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DO LATIM AO PORTUGUÊS

História do Português
As línguas itálicas e as gregas são as mais famosas porque tiveram um certo
domínio durante muito tempo. Dentre as línguas originário do indo-europeu interessa-
nos apenas uma família, isto é, a família das línguas itálicas – o latim.
O latim teria chegado à Península Ibérica em 218 a.C. século III. Houve invasão
românica, dominando e impondo a sua língua, depois de invadirem a península
tornaram-na em província como: a Lusitânia e a Galiza – são aquelas que vão decidir a
língua que temos hoje. Depois de muita luta. A península Ibérica vai sofrer uma outra
invasão: dos Germânicos os chamados vândalos, os visigodos, os vândalos já nessa
altura falavam o romanço que era o latim vulgar.
A grande maioria das palavras da nossa língua é proveniente do latim, na passagem
deste para o português os sons (fonemas) não se mantiveram inalterável, mas sofreram
uma evolução que os mortificou.
Assim fazem parte da família neo-latinas: o Português, Castelhano, Catalão, Galego,
Francês, Italiano o Romeno etc.
O português na sua forma originária surgiu entre os séculos IX-XII, mas os seus
primeiros documentos da altura só apareceram nos séculos XII-XIV, tinham os
seguintes títulos: Anotícia de Fiadores, Anotícia de Torto e o testamento de Afonso II.
Entre os séculos XV-XVI, portugal ocupou lugar de relevo no ciclo das grandes
navegações, e a língua como companheira do império também atingiu regiões
incognitas indo até ao fim do mundo.
Assim sendo segundo o Evanildo Bechara p-687, Gramática Escolar de L.P, apresenta
os periódos linguísticos da seguinte forma:
O séc. XII é designado como o início da fase do português histórico que podemos
divide-lo da seguinte forma:
1. Português arcaico do séc. XII ao final do séc. XIV.
2. Português arcaico médio da primeira metade do séc.XV á primeira metade do séc
XVI.

3. Português modern da segunda metade do séc XVI ao final do séc XVII


estendendo-se até ao início do séc. XVII.

4. Português contemporâneo do XVIII até aos nossos dias.


Segundo Paul Teyssier considera que o português contemporâneo do XVIII e do
começo do XIX, caracterizam uma epóca de transição entre o port moderno e o
contemporâneo.
As primeiras gramáticas da língua literária portuguêsa foram publicadas pelos seguintes
autor: Fernão de Oliveira em 1536 e pelo João de Barro 1540.
Linguagem

A linguagem é uma faculdade unicamente humana que consiste na capacidade


de usarmos simbolos verbais para representar o mundo, e por esse processo, conseguir
realizar uma série de actividades. Dar ordens ou conselhos, fazer perguntas, formular
pedidos, emitir opiniões ou sugestões, expressar emoções ou sentimentos, fazer
advertências, transmitir informações…1

Segundo Ferdinande de Saussure (linguísta Suiço), a linguagem é uma


faculdade natural, inerente e universal, que o homem tem de construir um sistema que
lhe servem para comunicar. Tratamos aqui da linguagem articulada (humana) que
segundo André Martinet (linguista francês) exige uma dupla articulação: som e
sentido; a linguagem articulada em dois eixos: a língua e a fala.

Para os linguístas modernos existem duas formas de comunicação. A linguagem


que comporta os signos verbais e a forma de comunicação não verbal (a dança, os
gestos, o batuque etc.)

Línguagem é “um conjunto complexo de processos – resultado de uma certa


actividade psíquica profundamente determinada pela vida social – que torna possível a
aquisição e o emprego concrecto de uma LÍNGUA qualquer2.

E Gomes (2009, p. 58-59) corrobora com os autores supracitados quando define


linguagem como “uma faculdade, predisposição natural (cognitivamente organizada
e biologicamente condicionada) que leva os seres humanos (sejam eles africanos,
asiáticos, europeus, americanos…) a comunicarem na sua comunidade, através de
processos simbólicos (representativos) e articulados
2. Conceito de Língua e código.

A língua é um sistema organizado de sons vocais de que nos servimos para


expressar ideias e comunicar com os falantes do mesmo código.

De acordo com o estatuto que lhe for atribuido pelo governo do país em que é
falada, a língua pode ser:

 Língua oficial: reconhecida pela autoridade estatal como língua que se deve
utilizar na administração e no ensino principalmente.
 Língua nacional: reconhecida pelo governo, mas subordinada á língua oficial. É
geralmente a língua de transmissão cultural dos seus falantes.

1
AZEVEREDO, M. Olga et al, Grámatica Prática de Português – da Comunicação à Expressão, Lisboa, Raiz
Editora, p. 10
2
Tatiana Slama-Casacu, Langage et context. Haia, Mouton, 1961, p.20 apud Cunha e Cintra (1984, p.1)
 Veícular: é língua que se utiliza na interação social nas várias actividades dos
indivíduos de um país ou continente. No nosso caso, o Portruguês é a língua
veícular de Angola.
 Vernácula: língua materna de uma determinada comunidade.

Quanto a ordem de aquisição, a língua pode ser:

Materna ou Primeira: é primeira língua de aquisição ou a primeira língua que a


criança aprende.

 Segunda: é a segunda língua de aquisição.

O discurso é a língua no acto, na execução3.

Falante é o utilizador de uma língua e por isso faz parte de uma comunidade
linguística.

A fala representa a realização individual, particular e concreta de uma língua. Cada


indivíduo usa a língua extraindo do seu sistema as palavras que melhor exprimem o seu
gosto e pensamento, pronúncia de palavras de uma certa forma, tem um certo sotaque,
um certo ritmo, um certo timbre de voz, […] opta por uma sintaxe pessoalizada, etc; o
que quer dizer que, a fala é a maneira como cada um usa a língua para se comunicar
com os outros.

Comunidade linguística é um conjunto de falantes que utlilizam a mesma língua


para comunicarem entre si.

Língua(sistema social)

Fala(concretização individual)

Linguagem (faculdade humana)

O significado. Significante

Tomemos a palavra árvore: é um signo linguístico, como aliás o são as palavras


caderno, folha, bolo, vestido, livro.

3
CUNHA, Celso e CINTRA, Lindley, (1984) Nova Gramática do Português contemporâneo, 2ª edição, Edição João Sá
da Costa, p. 1
Neste signo linguístico, vamos distinguir:

 Código: é o conjunto de signos (palavras) de uma língua e o modo de


emprego ou regras combinatórias desses signos.
 Signicante: conjunto de sons – fonemas, na escrita representados por
sinais gráficos – grafemas.
 Significado: é o conteúdo semântco.

Assim, o conjunto formado pelo significante o significado dá-se o nome de


signo linguístico.

Ao objecto ou ideia que o signo linguístico representa damos o nome de


referente.

Em geral, o signo linguístico é arbitrário, porque entre ele e a realidade não


existe uma ligação obrigatória. Além da arbitrariedade é também convencional, porque
as línguas recorrem, nas maior parte dos casos, as palavras diferentes para referir,
designar um mesmo objecto ou referente.4

Signo

significante significado

(a palavra letemóvel, imagem acústica) (o objecto que é o telefone)

PROCESSOS FONÉTICOS DE FORMÇÃO DE PALAVRAS OU METAPLASMOS


Um metaplasmos é uma mudança na estrutura de uma palavra, ocasionada por um
acréscimo, remoção ou deslocamento dos sons de que é composta. Na mudança do latim
4
Quem ladra ou morde não é o signo linguístico “cão”, mas o seu referente (o ser). Não há qualquer semelhança entre a palavra
“cão”e o animal a que ela se refere. Por isso se diz que o signo linguístico é arbitrário. Mas essa arbitrariedade pode aparecer
atenuada em casos como maçã e macieira, estes signos são abitrários quanto aos seus referentes, mas há, entre eles uma certa
relação ou motivação, como há entre cereja e cerejeira, ou entre justo e justiça, por exemplo (Gomes, 2009, p. 111).
em português é possível detectar alguns metaplasmos que agiram com regularidade
nessa transformação.
Os metaplasmos podem ser de quatro tipos:
1. Por acréscimo
2. Por supressão
3. Por Alteração
Metaplasmo por acréscimo:
Prótese – adição de fonema no inicio da palavra: stare – estar; scutu – escudo;
spiritu – espírito.
Epêntese – adição de um fonema no meio da palavra: stella – estrela; creo – creio;
humile - humilde.
Paragoge – é o acréscimo de um segmento sonoro no final da palavra: ante – antes.
Obs: no aportuguesamento de vocábulos estrangeiros, é comum a paragoge, para evitar
que a palavra termine em consoante: club – clube; surf – surfe; chic – chique.
Metaplasmo por supressão:
Aférese – é a supressão de um segmento sonoro no início da palavra: inamorare –
namorar; acume – gume.
Síncope – é a queda de um fonema no meio da palavra: legale – leal; legenda –
lenda; malu – mau.
Apócope – é a supressão de um segmento sonoro no fim da palavra: maré – mar;
amat – ama; male – mal.
Crase – é a fusão de duas vogais em uma só: pede – pee – pé; colore – coor – cor;
nudu – n uu – nu. É um recurso para eliminação do hiato.
Sinalefa ou elisão – é a queda da vogal em uma palavra, quando a palavra seguinte
começa por vogal: de (mais) intro = dentro; de (mais) ex (mais) de= desde.
Metaplasmo por Alteração
Os metaplasmos por transposição podem ocorrer por deslocamento de um segmento
sonoro ou pelo deslocamento do acento tónico da palavra ou seja são aqueles em que as
modificações fonéticas resultam da influência de alguns fonemas sobre outros que se
encontram proximos.
Assimilação: Fonemas proximos tornam se iguais assimilação completa, semelhante
ou incompleta como:
Persicu-pêssego, Ipse-esse.
Amam-lo-amam-no
Dissimilação: consiste em evitar dois sons iguais ou semelhantes na mesma palavra
por isso um deles torna-se diferente ou desaparece.
Liliu-Lírio, Rostru-Rosto
Metátese – é a transposição de um mesmo segmento sonoro na mesma sílaba: pró –
por; semper – sempre; inter – entre.
Hipértese – é a transposição de um segmento sonoro de uma sílaba para outra:
capio – caibo; primariu – primairu – primeiro; fenestra – feestra – fresta.
Vocalização – transformação de uma consoante em vogal: nocte – noite; regnu –
reino; m ultu – muito.
Consonantização – transformação de uma vogal em consoante. Ocorreu
amplamente na transformação das semivogais latinas i e u nas consoantes j e v do
português: iam – já; ieiunu – jejum; hieonymu – Jerónimo; Iesus – Jesus.
Nasalização e desnasalização:
Nasalização: é a transformação de um segmento oral em nasal: Nec – nem; mihi –
mi- mim; sic – sim etc.
A desnasalização é o fenómeno inverso, em que um segmento nasal passa a oral:
luna- lua; corona – coroa; persona –pessõa – pessoa .
Sonorização (ou abrandamento) é a transformação de uma consoante surda na
consoante sonora.
Totu-todo, lupu-lobo
Amicu-amigo
Palatização ou Palatalização: é a transformação de um ou mais segmentos numa
consoante palatal. O latim não possuía consoantes palatais. As que existem no português
são, portanto, resultantes dessas transformações:
/ne, ni/ mais vogal / (grafada NH): vinea – vinha; aranea – aranha.
/le, li/ mais vogal / (grafada LH): palea – palha; folia – folha; juliu – Julho.
/de, di/ mais vogal (grafada J): vídeo – vejo; hodie – hoje; invidia – inveja.
/pl, kl, fl/ (grafada CH): pluvia – chuva; implere – encher; plumbeum – chumbo.
/kl, pl, gl, tl/ mediais (grafada LH): oculu – oclu – olho; apicula – apecla – abelha;
vetulu – vetlu – velho; tegula – tegla – telha.
/ske, ski, se, si/ (grafada da X): pisce – peixe; passione – paixão; miscere – mexer.
/si/ mais vogal (grafada J) basium– beijo; caseum – queijo; ecclesia – igreja.
Funções da linguagem e sua relação com os elementos fundamentais da
comunicação

As funções de linguagem são como as cores, na vida. Geralmente, não aparecem em


“estado puro”, mas combinam-se duas ou mais, num mesmo texto, o que dificulta a sua
identificação. Portanto, a presença de mais de uma função de linguagem num texto
chama-se co-presença das funções no acto da linguagem5.

As funções de linguagem são as formas de manifestação da intenção do emissor em


relação o receptor. Como os factores constituintes do sistema comunicativo, as funções
de linguagem são seis (06) que são:

1. Função emotiva ou expressiva: centrada no emissor. Este exprime directamente um


sentimento e emoções que caracterizam a atitude do emissor.

A função emotiva de linguagem representa a expressão de uma carga afectiva –


alegria, irritação, entusiasmo, surpresa, etc. Tem como marcas / características: 1ª
pessoa / marcas pessoas (opiniões, pontos de vistas pessoal, - adjectivação expressiva,
frases exclamativais, interjeiçõese sujectividade.

Exemplo: oh, meu companheiro, minha visinha aflita, meu amor de terra e de
água, que estais escondidos ao frio e à neve, como personagem duma
fatalidade tradicional, levantai-vos e dirigi alegremente ao crepúsculo a vossa
saudação fraterna. “Antunes da Silva, uma Pinga de Chuva”.

2. Função informativa ou referencial: centrada no referente. Está presente sempre


que o emissor se limita informar objectivamente o receptor de uma realidade ou
acontecimento. É caracterizado pelas seguintes marcas: 3ª pessoa, adjectivação
restrita, frases declarativas, objectividade, clareza, relação com o referente ou uma
realidade extralinguística.
3. Função poética: centrada na mensagem. O emissor procura palavras belas e
expressivas bem como frases estruturadas como figura de estilo e de imagem para
poder criar rítimos agradáveis tornando assim a mensagem atraente de forma a criar
o prazer de leitura.
4. Função Fáctica: centrada no canal. Está presente sempre que o emissor quer
estabelecer a comunicação ou verificar se o contacto entre ele e o receptor se
mantém, ou seja, o emissor e o receptor procuram verificar se o canal de
comunicação funciona e se mantem o contacto entre os dois participantes do acto
comunicativo, ou seja, funçao de manutenção de contacto. Tem como marcas /
características: fórmulas sociais de sudação, de interpelação, de agradecimento, de
despedida.
Exemplos: Aló! Aló! - bom dia!, - olá viva. – por favor, viste a Clara? – bom, hoje
acho que não a vi. – obrigado. Adeus! Beijinhos.

5
Cf. Herculano de Carvalho apud Eugenio Coseriu
5. Função metalinguística: centrada no código. Está presente sempre quando se
verificar se o emissor e o receptor usam o código com o mesmo conteúdo semântico
e sempre que se estuda a linguagem através da língua. Tem como marcas /
características: estruturas explicativas – isto é, quer dizer, tem o significado de…
6. Função apelativa: centrada no receptor. O emissor utiliza a linguagem para
influenciar o receptor dando-lhe uma ordem, conselho ou pedindo-lhe que assuma
um determinado comportamento. Nesta função predomina o vocativo, o modo
imperativo, a frases interrogativas, estruturas do tipo: é urgente, é proibido.

Exemplo: calem-se! Leves nos preços; leves no peso!

COSTITUÍNTES DA FRASE (GRUPOS OU SINTAGMAS)

O sintagma é um termo que foi introduzido por FERDINAND SASSURE, para designar
dois termos.
Segundo o linguísta Ferdinand de Sassure, define o sintagma como a combinação de
formas mínimas numa unidade linguística superior que surge a partir da disposição
directa do signo, ou seja se exclui a possibilidade de pronunciar dois elementos ao
mesmo tempo.

Não existe opiniões unânimes na interpretação dos sintagmas.


Ele apresenta quatro tipos de sintagmas que são:
a) – Sintagma morfossintáctico: é aquele que consiste na combinação ou ligação
dos morfemas numa palavra. Ex: ( re-fa-zer =refazer).
b) Sintagma suboracional: é a combinação das palavras que formam um membro
oracional de acordo com o context do discurso. Ex Bom dia, leite magro).
c) Sintagma oracional: composta por elementos oracionais complete. Ex: (A vida é
fria, boa tarde estudantes…..)
d) Sintagmas Super oracinal.
De acordo com Alvaro Gomes define os sintagmas como unidades mínimas que
constituem a frase e outros que vêm para enriquecela.
Mas podemos encontrar outros que dizem que os sintagmas são unidades mínimas que
possuem uma relação de determinação entre si. Os tipos de sintagmas mais conhcidos
são:
1) Sintagma nominal (S N), é aquele que o seu nucleo principal é o nome.
Ex: As Andorinhas regressaram, a Joana é estudiosa.

2) S. Verbal: é aquele que desenpenha a função de predicado é assim designado


porque o seu núcleo é constituído por um verbo.
Ex: Choveu a noite toda, os estudantes fizeram a prova.
3) S. Adjectival: é constituído por um adjectivo que seu núcleo principal.
Ex: O estudante é inteligente, o Daniel é habilidoso.
4) S. Adverbial: é aquele em que o seu núcleo principal é formado por um
adverbio.
Ex: Só viajaremos depois de amanhã, apareceram bem.
5) S. preposicional:
Ex: Eles passaram pela cidade, leia para a aprender
O pedro acompanhava atenciosamente a reunião naquela empresa.

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