(Martinez.1997)
Se o parto se tornar difícil, recorre-se as práticas rituais de emergência. Em primeiro lugar, uma
das anciãs assistentes ao parto fala com o marido para que este ponha as coisas de casa
(especialmente a roupa) ao ar livre e adapte, mesmo na maneira de vestir, uma atitude de tristeza.
Se os problemas continuam, então deve consultar-se imediatamente o especialista de averiguação
e realizar-se o rito de confissão das faltas. É um rito de autocrítica e de reconciliação realizados
também na iniciação dos jovens e nos ritos de cura.
O nascimento
Ainda nas palavras de Martinez, nascida a criança, a instrutora principal corta o cordão umbilical
e ata o embigo. Imediatamente as outras anciãs lhes dão o primeiro banho com água preparada
nesse momento e nunca com água preparada anteriormente. O primeiro banho é, ao mesmo
tempo, uma medida de higiene e um rito de purificação, pois a criança esteve em contacto directo
com o sangue da mãe e é necessário que perca a contaminação ritual adquirida. Trata-se
igualmente de um rito de protecção, porque o recém-nascido acaba de entrar no mundo e, sendo
tão fraco corre toda espécie de perigo. Completa-se esta primeira parte com os ritos de “corte do
cabelo” da criança e com o do “escondimento da planceta “ (Martinez.op.cit.8.89.)
O anúncio do recém-nascido
No nascimento de uma criança, as mulheres gritam ELULU para manifestar alegria pelo êxito do
parto como foi afirmado anteriormente. Ao ouvir este grito, toda a gente fica a saber que o parto
ocorreu bem e que não houve complicação. O grito de ELULU, pode ter maior ou menor
duração, conforme o sexo da criança será mais prolongada se tratar de uma menina, porque a
menina, no futuro irá aumentar a família e não abandonará a casa, pelo contrário o grito do
menino terá menor duração, porque este quando for adulto abandonará a sua casa para beneficiar
o crescimento de uma família distinta da sua.
Martinez, na sua obra afirma que já não se usa ritos que indicava, simbolicamente, o sexo da
criança. Para tal, uma das assistentes do parto mostrava aos presentes, no pátio da casa onde
nascerá a criança, um pilão se tratava de uma menina, e pau grande de pilão ou uma lança, se
tratava de um menino.
O nome da criança
Segundo a apreciação de Martinez, com o rito da atribuição do nome, o recém-nascido fica
individualizado no processo de incorporação à família e à sociedade. A esta atribuição é da
competência de um das familiares mais próximas (tio materno, os outros tios, o pai, os avos ou
alguma pessoa particularmente ligada à família). O nome que se da criança pode indicar várias
coisas: um desejo realizado em seu nascimento, um acontecimento importante na vida da família,
a recordação dos antepassados da família, um pressentimento ou outra coisa qualquer com algum
significado para a família.
Segundo M.E.Maloa, o nome macua é um elemento social que designa a natureza das coisas em
si mesma. Por isso, segundo este sacerdote macua, há um intrínseco, vital que se recebe na
iniciação, um nome ocasional imposto pelas circunstâncias e um nome extrínseco, sem grande
influência (apud.Martinez.1989.p.101).
Para NTAHOMBAYE, os nomes são também um a realidade heterológicas, uma expressão
cultural tanto na sua génese como no conteúdo (apud. Martinez.Ibdem). É de sintetizar que os
nomes na sociedade macua são dados de acordo com a cultura e a tradição. Segundo a mesma
apreciação iremos aqui considerar os diversos ritos na sociedade macua após o nascimento da
criança, observa-se alguns ritos que devem cumprir e outros não devendo praticar.
Os ritos proibidos
 As proibições mais comuns são as seguintes:
 Os pais do recém-nascido não podem ter entre si relações sexuais durante todo o tempo
de amamentação da criança;

 O pai não deve entrar em casa para ver a criança enquanto não se realizarem as
cerimónias de “fogo já apagado”, por causa da cicatrização do umbigo;

 A mãe deve abster-se, durante todo período de amamentação da criança, de certos


alimentos que pela sua cor, tamanho ou forma possam recordar a fragilidade da criança
(mel, papaia, certos peixes, etc.)
 Durante este mesmo período de tempo, todas as mulheres que ajudaram e estiveram
presentes no parto devem abster-se de relações sexuais.

 As pessoas solteiras não podem pegar na criança até ao referido dia da cicatrização do
umbigo, entre outros ritos (Martinez,1989)

O desmame
Martinez, afirma que depois da criança aprender a caminhar, realiza-se o “rito de desmame”.
Este rito consiste fundamentalmente, num banho da criança, ao qual assistem todos os membros
da família, o chefe da aldeia e os chefes da linhagem dos restantes familiares da aldeia. É um rito
de purificação e ao mesmo tempo um rito de integração definitiva da vida. Com a realização
deste rito termina todas as proibições rituais no âmbito sexual, alimentar e de protocolo. A partir
desse momento os pais da criança podem recomeçar as relações conjugais intimas e todas as
actividades familiares e sociais.
Fenómeno da morte
A morte da sociedade macua
Martinez diz que um povo como o macua, que da tanta importância a vida e tudo o que possa
defender, conservar e transmitir considerando-a como um valor absoluto, encontra na morte o
seu inimigo.
Através da realização de ritos fúnebres o povo macua vive momentos decisivo do ciclo vital: a
passagem definitiva do estado visível a um estado invisual. Os espíritos são os vivos por
excelências, dotados por uma vida que dura sempre e de poderes sobre humanos, capazes de
influenciar a vida da sociedade e dos seus seres visíveis (Martinez. 1989, p.207.)
Segundo Martinez, a morte é uma mudança de estado, que supõe ao mesmo tempo, ruptura e
continuidade. O que subsiste do antigo estado no novo é, fundamentalmente a identidade
essencial da pessoa, aos laços familiares(quem morre continua a pertencer a sua própria família)e
sociais(o falecido continua a ser membro da sociedade a que pertence).
Para o macua, uma boa morte é que chega conforme o previsto pela tradição, tendo em conta
vários factores. Tempo (idade avançada da morte) dissidência (deixando muitos filhos), lugar
(morrer na própria aldeia e na própria casa), e algumas modalidades (morrer sem grande
sofrimento, em presença dos familiares mais chegados, não deixando questões pendentes de
solução e sem paz com a família e com a sociedade) Ao contrario uma morte má é a que sucede
de improviso (com pouca idade) ou de forma violente (assassínio, homicídio ou acidente).
Também é má morte de uma pessoa estéril, porque não deixa descendência, ou dificuldades
económicas (dividas por liquidar). ( Ibidem p.208)
Aviso dos familiares e conhecidos
Segundo Martinez, a comunicação da morte de um membro da família deve ser feita
imediatamente a todos os familiares que vivam na mesma aldeia ou aldeias próximas. Aos que
vivem longe envia-se mensageiros, para que possam assistir ao enterro, e eles procuram cumprir
essa missão, se a distância entre as suas casas e a aldeia do morto não ultrapassar, para ida e
volta um dia de caminho: é que o enterro realiza-se normalmente, dentro de 24 horas.
A preparação do enterro e o lugar da sepultura
Segundo Martinez, o tio materno mais velho do falecido ou, na falta deste, o que o segue por
ordem de importância na família assume a responsabilidade de organizar a cerimónia para a
realização dos ritos fúnebres, distribuindo os encargos entre os familiares e pessoas mais
chegados: uns encarregam-se de tratar o cadáver com várias abluções e unções e o do envolver
num pano grande e numa esteira, outras preparam a cova no lugar indicado pelo familiar, outras
preparam a comida para todos os que participarão no funeral e a água para
abluções. A sepultura do cadáver faz-se normalmente, num lugar escolhido pelo tio materno
mais velho do defunto, fora da aldeia, afastados dos caminhos entre as arvores do bosque.
Quando se trata do chefe da aldeia ou do regulo, costuma escolher-se um lugar especial perto da
sua casa.
A profundidade da cova depende da idade do falecido, e a forma depende do gosto dos
familiares.
O velório
O cadáver devidamente preparado com abluções e unções, feitas pelos familiares mais próximo
e outros anciões da aldeia, é envolvido num lençol branco e colocado no chão, encima da esteira
que o defunto usava em vida para dormir. Junto do cadáver sentado no chão, vestidas de roupa
velha, sem adornos e despenteados, fazem vela as mulheres da família e os amigos.
Os homens, familiares do defunto reúnem-se noutro lugar à parte, sempre perto do lugar onde jaz
o cadáver, geralmente no pátio da casa, enquanto esperam que o tempo passe, compartilham a
dor e tristeza pela morte do familiar e amigos e entoam cânticos em forma salmodia em
perguntas e comentários dirigidos ao defunto sobre a sua vida. Neste momento entra em acção o
especialista em diminuir a tensão psicológica do rito, este ridiculariza a vida do defunto e a de
outros falecidos, e inclusivamente, a vida de algumas pessoas vivas relacionados com o defunto.
Os familiares do defunto e os habitantes da aldeia deixam os seus trabalhos e ocupações
habituais para poderem participar no velório e dos outros ritos fúnebres. Ficam excluídas destes
ritos pessoas não iniciados. Os familiares mais chegados cortam o cabelo, rapam mesmo a
cabeça vestem-se com roupas velhas, como sinal de luto. (Martinez, 1989, p.213)
O funeral
Quando os encarregados de abrir a sepultura acabam o trabalho, avisam os familiares que
ficaram em casa a velar o morto. Então, o chefe da família ou o familiar mais intimo do defunto
envia dois homens, escolhidos entre os familiares, para verificarem o estado da sepultura e o
cumprimento dos costumes tradicionais. Estes emissários comunicam em que parte da cova se
deve fazer o nicho secundário, ou ao lado no interior da cova ou no centro da mesma, no qual se
deposita o cadáver. (Ibidem)
O cortejo fúnebre
Segundo Martinez, quando regressam ao lugar do velório os que foram enviados ao cemitério,
organiza-se o cortejo fúnebre. Os homens vão à frente levando o cadáver envolvido numa esteira,
(...) atrás a uma certa distância, seguem as mulheres.
Nas povoações onde a influência muçulmana é maior, as mulheres não participam, nesta fase do
funeral, ficando em casa com o grupo que prepara a comida para refeição comunitária. Todos os
participantes no cortejo fúnebre acompanham o cadáver até ao cemitério, conservando profundo
silencio durante o caminho.
O último adeus
Segundo Martinez, o nicho onde se depôs o cadáver, no interior da cova, é tapado com paus e
folhas, ficando o cadáver isolado do contacto directo com a terra que se deita para tapar a cova.
(...). O chefe da família, agora de joelhos, junto da cova, atira com a mão direita um pouco da
terra na direcção da cabeça do defunto; repete a mesma operação com a mão esquerda e depois
faz os mesmos na direcção dos pés. Em seguida os outros familiares e restantes participantes no
rito deitam terra na cova para taparem por completo até uma altura de meio metro acima do nível
do terreno. Nada deve ficar em volta da sepultura, deve ficar limpo e dessa forma que Martinez,
diz que não deve ficar nenhuma pegada, pois no dia seguinte, de madrugada será enviado um
emissário para controlar o estado da sepultura e ver se alguém se aproximou, animal ou pessoa,
para a danificar. Segundo a mesma ordem, as pessoas presentes vão procurar água para se
lavarem das impurezas.
O banho e as refeições comunitárias
Todos participantes no enterro, depois do rito dirigem-se ao rio mais próximo ou onde não há rio,
a um lugar onde se preparou a água para o efeito, e ali se lavam, assim como os instrumentos
usados na preparação da sepultura. Primeiro fazem-no as mulheres, depois, os homens. Na casa
do defunto, todos os que voltam do cemitério devem lavar as mãos com a água e um remédio
preparado para a ocasião, que o chefe da família conhece (Martinez:1989, p.215).
Aos que participam no enterro é- lhe oferecido uma refeição por parte dos familiares do defunto,
em sinal de comunhão e de agradecimento. Tem o significado de comunhão intima com o
falecido e com os demais antepassados e de união social entre os familiares e os membros da
comunidade. Acabada a refeição, alguns familiares ficam para fazer companhia à família durante
as primeiras noites. Os outros regressam as suas casas. Voltarão 3 dias para a celebração do
sacrifício (Idem: 215)
O luto e os sacrifícios tradicionais
Com a celebração do enterro, começa o período de margem, durante o qual a família do falecido
se encontra de luto pela morte do familiar (Apud.Martinez. 1989). Este período tem,
normalmente, a duração de um ano, dividido em duas partes, “o luto grande”, com a duração de
30 dias e 40 dias, “o luto pequeno”, o resto do tempo até ao primeiro aniversário (Mrtinez 1989,
p.216)
Durante este tempo cuida-se de maneira especial do estado de conservação da sepultura de
manhã cedo, pelo menos durante a primeira semana, um ancião da família encarrega-se desta
tarefa. Se descobre alguma coisa especial, deve comunica-la imediatamente ao chefe da família
do falecido para se investigar o sucedido e se oferecer o sacrifício expiatório, consultando o
especialista da investigação se for necessário (Idem, p216).
Segundo Martinez, para recordar a memória do defunto e desejar que nada lhe falte na sua
viagem definitiva para outra vida, onde esperam os antepassados, os seus familiares oferecem-
lhe (...) a farinha e a bebida do sacrifício. O encarregado de orientar a oração principal é o chefe
da família. Todos os presentes ouvem a oração sentados no chão a volta da sepultura em
profundo silêncio. No fim aplaudam batendo palmas levemente em sinal de aprovação
Prescrição e proibição tradicional
Segundo Martinez, durante o período de luto, as normas tradicionais estabelecem certas
orientações no procedimento dos familiares mais próximos do defunto as quais devem ser
entendidas nas perspectivas cultural da sociedade macua. Algumas prescrições e proibições
apoiam-se na sabedoria popular, fruto das experiências de várias e gerais: algumas prescrições
são:
 Obrigação de participar em todos os ritos e observar o luto;

 As pessoas que entram em contacto com alguma coisa que pertenceu ao defunto devem
fazer abluções purificatórias;

 As famílias são obrigadas a contribuir para as despesas do funeral e sustento dos órfãos
ou das viúvas, se isso for necessário, os amigos e a outras pessoas da aldeia também o
podem fazer (Martinez, 1989).

Segundo as mesmas reflexões as proibições são:


 No dia de enterro estão proibido os alimentos, a pessoa deve ficar como o jejum total, e
nos dias em que celebram os aniversários o jejum parcial,
 Abstinência sexual obrigatória para as familiares mais próximas, e absoluta durante o
grande luto e parcial durante o resto do luto.
Conclusão
Em suma, Concluindo, o povo Makua é um grupo étnico Bantu com uma história, cultura e
línguas ricas e complexas. Enfrentaram vários desafios, conflitos e relações interculturais ao
longo da sua história, mas mantiveram a sua identidade e tradições únicas. As suas competências
metalúrgicas e actividades comerciais têm sido aspectos significativos da sua cultura, e as suas
ligações à sua história mitológica e locais sagrados continuam a ser importantes. Apesar da sua
história diversificada e multifacetada, o povo Makua continua a ser uma parte significativa e
integrante da paisagem cultural e étnica de Moçambique e da Tanzânia.
O povoamento Macua é caracterizado por uma estrutura hierárquica complexa, com chefes e
líderes tradicionais que desempenham um papel crucial na tomada de decisões e na mediação de
conflitos. Existem também organizações de jovens e homens adultos que se dedicam à protecção
da comunidade e da terra.
Referencias Bibliográfica
Martinez, Francisco Lerma. O povo macua e a sua cultura. Sd. I.S.B.N. Lisboa. 1989.
Mlazi. Ezequiel Pedro Gwembe. Iniciação tradicional africana em Moçambique. E.P. África.
Col-Inculturação-4.1989
Dicionário Universal de língua portuguesa. Texto Editora.Lisboa 2000

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