Você está na página 1de 3

PREFEITURA MUNICIPAL DE PETRÓPOLIS

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO
SUBSECRETARIA DE ENSINO FUNDAMENTAL
UNIDADE ESCOLAR: ESCOLA MUNICIPAL AMÉLIA ANTUNES RABELLO

ALUNO (A): ___________________________________________________TURMA: 901


PROFESSOR (A): VANESSA CAVADAS DATA: 17/05/2021
ATIVIDADES – LÍNGUA PORTUGUESA – EF09LP08

POEMA-PROTESTO: a voz em ação


Você já deve ter visto, pessoalmente ou pela televisão, faixas e cartazes de protesto. Pode
também ter ouvido canções que denunciam problemas políticos ou sociais. Neste capítulo, você vai
estudar poemas usados para protestar.
O primeiro poema que você vai ler é de Ferreira Gullar (1930-2016), escritor que tratou de
temas sociais de grande relevância.

Poema “A Bomba Suja”, de Ferreira Gullar

Introduzo na poesia no corpo de quem não come.


A palavra diarreia. Não é uma bomba limpa:
Não pela palavra fria é uma bomba suja e mansa
Mas pelo que ela semeia. que elimina sem barulho
Quem fala em flor não diz tudo. vários milhões de crianças.
Quem me fala em dor diz demais. Sobretudo no nordeste
O poeta se torna mudo mas não apenas ali
sem as palavras reais. que a fome do Piauí
No dicionário a palavra se espalha de leste a oeste.
é mera ideia abstrata. Cabe agora perguntar
Mais que palavra, diarreia quem é que faz essa fome,
é arma que fere e mata. quem foi que ligou a bomba
Que mata mais do que faca, ao coração desse homem.
mais que bala de fuzil, Quem é que rouba a esse homem
homem, mulher e criança o cereal que ele planta,
no interior do Brasil. quem come o arroz que ele colhe
Por exemplo, a diarreia, se ele o colhe e não janta.
no Rio Grande do Norte, Quem faz café virar dólar
de cem crianças que nascem, e faz arroz virar fome
setenta e seis leva á morte. é o mesmo que põe a bomba
É como uma bomba D suja no corpo do homem.
que explode dentro do homem Mas precisamos agora
quando se dispara, lenta, desarmar com nossas mãos
a espoleta da fome. a espoleta da fome
É uma bomba-relógio que mata nossos irmãos.
(o relógio é o coração) Mas precisamos agora
que enquanto o homem trabalha deter o sabotador
vai preparando a explosão. que instala a bomba da fome
Bomba colocada nele dentro do trabalhador.
muito antes dele nascer; E sobretudo é preciso
que quando a vida desperta trabalhar com segurança
nele, começa a bater. pra dentro de cada homem
Bomba colocada nele trocar a arma de fome
Pelos séculos de fome pela arma da esperança.
e que explode em diarreia
1- Releia a primeira estrofe.
a) No primeiro verso, a expressão na poesia sugere que a palavra diarreia será introduzida nesse
poema especificamente ou nos textos poéticos em geral?

b) Em sua opinião, o que explica a ausência da palavra diarreia na poesia?

2- O eu lírico justifica, nos versos seguintes, o uso da palavra diarreia.


a) Segundo ele, em que situação a palavra diarreia é “fria”? Por quê?

b) Leia o verbete semear, transcrito de um dicionário.

Qual dos sentidos do verbete semear mais se aproxima daquele usado no poema?

c) Com base nesse sentido de semear, conclua: por que a palavra diarreia interessa “pelo que
ela semeia”?

d) Explique por que, de acordo com o poema, “Quem fala em flor não diz tudo” (verso 5).

e) Explique por que “Quem me fala em dor diz demais” (verso 6).

f) Qual relação de sentido existe entre os versos 5 e 6: conclusão, condição ou oposição? Que
palavra poderia ser introduzida no início do verso 6 para evidenciar esse sentido?
ATIVIDADES COMPLEMENTARES– LÍNGUA PORTUGUESA – EF09LP08

Como funciona um poema-protesto?

Como você percebeu, o poema lido discute um problema social. Para aprofundar suas observações,
responda também às seguintes questões.

1 Observe os dois grupos sociais opostos a que o texto se refere.


a) Quais são eles?

b) Na quarta estrofe, citam-se homens, mulheres e crianças atingidos pela doença. Que palavras se
referem a eles nas três estrofes finais?

c) Na penúltima estrofe, que palavra identifica os responsáveis pela doença?

d) A forma de nomear as pessoas que compõem os dois grupos sociais aproxima o eu lírico de qual
deles?

2 Que função o eu lírico acredita ter no contexto que descreve?

3 Nas estrofes finais, o eu lírico inclui o leitor no poema.


a) Que recurso gramatical evidencia essa inclusão?

b) Que papel teria o leitor?

4 Na sua opinião, o eu lírico apresenta um discurso agressivo? Por quê?

5 Qual é o objetivo do poema?

Você também pode gostar