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INSTITUTO DE LETRAS
COORDENAÇÃO ACADÊMICA DE ENSINO
ÁREA DE FILOLOGIA
DISCIPLINA: LETA23 INTRODÇÃO À LINGUÍSTICA ROMÂNICA
DISCENTE: GUILHERME LAVIGNE LINS SILVA
Instruções:
1. As atividades deverão ser feitas individualmente ou em duplas.
2. A atividade vale 5,0 (cinco inteiros). Os valores de cada questão estão entre
parênteses. Atente para os valores. Responda somente as questões que estão com
valor.
3. Os enunciados introdutórios não se constituem questão, mas pistas para
direcionar o raciocínio sobre o que de fato se quer perguntar.
4. Os fenômenos que deverão ser analisados estão em destaque (negrito) e
transcritos em símbolos do alfabeto fonético internacional.
1. VOCALISMO LATINO/ROMANCE
1.1 Observe o quadro seguinte, relativo ao vocalismo românico tônico:
1.1.2 Vejamos agora exemplos de outras mudanças linguísticas no latim e nas línguas
românicas em relação às vogais. Identifique o fenômeno representado nos exemplos
seguintes (0,5):
FĚLE [e], [e] > port., cat., prov. fel [ε] esp. hiel, fr. fiel, it. fiele [ye]
O primeiro -e breve (média-alta e fechado) do latim resulta em –ε (média-baixa e aberto)
no português, catalão e provençal. Já no espanhol, francês e italiano, línguas onde a
ditongação é recorrente, o -e breve ditonga mas mantém a vogal média-alta e fechada. O
segundo -e da palavra sofre apócope em todas, menos no italiano.
RŎTA [o] > port., cat., prov. rota [ͻ], esp. rueda [we], fr. arc. ruede [we], it. ruota [wo]
Em português, catalão e provençal, o -o breve (média-alta e fechado) resulta em -ͻ
(média-baixa e aberto). Já no espanhol e francês ditonga trocando o -o posterior por -e
anterior. No italiano, há ditongação, mas mantém a vogal posterior.
CAECUS [ay] > [ε] > it. cieco, ant. fr. cieu, esp. ciego [ye] prov., cat. cec, port. cego [ε]
Os ditongos latinos ae e oe já estão monotongados no latim vulgar do séc. I d. C.,
tornando-se ae > ɛ. No italiano, francês e espanhol a vogal latina -ɛ (média-baixa e
aberta) passa a -e (média-alta e fechado). Nas línguas que não ditongam, a média-baixa
aberta se mantém.
LĚPORE [o] > it. lepra, fr. lièvre, prov., port. lebre, cat. llebre, esp. liebre
A síncope de vogais postônicas (desaparecimento da vogal no meio da palavra) resulta
no desaparecimento da maior parte das proparoxítonas nas línguas românicas.
2. CONSONANTISMO LATINO/ROMANCE
2.1. Observe o quadro de consoantes latinas (adaptado de Väänänen, 1968, p. 90) para
identificar os fonemas existentes na língua latina standard. Do ponto de vista do modo
de articulação, na série de oclusivas orais há três pares mínimos de fonemas que se
opõem: p/b; t/d; k/g. Entretanto, na série das fricativas a situação não é a mesma.
Labiais Lábio- Dentais- Palatais Velares Laringais
velares alveolares
+ - + - + - + - + -
Oclusivas Orais b p d t g k
Nasais m n
Fricativas f w r s y h
(u) l (i)
2.1.1 O que se observa em relação aos fonemas fricativos no latim standard (0,25)
Faltava a sonora [v], que faria par com a surda [f]; a dental alveolar surda [s] também
carecia de seu par sonoro [z]. Não existia uma gama de fonemas que hoje estão presentes
nas línguas românicas, como a lateral palatal [λ], as fricativas palatais alveolares [ʃ] e [ʒ],
além da série de africadas [dz] e [dʒ], [ts] e [tʃ].
CĚNTUM [k] > it. cento [tʃ], fr. cent [s], prov. cen [s], cat. cent [s], esp. ciento [θ], port.
cento [s]
Oclusiva velar latina k em posição inicial diante de vogais anteriores palataliza-se. No
italiano, passa como africada e nas demais como fricativas.
FACĚRE [k]> rom. face [ts], it. fare, fr., prov. faire, cat. fer, esp. hacer [θ], port. fazer
[z]
Oclusiva velar latina k em posição medial diante de vogais anteriores palataliza-se no
romeno, espanhol e português. Nas demais, há síncope.
GĒLU > rom. ger [dZ], it. gelo [dZ], fr. arc. gel [Z], prov. gel [Z], esp. hielo, port. gelo [Z]
Oclusiva velar latina k em posição inicial diante de vogais anteriores palataliza-se. No
italiano e romeno passa como africada e em francês, provençal e português como
fricativas. No espanhol, o g passa regularmente a ie, dando gie, que se reduz a ie.
COAG(U)LU [gl] > it. caglio [λ], prov. calh [λ], cat. call [λ], port. coalho [λ]
Na posição medial, os grupos consoante + l tendem à palatalização. Ocorre síncope da
pós-tônica.
PLĒNUS [pl]> it. pieno [py], fr. plein, prov., cat. ple [pl], esp. lleno [λ], port. cheio [ʃ]
Na posição inicial, os grupos consoante + l no francês, catalão e provençal se mantêm.
No italiano houve vocalização da consoante L, e no espanhol e português palatalizam.
VĚRRŪCA [w] > [v] > it. verruca [v], sard. camp. berruga [b], prov. cat. verruga [v],
esp. verruga [β]
Betacismo (troca do “v” por “b” ou “β”) no sardo, no espanhol e no italiano.
No português coloquial há utilização das variantes “brabo” (bravo) e “bassoura”
(vassoura).
PLANCTUS > it. pianto [py], sard. log. prantu [pr], ant. fr. plaint [pl], prov. planh [pl],
cat. plant [pl], esp. llanto [λ], port. ant. chanto [tʃ], port. mod. pranto [r],
Rotacismo (troca do “l” por “r”) no sardo e no português.
No português coloquial há utilização das variantes “praca” (placa) e “bicicreta”
(bicicleta).
ALTER > it. altro, fr. autre, esp. otro, port. Outro
Metátase (troca de lugar dos fonemas) em todas as línguas acima.
No português, há utilização das variantes “tauba” (tábua) e “drobar” (dobrar).
Bom trabalho!
Risonete