Você está na página 1de 6

17/03/2018 ASPECTOS COMPARATIVOS ENTRE O ESPANHOL E O PORTUGUÊS

<<

ASPECTOS COMPARATIVOS
ENTRE O ESPANHOL E O PORTUGUÊS

Alfredo Maceira Rodríguez (UCB)

Introdução

O espanhol e o português são duas línguas românicas que têm muito em comum, além de sua proximidade geográfica e de sua origem.
O espanhol é, com exceção do galego, que teve origem comum com o português, a língua que tem mais afinidade com o português.
Neste estudo assinalaremos apenas alguns aspectos distintivos, do ponto de vista sincrônico, entre as duas línguas na atualidade.
Veremos em primeiro lugar algo da comparação fonético-fonológica entre as duas línguas, assim como algumas diferenças morfológicas
e lexicais que nos pareceram mais relevantes. Destacaremos também as principais diferenças sintáticas que separam o espanhol do
português.

O quadro vocálico do português

No português existem vogais orais e nasais. As orais [o] e [e], em posição tônica, podem ser abertas ou fechadas. A rigor classifica-se
como aberta apenas o [a], a mais baixa das vogais. O [i] e o [u] são fonemas vocálicos fechados e altos, o [e], o [o], além de uma
realização de um [a] fechado, mais comum em o quadro: Portugal .Assim, no português do Brasil existem 7 vogais orais e 5 vogais
nasais. Total: 12 fonemas vocálicos em posição tônica. Em posição átona não existem vogais abertas, sendo que em posição átona final,
o quadro vocálico do português fica reduzido a três fonemas vocálicos: a, i, u porque o e e o o fechados ficam reduzidos,
respectivamente, a i e u: pele [´peli], dedo [´dedu]

O quadro vocálico do espanhol

O quadro vocálico do espanhol é muito simples. Consta apenas de cinco fonemas:

Não existem no espanhol vogais abertas com distinção fonológica, embora foneticamente haja realizações com maior ou menor abertura
vocálica. Os fonemas vocálicos abertos provenientes do latim vulgar permaneceram em português, mas ditongaram-se em espanhol:
petra> pedra, (esp) piedra; forte> forte, (esp) fuerte. O mesmo quadro vocálico mantém-se em posição átona, pois não há elevação
vocálica nem mesmo em posição final: leche [´letfe], dedo [´dedo].

A nasalização de vogais tampouco ocorre em espanhol, ao menos com valor fonológico.

Os ditongos

Por um lado observa-se no espanhol grande número de ditongos ie e ue, provenientes da ditongação das vogais e e o abertas do latim
vulgar: hierro, cielo, diente, rueda, cuerda, etc. Por outra lado observam-se em português muitos ditongos em ei, provenientes de vogal
+ iode e de ditongação de consoantes: primariu > primairu > primeiro, esp. primero; lacte > laite > leite, esp. leche; basiu > beijo,
esp. beso. O ditongo latino au deu origem ao português ou, embora foneticamente se tenha monotongado. Ocorre o mesmo com a
ditongação do l. Em espanhol, este ditongo logo se monotongou: tauru > touro, esp. toro; alteru > outro, esp. otro; saltu > souto, esp.
soto.

Como vemos, o quadro vocálico do português é muito mais rico que o do espanhol, o que ajuda a explicar a propalada maior dificuldade
que têm os falantes do espanhol em compreender o português falado, o que ocorre em menor grau na direção inversa.

O quadro consonantal

A realização fonética dos fonemas consonantais coincide em grande parte nas duas línguas. Apontaremos apenas alguns dos fonemas
que mais se afastam:

a) Fonema [b].

Não existe em espanhol o fonema [v] do português. Este fonema representa-se graficamente por b ou v. A permanência da diferença
gráfica obedece apenas a critérios etimológicos.

b) Fonema [tf], representado graficamente por ch

Este fonema em espanhol tem pronúncia africada [tf] diferente da do fonema fricativo palatal surdo [f] do português, que pode ser
representado graficamente pelo mesmo dígrafo: Esp. muchacho [mu'tfatfo], chino ['tfino]. Port. chave ['favi], xarope [fa'ropi].

c) Fonema [š] do português.

Fonema fricativo palatal sonoro. Não existe no espanhol.: hoje ['oši], mágico ['mašiku], jaca ['šaka]

d) Fonemas [s] e [z]

Em português existem o fonema sibilante fricativo surdo [s] e o sonoro [z]: passo ['pasu], maço ['masu] (surdo); casa ['kaza], zebra
['zebra] (sonoro).

No espanhol só se conhece o fonema equivalente surdo: casa ['kasa], paso ['paso]

e) Fonemas [f] e [š]

Os fonemas fricativos palatais, surdo [f] chapa ['fapa] e sonoro [š] jato ['šatu], não ocorrem no espanhol.

f) Fonema [θ]

O fonema fricativo surdo dental [θ] do espanhol: ciento ['θiento], moza ['moθa], não existe em português. Sua pronúncia assemelha-se
ao do th do inglês em think, three. Nas zonas em que se pratica o seseo, este fonema realiza-se como [s].

g) Fonema [x] (grafado com j em qualquer posição ou com g antes de e, i)

O fonema [x] consonantal fricativo velar surdo não existe no português: caja ['kaxa], gitano [xi'tano], cojo ['koxo], gente ['xente]. A
pronúncia deste fonema assemelha-se à do h aspirado do inglês em house, horse.

http://www.filologia.org.br/viisenefil/01.htm 1/6
17/03/2018 ASPECTOS COMPARATIVOS ENTRE O ESPANHOL E O PORTUGUÊS
Com relação ao quadro consonantal, verificamos que há realizações diferentes em ambas as línguas, mas também aqui o português é
mais rico que o espanhol, embora não cause tanta dificuldade para a compreensão, como ocorre com o quadro vocálico. No que tange à
fonologia das duas línguas, podemos observar que as semelhanças são em maior número que as diferenças. Ambas possuem fonemas
que não são comuns às duas, embora a fonologia portuguesa se apresente mais rica e, portanto, mais complexa.

Algumas evoluções
fonético-morfológicas diferentes

Entre as evoluções fonético-morfológicas que seguiram rumos diferentes em português e o espanhol temos:

a) Fonema [f]:

Este fonema do latim vulgar permaneceu em português, mas desapareceu foneticamente em espanhol, sendo representado
graficamente pela letra h: ferru > ferro, hierro; facere > fazer, hacer; filiu > filho, hijo; folia > folha, hoja.

O f existe em espanhol porque provém de outras origens ou entrou na língua em outras épocas: forti > forte, fuerte; fabrica > fábrica.

b) Sufixo –ellu:

Este sufixo latino deu em português –elo, -ela e em espanhol –illo, -illa: castellu > castelo, castillo; cutellu > cutelo, cuchillo; martellu >
martelo, martillo; *capella > capela, capilla; sella > sela, silla.

c) Grupos ct e ult.

Estes grupos evoluíram para it em português e para ch em espanhol: factu > feito, hecho; lacte > leite, leche; nocte > noite, noche;
multu > muito, mucho.

Já vimos que o espanhol ditongou o e e o tônicos do latim vulgar: dente > diente; porta > puerta, porém essa ditongação não ocorreu
antes de consoante palatal: oculu > oclo > ojo; nocte > noche; tegula > tegla > teja. (olho, noite, telha).

d) Grupos consonantais iniciais com l:

Os grupos pl-, cl- e fl- palatalizaram-se em espanhol em ll- e em português em ch-: planu > chão, llano; clamare > chamar, llamar;
flamma > chama, llama.

e) Grupo –mb-:

Este grupo perde o m em espanhol, mas permanece em português: palumba > paomba > pomba (port); palumba > paloma (esp).
lombu > lombo (port); lombu > lomo (esp).

Pronomes

Nos pronomes pessoais, quanto à forma, uma das diferenças é constituída pelas formas do plural do espanhol: nosotros, nosotras;
vosotros, vosotras (nós, vós). Quanto ao uso do pronome no discurso, o espanhol mantém a 2ª pessoa do singular, equivalendo em
português a tu, forma pouco usada, principalmente no Brasil, onde se usa a 3ª pessoa gramatical (você, vocês) também como 2ª
pessoa do discurso.

Exemplos: Tú eres estudiante (Tu es estudante ou, preferentemente, Você é estudante). Vosotros sois estudiantes (Vós sois estudantes
ou, preferentemente, Vocês são estudantes).

Em português o pronome você, vocês (pronome de tratamento) predomina.

a) Pronomes (caso reto):.

Português Espanhol.
Singular Plural Singular Plural
nosotros,
1a. pessoa eu nós yo
nosotras
vosotros,
2a. pessoa tu vós tú
vosotras
3a. pessoa ele, ela eles, elas él, ella ellos, ellas

b) Pronomes de tratamento (2a pessoa)

Português Espanhol

Singular Plural Singular Plural

você, o senhor, vocês, os senhores, as


usted ustedes
a senhora senhoras

Assim, no discurso, o você do português equivale ao tú do espanhol e o senhor, a senhora do português equivale ao usted do
espanhol. Vejamos alguns exemplos:

Você comprou um livro novo. = Tú compraste un libro nuevo. O senhor tem muitos amigos. = Usted tiene muchos amigos. A senhora
tem muitas amigas = Usted tiene muchas amigas. Observe a concordância do verbo, assim como a não variação em gênero de usted,
ustedes.

No espanhol americano não se usa vosotros, vosotras como plural de tu. Em seu lugar usa-se ustedes.

c) Pronomes oblíquos:

Português Espanhol

eu-----mim, me, comigo yo------mí, me, conmigo

tu------ti, te ,contigo tú-------ti, te, contigo


http://www.filologia.org.br/viisenefil/01.htm 2/6
17/03/2018 ASPECTOS COMPARATIVOS ENTRE O ESPANHOL E O PORTUGUÊS
tu ti, te ,contigo tú ti, te, contigo

ele-----si, se, consigo, lhe o, ele él-------se, sí, consigo, le, lo, el

ella-----se, si, consigo, le, la,


ela-----si, se, consigo, lhe, a, ela
ella

nós----nos, nós nosotros---nos, nosotros

-------------------------------------- nosotras---nos, nosotras

vós----vos, vós vosotros---os, vosotros

-------------------------------------- vosotras---os, vosotras

eles----os ellos--------se, les, los, ellos

elas----as ellas--------se, les, las, ellas

d) Algumas diferenças de outros pronomes

O indefinido quem possui plural em espanhol: quien, quienes: ¿Quién está ahí? ¿Quiénes están ahí?

O indefinido a gente tem em espanhol o equivalente semântico un, una. Exemplos:

A gente não sabe que cidade visitar: Uno (o una) no sabe que ciudad visitar. A gente está muito cansada. Uno (o una) está muy
cansado (o cansada).

Em espanhol gente significa pessoas, os outros: Hay mucha gente em la calle. (Há muita gente na rua). La gente va para la fiesta (As
pessoas vão para a festa).

e) Contrações

O espanhol possui apenas duas contrações, porém obrigatórias: a preposição a com o artigo el > al: Vamos al teatro. Llegaron
temprano al pueblo. A outra contração é a da preposição de com o artigo el > del: Viene del cine. Llegamos del congreso. O português
possui grande quantidade de contrações, não sendo porém obrigatório seu uso.

Gênero dos nomes

Existem palavras com gêneros diferentes nas duas línguas (heterogenêricas):

As palavras terminadas em –agem em português são masculinas em espanhol. Seu sufixo é –aje: el viaje (a viagem), el lenguaje (a
linguagem), el paisaje (a paisagem).

a) Relacionamos algumas palavras heterogenéricas mais usadas:

Português Espanhol Português Espanhol

a árvore el árbol o cárcere la cárcel

a dor el dolor o costume la costumbre

a fraude el fraude o legume la legumbre

a cor el color o leite la leche

a ponte el puente o mel la miel

a desordem el desorden o nariz la nariz

a origem el origen o sal la sal

a estréia el estreno o sangue la sangre

a guia el guía o sinal la señal

b) Palavras iguais ou semelhantes com significado diferente. (Heterosemânticas).

Segue uma relação:

Espanhol Português Espanhol Português

acera calçada latido palpitação

acero aço loco,a maluco,a

ancho, a largo,a mareo enjôo

borrador rascunho matrimonio casal

balcón sacada mostrador balcão

cola cauda, fila nido ninho

crianza criação niño,a criança

enamorado,a apaixonado, a oficina escritório

it i i i h j l
http://www.filologia.org.br/viisenefil/01.htm 3/6
17/03/2018 ASPECTOS COMPARATIVOS ENTRE O ESPANHOL E O PORTUGUÊS
escritorio escrivaninha pareja casal, par

fecha data pero porém

goma borracha perro cachorro

largo, a comprido, a tonto, a bobo, a

rojo, a vermelho, a violeta roxo, a

c) Palavras com sílaba tônica diferente. (heterotônicas)

A maioria das palavras de origem grega têm sílaba tônica diferente em espanhol. Segue uma pequena relação. A vogal tônica está em
destaque:

Português Espanhol Português Espanhol

academia academia difteria difteria

afasia afasia diplomacia diplomacia

alquimia alquimia endemia endemia

anemia anemia epidemia epidemia

antropofagia antropofagia fobia fobia

aristocracia aristocracia hemorragia hemorragia

asfixia asfixia hidrofobia hidrofobia

bigamia bigamia metalurgia metalurgia

democracia democracia nostalgia nostalgia

Relação de palavras heterotônicas de diversas origens:

Português Espanhol Português Espanhol

álcool alcohol medíocre mediocre

alguém alguien nível nivel

anedota anécdota oceano océano

atmosfera atmósfera oxigênio oxígeno

canibal caníbal pântano pantano

cérebro cerebro polícia policía

gaúcho gaucho protótipo prototipo

herói héroe regime régimen

imbecil imbécil rubrica rúbrica

ímpar impar telefone teléfono

limite límite têxtil textil

Verbos

Os paradigmas verbais do espanhol são muito semelhantes aos do português. As mudanças às vezes ocorrem apenas na nomenclatura e
em pequenas alterações fonéticas, principalmente prosódicas. A formação dos tempos compostos se dá em espanhol com o verbo
haber: Has estudiado; hemos leído, etc., enquanto no português se emprega geralmente o verbo ter: Tens estudado; temos lido. Há,
porém, no português diferença no aspecto verbal entre os tempos simples e os compostos, o que não ocorre no espanhol, pois as duas
formas estão em variação livre: Há llegado = llegó; Habéis estudiado = estudiasteis

a) Verbo Ser (Presente do Indicativo).

Português Espanhol

Eu sou Yo soy

tu és Tú eres

ele, ela, você, o senhor, a senhora é Él , ella, usted es

Nós somos Nosotros, as somos

Vós sois Vosotros, as sois

Eles, elas, os senhores,as senhoras são Ellos, ellas, ustedes son

http://www.filologia.org.br/viisenefil/01.htm 4/6
17/03/2018 ASPECTOS COMPARATIVOS ENTRE O ESPANHOL E O PORTUGUÊS
b) Verbo Estar (Presente de Indicativo)

Português Espanhol

Eu estou Yo estoy

tu estás Tú estás

ele, ela, você, o senhor, a senhora está Él , ella, usted está

Nós estamos Nosotros, as estamos

Vós estais Vosotros, as estáis

Eles, elas, os senhores, as senhoras estão Ellos, ellas, Uds. están

O espanhol possui um grande número de verbos irregulares, chegando a agrupá-los em vários tipos de irregularidades: irregulariad
común, além dos de irregularidad propia.

c) Particípios regulares em espanhol e irregulares em português:

encendido (aceso), entregado (entregue), ganado (ganho), gastado (gasto), pagado (pago), salvado (salvo).

Sintaxe

A sintaxe do espanhol não difere muito da do português. Uma das características sintáticas mais marcantes do espanhol em face ao
português culto é o início de frase com pronome oblíquo: Me dijo que vendría mañana. (Disse-me que viria amanhã). Le dieron muchos
regalos. (Deram-lhe muitos presentes).

Outro aspecto sintático em que o espanhol se afasta do português é o uso de ênclise aos futuros. Não se usa mesóclise em espanhol:
Darémosle algunos libros. (Dar-lhe-emos alguns livros). Esperaríante hasta las cuatro. (Esperar-te-iam até as quatro). Aqui também se
poderia empregar a próclise.

Léxico

As fontes do léxico do espanhol são, na sua grande maioria, as mesmas do português, no entanto, a seleção do vocabulário e a evolução
semântica, fizeram com que na língua do cotidiano exista um grande número de termos diferentes, assim como muitos outros
semelhantes na forma, mas diferentes no significado. Citemos apenas alguns vocábulos, de campos do cotidiano, sem preocupar-nos
com a origem:

a) Escola:

aula (sala de aula), bolígrafo (caneta), clase (aula),

encerado (quadro-negro), goma (borracha), pliego (folha de papel), maestro,a (professor,a - também profesor,a), pupitre (carteira
escolar), renglón (linha, pauta).tiza (giz).

b) Escritório:

carpeta (pasta de papéis), escribiente (escriturário), mecanógrafo (datilógrafo), oficina (escritório), ordenador ou computadora
(computador).

c) Casa, residência:

basura (lixo). comedor (sala de jantar), cuarto de baño (banheiro), escalera (escada), grifo (torneira), manúbrio (maçaneta), pasillo
(corredor), peldaño (degrau), habitación (quarto), piso (andar), ventana (janela),

d) Utensílios domésticos:

anaquel (estante), botella (garrafa), copa (cálice), cubierto (talher), cuchara (colher), cuchillo (faca), damajuana (garrafão), jícara ou
pocillo (xícara), mantel (toalha de mesa), platillo (pires), servilleta (guardanapo), tenedor (garfo), vaso (copo).

e) Cidade:

acera (passeio, calçada), alumbrado (iluminação), autobús (ônibus), calle (rua), callejón (viela, beco), coche (carro), dependiente
(vendedor), escaparate (vitrina), kiosko (banca de jornais), manzana (quarteirão), mostrador (balcão), piso (andar), tienda, (loja),
tranvía (bonde).

f) Corpo humano:

cejas (sobrancelhas), cuello (pescoço),. frente (testa, fronte), mejillas (faces), melena (cabeleira), mentón (queixo), muelas (dentes
molares), pelo (cabelo).

g) Roupa e calçado:

bolsillo (bolso), bolso (sacola), bragas (calcinha), calcetines (meias de homem), calzoncillo (cueca), chaleco (colete), chaqueta,
americana ou saco (paletó), cinturón (cinto), falda (saia), maleta (mala), medias (meias de mulher), pantalón (calça), paraguas
(guarda-chuva), pendientes (brincos), pulsera (relógio de pulso). zapatillas (alpargatas).

h) Profissões:

albañil (pedreiro ou ladrilheiro), basurero (gari), camarero (garçom), confitero (confeiteiro, doceiro), fontanero (bombeiro hidráulico,
funileiro), limpiabotas (engraxate), niñera (babá), panadero (padeiro), peluquero ou barbero (barbeiro, cabeleireiro), sastre (alfaiate),
sirvienta (empregada doméstica).

i) Comidas e bebidas:

bisté ou filé (bife),calamares (lulas), cerveza (cerveja), dulce (doce), ensalada (salada), habichuelas ou porotos (feijão), lechuga
(alface), lentejas (lentilhas), mantequilla (manteiga), pastel (bolo), pescado (peixe), pulpo (polvo), refresco (refrigerante), té (chá),
vino (vinho), zumo, jugo (suco).
http://www.filologia.org.br/viisenefil/01.htm 5/6
17/03/2018 ASPECTOS COMPARATIVOS ENTRE O ESPANHOL E O PORTUGUÊS

Algumas diferenças
morfológicas e lexicais

a) Nomes de árvores e seus frutos

Algumas árvores frutíferas são formadas em espanhol apenas com a desinência de gênero (masculino para a árvore e feminino para a
fruta):

manzana - manzano, (maçã - macieira); castaña - castaño. (castanha - castanheiro); cereza - cerezo, (cereja - cerejeira); naranja -
naranjo, (laranja - laranjeira), etc., mas existem outros que formam o nome da árvore por meio de sufixo, semelhante ao que ocorre no
português: limón - limonero, (limão - limoeiro); higo - higuera (figo - figueira), etc.

b) Nomes de letras

Os nomes das letras são femininos no espanhol e masculinos no português:

la pe, la equis, la hache, (o pê, o xis, o agá).

c) Nomes dos dias da semana

Os dias da semana, exceto sábado e domingo, que são iguais, têm formação diferente em ambas as línguas:

lunes (segunda-feira), martes (terça-feira), miércoles (quarta-feira), jueves (quinta-feira) e viernes (sexta-feira). Todos são masculinos
em espanhol.

d) Formação do plural

A formação do plural é semelhante, mas no espanhol é mais regular: ciudadanos,(cidadãos) catalanes (catalães) corazones (corações).
No entanto, no espanhol ocorre uma diferença gráfica nos plurais de nomes em -z: luz - luces, audaz - audaces, etc. Os terminados em
-i tônico também diferem: iraní – iraníes (iraniano – iranianos); marroquí - marroquíes.(marroquino – marroquinos).

e) Numerais

Não há muitas diferenças entre os numerais de ambas as línguas. Nos cardinais podemos citar o feminino de 2 (dois) em português e
sua invariabilidade em espanhol: dos (dois, duas), e a não correspondência entre billón e trillón com bilião (ou bilhão) e trilião (ou
trilhão). Millón e milhão correspondem-se, mas em espanhol um billón corresponde a um milhão de milhões, enquanto em português
corresponde a mil milhões. O trilhão segue a mesma ordem.

f) Falsos amigos

Por tratar-se de línguas com bastantes semelhanças, somos levados a cometer erros devido a vocábulos semelhantes, mas com
diferente significado. Citamos alguns:

apellido (sobrenome), aula (sala de aula), berro (agrião), bolsa (sacola, maleta), bolso (bolsa feminina), botiquín (estojo de primeiros
socorros), brincar (saltar, pular), cachorro (filhote de cão, lobo, etc.), carpeta (pasta para papéis), cenar (jantar), clase (aula), cola
(rabo, cauda, fila), conferencia (palestra), crianza (criação, educação), niño,a (menino,a), cuello (pescoço), embarazada (grávida) estafa
(fraude), esposas (algemas), exquisito,a (delicioso,a), firmar (assinar) intereses (juros), inversión (investimento), largo,a (comprido,a),
latido (palpitação), latir (palpitar), logro (sucesso, conquista), maleta (mala), oficina (escritório), oso,a (urso,a), palestra (lugar onde se
briga, ringue), pastel (bolo), pelo (cabelo), prejuicio (preconceito), raro (esquisito), rato (momento), ratón (rato, camundongo), rubio,a
(louro,a), sin (sem), suceso (acontecimento), éxito (sucesso), taller (oficina), tirar (jogar fora), tocayo,a (xará), todavía (ainda), tonto,a
(bobo,a), viruta (serragem, apara), zurdo,a (canhoto,a).

Conclusão

Verificamos muito sucintamente que o espanhol e o português, embora tendo como tronco comum o latim ibérico, apresentam
diferenças em todos os seus aspectos, desde os fonético-fonológicos até os lexicais, sem deixar de lado algumas diferenças morfológicas
e sintáticas. Não há dúvida de que para uma simples compreensão, principalmente da língua escrita, a semelhança pode ajudar, porém,
para efeito de aprendizagem como segunda língua, a facilidade pode ser mais aparente que real. Aqui apresentamos apenas algumas
diferenças, como era nosso propósito, embora as semelhanças sejam muito maiores, mas há muitos aspectos que não consideramos
como a organização do discurso, as preferências vocabulares, etc. A aquisição de uma língua semelhante à língua materna requer tanto
estudo e dedicação como a de qualquer outra língua estrangeira.

Bibliografia

CUNHA, Celso & CINTRA, Luís F. Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.

DICCIONARIO de la lengua española. 21. ed. (Edición electrónica) Real Academia Española/Espasa Calpe, 1998.

FLAVIAN, Eugenia & FERNÁNDEZ, Gretel Eres. Minidicionário Espanhol-Português/Português-Espanhol. 3ª ed. São Paulo: Ática, 1995.

HOUAISS, Antonio. Diccionario da língua portuguesa. (Dicionário eletrônico) Versão 1 – Instituto Antônio Houaiss/Objetiva, 2001.

REAL ACADEMIA ESPAÑOLA. Esbozo de una nueva gramática de la lengua española. Madrid: Espasa-Calpe, 1995

RODRÍGUEZ, Alfredo Maceira. Estudiemos español. 2ª ed. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2001.

––––––. Breve nomenclatura vegetal en español: con algunas comparaciones del portugués. In. Revista Philologus, 3: 3-11, Rio de
Janeiro: set-dez, 1995

SECO, Rafael. Manual de gramática española. Madrid: Aguilar, 1985

VÄZQUEZ CUESTA, Pilar & LUZ, Maria Albertina Mendes da. Gramática Portuguesa. 3ª ed. corrig. e aum. Madrid: Gredos, 1971. 2 vol.

http://www.filologia.org.br/viisenefil/01.htm 6/6

Você também pode gostar