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Linguagem
" Ao contrário dos outros seres vivos que estabelecem relações transação com o meio
ambiente, respondendo mecânica e imediatamente aos estímulos que recebem, o homem
comunica, ao inventar mediações simbólicas de natureza cultural"
( A.D.R, comunicação e linguagem, p.38)
• A relação do homem com o mundo estabelece-se através de mecanismos de mediação:
O corpo e os órgãos dos sentidos como dispositivos naturais de mediação
As modalidades de mediação inventadas como dispositivos culturais de mediação
Linguagem e Mediação
Por mediação entendem-se os dispositivos simbólicos, em geral, e a listagem verbal, em
particular.
A linguagem verbal é o medium por excelência
Designa os objetos do mundo, as coisas e o estado das coisas existentes realmente, como
também pode designar-se a si própria ( função reflexiva, metalinguística )
Características da linguagem verbal ( A.D.R, Introdução à Semiótica P.9-10)
o Só a linguagem verbal pode dar conta das modalidades não linguísticas dá significação
oSó a linguagem verbal pode significar a própria linguagem, através do discurso indireto
o Só a linguagem verbal pode significar a maneira como a linguagem constrói as suas
significações
Linguagem e Mediação
Relação indissociável da linguagem à experiência
o A experiência compreende o conjunto de fenómenos vividos pelos seres humanos e o conjunto
dos saberes por eles interiorizados, ao longo do processo de socialização.
oA montante, " a linguagem já está à partida de toda a nossa atividade Semiótica, como herança
que recebemos é que preside à organização da nossa percepção do mundo e ao sentido que ele
tem para nós " ( A.D.R, Introdução à Semiótica, p.10)
oA jusante, o homem só entende as significações do mundo que o envolve na medida em que as
pode " manifestar" verbalmente ( A.D.R.. Introdução à Semiótica, p.10), ou para si mesmo,
intrapessoal, ou para os outros, interpessoal.
oÉ na e pela linguagem que a experiência se constitui e se revela o seu sentido ( linguisticidade
da experiência )
Linguagem e Mediação
A experiência é constitutiva de três nomes: o mundo natural, o mundo subjectivo e o mundo
intersubjetivo
oA experiência do mundo natural corresponde ao " conjunto dos objetos e dos fenómenos que
não dependem da nossa vontade, que apreendemos diretamente através dos nossos órgãos dos
sentidos e que, deste modo, provocam respostas do nosso organismo e nos levam a adotar
determinados comportamentos " ( A.D.R, Paradigma Comunicacional , p47)
oA experiência do mundo subjectivo compreende " o conjuntos das vivências ao longo da nossa
existência e os saberes das nossas sensações, dos nossos gostos, das maneiras como
habitualmente nos comportamos, quer para criarmos o nosso mundo e influenciarmos o seu
curso, quer na resposta aos estímulos que dele recebemos " (A.D.R, PC, p55)
Linguagem e Mediação
oA experiência do mundo intersubjetivo consiste na " competência não só para adotar
comportamentos adequados a diversas circunstâncias em que ocorrem as interações e aos
conhecimentos interiorizados das normas que as regulam, mas também para atribuir sentido
tanto aos fenómenos de interação empreendidos como aos que são observados"( A.D.R, PC,
p.49) – experiência dos outros ou da intersubjetividade.
Linguagem e Mediação
No caso da experiência intersubjetiva, consideramos a relação com:
o Os nossos predecessores, através da observação e da interpretação das obras que nos
deixaram
oOs vindouros, através da suposição do que pode acontecer a partir do que observamos nos
nossos dias
"É por isso que aquilo que não sabemos dizer não existe realmente para nós, não integra o
nosso mundo humano" A.D.R Introdução à Semiótica p.10
" Se a linguagem e a matéria do pensamento, e também o próprio elemento da comunicação
social. (...) Por isso evitamos afirmar que a linguagem e o instrumento do pensamento (concecao
instrumentalista da linguagem). Tal concepção podia fazer crer que a linguagem exprime, como
um utensílio, qualquer coisa – uma ideia? – de exterior a si. Mas o que é esta ideia?"
" A linguagem e simultaneamente o único modo de ser do pensamento, a sua realidade e a
sua realização " KRISTEVA, História do pensamento, p.16 e 17
Crítica à concepção instrumentalista da
linguagem
" a pergunta clássica :
Qual é a função primeira da linguagem: a de produzir um pensamento ou a de comunicar?
Não tem nenhum fundamento objetivo " ( Julia KRISTEVA, p.18)
Processo de comunicação linguístico (esquema de KRISTEVA) p
Falar de si próprio = patamar interpessoal
Falar a si próprio = patamar intra-pessoal
Gramáticas
comparadas
oA língua enquanto sistema e a fala como execução do
sistema linguístico
oSincronia/ Diacronia: perspetiva de estudo da língua
Perspetiva histórica e dinâmica (Diacronia); corte no tempo,
4 Dicotomias atualidade da língua(sincronia)- valoriza
oSignificante/ Significado = signo linguístico
oRelação de signos entre si = relações sintagmáticas/
paradigmáticas
A linguagem como objeto de estudo
oSaussure --> corrente do estruturalismo que corta com o sujeito.
oA língua é observada do ponto de vista autónomo independentemente do sujeito.
oCortar com o relativo, o subjectivo.
oFoco no autónomo , na língua enquanto sistema fechada em si mesma.
oRompe com as tendências anteriores
oObjetivo: estudos universais linguísticos
Linguagem, língua e fala
Ferdinand de Saussure ( 1857- 1913)
o " Tomada no seu todo, a linguagem é multiforme e heteróclita; abrangendo vários domínios,
simultaneamente física, fisiológica e psíquica, pertence ainda ao domínio individual e ao
domínio social ; não se deixa classificar em nenhuma categoria de factos humanos porque não
sabemos como destacar a sua unidade "
oLíngua – " podemos localizá-la na porção determinada do circuito onde uma imagem auditiva (i)
se vem associar a um conceito (c)"
oÉ isolada do conjunto heterogéneo da linguagem: deste universo retém apenas um " sistema
de signos em que o essencial é só a união do sentido(sdo.) e da imagem acústica (ste.) – relação
de significação
oFala- é " sempre individual e o indivíduo é sempre senhor dela" ; é " um ato individual de
vontade e de inteligência " ; combinação do código por parte do sujeito falante e os atos de
fonação.
Lingua e discurso- Emile Benveniste
(1902- 1976)
oLingua- conjunto de signos formais, estratificada em escalões sucessivos, que formam sistemas
e estruturas
oDiscurso- designa de um modo rigoroso a manifestação da língua na comunicação viva
Implica a participação do sujeito na linguagem através da fala do indivíduo
oA noção do discurso implica a noção do sujeito (usos infinitamente variados que fazemos da
língua).
oNo discurso, a língua comum a todos torna-se o veículo de uma mensagem unica, propina da
estrutura particular de um determinado sujeito que imprime sobre a estrutura obrigatória da
língua uma marca específica, pessoal
O signo linguístico em SAUSSURE (1857-
1913)
• A ligação que o signo estabelece e entre um conceito é uma imagem acústica
•A imagem acústica não é o som em si mesmo, mas a "marca psíquica desse som, a
representação que dele nós é dada pelo testemunho dos nossos sentidos"
•O signo é uma unidade psíquica com duas faces, sendo uma o conceito e a outra a imagem
acústica
Conceito
"Pedra" "X" Significado
Imagem
/pedra/ /X/ Significante
acústica
REPRESE
NTAMEN
OBJETO
INTERPRE
REPRESE
TANTE
NTADO
As três categorias de signos (consoante a relação
entre representante e objeto representado)
• O ícone refere-se ao objeto por uma semelhança com ele.
•Exemplos: O desenho de uma árvore, o mapa de um território.
•O indice/Indício tem qualquer coisa de comum com o objeto, isto é , mantém com ele uma
relação de continuidade.
•Exemplos: fumo, índice de fogo; certo odor como índice de jantar.
•O símbolo refere-se ao objeto que ele designa por uma espécie de lei, de convenção.
•Exemplos: signos linguísticos; balança, símbolo da justiça; pomba branca, símbolo da paz.
Dimensões da linguagem e critérios de
validade Discursiva – A linguagem é um mapa e
não um decalque
Deslocalização da experiência
CORREIA, João Carlos, Comunicação e
Cidadania, cap.IV, p.117-8
oDesencantamento Secularizante
oRacionalização da experiência moderna
oNa viragem da modernidade, os três Campos sociais: religioso, político e económico
autonomizam-se e proliferam, procurando cada um ocupar o lugar central deixado em aberto
pelo campo religioso.
Teoria dos Campos Sociais
oCada um destes campos ( instâncias legítimas autónomas que criam, impõem, sancionam e
restabelecem as regras do dizer e do agir próprias a cada esfera da experiência ) reivindica uma
esfera de competência e autoridade que procura legitimar posições contraditórias.
oAutonomização dos campos sociais na modernidade
oUm campo social desempenha dois tipos de funções dentro do seu domínio de competência :
oFunções expressivas ou discursivas ( domínio do dizer)
oFunções pragmáticas ou técnicas (domínio do fazer)
Teoria dos Campos Sociais
o Um campo social possui diversos regimes de funcionamento consoante os lugares e os
momentos ( regime lento e acelerado)
o Dos processos e das funções entre os diferentes campos sociais resultam reflexos, que
designamos por dimensões públicas que se projetam em cada um dos campos e o atravessam
oNo funcionamento estratégico dos campos sociais, podemos distinguir dois tipos de estratégias
: a cooperação e o conflito
oCom a autonomização e a constituição moderna dos campos sociais institui-se aquilo a que
damos o nome de publicidade ("publicity"), entendida como processo tornar público
oÉ este processo que está na origem da autonomização e constituição do campo dos media –
campo especializado na regulação dos valores da publicidade
Autonomização do campo dos media
relativamente aos outros Campos sociais
oO campo dos media não gere um domínio de experiência específico, mas um domínio
constituído por uma parte dos domínios da experiência que os restantes campos sociais neles
delegam
oO campo dos media possui uma legitimidade de natureza delegada ou vicária que marca a
especificidade do seu domínio próprio de competência : a mediação entre os diferentes campos
sociais, religando entre si o mundo fragmentado moderno.
Autonomização do campo dos media
relativamente aos outros Campos sociais
o O efeito mais notável que o campo dos media exerce sobre a nossa experiência do mundo é o
chamado efeito de realidade, o facto de a realidade tender para o resultado do funcionamento
dos dispositivos de mediação, autonomizando-se e sobrepondo-se à percepção espontânea dos
nossos órgãos sensoriais
o" Media" na expressão 'campo dos media' designa a instituição que é dotada de legitimidade
para superintender a gestão dos dispositivos de mediação da experiência e dos diferentes
campos sociais.
Falta uma aula
Esfera pública burguesa (séc XVIII, p.107)
o Domínio privado : sociedade civil (troca de mercadorias e do trabalho social )- espaço íntimo da
família conjugal (intelligentsia burguesa )
oEspaço público : esfera pública política – esfera pública literária (clubes, imprensa) (mercado de
bens culturas) "cidade"
oEsfera do poder público : estado (domínio da 'policia' – corte ( sociedade aristocrático-cortesã)
oA opinião publica só pode por definição existir, quando um público que faz uso da razão está
envolvido
Jürgen Habermas
A transformação estrutural da esfera
pública (1962)
oA esfera pública burguesa regula a relação entre o estado e as necessidades da sociedade civil, a
partir da autonomização de uma opinião – a opinião pública – devidamente fundamentada que
promove a força do melhor argumento