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Nome: Jeanine Costa Lourenço de Souza

Data : 06/06/2021
Disciplina: Introdução à Linguística Românica
Professora: Risonete Batista de Souza
Trabalho: Segunda Avaliação Escrita

No latim clássico, os nomes se dividiam em 5 declinações, e


cada uma das declinações tinham 6 casos (nominativo, vocativo,
acusativo, genitivo, dativo e ablativo). Tais casos indicavam a relação
entre as palavras, pois o latim não tinha artigos e as preposições
eram utilizadas com moderação. Consequentemente, as diversas
funções sintáticas eram indicadas pelas terminações das palavras, e
cada terminação indicava um caso ou uma função sintática, ou seja:

Nominativo – caso do sujeito e do predicativo


Vocativo- indica a pessoa ou coisa a que nos dirigimos
Acusativo – caso do objeto direto
Genitivo – caso do complemento nominal e do adjunto adnominal
Dativo- caso do objeto indireto
Ablativo – caso dos adjuntos adverbiais

No entanto, as cinco declinações passaram a confundir-se, a


a
5 com a 1ª e a 4ª com a 2ª. Tal confusão generalizou-se de tal forma
que ocasionou o desaparecimento da 5ª e da 4ª declinações.

Quanto aos casos, se reduziram a apenas dois, por causa


do largo emprego das preposições para indicar funções sintáticas (o
nominativo e o acusativo). Assim, as funções dos outros casos
passaram a ser indicadas pelo acusativo preposicionado. Em
algumas regiões, como em Portugal, esses dois casos fundiram-se,
restando apenas o acusativo, de onde se derivam várias palavras
portuguesas, e por esse motivo, é chamado de caso lexicogênico, ou

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seja, criador do léxico, do vocabulário. Na România, os casos latinos
também foram reduzidos a dois: casus rectus (nominativo / vocativo)
e casus obliquus (genitivo / dativo / acusativo / ablativo), ainda
presentes no francês e provençal arcaicos, vigorando a tendência de
esclarecer as funções sintáticas mediante preposições.

Quanto ao gênero, no latim existiam três: o masculino,


feminino e o neutro.
A desinência portuguesa indicativa do masculino “o”, originou-se do
acusativo singular da segunda declinação:

Ex: VINUM [v] > rom. vin [v], it. vino [v], sard. bino [b], fr. vin [v], esp.
vino [β], port. vinho [v].
CERVUS [v] > rom. cerb [b], it. cervo [v], sard. kerbu [b], fr., prov.
cerf [f], cat. cervo [v], esp. cervo [β], port. cervo [v].

O feminino, tem sua origem no acusativo singular de primeira


declinação., como a palavra “vagina”, que era o termo dado a bainha
que cobria a lâmina de uma espada.

Lat. VAGINA > it. guaina [g], venez. vazina [v], sard. báina [b], fr.
gaine [g], prov. guaina [g], cat. bayna [b], esp. vaina [β], port. bainha
[b]

Já os nomes neutros passaram para o masculino ou feminino:

CAUSA [aw] > it. cosa [o], fr. chose [o], prov. kauza [aw], esp. cosa,
port. coisa/cousa [oi]/[ou].

Nota: Em Italiano, “cosa” também significa “o que” (masculino), além


de “coisa”.

Os adjetivos são em regra geral, provenientes de adjetivos


latinos que, quase sempre, tinham 3 formas: o masculino, o feminino
e o neutro. Com o desaparecimento do neutro, restaram as outras 2
formas que deram origem às formas correspondentes dos adjetivos
portugueses:

Ex: certu - certo


certa- certa

Outros adjetivos, no acusativo, só possuíam duas formas


diferentes, no masculino e feminino e outra para o neutro. Como o

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neutro desapareceu, restou apenas a forma q servia para o
masculino e o feminino, que deram origem aos adjetivos uniformes ,
ou seja, de dois gêneros como em : brevis – breve.

Houve, porém, alguns adjetivos oriundos de segunda classe,


que por analogia, receberam no português desinência no feminino,
como em : português – portuguesa.

O artigo é uma criação românica. O artigo definido teve


origem nos demonstrativos latinos ILLE e IPSE, enquanto o
indefinido vem do numeral cardinal UNUS.

Redução das conjugações latinas:

O Latim Clássico possuía quatro conjugações verbais,


caracterizadas no infinitivo pelas seguintes terminações:

1ª Conjugação -are: amare: A 1ª conjugação era não só a mais


produtiva como também a mais resistente, recebendo verbos de
outras conjugações, não perdendo nenhum.

Lat. ADJUTARE [dʒ] > it. aiutare [y], sard. adzudare [dz], fr. aider [y],
prov., cat. ajudar [ʒ], esp. ayudar [y], port. ajudar [ʒ].

2ª Conjugação -ēre: ardēre: Houve, desde cedo, certa preferência


pela 2ª conjugação em –ēre, devido ao uso dos paroxítonos na fala
popular. Assim, a 2ª conjugação do latim vulgar, resultou da fusão da
2ª com a 3ª do latim clássico, como por exemplo em :

ponĕre > ponēre > põer/poer (arc.) > pôr


dicĕre > dicēre > dizer

Ainda mais, no próprio latim clássico, havia verbos que se


conjugavam ora pela 2ª, ora pela 3ª como em :

fervĕre > fervēre > ferver


stridĕre > stridēre > ranger.

3ª Conjugação -ĕre: facĕre: Esse tipo corresponde à 4ª do latim


clássico, como por exemplo em :

audire > ouvir


punire > punir

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Foi formada ainda por verbos vindos da 2ª e da 3ª:

fugĕre > fugire > fugir


lucēre > *lucire > luzir.

Em seguida, a 3ª conjugação se ampliou, recebendo verbos de


outras conjugações:

cadĕre > cadēre > caer (arc.) cair


corrigĕre > corrigēre > correger (arc.) > corrigir.

Os verbos em -ĕre, de introdução mais recente, passaram à


3ª conjugação em -ir:

affluĕre > afluir


illludĕre > iludir

4ª Conjugação -ire: partire: Acabou desaparecendo na


passagem do latim para o português, por terem se fundido nas outras
conjugações.

Lat. AUDĪRE [aw] > rom. auzì [aw], ant. fr. oir [o], prov. auzir [aw],
esp. oir [o], port. ouvir [ou].

Referências:

AT Goulart, OV da Silva. Estudo dirigido de gramática histórica e


Teoria da Literatura. Editôra do Brasil,1975. p. 73-79

AMARANTE, J. Latinitas: leitura de textos em língua latina.


Elegias, poesia épica, odes. Salvador: EDUFBA, 2015. p. 36-37.

LAUSBERG, H. Linguística Românica. Trad. Marion Ehrhardt e


Maria Luísa Schemann. 2a ed. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1981. p.
245-355, 377-444.

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