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3 UNIDADE 1 - Introdução
5 UNIDADE 2 - A Sociedade Digital
5 2.1 Sociedade da informação x sociedade digital

6 2.2 Contexto histórico do seu surgimento

7 2.3 As “ondas” e a “cauda longa”

11 2.4 Características do mercado

13 2.5 Tempo e espaço: a queda da barreira geográfica

18 2.6 O consumidor do século XXI

UNIDADE 3 - Computação em Nuvem

SUMÁRIO
20

24 UNIDADE 4 - O Comércio Eletrônico e a Proteção do Consumidor


24 4.1 Comércio eletrônico

29 4.1.1 Deveres dos provedores frente aos consumidores virtuais

30 4.2 Legislação para o comércio eletrônico

32 4.3 Privacidade

34 4.4 Documento eletrônico e sua prova

36 4.5 Contratos eletrônicos

39 4.6 Princípios jurídicos aplicados ao comércio eletrônico

41 4.7 Proteção do consumidor no comércio eletrônico

43 UNIDADE 5 - A Força das Redes Sociais


46 UNIDADE 6 - Informação, Conhecimento e Aprendizagem – Um Caminho Para a Sociedade Digital
49 REFERÊNCIAS
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UNIDADE 1 - Introdução

No velho paradigma, usavam-se metá- podemos pensar nas questões culturais,


foras arquitetônicas para falar a respeito afinal de contas, o fenômeno da globaliza-
do conhecimento. Entre as mais conhe- ção da economia e o acelerado desenvol-
cidas, estão as de ‘blocos de construção vimento das tecnologias de comunicação
básicos de matéria’, ‘equações funda- têm infiltrado, ainda, nas questões de es-
mentais’ e ‘princípios fundamentais’, paço e tempo, ampliando fronteiras e inci-
entre outras. A própria concepção dos dindo diretamente sobre as culturas.
átomos era idêntica a dos antigos filóso-
Estes são alguns dos temas que dis-
fos gregos, que os viam como os blocos
cutiremos ao longo do módulo, mas de
fundamentais da matéria, tijolos básicos
imediato precisamos tratar de definições,
das estruturas que formam a realidade.
conceitos, contextualizando historica-
O novo paradigma mudou a metáfora do
mente o surgimento da sociedade digital;
conhecimento como edifício, estrutura,
falar das “ondas” e da “cauda longa”.
para a rede. Na rede, não há acima, nem
abaixo, não há hierarquias, nem algo que Evidentemente que as redes sociais
seja mais fundamental que as outras coi- também terão seu momento, assim como
sas. Tudo está interligado e participando a computação em nuvem, tão em voga na
dos processos. atualidade.
Borgonovi – O Livro das revelações Outro tópico importante relaciona-se
com a questão do direito do consumidor.
Aqui as noções de Direito darão uma base
Uma epígrafe grande, é verdade, mas sólida e ampla para atuação do gestor ou
ela sintetiza de maneira global e subjetiva especialista que trabalha com marketing
o que vamos tratar neste módulo: a socie- poder discutir com outros setores da em-
dade digital que nos coloca em desafios a presa, como por exemplo, o jurídico.
cada novo dia, tamanha a velocidade com
que a tecnologia transforma os produtos Informação, conhecimento e aprendi-
e igualmente os desejos do ser humano zagem também fazem parte do caminho
para satisfazer suas necessidades, sejam para aqueles que queiram ingressar e par-
elas primárias ou do topo da pirâmide. ticipar da sociedade digital, essa é a ver-
dade e falaremos sobre os aspectos que
São muitas as questões envolvidas permeiam esse caminho.
quando se pretende tratar da sociedade
digital. Um viés seria analisar o compor- Ressaltamos em primeiro lugar que em-
tamento e as exigências desse novo con- bora a escrita acadêmica tenha como pre-
sumidor. Outro viés, o papel da empresa missa ser científica, baseada em normas
diante do mercado e desse consumidor, e padrões da academia, fugiremos um
que passa necessariamente pela cons- pouco às regras para nos aproximarmos
trução de relacionamentos porque esse de vocês e para que os temas abordados
será determinante no seu sucesso. Ainda cheguem de maneira clara e objetiva, mas
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não menos científicos. Em segundo lugar,


deixamos claro que este módulo é uma
compilação das ideias de vários autores,
incluindo aqueles que consideramos clás-
sicos, não se tratando, portanto, de uma
redação original e tendo em vista o cará-
ter didático da obra, não serão expressas
opiniões pessoais.

Ao final do módulo, além da lista de


referências básicas, encontram-se ou-
tras que foram ora utilizadas, ora somen-
te consultadas, mas que, de todo modo,
podem servir para sanar lacunas que por
ventura venham a surgir ao longo dos es-
tudos.
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UNIDADE 2 - A Sociedade Digital

Promover uma perspectiva histórica é Falar em sociedade de informação nos


considerado um dos melhores caminhos remete de imediato para tecnologia de
para entendermos plenamente a evo- informação, tecnologia esta que come-
lução e o presente, seja do ser humano, çou a ser empregada na década de 1980,
seja de um produto, de uma tecnologia. para explicar a convergência de diversas
Portanto, partiremos da definição para correntes de desenvolvimento tecnoló-
sociedade digital que é subjetiva, pas- gico, principalmente àquelas associadas
sando pelo contexto de seu surgimento, à microeletrônica, às telecomunicações e
as famosas “ondas” e a “cauda longa” que à informática (RAMOS, 2003).
grosso modo introduz ou apresenta as
A Sociedade da Informação estrutura-
ideias sobre as ondas de transformações
-se, em primeiro lugar, a partir de um con-
e oportunidades produzidas pela inter-
texto de aceitação global, na qual o de-
net.
senvolvimento tecnológico reconfigurou
Características desse mercado, tempo o modo de ser, agir, se relacionar e existir
e espaço que se confundem e o mercado dos indivíduos e, principalmente, propôs
consumidor do século XXI também são os modelos comunicacionais vigentes.
temas de estudo dessa primeira unidade. Não se pode separar a informação da tec-
nologia, algo que vem sendo remodelado
2.1 Sociedade da informa- e institucionalizado com os avanços na
área do conhecimento e das técnicas.
ção x sociedade digital
Segundo Kohn e Moraes (2007), a in- A Sociedade da Informação, de acordo
formação é a transmissão de mensagens com Webster (s.d apud GALARÇA, 2007),
que possuem um significado comum en- é representada por uma sociedade na
tre o emissor (quem produz a mensagem) qual a informação é utilizada intensa-
e um sujeito (quem recebe a mensagem), mente como elemento da vida econômi-
por meio de um suporte tecnológico que ca, social, cultural e política, dependendo
faz a mediação dessa mensagem. Toda de um suporte tecnológico para se pro-
informação é dotada de consciência, ob- pagar, demonstrando que esse processo
jetivo e finalidade ao ser transmitida do se tornou um fenômeno social, instaura-
emissor para o interlocutor. do dentro da sociedade.

A informação como matéria-prima na Para que a informação se propague é


Sociedade da Informação tem mecanis- necessário um meio tecnológico. É por
mos tecnológicos de componentes inter- esse motivo que a sociedade caminha
-relacionados, que coleciona, recupera, ao encontro da tecnologização, para um
processa e distribui informação, a esse processo de virtualização onde tudo pas-
conjunto de componentes denominamos sa a acontecer e se fazer dentro de um
sistemas de informação. universo virtual.
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Para Castells (1999), a habilidade ou ção da informação por todo o domínio


inabilidade de uma sociedade dominar a que nós seres humanos fomos capazes
tecnologia ou incorporar-se às transfor- de criar. Atualmente, a internet pode ser
mações das sociedades, fazer uso e de- definida como o tecido de nossas vidas,
cidir seu potencial tecnológico, remodela ela é a base tecnológica para a forma or-
a sociedade em ritmo acelerado e traça a ganizacional da Era das Informações: a
história e o destino social dessas socie- rede.
dades; remetendo que essas modifica-
A rede é um conjunto de links interco-
ções não ocorrem de forma igual e total
nectados, uma trama de arquivos inte-
em todos os lugares, ao mesmo tempo e
grados com conexões imprevisíveis que
instantânea a toda realidade, mas sim é
se estabelecem em velocidade estonte-
um processo temporal e para alguns, de-
ante, e também de pessoas que, duran-
morado.
te a navegação, constroem percursos
Pois bem, se entendemos que preci- no trânsito de um link a outro. Ou seja, a
samos nos adaptar às novas tecnologias, rede digital disponibiliza uma cartografia
que a maioria de nós depende da infor- que reclama a interação dos usuários. Ao
mação para relacionar, conviver, produzir decorrer da história, podemos observar
e quiçá, sendo um tanto radical, sobre- que as redes sempre foram implantadas
viver neste século XXI, partiremos para como uma ferramenta que busca organi-
entender a sociedade digital como uma zar, congregar recursos em torno de me-
sociedade onde as relações sociais são tas que sempre foram muito bem esta-
mediadas pela tecnologia, o que aconte- belecidas, em grande parte das vezes por
ce basicamente quando interligados via um poder hierárquico muito bem definido
internet. (REGALO; CARNEIRO, 2013).

A internet para Lévy (2000) é um ci- A grande inovação da Internet foi que
berespaço ou rede, um novo meio de co- ela permitiu, pela primeira vez e em tem-
municação que surge da interconexão po real, a comunicação entre diversas
mundial dos computadores. O termo es- pessoas, em um determinado momento
pecifica não apenas a infraestrutura ma- estabelecido e em uma escala global, ao
terial da comunicação digital, mas tam- que podemos chamar de sociedade digi-
bém o universo oceânico de informações tal.
que ela abriga, assim como, os seres hu-
manos que navegam e alimentam esse 2.2 Contexto histórico do
universo. O processo resulta de um movi-
mento internacional coletivo, integrado,
seu surgimento
participativo e com traços colaborativos, Relembrando brevemente a evolução
que busca experimentar novas formas de dos meios de comunicação teremos: os
comunicação diferentes daquelas que as livros, os jornais, o telégrafo, o telefone,
mídias clássicas nos propõem. o rádio, o telex, a televisão e o fac-sími-
le, que foram nos séculos passados os
Castells (2003) diz que a Internet tem canais utilizados para que a comunica-
como característica principal a distribui- ção e o conhecimento fossem atingidos.
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E certamente, a cerca de um pouco mais A massificação, que ainda reina, mas já


de sessenta ou setenta anos atrás, um não mais governa como outrora, gerava
número bastante restrito de pessoas tanto ruído que nos era impossível ouvir
ousaria a pensar que seria possível co- a voz de um consumidor insatisfeito bra-
nectar-se à uma rede mundial de com- dando. O que algumas populistas mídias
putadores, com acesso à comunicação e não permitiam, a web, com sua nature-
a uma incomensurável gama de informa- za revolucionária e democrática, o faz
ções e conhecimentos. abrindo espaço para que qualquer indiví-
duo esteja sob os holofotes. Semeia um
No entanto, a internet, tornou-se re-
campo prolífico para que o clamor do in-
alidade e, indiscutivelmente, é o canal
divíduo seja ouvido e, caso seja pertinen-
de acesso à informação mais usado em
te, reflita o desejo de uma multidão que
todo planeta e presente em nosso coti-
antes não tinha meios para se expressar
diano. Tal emprego denota a importância
(VAZ, 2011).
da revolução tecnológica que abriga os
sistemas de informação e comunicações, Que a internet surgiu no contexto das
representando com isso um dos eventos necessidades de segurança das ações mi-
mais significativos na evolução da nossa litares americanas nós já sabemos. Que
sociedade (NONATO, 2010). ela é ou deveria ser um meio interativo
de custos baixos também deduzimos fa-
De maneira um tanto poética, Vaz
cilmente, mas numa boa metáfora: igual-
(2011) nos conta que o surgimento da
mente as estradas possuem autopistas
internet não foi simplesmente uma ino-
de qualidade superior, temos estradas
vação disruptiva, mas praticamente a
interioranas que deixam muito a desejar,
personificação de um conceito bíblico de
onde percorrer poucos quilômetros se
sermos todos um. A internet nos une na
transforma em um verdadeiro rally longo
medida em que delineia a cada bit a tes-
e penoso.
situra de nossa existência cada vez mais
baseada na era da informação. A inter- Infelizmente, com a internet aconte-
net, paradoxalmente em relação à sua ce igual... ainda temos muitos municípios
grandeza sistêmica, permite o prosaico, (tanto no Brasil quanto em outros países)
deixando espaço para que exerçamos onde a velocidade e até mesmo a possibi-
nossas individualidades e vontades. lidade de acesso ainda não chegaram.

A rede, além de nós (nos dois sentidos Mas esse modelo de comunicação e in-
da palavra) e hubs, é preenchida pela ex- teração veio para ficar, disso não temos a
ternalização de nossos desejos e nossas menor dúvida.
necessidades. O espírito subjetivo e sub-
versivo da web se manifesta desde um 2.3 As “ondas” e a “cauda
obscuro tweet para três ou quatro se-
guidores até um vídeo do YouTube que,
longa”
do dia para a noite, é visto por milhões de Na década de 1980, Alvin Toffler pre-
pessoas. conizou o que hoje testemunhamos a
cada bit que trocamos na internet – a
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geração de riqueza passou das mãos da insatisfação de seus empregados e criou


produção para as mãos da informação. a automação, começando a substituir o
Esse simples fato tem trazido mudanças homem pela máquina.
profundas na maneira como lidamos com
Na segunda onda o homem abandona
os mais diversos aspectos da sociedade,
a sua cabana primitiva e diariamente des-
do cultural ao político, do econômico ao
loca-se para trabalhar em torno da “má-
religioso.
quina” nos grandes centros industriais.
Toffler 1 previu, em 1970, que os com- Nesta onda prevalece o fluxo da energia.
putadores, até então imensas e pesadas
Sucedendo isso, vem a terceira onda, a
máquinas, fariam parte do dia a dia das
fase do terciário, quando o homem retor-
pessoas; apostou na redução do papel
na para a sua cabana eletrônica, para sa-
do Estado e fez outras previsões que, em
tisfazer necessidades essenciais. Nesta
sua maioria, se cumpriram. Em 1980, lan-
onda flui a informação. É a fase calcada
çou seu clássico livro “A terceira onda”, no
no setor dos serviços, a da Informática,
qual apresenta as diversas formas como
através dos computadores, das teleco-
a humanidade produziu riqueza ao longo
municações, da robótica, dos micropro-
dos séculos.
cessadores. Esta onda está começando,
A primeira onda caracterizou-se pe- evidentemente, por via dos países mais
las atividades no setor rural. A primeira desenvolvidos.
forma de produção de riqueza da huma-
A invenção do computador, associada a
nidade teria sido o desenvolvimento da
diversas outras mudanças na sociedade,
agricultura, quando o conhecimento era
criou o que vivemos hoje – a sociedade da
mínimo e do homem era exigido apenas
informação. Em alguns países socialmen-
que acordasse muito cedo e trabalhasse
te assimétricos, como o Brasil, podemos
arduamente com seus próprios braços
observar as três ondas convivendo con-
para que fosse próspero. Foi uma revolu-
comitantemente de maneira singular.
ção capitaneada pela invenção do arado.
Nesta onda fluem basicamente os mate- Vejamos no quadro abaixo um compa-
riais. rativo de parâmetros que caracterizam
as segunda e terceira onda, as revolu-
A segunda onda veio com a Revolução
ções tecnológicas mais importantes dos
Industrial, que se iniciou em meados do
últimos séculos.
século XVIII, na Inglaterra. A produção
de riqueza pela terra deu lugar à indús-
tria e aos bens de consumo. Revolução
protagonizada pela invenção do motor 1- Escritor e futurista norte-americano, doutorado em Letras,
Leis e Ciência, conhecido pelos seus escritos sobre a revolução
a vapor. Durou em torno de 300 anos, digital, a revolução das comunicações e a singularidade tecno-
lógica.
sendo o tipo de atividade que aliena o in-
dustriário porque o faz repetir cerca de 8 Os seus primeiros trabalhos deram enfoque à tecnologia e seu
impacto (através de efeitos como a sobrecarga de informação).
a 15 movimentos durante toda a jorna- Mais tarde centrou-se em examinar a reação da sociedade
e as mudanças que esta sofre. Os seus últimos trabalhos têm
da de trabalho. Um dia, um industrial se abordado o estudo do poder crescente do armamento militar
do século XXI, as armas e a proliferação da tecnologia e o ca-
perguntou como resolver o problema da pitalismo.
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A Revolução Industrial A Revolução da Informática


Parâmetros
2ª Onda 3ª Onda
Fatores de
Terra, trabalho, capital. Conhecimento / Informação.
produção:
Alicerçado em bens tangíveis (aço, Com base em bens intangíveis
Capital: petróleo). (tecnologia, software).
Recursos escassos. Teoricamente sem limites.
Moeda: Ouro, papel moeda. Eletrônica / digital.
O trabalho físico é predominante, O trabalho mental é predominan-
mecânico e repetitivo. te mais criativo, menos intercam-
Trabalho: Sistema de remessas. biável.
Horários fixos em fábricas e escri- Fluxo contínuo, ininterrupto em
tórios. casa, no carro, no avião, etc.
Inovação: Intermitente. Constante.
Pequenas empresas e unidades
Os grandes negócios e as grandes
Escala: de trabalho são mais importan-
unidades de trabalho dominam.
tes.
Ênfase na comunicação (sistema
Ênfase no transporte. (estradas,
Infraestrutura: neural eletrônico com base em
pontes, instalações portuária).
redes inteligentes).
Velocidade
Relativamente rápida. Em tempo real.
transacional:
Fonte: http://www.profcordella.com.br/unisanta/textos/cam34_alvin_toffler.htm

De 1980 a 1995, presenciamos as pri- cada vez menos os custos da cadeia pro-
meiras mudanças em direção a essa nova dutiva estejam nas mãos da produção de
sociedade – a informatização elevou a ní- bens e cada vez mais na prestação de ser-
veis nunca antes imaginados o fluxo e a viços como mídia, entretenimento, educa-
organização da informação. Podemos ver, ção, saúde e serviços financeiros, muitos
por exemplo, um reflexo dessa informa- deles exclusivamente dependentes de in-
tização na integração da cadeia de supri- formação e conhecimento.
mentos, diminuindo os níveis de estoques
Vaz (2011) ressalta que a economia
e aumentando a margem de lucro dos va-
da informação muda completamente os
rejistas.
parâmetros de valor. Uma ideia que gere
Após a estabilização da moeda e a ex- uma vantagem competitiva pode valer
plosão do consumo no país, sistemas que milhões, talvez bilhões de dólares e exem-
melhoraram o fluxo de informações por plifica:
meio da cadeia de suprimentos transfor-
quanto vale uma ideia como a que deu
maram o mercado de “orientação para o
origem ao modelo de negócio hoje prati-
produto” para “orientação para a deman-
cado pela Microsoft, ou a que sustentou o
da”. Toda essa informatização faz com que
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crescimento da Dell ao vender computa- que obtenhamos lucro e crescimento de


dores antes de produzi-los de fato?; nossas carreiras e empresas.

quanto vale uma ideia como a que au- A internet é um meio que permite a
mentou o bocal do tubo de pasta de den- troca livre e instantânea de dados. Nada
tes? Ou a ideia que deu origem ao modelo mais adequado para uma era em que tudo
de links patrocinados do Google?. é transformado em bits. E nesse ponto
vale um parêntese. Se você já participou
O dinheiro está nas ideias, na informa-
de algum site de relacionamento afetivo,
ção, nos bits, não no banco e muito menos
como Par Perfeito ou tantos outros que
na produção. Sites com muito pouco di-
povoam a web, sabe que uma das regras é
nheiro, mas com uma boa ideia, passam da
ter uma ótima foto. Quanto melhor a foto,
casa das dezenas para a casa das centenas
mais contatos você recebe na sua caixa
de milhões de usuários em poucos meses.
postal. Isso está totalmente em harmo-
Crescimentos da ordem de 1.000% ou
nia com uma época que valoriza o design
5.000% não são números fantasiosos na
(VAZ, 2011).
economia da informação.
Outro conceito que não é novo, mas que
A economia da informação não tinha de
na internet ganhou notoriedade e uma di-
fato se mostrado ao mundo até poucos
ferente conotação é o conceito de Cauda
anos atrás. No Brasil, em 1995, um fenô-
Longa. É um conceito essencial para en-
meno disruptivo abriu-se comercialmente
tender as consequências de um mercado
– a internet. Todas aquelas informações,
que tem como base informações.
que durante décadas foram transforma-
das em bits, agora poderiam trafegar livre- Ninguém mais didático e simples para
mente por computadores de todo o mun- explicar a cauda longa do que a Wikipédia
do, bastando, para tanto, um computador (http://pt. wikipedia. org/wikil A_ Cauda_
e uma linha telefônica. Com a privatização Longa): cauda longa (do inglês The Long
da telefonia no Brasil e a consequente po- Tail) é um termo utilizado na Estatística
pularização das linhas telefônicas em me- para identificar distribuições de dados da
ados da década de 1990, criou-se a base curva de Pareto, na qual o volume de da-
para a internet explodir no país. dos é classificado de forma decrescente.

A informação passa realmente a ser a No mercado do consumo de bens, é vul-


verdadeira protagonista da mobilidade gar encontrar curvas deste tipo para ilus-
social. De livros a sofás, de músicas a re- trar a procura dos consumidores. Tipica-
lacionamentos; tudo é transformado em mente, procura elevada para um conjunto
bits e comercializado por meio da grande pequeno de produtos e procura muito re-
rede. Ela perscruta e se torna cada vez duzida para um conjunto elevado de pro-
mais presente em nosso dia a dia. O ponto dutos. Na Economia Tradicional, os custos
mais importante que Vaz quer nos mos- fixos de manutenção de estoques e catá-
trar é que em uma economia em que a in- logos permitem calcular um valor para a
formação é a protagonista, aprender as procura que define a fronteira entre o lu-
suas regras é condição sine qua non para cro e o prejuízo.
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No caso da Nova Economia, este racio- A economia digital intensificou algo que
cínio é colocado em xeque, muito particu- começou timidamente há muito tempo – a
larmente no caso dos produtos digitais. necessidade do imediatismo da resposta.
Por exemplo, o custo de manutenção de Já que tudo é tão rápido, não há mais tem-
um produto muito procurado é igual ao po para esperar pelo que quer que seja. O
custo de manutenção de um produto pro- que antes chegava por carta e demorava
curado apenas por um número mínimo de meses, hoje chega por alguma via eletrô-
consumidores. nica e demora o tempo de você recarregar
a página. O mercado moldado pelas tec-
Apostar na Cauda Longa torna-se eco-
nologias muda profundamente o ser hu-
nomicamente interessante, ao contrário
mano. Novos comportamentos surgem e
do que acontecia antes. No limite, o con-
novas oportunidades também.
junto dos produtos que existem na zona
da Cauda Longa tem um valor comercial O mercado em tempos de economia di-
equivalente aos dos produtos populares. gital tem adquirido novas configurações,
tanto no que tange à globalização de em-
A economia baseada na escassez de es-
presas locais ou à localização de empresas
paços tem que privilegiar só aqueles pro-
globais. Essa é uma vantagem para qual-
dutos que melhor remuneram o espaço,
quer pequena empresa que pensa em ex-
o que chamamos de hits, os que vendem
pandir seus mercados.
mais, os que são mais procurados e, por
isso, mais valorizados. A indústria publici- Na internet, qualquer companhia pode
tária sobreviveu até hoje da venda de es- fazer uma campanha mundial e monitorar
paços escassos em revistas, jornais, inter- todos os resultados país a país, cidade a
valos comerciais e tantos outros. Já vimos cidade. No Google Analytics, por exemplo,
que o que é escasso tem mais valor do que o anunciante pode saber de quais estados
aquilo que é abundante. É a boa e velha lei do Brasil e do mundo vieram os acessos
da oferta e da demanda. que seu site teve durante o período que
escolher, além de outras centenas de in-
A Cauda Longa explica a queda no fa-
formações necessárias para entender o
turamento de algumas feiras e eventos
comportamento desse novo consumidor.
setorizados em todo o mundo. A internet
possibilita que empresas que antes só se Mais uma vez constatamos que a in-
reuniam uma ou duas vezes por ano em ternet é um meio com ampla riqueza de
uma feira, por exemplo, têxtil, agora se informações, o que facilita qualquer ação
reúnam a qualquer hora pela internet e de planejamento, pesquisa e levantamen-
façam negócios. Os nichos que antes só to de dados.
podiam se reunir de maneira efetiva local-
Utilizando-se adequadamente da rede,
mente em um espaço de eventos, hoje se
é possível fazer um levantamento das ne-
reúnem no espaço virtual (VAZ, 2011).
cessidades dos clientes de maneira preci-
sa e inequívoca. Considere, por exemplo,
2.4 Características do mer- analisar o perfil de seus principais clientes
cado no Facebook e saber exatamente como
12

agradá-los em sua próxima compra. A advento de uma nova tecnologia.


chance de eles estarem cadastrados no
Parece óbvia a capacidade da internet
maior site de relacionamento do Brasil
de gerar valor para consumidores. Contu-
é muito alta, dado que a maioria de seus
do, obviedades nem sempre são tão visí-
usuários é brasileira.
veis para as empresas.
Pense por um momento na estratégia
Vaz (2011) afirma com muita veemên-
do Google para gerar relacionamentos
cia que a internet é mídia principal, não
com seus usuários e entenda por que essa
mídia de apoio. A mágica que anterior-
empresa está criando uma nova maneira
mente era gerada por uma página dupla
de lidar com o mercado. Por meio de fer-
na revista semanal de maior circulação do
ramentas tão distintas quanto e-mail,
país e um comercial de 60 segundos na
comunicador instantâneo, mapas intera-
Rede Globo já não traz os mesmos resul-
tivos, site de buscas, ferramentas para
tados de outrora, e a tendência é cada vez
imagens, sites de vídeos on-line, editores
mais a mágica virar fumaça, com o perdão
de texto de planilhas, comunidades virtu-
do trocadilho. Tem que haver integração.
ais, sites de grupos de discussão e muitas
Uma propaganda em um meio de mas-
outras, o Google mantém seus usuários
sa dará muito mais certo se houver uma
conectados a uma conta do Gmail e, as-
verdadeira sinergia com a web e com os
sim, consegue monitorar continuamente
outros meios, principalmente se essa pro-
todos os passos de cada um deles.
paganda for customizada para cada con-
Se o marketing já rezava a cartilha do sumidor – o sonho da tevê digital.
“conheça seu consumidor como a si mes-
É claro que a dobradinha “página du-
mo”, o Google não está fugindo muito
pla na revista Veja ou na revista Exame +
dela, mas, sim, potencializando-a de uma
anúncio de 60 segundos no horário nobre”
maneira ainda não imaginada (VAZ, 2011).
ainda dá bastante certo, afinal, o acesso à
Em pouco tempo a convergência digital internet ainda é relativamente pequeno
fará com que, ao vermos tevê, seja-nos no Brasil.
apresentada a propaganda de uma cate-
Quando tivermos 60% ou 70% da po-
goria de livros que compramos recente-
pulação conectada por banda larga e na-
mente em uma livraria que nos enviou um
vegando por meio do celular, do tablet, da
recado por uma rede social e cuja compra
tevê e também pelo notebook, aí, então,
pagamos por nosso celular. Aliás, o m-pay-
teremos outra forma de ver a comunica-
ment – pagamento por meio de celulares
ção. As empresas que saírem na frente
– já é realidade no Brasil e no mundo.
conquistando o consumidor desde já e fa-
Em países como Finlândia, Áustria, Ja- zendo um trabalho contínuo e coeso, se-
pão e Estados Unidos, entre outros, já é rão as líderes do mercado daqui a três ou
possível pagar desde pizzas até carros quatro anos.
com o celular e ainda transferir dinheiro
O público de internet é muito mais críti-
de um celular para outro. É o fim do dinhei-
co (por ser mais jovem e ter uma formação
ro de plástico, dos cartões de crédito e o
melhor) do que aquele que não dispõe de
13

acesso à rede, o que o torna um leitor mais a marca da empresa. A aclamada, mas
difícil de ser convencido ou persuadido nem tão nova assim, web 2.0 aparece hoje
por propagandas. como uma panaceia e uma nova maneira
de interagir com o consumidor. Desde que
Nos Estados Unidos, por exemplo, o
algumas empresas perceberam a força
Instituto Pew divulgou uma pesquisa que
que tem o YouTube – iniciativas de web
mostra que o prestígio da grande impren-
2.0 – diante de seu consumidor, passaram
sa vem caindo sistematicamente desde
a considerar tais iniciativas em suas cam-
1985. Cerca de 25% da população ameri-
panhas.
cana acompanha as notícias pela internet
por achar que esta é menos tendenciosa. Mudanças, contudo, parecem aconte-
cer mais rapidamente nas telas dos moni-
As coisas estão mudando, e estão mu-
tores de sites em Flash do que na mente
dando muito rápido. Conquistar esse pú-
dos dirigentes da maioria das empresas do
blico tem exigido verdadeiros malabaris-
país. Algumas delas perceberam que pos-
mos das empresas e, certamente, utilizar
sibilitar que o usuário participe da ação
a internet de maneira sinérgica com a im-
é tremendamente positivo para a marca
prensa e a grande e tradicional mídia deve
(VAZ, 2011).
fazer parte dessa estratégia. A internet
em muito pouco tempo será a mídia prin-
cipal, e preparar-se para isso desde já é
2.5 Tempo e espaço: a que-
imperativo para a sobrevivência de em- da da barreira geográfica
presas e veículos. Por que dizer que não há mais barrei-
Enquanto mais iniciativas de inclu- ras no tempo e no espaço? Porque a era
são digital possibilitarem às classes C e da informação consolida a sociedade di-
D acesso a computadores nos próximos gital pela expansão de informações e co-
anos, a equação até então repetida in- nhecimentos em grande escala, a partir
cessantemente por anunciantes globais da circulação de ideias, saber, tecnologia,
durante as últimas décadas estará fadada avanços científicos e expressões culturais
a um fracasso retumbante. AI Ries, pro- pelos meios de comunicação e, em desta-
fissional de marketing norte-americano e que, para rede global de computadores, a
um dos idealizadores do conceito de “po- Internet. Esta rede conecta todos os pon-
sicionamento de marca”, em “A queda da tos do mundo interligando pessoas, em-
propaganda”, apesar de tremendamente presas e instituições, é o novo espaço de
criticado, com seu discurso xiita de que a vida, em que é possível trabalhar, estudar,
propaganda está com seus dias contados, comprar, vender e ter relacionamentos
não estava tão errado assim, afinal (VAZ, sociais. Este espaço agrega diversas fun-
2011). ções e faz um simulacro da sociedade pe-
los espaços e comunidades que as pesso-
A internet pode, finalmente, cumprir a as participam, reestruturando assim uma
promessa da customização em massa em nova interação social.
que cada consumidor se sentirá especial e
transmitirá essa percepção positiva para Dentre a diversidade de ambientes que
a Internet integra o mercado, passa a ter
14

novas formas de comércio, quebrando barreiras de tempo e espaço no mundo


fronteiras geográficas e expandindo cada digitalizado. A internet tratou de derrubá-
dia mais a veiculação de produtos e ser- -las, uma a uma. Seu cliente pode estar em
viços nesta era globalizada (TOREZANI, Pequim e, ainda assim, encontrar-se tão
2007). próximo de você como estas palavras, ou
pode estar na sala ao lado e tão longe de
E como ficam as marcas nesse novo
você quanto a própria cidade de Pequim.
tempo?
O conceito geográfico - a distância –
A construção de uma marca, tanto na
não tem mais o mesmo significado que
internet quanto no mundo off-line, pas-
nossos pais e avós costumavam conhe-
sa pelas diversas e sucessivas interações
cer. Isso exige um novo ponto de vista,
que ela tem com seu público-alvo.
ainda nebuloso para a maioria de nós. Na
Cada experiência do usuário com a mar- economia digital, as distâncias limitaram
ca contribui para colocar um pouco de ar- a um dique. Vivemos na época da intan-
gamassa em sua percepção, formando, gibilidade e da velocidade das conexões.
ao final de uma série de interações, uma A qualquer momento, em qualquer lugar,
imagem positiva ou negativa a respeito da um consumidor pode entrar em contato
marca. Tais percepções são cruciais para com sua empresa. Basta que, para tanto,
a empresa em médio e longo prazos, por encontre-a entre os bilhões e bilhões de
isso devem ser controladas em todos os páginas (VAZ, 2011).
seus aspectos, principalmente ao se falar
Atualmente, o que denomino de local
de web.
virtual tem tanta importância quanto o
Muitas empresas simplesmente sumi- local físico. Quando você está conversan-
ram do mapa após a lendária explosão da do com amigos que estão em diversos lu-
“bolha”. Só restaram aquelas que realiza- gares do país ou do mundo pelo Skype ou
ram um sólido trabalho de marca com seus Facebook, por exemplo, você está criando
consumidores, as que criaram mais do que um local virtual para reunir seus amigos,
uma base de clientes - criaram um séqui- independentemente de qual local físico
to. Depois do advento e da disseminação eles estão. As revoltas no Egito, na Líbia
da internet, as interações de uma marca e em outros países só foram possíveis de-
com seus consumidores ampliaram-se em vido ao local virtual que a internet possi-
demasia. A interação com a empresa pas- bilita.
sou a ocorrer durante 24 horas e sem con-
Os atuais “rolezinhos”, as passeatas
trole. Os pontos de contato com sua marca
de meados de junho de 2013 são outros
agora são o celular, o Facebook, o Twitter,
exemplos práticos da quebra dessas bar-
o tablet e tantos outros meios que ficaria
reiras.
impossível listá-los todos aqui.
Antes, reunir-se em um local físico para
Tais interações saíram muito do contro-
tramar contra um governo seria conside-
le da empresa e expandiram seus domí-
rado traição, sob pena de prisão ou morte,
nios para cada lar, em todo o mundo e em
dependendo do regime político. Detectar
todo momento. Realmente não há mais
15

tais reuniões conspiratórias na internet, Coca-Cola ou a Fiat, nunca ouviram falar


feitas em um local virtual, é muito mais de sua empresa. Eles procurarão pelo be-
difícil. nefício (fazendo uma analogia com medi-
cina: procurarão o nome do remédio) ou
O local virtual influencia diretamente o
pelo problema (seguindo a mesma ana-
local físico. A reunião planejada pela inter-
logia, procurarão pelos sintomas). Essas
net – Skype, chat do Facebook ou outras
serão as palavras-chave que deverão ser
tantas ferramentas – resulta em uma reu-
trabalhadas. Não necessariamente sua
nião no local físico. O local virtual precede
marca.
o físico. A economia da informação segue
à frente da economia dos objetos e dos Vaz (2011) explica que não está dizen-
átomos. As compras coletivas só existem do para não ter um domínio com sua mar-
como grandes negócios como atualmente ca, mas, sim, para ter domínios com sua
devido a essa crescente importância do palavra-chave também. Uma vez que as
local virtual, baseado em bits, onde pes- distâncias acabaram, é preciso pensar nas
soas de qualquer local do mundo podem novas regras desse novo cenário.
se reunir.
A ausência de distâncias gera novos
Nesse contexto globalizado, em que modelos de negócios, modelos de clubes
a distância digital opera em um mundo de compra como Peixe Urbano e vários ou-
paralelo da distância física – em que a di- tros apareceram ao redor do mundo. Gera
mensão dos objetos e a dimensão da in- também modelos de negócios que privile-
formação caminham desencontradamen- giam o benefício, não o lugar onde o con-
te –, muitas vezes o primeiro contato que sumidor vive. Por meio da internet, a con-
um consumidor terá com sua empresa, dição social média dos habitantes de uma
seu produto ou serviço será por seu site. cidade ou de um país não será mais deter-
A percepção que esse usuário terá de sua minada pelo lugar em que se vive. A dis-
marca dependerá do sucesso de todas tância não é mais relevante em um mundo
as etapas pela qual passa essa interação em que a informação trafega livremente
(VAZ, 2011). para qualquer canto, porque ela está em
todos os lugares ao mesmo tempo.
Desde a procura da informação até a
abertura da página inicial e a posterior A ausência de distâncias muda o ne-
navegação, a construção de uma marca gócio da sua empresa, caso ela tenha na
estará atrelada às sensações e ações que geografia um ponto de apoio. Desde aca-
o usuário terá de todo o processo. Todo o demias de musculação até padarias, de
processo dos 8 P’s deve ser realizado para cursos de inglês a restaurantes de en-
que a impressão do consumidor seja coe- trega em domicílio, todos eles terão seus
sa e esteja de acordo com o que sua em- modelos alterados, dado que, por meio da
presa quer passar. internet, podem ser vistos por pessoas de
todo o planeta. Um restaurante de bairro,
Com a queda da barreira geográfica,
fazendo um bom trabalho pela internet,
você terá consumidores de todas as par-
pode ser percebido por pessoas do outro
tes do mundo que, caso você não seja a
lado do mundo ou do país. As possibilida-
16

des que isso gera são enormes, principal- afirmar que a Internet possui vantagens
mente no mercado de turismo e no merca- no setor turístico, para disponibilizar da-
do de franquias. No mercado de turismo, dos para o desenvolvimento da ativida-
atualmente, as pessoas procuram progra- de e para conquista de novos clientes,
mar toda a sua viagem sentadas calma- atendendo as necessidades das pessoas
mente em um notebook conectado à web dentro desta sociedade de constantes
em sua casa, no seu país de origem. Plane- transformações que requer praticidade,
jam os pontos que visitarão, quais shows qualidade e diferenciação nos serviços.
assistirão, o que e onde comprarão, e vá-
O mundo sem distâncias, com base em
rios outros detalhes. Um restaurante ou
informação, muda comportamentos, ma-
um museu que tenha uma presença forte
nifestações culturais e sociais, muda a
na internet pode se beneficiar muito des-
economia. Estamos muito mais próximos
ses públicos.
das culturas de povos que antes só nos
Torezani (2007), em artigo que busca chegavam pela tevê e hoje conseguimos
analisar como os sites de empresas tu- interagir com elas. Veja a quantidade de
rísticas divulgam as expressões culturais pessoas que pesquisam na internet por
da cidade de Ilhéus (BA), confirma que o fatos completamente alheios à nossa cul-
turismo tem significativas mudanças em tura como budismo, comida japonesa, jo-
função das novas tecnologias da comuni- gar hóquei e outros elementos culturais
cação, o que altera atividade econômica que não nos são familiares e tradicionais.
para o trade e para os clientes, com novas
A internet faz com que, pela primei-
formas de deslocamentos e experiências
ra vez, aquele que se sente um estranho
turísticas.
no ninho, alheio à realidade em que vive,
Para além das técnicas de marketing, procure uma realidade que lhe seja mais
de propaganda e publicidade, a comuni- aprazível, que encaixe na sua maneira
cação turística toca as imagens identitá- de pensar. Uma pessoa que vive em Mo-
rias de um território, a memória coletiva e çambique pode descobrir que adora fazer
social de um povo: trata-se aqui de repre- origamis, pesquisar na internet sobre o
sentações difundidas a diversos títulos, e tema, se corresponder com outras pesso-
que deverão ter repercussões significati- as em todo o mundo que também têm isso
vas sobre o olhar que as comunidades re- como hobby e assumir tal estilo de vida. As
ceptoras dirigem a si mesmas diante dos pessoas cada vez mais se reúnem em tor-
visitantes (VOISIN, 2006, 104). no de ideias, não de lugares. Se gosto de
filmes alemães da década de 1970, posso
Nos sites das empresas de turismo, de-
discutir tais filmes com pessoas do mun-
vem constar informações sobre as cida-
do inteiro sem ter que ir para a Alemanha
des turísticas, os serviços oferecidos pela
ou frequentar festivais alternativos pelo
rede devem estar sempre atualizados, já
país. Faço isso sentado à minha mesa, na
que a publicidade e concorrência deste
minha casa. Essas mudanças influenciam
meio são muito aceleradas.
negócios e empresas de uma maneira
Lage (2000) é outro autor também a ainda não completamente compreendida
17

(VAZ, 2011). sa cultura linear pode ser impossível para


alguns, pobres mortais analógicos. Tem-
Seu negócio certamente será afetado,
po e espaço são muito teóricos para nos
basta você descobrir como e usar isso a
sentirmos à vontade. Falemos de uma lin-
seu favor.
guagem mais mercadológica. Vivemos em
A ausência de distâncias cria iniciativas uma escassez de tempo em que a nossa
como a do “World Community Grid” (www. atenção é requerida por mais anunciantes
worldcommunitygrid.org), um projeto da do que poderíamos dar conta. A escassez
IBM e de outros parceiros que comparti- de atenção transforma o tempo e a pró-
lham processamento de dados com com- pria atenção nos bens mais valiosos que
putadores ligados à internet para resol- uma marca possa desejar. O imediatismo
ver problemas bem complexos, como o da resposta, exigido em nosso cotidia-
Genoma, a batalha contra o câncer infan- no escravo do relógio, faz-nos dedicar
til e muitos outros. Vale a pena conhecer não mais do que alguns segundos para a
o site, baixar o programa e ajudar nessa maioria das informações que nos vêm aos
luta. olhos.

Novas regras definem novos modelos Os resultados são vistos em nosso dia
de negócios. Há muito mais oportunida- a dia. É só tomarmos como exemplo os
des nesse novo cenário do que ameaças. blogs e, mais recentemente, “twittização
Basta ter olhos para enxergá-las. das notícias”. Os blogs, com seu formato
de breves e imediatos posts, vêm influen-
Algo que era impensável há poucos
ciando as instituições seculares da infor-
anos, hoje não mais o é – interagir com seu
mação. Nos sites dos jornais leem-se os
cliente em todos os lugares em que ele
vários jornalistas com seus blogs, cegos
esteja e a todo momento que ele desejar
tentando acertar um alvo nebuloso, que
devido à queda da barreira geográfica. O
está em todos os lugares e, ao mesmo
ciberespaço, com sua natural característi-
tempo, em lugar nenhum – o consumidor
ca de atuar em dimensões diversas, tanto
quântico, probabilístico. A blogalização
temporal quanto espacial, confundiria até
dos jornais é somente uma consequência
mesmo Einstein em seus dias mais fecun-
de sua adaptação a um mundo em cons-
dos, contudo, não assusta mais nem mes-
tante mudança. A agilidade da notícia
mo uma criança de 10 anos, que já nasceu
tornou-se fator imperativo em um mun-
sabendo que a internet sempre esteve
do que precisa de informação relevante,
lá e não imagina como um dia ela poderia
atualizada e confiável para pautar deci-
não ter existido.
sões diversas. Por outro lado, o iG e o Úl-
Em um admirável mundo novo, no qual timo Segundo, por terem nascido empre-
a noção de limites parece ter ruído, tempo sas digitais, já blogalizaram as notícias de
e espaço – esses dois elementos clássicos maneira muito mais intensa. Muitos jorna-
da economia tradicional- também vêm se listas famosos têm seus blogs no ar no iG
transformando em nossa mente rebelde. (VAZ, 2011).
Entender essa radical mudança dos ele-
Indo ao encontro dos preceitos digitais
mentos que estão tão arraigados em nos-
18

de nossa nova economia está o Google todo o momento?


News, provendo abrangência e riqueza
O consumidor não tem tempo para
na busca pela informação mais atualiza-
nada, dada a quantidade de novas tarefas
da e relevante. O tempo entre o aconte-
e interesses que se impuseram ao longo
cimento e a veiculação da notícia passa a
de seu dia, nas mesmas 24 horas de que
ser o tempo em que o jornalista consegue
ele sempre dispôs. Isso gera um comporta-
passá-la para o computador – esse jorna-
mento que denominamos de “multitarefa”
lista, muitas vezes, é um consumidor que
em que a atenção é dividida entre várias
está no local em que a notícia está acon-
tarefas ao mesmo tempo para dar conta
tecendo. No Twitter acontece o mesmo
de todas. O consumidor vive uma crise de
com qualquer grande acontecimento que
tempo. O consumidor atual desenvolve a
esteja sendo veiculado ao vivo para uma
cada interação com a web um sentimento
quantidade muito grande de pessoas.
de coletivo muito maior do que seus pais e
O Google News também tem sua par- avós. Vive um mundo em rede, cercado de
cela de responsabilidade nisso. Nele, o lei- pessoas a todo o momento e interagindo
tor pode personalizar sua página principal com elas por um Facebook ou Twitter ao
para apresentar-lhe somente as notícias mesmo tempo em que passa muito mais
que lhe são relevantes e buscar as notí- tempo sozinho. Parece ser necessário re-
cias já publicadas de maneira fácil, sem definir o conceito de “estar sozinho”.
que para tanto ele precise procurar uma a
O consumidor se tornou mais exigen-
uma em cada um dos jornais já entregues.
te quanto ao que recebe das empresas,
No mesmo programa, as notícias que
seja em termos de comunicação, marca,
saem com determinadas palavras-chave
produto, serviço ou informação e isso faz
podem ser enviadas ao seu e-mail assim
com que diminua seu grau de atenção com
que forem veiculadas e, inclusive, podem
relação àquilo que não deseja ver ou ouvir,
ser recebidas pelo celular – são os Alertas
porém aumenta em muito o grau de aten-
do Google.
ção para aquilo que lhe é relevante.
Enfim, a notícia (conteúdo) prescinde
A experiência mostra que o consumidor
do jornal (contexto) e pode estar em qual-
do século XXI não confia mais tão facil-
quer lugar, desde que se esteja próximo
mente nas marcas que lhe são apresenta-
de um computador, smartphone, tablet e
das pela propaganda e prefere a opinião
sabe-se lá o que mais inventarão, comple-
isenta de seus amigos. O consumidor vive
ta Vaz.
uma crise de credibilidade. As ferramen-
tas de pesquisa de preços e o Google, alia-
2.6 O consumidor do século dos à crise, tornaram o consumidor mais
XXI racional na compra.
Não existem mais barreiras relaciona- De todo modo, a compra ainda é priori-
das ao tempo e ao espaço, mas e o novo tariamente emocional, porém está muito
consumidor, quais as motivações, como mais racional do que antes. Se um mesmo
está seu comportamento diante das pos- produto custa cem reais em uma loja e
sibilidades digitais que se lhe apresentam
19

150 reais em outra, por que comprar onde


está mais caro? Antes, o consumidor não
tinha essa informação, hoje, ele tem. O
mercado está mais simétrico. A assimetria
de informação está diminuindo. Esse con-
sumidor, acostumado a pesquisar preços
na web, muda o comportamento dele em
relação ao varejo tradicional. Agora, ele
pesquisa antes de sair de casa, mesmo
que não compre pela internet. Igualmen-
te, ele pesquisa sobre a empresa antes de
contratá-la para um serviço. Diante desse
cenário, pode ter certeza: se o consumi-
dor chegou até você, metade da venda já
está feita. Ele pesquisou seus concorren-
tes, pesquisou sua marca e resolveu con-
ferir para ter certeza de que o que viu na
internet era verdade (VAZ, 2011).

Outra constatação é que o on-line in-


fluencia dia após dia o off-line. As empre-
sas que acham que seus consumidores
não estão na internet porque não ven-
dem pela internet correm o risco de se
surpreenderem muito. A empresa pode
não estar na web, mas o consumidor está
(e, muitas vezes, seus concorrentes tam-
bém, o que piora o quadro). O consumidor
racional exige informações sobre o produ-
to. Em um comportamento aprendido na
internet, esse consumidor exige mais do
site da empresa, exige mais do vendedor
da empresa e do serviço prestado por ela.
20
20

UNIDADE 3 - Computação em Nuvem

A denominação cloud computing che- Google, Amazon, Yahoo, eBay e Microsoft


gou ao conhecimento de muita gente em adotaram este novo recurso tecnológico,
2008, mas tudo indica que ouviremos este e para nossa contribuição brasileira, re-
termo ainda por um bom tempo. Também centemente em 2009, a IBM inaugurou em
conhecido no Brasil como computação nas São Paulo um de seus “13 centros de cloud
nuvens ou computação em nuvem, cloud computing espalhados pelo mundo, com
computing se refere, essencialmente, à investimentos na ordem de US$ 300 mi-
ideia de utilizarmos, em qualquer lugar e lhões e mais de 200 pesquisadores dedica-
independente de plataforma, as mais va- dos em tempo integral à nova tecnologia”
riadas aplicações por meio da internet com (ANDRADE, 2010 p.1).
a mesma facilidade de tê-las instaladas em
Fica evidenciado o esforço concentrado
nossos próprios computadores.
quanto ao aporte de recursos humanos e
Por que usar uma nuvem como símbolo? financeiros nesta nova configuração tec-
nológica, mas é importante informar que
Alecrim (2008) explica que ao consultar
atualmente existem inúmeros serviços
livros de redes, telecomunicações e afins,
disponíveis, a qualquer momento que o
pode-se perceber que o desenho de uma
usuário queira acessar a internet, graças à
nuvem é utilizado para fins de abstração.
tecnologia do processamento em nuvem.
Neste sentido, a nuvem representa uma
rede de algum tipo cuja estrutura não pre- Este novo processamento permitirá, em
cisa ser conhecida, pelo menos não naque- futuro muito próximo, que usuários utili-
le momento. zem programas virtuais sem necessidade
de instalá-los em seus computadores, nem
Por exemplo, se a ideia é a de explicar
se quer precisarem de sistema operacio-
como funciona uma tecnologia de comu-
nal, pois os programas e dados estarão
nicação que interliga duas redes de com-
disponibilizados na “nuvem computacio-
putadores, não é necessário detalhar as
nal”, bastando que os usuários tenham um
características de cada uma. Assim, pode-
dispositivo básico, como por exemplo, uma
-se utilizar uma nuvem para indicar que há
tela sensível ao toque, conhecida como
redes ali.
touch screen (OLIVEIRA; OLIVEIRA, 2011).
A computação nas nuvens simplesmen-
Estamos habituados a armazenar ar-
te absorveu esta ideia, mesmo porque o
quivos e dados dos mais variados tipos e a
desenho de uma nuvem, seguindo a ideia
utilizar aplicações de maneira on premise,
da abstração, passou também a represen-
isto é, instaladas em nossos próprios com-
tar a internet (ALECRIM, 2008).
putadores. No ambiente corporativo, este
Para que seja incrementado e acelerado cenário é apenas um pouco diferente, já
o movimento de disseminação e consolida- que nele é mais fácil encontrar aplicações
ção deste novo modelo de processamento disponíveis em servidores que podem ser
computacional, algumas empresas como acessadas por qualquer terminal autoriza-
21
21

do por meio de uma rede. o usuário não precisa se preocupar


com a estrutura para executar a aplicação
A principal vantagem deste modelo
– hardware, procedimentos de backup,
está no fato de ser possível, pelo menos
controle de segurança, manutenção, en-
na maioria das vezes, utilizar as aplicações
tre outros, ficam a cargo do fornecedor do
mesmo sem acesso à internet ou à rede.
serviço;
Em outras palavras, é possível usar estes
recursos de maneira off-line. Entretanto, compartilhamento de dados e traba-
todos os dados gerados estão restritos a lho colaborativo se tornam mais fáceis,
este computador, exceto quando compar- uma vez que todos os usuários acessam as
tilhados em rede, coisa que não é muito aplicações e os dados do mesmo lugar – a
comum no ambiente doméstico. Mesmo no “nuvem”. Muitas aplicações do tipo já são
ambiente corporativo, esta situação pode elaboradas considerando estas possibili-
gerar algumas limitações, como a necessi- dades;
dade de se ter uma licença de um determi-
dependendo do fornecedor, o usuá-
nado software para cada computador, por
rio pode contar com alta disponibilidade, já
exemplo.
que se um servidor parar de funcionar, por
Um exemplo prático desta nova realida- exemplo, os demais que fazem parte da es-
de é o Google Docs, serviço onde os usuá- trutura continuam a oferecer o serviço;
rios podem editar textos, fazer planilhas,
o usuário pode contar com melhor
elaborar apresentações de slides, arma-
controle de gastos. Muitas aplicações em
zenar arquivos, entre outros, tudo pela in-
cloud computing são gratuitas e, quando
ternet, sem necessidade de ter programas
é necessário pagar, o usuário só o fará em
como Microsoft Office ou OpenOffice.org
relação aos recursos que usar ou ao tempo
instalados em suas máquinas. O que o usu-
de utilização. Não é, portanto, necessário
ário precisa fazer é apenas abrir o navega-
pagar por uma licença integral de uso, tal
dor de internet e acessar o endereço do
como acontece no modelo tradicional de
Google Docs para começar a trabalhar, não
fornecimento de software;
importando qual o sistema operacional ou
o computador utilizado para este fim. Nes- dependendo da aplicação, o usuário
te caso, o único cuidado que o usuário deve pode precisar instalar um programa cliente
ter é o de utilizar um navegador de internet em seu computador. Mas, neste caso, todo
compatível, o que é o caso da maioria dos ou a maior parte do processamento (e até
browsers da atualidade. mesmo do armazenamento de dados) fica
por conta das “nuvens” (ALECRIM, 2008).
Dentre as características do cloud
computing que se traduzem em bene- Oliveira e Oliveira (2011) enaltecem que
fícios, temos: a computação em nuvem nos propiciará
novas relações com a realidade, e com cer-
na maioria dos casos, o usuário pode
teza vai alterar a forma não só como nos
acessar determinadas aplicações indepen-
relacionamos com o computador, mas prin-
dente do seu sistema operacional ou de
cipalmente como nos relacionamos com as
hardware;
pessoas e com o mundo.
22

Entretanto, os mesmo autores alertam Amazon – a Amazon é um dos maio-


que qualquer empresa nos dias de hoje res serviços de comércio eletrônico do
têm de administrar excesso de dados para mundo. Para suportar o volume de vendas
transformá-los em informações, o que ge- no período de Natal, a empresa montou
ram elevados custos causando baixa com- uma superestrutura de processamento e
petitividade diante da concorrência cada armazenamento de dados, que acaba fi-
vez mais rigorosa. Diante deste cenário, cando ociosa na maior parte do ano. Foi a
a computação em nuvem será importan- partir daí que a companhia teve a ideia de
te para aumentar a competitividade, pois “alugar” estes recursos, o que acabou re-
adota um modelo de computação que per- sultando em serviços como o Simple Sto-
mite a empresas e consumidores acessa- rage Solution (S3) para armazenamento de
rem remotamente um amplo conjunto de dados e Elastic Compute Cloud (EC2) para
recursos computacionais, sempre por de- uso de máquinas virtuais;
manda, como por exemplo, registros mé-
dicos on-line e gestão de carteira de ações
Panda Cloud Antivirus – como o
nome indica, este é um programa antivírus
em bolsas. Portanto haverá maior eficiên-
da Panda Software, mas com uma grande
cia e transparência do gerenciamento da
diferença, a maior parte do trabalho neces-
infraestrutura computacional, pois ela é
sário à ferramenta para pesquisar e elimi-
compartilhada, e permitirá as organizações
nar malwares fica por conta das “nuvens”.
uma maior rastreabilidade das informa-
Com isso, de acordo com a Panda, essa so-
ções armazenadas, acessadas e utilizadas.
lução acaba evitando que o antivírus deixe
Alecrim (2008) lista alguns serviços o computador lento;
que incorporam claramente o concei-
Aprex – brasileiro, o Aprex oferece
to de cloud computing. Vejamos:
um conjunto de ferramentas para uso pro-
Google Apps – este é um pacote de fissional, como calendário, gerenciador de
serviços que o Google oferece que conta contatos, lista de tarefas, disco virtual,
com aplicativos de edição de texto, plani- blog, serviço de e-mail, marketing, apre-
lhas e apresentações (Google Docs), fer- sentações, entre outros. Tudo é feito pela
ramenta de agenda (Google Calendar), co- Web e, no caso de empresas, é possível até
municador instantâneo integrado (Google mesmo inserir logotipo e alterar o padrão
Talk), e-mail com o domínio próprio (por de cores das páginas. Há opções de contas
exemplo, contato@infowester.com), entre gratuitas e pagas;
outros. Todos estes recursos são processa-
iCloud – anunciado em junho de 2011,
dos pelo Google – o cliente precisa apenas
trata-se de um serviço da Apple que arma-
criar as contas dos usuários e efetuar al-
zena músicas, fotos, vídeos, documentos e
gumas configurações. O Google Apps ofe-
outras informações do usuário. Seu objeti-
rece pacotes gratuitos e pagos, de acordo
vo é o de fazer com que a pessoa utilize “as
com o número de usuários. Um dos maiores
nuvens” em vez de um computador em sua
clientes do Google Apps é a Procter & Gam-
rede como “hub” para centralizar suas in-
ble, que contratou os serviços para mais de
formações. Com isso, se o usuário atualizar
130 mil colaboradores;
as informações de um contato no iPhone,
23

por exemplo, o iCloud poderá enviar os da-


dos alterados automaticamente para ou-
tros dispositivos.
24
24
UNIDADE 4 - O Comércio Eletrônico e
a Proteção do Consumidor
O comércio eletrônico é novo e revolu- ocasiona infrações penais, como normal-
cionário, mas já sabemos que é certo seu mente é o caso da invasão de privacidade,
impacto real na economia, seja a nível lo- difamação, calúnia, o Direito Penal será
cal ou nível nacional e internacional, como cabível para dirimir os conflitos. Como não
também é certo que como as demais rela- se restringe à compra e venda de merca-
ções entre os seres humanos, quer sejam dorias, mas também aquisição de serviços
elas sociais ou econômicas, este tipo de por via eletrônica, sua relação é regrada
comércio necessita de regulamentação. pelo Direito Civil, ou quando estiver pre-
sente, uma relação de consumo, pelo Di-
Os participantes desse novo tipo de
reito do Consumidor.
comércio, aqui entendidos como os em-
presários e associações de proteção ao Como se vê, o comércio eletrônico se
consumidor, não podem ficar indiferentes aproxima de vários ramos do Direito, cada
e precisam se posicionar, investindo em um deles, sendo invocado quando neces-
equipamentos, programas, treinamen- sário.
to de pessoal, assim como o operador do
O que nós buscaremos é entender o
direito deve tomar uma posição quanto a
comércio eletrônico como uma realidade
ele, tem que acompanhar, ou pelo menos,
econômica e jurídica passível de trazer
tentar acompanhar a velocidade deste
mudanças sociais, culturais, comporta-
meio de comunicação que é, na verdade,
mentais, inclusive, no consumo do comér-
uma terceira evolução social revolucio-
cio e circulação de produtos e serviços
nária (grosso modo, podemos dizer que a
locais, repercutindo na melhoria da quali-
invenção da roda poderia ser a primeira e
dade de vida, na busca do pleno emprego
a revolução industrial a segunda evolução
e na construção de uma sociedade mais li-
social mais importante para o ser huma-
vre, justa e solidária conforme art. 3º, I da
no).
CF/88.
Pensando pelo viés do Direito, devido
Mais uma vez explicamos que o especia-
a realização do comércio eletrônico (via
lista em marketing precisa transitar pelas
internet), utilizar-se da comunicação, é
demais ciências para que todo seu plane-
área que se aproxima do Direito das Tele-
jamento e seus planos tenham bases sóli-
comunicações; igualmente por minimizar
das que não ruirão ao primeiro problema.
as distâncias e muitas vezes através da
internet serem realizados negócios inter- Vamos então conhecer um pouco da
nacionais, se aproxima do Direito Interna- ‘seara’ do Direito, como dizem estes pro-
cional; mas decorre da própria expressão fissionais.
“comércio eletrônico” que seu núcleo é o
vocábulo comércio, portanto, inquestio- 4.1 Comércio eletrônico
nável que o ramo do Direito que disciplina Numa acepção bem simples, entende-
o comércio é o Direito Comercial. Quando -se comércio eletrônico como a compra e
25
25

venda de produtos ou prestação de servi- tera os direitos dos consumidores.


ços, realizados em estabelecimento virtu-
Já no entendimento de Greco (2000), o
al.
uso termo “comércio”, na expressão “co-
Os negócios eletrônicos (e-business), mércio eletrônico” revela-se equivocado,
entre os quais temos o comércio eletrôni- uma vez que o vocábulo vem sendo em-
co (e-commerce), são hoje fundamentais pregado para designar dois tipos distintos
para a modernização do setor produtivo, de atividades. O primeiro, tipicamente de
pois permitem ampliar e diversificar mer- intermediação comercial, compreende
cados e aperfeiçoar as atividades de ne- negócios que têm por objeto bens corpó-
gócios. O comércio eletrônico apresenta reos e que implicam no impulsionamento
taxas de crescimento sem paralelo, tanto de mercadorias em direção ao consumo.
nas transações entre empresas e consu- Já o segundo tipo não corresponderia
midores, como nos negócios entre em- exatamente a uma atividade mercantil
presas, que é onde atualmente se realiza ou comercial, porquanto compreenderia
o mais alto nível de geração de receita. também prestações de serviço realizadas
Entretanto, atuar no ambiente dos negó- num ambiente eletrônico.
cios e comércio eletrônico requer que tan-
Comércio eletrônico é a venda de pro-
to produtores de bens e serviços quanto
dutos (virtuais ou físicos) ou a prestação
consumidores estejam conectados às re-
de serviços realizados em estabelecimen-
des digitais e capacitados para operá-las
to virtual. A oferta e contrato são feitos
adequadamente. Para isso, é preciso am-
por transmissão e recepção eletrônica de
pliar, facilitar e baratear o acesso às redes
dados. O comércio eletrônico pode rea-
de comunicação e proporcionar as infor-
lizar-se através da rede mundial de com-
mações e os meios necessários para que
putadores (comércio internáutico) ou fora
pessoas e empresas sejam capazes de
dela (COELHO, 2010).
operar nas novas modalidades de negó-
cios e comércio (BRASIL, 2000). Finkelstein (2004, p. 52) também diz
que várias são as definições de comércio
Para Albertin (1999), por comércio ele-
eletrônico.
trônico pode-se entender a realização de
toda a cadeia de valor dos processos de Alguns o definem como uma forma de
negócio num ambiente eletrônico, por EDI (Eletronic Data Interchange), ou seja,
meio da aplicação intensa das tecnologias uma troca de dados por computadores
de comunicação e de realizados de forma e outros equipamentos eletrônicos sem
completa ou parcial, incluindo as transa- que se recorra à produção de um suporte
ções negócio-a-negócio, negócio-a-con- de papel. Outros, como a venda de quais-
sumidor e intraorganizacional, numa in- quer produtos ou serviços mediante a uti-
fraestrutura predominantemente pública lização da Internet (...).
de fácil e livre acesso e baixo custo.
A autora prefere, no entanto, a defini-
Segundo Coelho (2000), a circunstân- ção de Bruno (2006), segundo o qual o co-
cia de a venda ter se realizado num esta- mércio eletrônico nada mais é do que uma
belecimento físico ou virtual em nada al- modalidade de compra à distância, consis-
26

tente na aquisição de bens e/ou serviços, Dentro desse conceito amplo de consu-
através de equipamentos eletrônicos de mo, ou mais especificamente contrato de
tratamento e armazenamento de dados, consumo via transferência de dados ele-
nos quais são transmitidas e recebidas as trônicos que faz circular produtos e servi-
informações. ços no mercado local, regional e mundial,
observam-se várias relações contratuais,
Marques (2004), considerando a defi-
tendo em vista inclusive a informação
nição de comunicações comerciais trazida
como produto de comércio.
pelo art. 2º da Diretiva 2000/31/CE (União
Europeia), faz a distinção entre comércio Segundo O’Brien (2004), define-se
eletrônico stricto sensu e comércio ele- como e-commerce a compra e venda
trônico lato sensu. por meios digi¬tais. E-business além de
abranger o e-commerce, compreende
De maneira estrita, define-se o comér-
aplicativos de escritório, tanto os internos
cio eletrônico como sendo uma das moda-
como os de relaciona¬mentos externo,
lidades de contratação não presencial ou
que compõem o motor da empresa mo-
a distância para a aquisição de produtos e
derna. E-business não é apenas o conjun-
serviços através do meio eletrônico ou via
to de transações de e-commerce, é uma
eletrônica. De maneira ampla, podemos
redefinição do velho modelo de empresa
visualizar o comércio eletrônico como um
com a ajuda da tecnologia para maximizar
novo método de fazer negócios através
o valor para o cliente.
de sistemas e redes eletrônicas (RIBEIRO,
2009). O e-commerce engloba a realização de
negócios por meio da Internet incluindo a
A visão ampla, ou seja, o comércio ele-
venda, não só de produtos e serviços físi-
trônico lato sensu, abrange toda forma
cos, entregues off-line: isto é por meios
de transação ou troca de informação co-
tradicionais, mas também de produtos
mercial, consequentemente, torna-se
como software, que podem ser digita-
possível a existência de todas as formas
lizados e entregues on-line por meio da
contratuais (os de envio de bens mate-
Internet nos segmentos de mercado bu-
riais, os de envio de bens imateriais e os
siness-to-business (B2B), que envolve
de serviços) e todas as fases do negócio
mercados eletrônicos e ligações diretas
jurídico realizado entre o fornecedor e o
entre empresas. No seminário “mercado
consumidor (MARQUES, 2004).
B2B.com.br – negócios entre empresa via
No mesmo sentido, Lorenzetti (2004) Internet” constatou-se que as empresas
assevera que como consequência lógica instaladas no Brasil estão buscando cada
das atividades oriundas do comércio ele- vez mais a automação de seus negócios.
trônico lato sensu há diversas relações O Brasil se destaca no setor bancário, em
jurídicas que se classificam nas quatro que as transações financeiras pela Inter-
modalidades (empresários e empresários net já são quase tão populares quanto nos
– B2B; empresários e consumidores – B2C; Estados Unidos (LIMEIRA, 2003).
empresários e governo – B2G; consumido-
A filosofia Business to Business ganhou
res e governo – C2G).
espaço a partir do final dos anos 90. Com
27

isso aumentou a competição pela concor- aquele que as empresas precisam de-
rência. Hoje, praticamente, toda empresa senvolver praças de mercado eletrônicos
idônea tem seu site para se conectar com atraentes para seduzir seus consumido-
o mundo. Muitas empresas oferecem a res e vender produtos e serviços a eles.
seus clientes Websites seguros de catá- Muitas empresas, por exemplo, oferecem
logos de e-commerce na Internet ou ex- Websites de e-commerce que fornecem
tranet. São também muito importantes fachadas de lojas virtuais e catálogos
os portais de e-commerce B2B que ofe- multimídia, processamento interativo de
recem leilões e mercados de trocas para pedidos, sistemas seguros de pagamento
empresas. Outras podem contar com In- eletrônicos e suporte on-line ao cliente
tercâmbio Eletrônicos de Dados (EDI) pela (O’BRIEN, 2004).
Internet ou extranets para a troca, de
Assim, relações contratuais de comér-
computador a computador, de documen-
cio eletrônico envolvem o cidadão (cons-
tos e de e-commerce com seus maiores
sumer – C), o empresário (business – B) e
clientes e fornecedores.
o governo (governament – G) conforme o
Já o business-to-consumer (B2C) é esquema a seguir:

Fonte: Brasil (2000) – Livro Verde.


28

Abaixo temos explicações mais deta- midores, indivíduos que ofertam algum
lhadas sobre a doutrina que reconhece produto ou serviço e de outro lado outro
algumas formas de relações jurídico-con- indivíduo adquire cabendo ao empresário
tratuais entre os estabelecimentos ele- apenas intermediar tais contratos dispo-
trônicos, quais sejam: nibilizando meios como o espaço virtual
como é o caso dos sites de leilões virtuais
a) B2B – (business to business) – os
como www.ebay.com ou o mais popular
internautas ou usuários de redes de com-
www.mercadolivre.com.br.
putadores compradores são também em-
presários, assim a relação se dá através de d) No nível governamental tem-se
contrato de consumo ou aquisição entre ainda o G2C (government to citizen - o
duas empresas, por exemplo, americanas. governo se relacionando através de for-
com adquire via compra em website de necimento de produtos e serviços ao cida-
material de expediente de outra empresa dão, como é o caso das certidões digitais,
de comércio eletrônico. o processo eletrônico, pagamento via in-
ternet), G2B (government to business - o
O B2B envolve relações comerciais en-
governo se relaciona com os empresários
tre empresas quanto à comercialização de
fornecedores de produtos ou serviços
produtos e prestação de serviços entre
através das licitações e o pregão virtu-
produtores, fabricantes, fornecedores e
al, por ex.) e G2G (government to gover-
importadores, sem a participação direta
nment - relacionamento entre agências
do consumidor final. As mercadorias ad-
governamentais) (VIDONHO JUNIOR et al.,
quiridas pelo B2B normalmente são pro-
2010).
dutos, insumos e suprimentos por parte
das empresas, com a Internet integrando Temos ainda: C2B (consumer-to-bu-
as partes (FINKELSTEIN, 2010). siness), B2G (business-to-government),
G2C (government-to-consumer), C2G
b) B2C – (business to consumer) – os (consumer-to-government).
internautas são consumidores (CDC – art.
2º) que adquirem os produtos das empre- Os provedores são aqueles que dispo-
sas através de meios digitais, ou mais co- nibilizam ao público em geral, usuário da
mumente denominados de home pages internet, através de suas home pages,
(ex. www.americanas.com.br); uma variedade de informações, bens e
serviços, muitas vezes em caráter gra-
O B2C é ditado por relações de consu-
tuito, mas que geralmente exigem do in-
mo do tipo fornecedor-consumidor. Neste
teressado o pagamento de uma taxa de
sentido, mediante a utilização da Internet,
subscrição ou uma compensação de natu-
as empresas, na qualidade de produtoras
reza econômica (DELPUPO, 2006).
e/ou fabricantes e/ou distribuidoras, ven-
dem seus produtos ao consumidor final. A atuação dos provedores, de um lado,
É o chamado varejo eletrônico (FINKELS- e dos usuários, de outro, caracteriza a
TEIN, 2010). existência de uma típica relação de consu-
mo. Com efeito, tanto o provedor de aces-
c) C2C – (consumer to consumer) –
so quanto o provedor de conteúdo (bens
negócios feitos entre os próprios consu-
29

e serviços) estabelecem com o usuário da devem assegurar aos consumidores in-


internet um contrato de consumo. Senão formações, corretas, claras, ostensivas e
vejamos: o provedor de acesso obriga-se em língua portuguesa sobre suas caracte-
a prestar serviços de conexão e transmis- rísticas, qualidades, quantidade, compo-
são de informações, através dos quais dis- sição, preço, garantia, prazos de validade
ponibiliza ele: e origem, entre outros dados (SCHOUERI,
2001).
1) Acesso aos sites e home pages e for-
nece atividades complementares, como a O site destinado ao comércio eletrônico
comunicação interpessoal (correio eletrô- deve trazer informações claras e precisas
nico e chats), a transmissão de dados, etc. acerca dos produtos e serviços que estão
sendo comercializados, sendo que qual-
2) O provedor de conteúdo (bens e ser-
quer problema advindo da ausência de
viços), oferta e comercializa bens e servi-
informações necessárias poderá repre-
ços, que são fornecidos à medida em que
sentar grande infortúnio ao fornecedor
o usuário, aceitando a oferta de contrata-
(ROSSI; SANTOS, 2000).
ção eletrônica, adere aos termos e condi-
ções de fornecimento contidos na oferta Verifica-se nos arts. 18 e 20 do CDC,
(ROSSI; SANTOS, 2000, p. 118). que consideram-se viciados (qualidade ou
quantidade) os produtos ou serviços que
A diferença entre as duas atividades
apresentarem disparidade com as indica-
é que, enquanto o provedor de acesso
ções constantes da oferta ou mensagem
assume uma obrigação de prestação ti-
publicitária, podendo inclusive o consu-
picamente de execução continuada, o
midor exigir: a) a substituição do produto;
segundo nem sempre estabelece uma re-
b) a restituição imediata da quantia paga,
lação jurídica duradoura (ROSSI; SANTOS,
ou; c) o abatimento proporcional do preço
2000).
(ROSSI; SANTOS, 2000).

As informações e indicações divulga-


4.1.1 Deveres dos prove- das pelo estabelecimento virtual devem
dores frente aos consumi- ser claras, e, sobretudo, verdadeiras, sob
pena de restar configurado vício de for-
dores virtuais necimento, ensejando a verificação das
O art. 30 do Código de Defesa do Con- hipóteses acima descritas, em favor do
sumidor reza que toda informação ou consumidor prejudicado (LUCCA; SIMÃO
publicidade, suficientemente precisa, FILHO, 2001).
veiculada por qualquer forma ou meio
de comunicação com relação a produtos Os sites também se constituem impor-
e serviços oferecidos ou apresentados, tante mídia publicitária, como instrumen-
obriga o fornecedor que a fizer veicular to de estímulo de consumo, e sujeita, por
ou dela se utilizar e integra o contrato que conseguinte, às regras traçadas pela le-
vier a ser celebrado. gislação consumerista (CORRÊA, 2000).

Segundo o art. 31 do CDC, a oferta e a Toda a publicidade enganosa e/ou abu-


apresentação de produtos ou serviços siva, veiculada via internet, e desde que
30

demonstrado o seu beneficiário, autor e Brasil legislação específica sobre comér-


titular, deverá ser reprimida, de acordo cio eletrônico, embora sejam muitos os
com o art. 36 a 38 do Código de Defesa do projetos de lei a respeito na Câmara dos
Consumidor (ROSSI; SANTOS, 2000). Deputados e no Senado Federal (agora te-
mos pelo menos o marco civil da internet).
Essa responsabilidade (civil, penal e
As políticas públicas são fomentadas pelo
administrativa) é adstrita unicamente ao
Comitê Executivo do Comércio Eletrônico,
anunciante, tal qual ocorre com o canal de
órgão da Secretaria de Tecnologia Indus-
televisão, com o jornal impresso, com o rá-
trial que compõe o Ministério do Desen-
dio, etc.
volvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Quando o titular do site é apenas o vei-
No âmbito interno o Brasil conta com
culador do informe publicitário, disponibi-
a legislação vigente para os contratos,
lizando o respectivo espaço, não respon-
sobretudo, o Código de Defesa do Con-
de por publicidade enganosa ou abusiva,
sumidor, Lei nº 8.078/90, que nos casos
que ocorre apenas quando anuncia seus
de aquisição de produto ou serviço atra-
próprios produtos ou serviços (SCHOUERI,
vés de comércio eletrônico, em regra por
2001).
contrato de adesão, impõe: a proteção do
Importante salientar que todas as dis- consumidor em razão de danos morais e
posições constantes no Código de Defesa materiais (art. 6°); qualidade do produto
do Consumidor a respeito das cláusulas e do serviço (art. 4°); segurança (art.14,
abusivas têm plena aplicação ao comércio § 1°); regulamentação da oferta e publi-
eletrônico, devendo ser consideradas nu- cidade (arts. 30-38); responsabilidades
las de pleno direito, entre outras, as cláu- do fornecedor (arts.12-14); prazo para a
sulas contratuais arroladas pelos arts. 51 devolução do produto ou desistência do
a 53 do Código de Defesa do Consumidor. contrato (art. 49); prazos de garantia em
Por exemplo, são consideradas abusivas: razão de defeitos do produto ou do ser-
a) cláusula que exonerem ou atenuem a viço (arts. 26-27, 50); práticas e cláusulas
responsabilidade do fornecedor por ví- abusivas (arts. 39, 51); defesa individual e
cios de qualquer natureza; b) que sub- coletiva do consumidor em juízo (arts. 81-
traiam o consumidor a opção de reembol- 104) de forma geral (VIDONHO JUNIOR et
so da quantia já paga; c) que transfiram al., 2010).
responsabilidades a terceiros; d) que
Outras áreas que sofreram influência
estabeleçam obrigações consideradas
da cultura eletrônica e do advento da In-
iníquas, abusivas, ou que coloquem o con-
ternet também já possuem estudos legis-
sumidor em desvantagem exagerada, etc.
lativos em trâmite. Exemplo disso é a exis-
(SCHOUERI, 2001).
tência de projetos de lei penal que criam
novos tipos de crimes que só podem ser
4.2 Legislação para o comér- perpetrados via Internet. Há um grande
cio eletrônico número de projetos de lei em curso que
Segundo estudos de Vidonho Junior et versam sobre essa nova tecnologia.
al. (2010), até aquele ano não havia no Finkelstein (2011) com muita atenção e
31

propriedade lembra que seria no mínimo comuns. Ademais, nos poucos países dos
inadequado deixarmos de dar um enfo- quais se tem notícia, o comércio eletrô-
que especial ao Código Civil de 2002, uma nico foi tratado em legislação específica,
vez que este é o grande inovador de toda como veremos adiante. As tecnicidades
a temática relativa ao Direito Privado no do comércio eletrônico extrapolam o cam-
Brasil. po do Direito Civil ou mesmo do Direito Co-
mercial, o que não quer dizer, no entanto,
Com a unificação do Direito Comercial e
que as normas do Código Civil de 2002 não
do Direito Civil, fica claro que o Código Civil
possam e não devam ser aplicadas ao co-
de 2002 ocupa lugar de destaque na vida
mércio eletrônico.
de todos nós.
O legislador deve traçar normas gerais
Este Código teve uma longa tramitação
que não se desatualizam ante inovações
no Congresso Nacional. Foi em 1975 que o
tecnológicas! E isso foi feito pelo Código
Presidente Costa e Silva submeteu à apre-
Civil de 2002, que optou por obedecer a
ciação da Câmara dos Deputados o Proje-
princípios gerais como os da eticidade,
to de Lei nº 634-D. Seus organizadores
socialidade e operabilidade. Aliás, este
foram Miguel Reale, José Carlos Moreira
último visa justamente a estabelecer so-
Alves, Agostinho Alvim, Sílvio Marcondes,
luções normativas de modo a facilitar sua
Erbert Chamoun, Clóvis de Couto e Silva e
interpretação e aplicação pelo operador
Torquato Castro.
do Direito (FINKELSTEIN, 2011).
Note-se que pelo próprio fato de o pro-
O Código Civil de 2002 não é preco-
jeto inicial datar de 1975 e a exploração
cemente velho, como seria se fosse um
comercial da Internet ter-se iniciado em
mero clone do Código Civil de 1916. Não!
1993, impossível pareceria, à primeira vis-
Ele é extremamente moderno e inovador,
ta, que o Código Civil de 2002 tratasse, de
sendo que o objetivo de superar o mani-
alguma forma, do comércio eletrônico.
festo caráter individualista do Código Civil
É de lembrar, no entanto, que durante de 1916 é fator determinante desta afir-
sua longa tramitação, o projeto recebeu mação (FINKELSTEIN, 2011).
sucessivas emendas e recebeu inúmeras
Não se quer, com isso, dizer que o Códi-
contribuições, inclusive após 1993. As-
go Civil de 2002 é perfeito, pois, obra hu-
sim, permanecem as questões: por que o
mana que é, está sujeito a falhas. Dentre
comércio eletrônico não foi objeto de nor-
essas falhas, é de mencionar as formali-
mas específicas no Código Civil de 2002?
dades complicadas de que se revestiram
Este fato determinaria a velhice precoce
as sociedades limitadas.
do Código Civil de 2002? Essas questões
são aqui transcritas posto que por inúme- Quer-se dizer, apenas, que não consi-
ras vezes foram efetivadas em voz alta deramos necessário que o Código Civil de
nos meios acadêmicos e empresariais. 2002 se tivesse preocupado com as tec-
nicalidades inerentes ao comércio eletrô-
Os organizadores do Código Civil de
nico, uma vez que se esforçou em traçar
2002 optaram por traçar normas gerais
normas gerais que podem ser aplicadas a
para regular a relação entre os homens
32

ele (FINKELSTEIN, 2011). 1º. Autenticidade – a correspondên-


cia entre o autor aparente e o autor real
4.3 Privacidade do documento firmado é facilmente com-
De difícil definição, a privacidade é um provada por meio da sua assinatura.
direito protegido pela CF/88, assegurado
2º. Integridade – consistente na sua
pelos Códigos Civil, Penal, de Defesa do
preservação contra eventuais alterações
Consumidor e Comercial, além de ser pro-
que possam lhe modificar o conteúdo dos
tegido por leis esparsas. Grosso modo, po-
documentos eletrônicos, inserindo-os em
demos definir como intimidade, particular,
arquivos protegidos.
que não é público.
3º. Confidencialidade – prevenção
Segundo Correa et al. (2006), o con-
contra o acesso de pessoas não autoriza-
ceito de privacidade varia de pessoa para
das, cuja técnica mais difundida na atuali-
pessoa, e também entre os governos.
dade decorre da criptografia.
Tanto que, os países, alguns mais a fren-
te, outros menos, já abordam discussões Embora o crescimento do faturamento
sobre como determinar e garantir a priva- do comércio eletrônico esteja aumentan-
cidade da informação. do cada vez mais, é nítido que estes sites
não se preocupam com a privacidade das
Conforme Gaertner e Silva (2006), a
informações. O ideal seria os sites terem
privacidade está ligada ao direito de con-
uma política para informar o usuário sobre
trolarmos nossas informações pessoais e
como suas informações serão protegidas
ainda ao direito de escolha de se perma-
e quais delas serão obtidas, mas isso não
necer no anonimato, pois uma vez que as
ocorre na maioria dos casos. Deveria exis-
informações façam parte de um banco de
tir a possibilidade de após uma compra ter
dados, elas podem ser usadas de alguma
sido concluída, o usuário excluir suas in-
forma. Portanto é preciso que se encon-
formações definitivamente do banco de
tre um equilíbrio entre controle, seguran-
dados, mas os interesses das empresas
ça e privacidade.
não permitem que isso ocorra. Existe uma
A concorrência entre as organizações certificação para que, quando obtida, o
baseia-se em sua capacidade de adquirir, usuário perceba se o site esta dentro das
tratar, interpretar e utilizar a informação normas de privacidade, porém, até o mo-
de forma eficaz. A utilização de comércios mento, nenhum site de comércio eletrô-
eletrônicos permite que as empresas con- nico possui o mesmo (GAERTNER; SILVA,
sigam informações, como por exemplo, os 2006).
sites acessados pelo cliente, o tipo de má-
Lawrence Lessig (doutrinador em ma-
quina, entre outras, conseguindo assim
téria de Direito Informático, professor da
verificar a melhor maneira de “atacar” o
Universidade de Stanford – EUA) define
cliente. Dessa forma, três premissas de-
como privacidade tudo o que é resultan-
vem ser consideradas quando se trata da
te da subtração, de todos os aspectos da
segurança de transações e documentos
vida social, de tudo que é monitorado e de
eletrônicos (BRUNO, 2006):
tudo que é investigado. Produto de uma
33

relação entre tudo aquilo que pode ser intuito for apenas comercial, sem falar em
monitorado ou investigado, de um lado, prejuízo no tocante à fama, honra e res-
e todas as proteções legais e estruturas peitabilidade, questões também protegi-
utilizadas para dificultar este monitora- das pelas normas citadas. Essa disposição
mente e/ou investigação, de outro. A era pode ser aplicada, de imediato, a invasões
atual é caracterizada pela maior extensão de privacidade ocasionadas no ambiente
do que é transitório e pela grande abran- eletrônico, especialmente por meio dos
gência do que é permanente, diferente- chamados cookies (GAZETA MERCANTIL,
mente do que era observado no passado 2003 apud FINKELSTEIN, 2011).
(FINKELSTEIN, 2011).
No Brasil, a proteção da privacidade é
Ainda segundo Lessig, a extensão da princípio constitucional previsto pelos in-
privacidade, que é justamente o resultado cisos X, XI e XII, do art. 5º da CF.
da relação entre o que pode ser monitora-
Ressalte-se que o estudo da privacida-
do e/ou investigado e proteções contra
de do usuário da Rede é uma das matérias
este monitoramento e/ou investigação,
que se inserem entre as mais importantes
depende da tecnologia disponível em de-
da sociedade da informação e que acaba
terminado tempo.
estando relacionada ao Comércio Eletrô-
Finkelstein (2011) exemplifica com ma- nico, uma vez que são os sites de Comér-
estria o monitoramento como elemento cio Eletrônico os principais coletores de
de invasão de privacidade. Via de regra, informações na Rede.
referido fator é caracterizado pela sua
transitoriedade – se somos observados ao
Dentro do tema privacidade na In-
andar pela rua, se não estivermos fazendo ternet, são 3 (três) os pontos que me-
nada fora do comum, seremos esquecidos recem destaque:
em seguida. Assim, em relação à investi- a) A privacidade do usuário invadida
gação – que é de caráter permanente – o pela montanha de junk mails ou spams
monitoramento é considerado elemento que um usuário recebe sem pedir nem de-
menos relevante de invasão da privacida- sejar.
de, porém, caso surja uma tecnologia que
elimine o caráter de transitoriedade do b) A privacidade do usuário garantida
monitoramento, seu efeito sobre a priva- pela CF, que determina invioláveis a inti-
cidade será mais relevante. midade, a casa e o sigilo da correspondên-
cia das comunicações telegráficas, de da-
O legislador do Código Civil de 2002 tam- dos e das comunicações telefônicas salvo
bém não se olvidou da questão atinente à por ordem judicial.
privacidade, ainda que de forma genéri-
ca. O Livro I, das pessoas, trata do tema, c) A privacidade do usuário, em si, pois
destacando a proteção da divulgação de que por vezes seus dados pessoais e hábi-
escritos, da transmissão da palavra, e da tos de consumo são comercializados.
exposição ou utilização da imagem das Outra questão relevante à privacidade
pessoas físicas ou jurídicas que poderão diz respeito ao monitoramento de equi-
ser proibidas de imediato, inclusive se o pamentos de funcionários que acessam,
34

por exemplo, sites de pornografia durante ra que só os interlocutores podem ter


o expediente. O mau uso da internet por acesso ao conteúdo da informação, ga-
funcionários de empresas justifica a exis- rantindo a sua integridade (veracidade).
tência de um monitoramento pelo em- Tal técnica associada à assinatura digital
pregador, mesmo porque o equipamento garante também a autenticidade (autoria)
utilizado é de propriedade deste. Já exis- da informação transmitida.
tem no Brasil, casos de demissão por justa
A partir dessa questão, surgiram modos
causa em face do acesso a sites de porno-
ou técnicas de cifrar e decifrar as mensa-
grafia em horários de trabalho, como por
gens, de forma que apenas o remetente e
exemplo, caso da GM do Brasil que demitiu
o destinatário possam ter acesso ao con-
11 funcionários e advertiu outros 84 pelo
teúdo dos documentos envolvidos, atra-
uso indevido do e-mail, em maio de 2002,
vés de um suporte técnico pessoal, que
conforme informação disponibilizada em
garante o sucesso da relação (MARQUES,
www.carreiras.emprego.com.br, em 21 de
2010).
agosto de 2002.
Tem também a certificação digital que
Quanto aos spams, modalidade de abu-
através da autoridade certificadora, que
so no uso do correio eletrônico, geralmen-
é uma terceira entidade de confiança
te associada a informes publicitários que
das partes, tem como finalidade garan-
não se identificam como tal, ou seja, envio
tir a certeza e confiança na identificação
de mensagem eletrônica não autorizada,
do remetente e integridade do conteúdo
há unanimidade que o spam prejudica o
do documento digital (CASTRO; SANTOS,
usuário da Rede de forma direta ou indi-
2011).
reta.

Dentre os vários projetos de lei acerca 4.4 Documento eletrônico e


de spams que tramitam perante o Con-
gresso Nacional temos o PL nº 4187/08; PL
sua prova
nº 3095/08; PL nº 1227/07; PL nº 169/07 e Segundo Pontes de Miranda (1974), o
outros. documento como meio de prova, é toda a
coisa que expressa, por meio de sinais, o
Dentre as técnicas de segurança digital pensamento. Este seria o sentido restrito
que buscam garantir a segurança das re- e técnico, que suporia o conteúdo intelec-
lações estabelecidas no meio informático, tual como elemento definidor do docu-
temos aquelas que possuem finalidade de mento.
confirmar a autenticidade e integridade,
garantindo assim confiabilidade as provas No mesmo sentido, Carnelutti (1947
nascidas ou convertidas ao meio eletrôni- apud FINKELSTEIN, 2011) afirma que não
co (CASTRO; SANTOS, 2011). basta a manifestação do pensamento
para caracterizar a existência de um docu-
Dentre as técnicas, podemos citar a mento, e lembra que existem objetos que
criptografia (simétrica e assimétrica) que contêm uma manifestação do pensamen-
tem a finalidade de esconder os dados to e, ainda assim, não poderiam ser carac-
tornando-os indecifráveis, de tal manei- terizadas como documentos. É o caso de
35

uma carta que contenha apenas palavras probatório (CÂMARA, 2009).


como “cordiais saudações”. Enfim, para o
O direito à prova é considerado um di-
Direito, documento é qualquer registro
reito fundamental, uma vez que se deriva
que expresse um pensamento capaz de
do contraditório e do acesso à justiça, es-
influenciar a cognição do juízo acerca de
truturas basilares da tutela jurisdicional.
um dado fato em um determinado proces-
Todos possuem o direito a provar aquilo
so (GICO JUNIOR, 2000 apud FINKELSTEIN,
que relatam, assim como possuem o di-
2011).
reito a discutir a respeito das provas apre-
É regra basilar no nosso Código Proces- sentadas por outros, ainda que incontes-
sual Civil que o autor é quem está incum- táveis.
bido de provar o fato constitutivo do seu
As provas acabam por tomar forma à
direito alegado e o réu o de provar o fato
medida que convencem o julgador, seja
impeditivo, modificativo ou extintivo do
pelo grau de confiabilidade a que pos-
direito do autor. Destarte, quando o au-
suem, ou até mesmo, pelo seu encaixe
tor alega determinado fato ou ato jurídi-
em um quebra-cabeça formado por uma
co, tem o direito e a faculdade de prová-
variedade de provas entrelaçadas. Des-
-lo. Prova se quiser e puder, não provando
tarte, devem-se utilizar todos os meios
arca com ônus da sua omissão, sob pena
probatórios legalmente possíveis para a
de perder a demanda. De certo que a mes-
confirmação dos fatos, sob pena de su-
ma regra se aplica ao réu, que deve provar
primir o contraditório e prejudicar a tutela
a existência do fato impeditivo, modifica-
jurisdicional (FINKELSTEIN, 2011).
tivo e extintivo do direito da parte autora.
Com o avanço da tecnologia e o desen-
No mundo das provas, “cada uma das
volvimento da internet, novas formas de
partes conta a sua versão sobre o que
relações são criadas, onde a presença
aconteceu. A versão mais bem provada,
é indiferente na formação de conflitos.
aquela que vier a convencer o julgador,
Deste modo, nasce uma nova demanda
tem tudo para ser a vencedora” (DIDIER;
de conflitos que precisam ser dirimidos. É
BRAGA; OLIVEIRA, 2009, p. 24).
nesse contexto que nasce um novo gêne-
No módulo processual de conheci- ro probatório, chamado de prova digital,
mento, para que o juiz possa formar seu onde existem muitas espécies como: o
convencimento e decidir o objeto do pro- documento eletrônico; depoimento tes-
cesso, faz-se fundamental a colheita das temunhal on-line; interrogatório de réu
provas que se façam necessárias, e que preso via videoconferência; imagens di-
serão o material com base em que o juiz gitais; mensagens eletrônicas; arquivo de
formará seu juízo de valor acerca dos fa- áudios e gravações, entre outras.
tos da causa.
O projeto de Lei brasileiro nº 4.906/01,
Este é, pois, o momento de se passar em seu artigo 2º, inciso I, define o que seria
ao exame das normas e princípios que re- documento eletrônico como: “a informa-
gem a prova, conjunto esse que recebe de ção gerada, enviada, recebida, armazena-
alguns doutrinadores o nome de direito da ou comunicada por meios eletrônicos,
36

ópticos, opto-eletrônicos ou similares”. batória sejam reconhecidas e garantidas


pelas técnicas de segurança digital (CAS-
Assim, não apenas os escritos em papel
TRO; SANTOS, 2011).
são considerados como documento, pois
uma gravação, uma imagem, um vídeo, Igualmente, uma fotografia a qual nin-
um contrato eletrônico e muitas outras guém discute se deve ter ou não validade
formas digitais podem ser considerados em juízo como meio de prova, apesar de
documentos, uma vez que documentam ser uma reprodução mecânica de um pro-
um fato ou ato da vida social. Se essa do- cesso fotográfico, a reprodução mecânica
cumentação registrada, é digital e como do documento eletrônico, uma vez que o
tal se utiliza de alguma técnica atual com documento tenha sido devidamente au-
a criptografia assimétrica, permitindo as- tenticado através da assinatura digital,
sim a inalterabilidade do registro, não há também não deve ser levada a discussões
como não chamá-lo de documento. acerca de sua veracidade.

Importante que se diga que o Có- O documento eletrônico pode e deve


digo de Processo Civil é claro em não ser aceito como meio de prova em juízo,
estabelecer um rol taxativo (numerus mesmo sabendo que o meio eletrônico é
clausus) de documentos para a pro- um meio que facilita a modificação de do-
dução de provas: cumentos, sem que seja viável para pes-
soas comuns comprovar a existência de
Art. 383 - Qualquer reprodução mecâ- adulterações realizadas (FINKELSTEIN,
nica, como a fotográfica, cinematográfi- 2011).
ca, fonográfica ou de outra espécie, faz
prova dos fatos ou das coisas representa- Ao contrato eletrônico aplicam-se inte-
das, se aquele contra quem foi produzida gralmente os arts. 368 do CPC e 219 do CC
lhe admitir a conformidade. de 2002, ambos preceituando que a ex-
pressão da vontade exteriorizada e mate-
Parágrafo único - Impugnada a auten- rializada em documento escrito particular
ticidade da reprodução mecânica, o juiz é verdadeira em relação aos signatários.
ordenará a realização de exame pericial. A fim de legitimar o documento eletrôni-
Deste modo, percebe-se que não ha- co como um meio de prova, deve-se ana-
veria uma diferença substancial entre o lisar, primeiro, o art. 332 do CPC brasileiro
documento tradicional e o documento e o inciso II do art. 212 do CC/02. Também
digital, pois tanto um quanto outro, seria devem ser analisados os arts. 334, 335 e
um meio para registrar um determinado 339 do CPC.
acontecimento. Logo, ontologicamente
não haveria nenhuma diferença, pois a 4.5 Contratos eletrônicos
única diferença está na estrutura da sua Contratos eletrônicos são os negócios
forma. jurídicos bilaterais que utilizam o compu-
tador como mecanismo responsável pela
Assim, a Prova digital ou eletrônica é formação e instrumentalização do vínculo
toda prova produzida em meio digital, contratual (ROSSI; SANTOS, 2000).
onde a sua validade jurídica e eficácia pro-
37

O contrato eletrônico é caracterizado diata (on-line), aplicando neste caso o


por empregar meios eletrônicos para sua art. 1.081, I do CC de 2002. Já a contrata-
celebração. Apresenta quanto à capaci- ção eletrônica entre ausentes ocorrerá
dade, objeto, causa e efeitos das mesmas quando a proposta e a aceitação forem
regras a serem aplicadas aos contratos mediante correios eletrônicos (e-mails)
celebrados por meio físico. desde que não estejam conectados on-li-
ne, aplicando neste caso o art. 1086 do CC
A declaração da vontade de uma das
(DELPUPO, 2006).
partes é emitida por meio de um compu-
tador que, obviamente, não é um sujeito Os contratos eletrônicos podem ser
independente. Tanto o hardware como subdivididos em formais e informais. Os
o software cumprem uma função mera- contratos eletrônicos formais são aqueles
mente instrumental. A declaração de von- celebrados com a utilização de assinatu-
tade é imputável ao sujeito cuja esfera ras digitais que conferem certeza quanto
de interesses pertencem o hardware e o à identidade das partes e o objeto do con-
software. Ocorre que nem sempre a de- trato, cujas informações sejam irremoví-
claração emitida por meio de um compu- veis sem que se perca a assinatura digital
tador coincide com a intenção do suposto dos contratantes.
sujeito. Este pode alegar, por exemplo,
Os contratos eletrônicos informais são
que o programa não obedeceu às suas ins-
aqueles realizados sem a utilização de me-
truções ou que sua suposta declaração foi
canismos que possibilitem um aceitável
feita por um terceiro.
grau de confiabilidade a um determinado
Para evitar este tipo de problema, as documento eletrônico em que estejam
partes podem determinar, por meio de presentes todas as condições essenciais
cláusulas contratuais, a exata forma como da avença (FERNANDES, 2006).
irão direcionar suas mensagens eletrôni-
A existência de tais contratos é com-
cas. Assim, podem estabelecer que so-
provada através de indícios, como impres-
mente as mensagens que apresentem
são de telas, comprovantes de pedido,
firma digital deverão ser levadas em con-
pagamento, entrega, dados pessoais dos
sideração para efeito de transações ele-
contratantes, e-mails, dentre outros, e
tronicamente celebradas (FINKELSTEIN,
por isso se aproximam dos contratos ver-
2011).
bais.
Com relação aos contratos eletrônicos
Os contratos celebrados sem as forma-
a distância, deve-se considerar quanto ao
lidades previstas na Medida Provisória nº
momento de conclusão do contrato, se a
2.200/2001, embora não tenham a sua
contratação efetivou-se entre presentes
validade jurídica expressamente reco-
ou se a contratação efetivou-se entre au-
nhecida por norma especial, também po-
sentes.
dem ser considerados válidos.
Considerar-se-á a contratação eletrô-
No Brasil vige a regra geral da liberdade
nica entre presentes quando a proposta
quanto aos meios de expressar manifes-
e a aceitação realizar-se de forma ime-
tação de vontade (art. 107 do CC). Ade-
38

mais, embora não disponham de um ins- tivos são aqueles formados entre uma
trumento único que seja dotado de plena pessoa e um sistema eletrônico de infor-
confiabilidade e que contenha todos os mações, sendo o mais conhecido modo
elementos da contratação, é certo que a de contratação desta forma os contratos
prova do negócio jurídico pode ser rea- firmados na internet através de websi-
lizada por diversos meios (FERNANDES, tes, nos quais os produtos ou serviços são
2006). colocados à disposição do consumidor e
o contrato possui cláusulas preestabe-
Outra classificação dos contratos ele-
lecidas unilateralmente pelo fornecedor
trônicos é obtida através da análise da
(LIMA, 2008).
formação do contrato e da forma como o
computador é empregado. Assim, os con- Assim sendo, Lima (2008) considera os
tratos eletrônicos podem ser classifica- contratos eletrônicos interativos “contra-
dos em: intersistêmicos, interpessoais e tos por computador stricto sensu, posto
interativos (SILVA, 2012). que o computador age diretamente na
formação da vontade das partes”.
Contratos eletrônicos intersistêmicos
são aqueles nos quais o computador ser- No que tange à forma de execução dos
ve apenas como um instrumento de co- contratos eletrônicos, eles podem ser di-
municação entre as partes, como ocorre retos ou indiretos. Nos primeiros, a execu-
na contratação através do telefone e do ção é realizada no próprio ambiente virtu-
fax, por exemplo, tendo em vista que o al e, nestes últimos, ocorre quando o bem
contrato é celebrado da maneira tradicio- é de natureza tangível e sua execução
nal e o computador serve somente para no ambiente virtual é impossível (LIMA,
transmissão da vontade das partes, a qual 2008).
é pré-existente (LIMA, 2008).
A diferença entre um contrato tradicio-
Nos contratos eletrônicos interpesso- nal e um contrato eletrônico está na sua
ais, por outro lado, o computador não tem forma. O segundo não possui um texto
apenas a função de comunicação entre as escrito físico, o que é incomum, e é con-
partes, uma vez que interfere diretamen- sequência de uma revolução cultural sem
te na formação da vontade dos contratan- precedentes no Brasil e no mundo, uma
tes. vez que o texto escrito físico remonta à
própria História da Humanidade.
Este tipo de contrato pode ser formado
de forma simultânea – quando as partes Como problemas a serem supera-
estão conectadas à rede ao mesmo tempo dos nos contratos eletrônicos temos:
– como acontece, por exemplo, nos con-
tratos firmados através de chats ou pode, a) Cláusulas abusivas em face da nor-
ainda, ser não simultâneo, como ocorre mal falta de negociação.
nos casos onde há um espaço de tempo b) O fato de a maioria dos contratos ele-
entre a declaração e a recepção da mani- trônicos caracterizar contrato de adesão.
festação de vontade do contratante.
c) A falta de segurança acarreta riscos
Por fim, contratos eletrônicos intera- à privacidade do usuário.
39

d) A questão da assinatura digital e da pecial a Internet.


autoridade certificadora.
Lorenzetti (2004) trata deste princípio
Greco (2000) lembra outro problema como o da não discriminação do meio di-
relevante que diz respeito a manter o gital, dizendo que o Estado deve manter
documento eletrônico íntegro, livre de sua neutralidade e não discriminar o sujei-
adulterações, uma vez que o mesmo é fa- to no que tange a não utilização de instru-
cilmente alterável, não deixando no pro- mento escrito para a formalização de um
cesso vestígios visíveis, como ocorre no negócio.
documento em papel.
A equivalência implica a não discrimina-
Enfim, são vários os problemas que me- ção das mensagens de dados eletrônicos,
recem atenção da comunidade jurídica e desde que garantida, através de certifi-
também para determinar se o atual arca- cação digital, a sua procedência, em com-
bouço jurídico consegue dirimir todos os paração às produzidas tradicionalmente
possíveis conflitos (FINKELSTEIN, 2011). (declarações de vontade, verbais ou escri-
tas).
4.6 Princípios jurídicos apli- II) Princípio da neutralidade tecno-
cados ao comércio eletrôni- lógica das disposições reguladoras do
comércio eletrônico
co
Os princípios são, na sua essência, De acordo com este princípio, as nor-
enunciados amplos que permitem solu- mas disciplinadoras do comércio eletrôni-
cionar um problema e orientar compor- co devem abarcar não somente a tecno-
tamentos, resultando em um esquema logia do momento da promulgação da lei,
abstrato, mediante um procedimento de mas também as tecnologias futuras sem
redução a uma unidade diante da multipli- a necessidade de ser submetida a alguma
cidade de fatos que oferece a vida real. espécie de modificação (LAWAND, 2003).

Levando em consideração a especifici- A importância deste princípio reside no


dade dos contratos eletrônicos, Lawand fato de que, com a imposição de um deter-
(2003, p. 41 e seguintes) levantou os se- minado ordenamento jurídico, este não se
guintes princípios jurídicos aplicáveis ao constituirá um obstáculo para o desen-
comércio eletrônico: volvimento continuado de novas tecnolo-
gias, as quais tornem mais fáceis os negó-
I) Princípio da equivalência funcional cios efetivados eletronicamente.
dos atos jurídicos produzidos por meios
eletrônicos com os atos jurídicos tradi- III) Princípio da inalterabilidade do
cionais direito existente sobre obrigações e
contratos
Este princípio veda qualquer espécie
de diferenciação entre os contratos clás- A inalterabilidade do direito existente
sicos, produzidos em papel e reconhecida sobre obrigações e contratos correspon-
a sua legitimidade e os contratos efetiva- de ao fato de que as normas jurídicas in-
dos através dos meios eletrônicos, em es- troduzidas para disciplinar o comércio ele-
40

trônico, não implicarão uma modificação ma, avalia-se sob a boa-fé objetiva tanto
substancial do direito vigente e discipli- a responsabilidade pré-contratual como a
nador das obrigações e contratos, tanto responsabilidade contratual e a pós-con-
em âmbito nacional como internacional tratual. Em todas essas situações sobre-
(LAWAND, 2003). leva-se a atividade do juiz na aplicação do
direito ao caso concreto.
Assim, tanto os elementos essenciais
do negócio jurídico (consentimento e ob- No Código Civil, o art. 421 faz referência
jeto) assim como suas manifestações e à boa-fé objetiva, a qual se relaciona a uma
defeitos, além da própria tipologia con- regra de conduta, seja esta o dever de agir
tratual preexistente não sofrem altera- dentro de padrões sociais aceitos e esta-
ção significativa quando o vínculo jurídi- belecidos para o homem médio. É impor-
co é estabelecido na esfera do comércio tante distinguir esta da boa-fé subjetiva,
eletrônico, mesmo sendo este vínculo onde o manifestante de vontade acredita
internacional. Sobre tal assunto, Carva- que sua conduta seja correta, pois leva em
lho (2009) discorre que a internet não consideração o grau de conhecimento que
cria um espaço livre, alheio do Direito. Ao tem do negócio jurídico.
contrário, as normas legais dos contratos
Aliada a esta ideia de boa-fé, a qual
vigentes aplicam-se aos contratos eletrô-
se insere no mundo dos fatos, devemos
nicos basicamente da mesma forma que
considerar também a necessidade do es-
a quaisquer outros negócios jurídicos. A
tabelecimento de relações jurídicas de
celebração de contratos via internet su-
confiança, dada a desmaterialização do
jeita-se, portanto, a todos os preceitos
contexto contratual. Deve-se assim ba-
pertinentes do Código Civil Brasileiro. Tra-
lizar as condutas no meio eletrônico por
tando-se de contratos de consumo, são
meio da confiança.
também aplicáveis as normas do Código
de Defesa do Consumidor (CDC). No Código de Defesa do Consumidor,
o princípio da boa-fé é basilar de toda
IV) Princípio da boa-fé objetiva nos
conduta contratual que traga a ideia de
contratos em geral
cooperação, respeito e fidelidade nas re-
No processo de estabelecimento de um lações contratuais. A cláusula contratual
contrato, as partes devem agir de forma que fere a lealdade do contratante é con-
correta antes, durante e depois do cum- siderada, assim, abusiva. Isso porque o ar-
primento do mesmo. Caso ocorra descum- tigo 51, XV do Código de Defesa do Consu-
primento do contrato, o juiz deve analisar midor diz serem abusivas as cláusulas que
se este ocorreu de boa ou má-fé. “estejam em desacordo com o sistema de
proteção do consumidor”, dentro do qual
Para Venosa (2004), tanto nas tratati-
se insere tal princípio por expressa dispo-
vas como na execução, bem como na fase
sição do artigo 4º, caput e inciso III, deste
posterior de rescaldo do contrato já cum-
mesmo Código.
prido (responsabilidade pós-obrigacional
ou pós-contratual), a boa-fé objetiva é V) Princípio da autonomia privada
fator basilar de interpretação. Desta for- (ou da liberdade convencional)
41

Este princípio caracteriza-se na ampla mativas e legítimas.


liberdade de contratar, sendo livres as re-
Os esforços a serem realizados devem
gras de contratação desde que não sejam
caminhar no sentido de alcançar maior se-
contrárias à ordem pública. Faculta-se,
gurança e confiabilidade no comércio ele-
portanto, a liberdade convencional aos
trônico e no uso dos meios eletrônicos em
contratantes a fim de que concluam o seu
geral, como os instrumentos de verifica-
negócio jurídico (LAWAND, 2003).
ção da integridade da mensagem, a segu-
O código civil traz no art. 421 a previsão rança da comunicação, a reserva e tutela
expressa do princípio da liberdade contra- dos dados pessoais informados no meio
tual, nos seguintes termos: “A liberdade eletrônico, etc. (RIBEIRO, 2009).
de contratar será exercida em razão e nos
Segundo Barreto (2010), o Departa-
limites da função social do contrato”.
mento de Proteção e Defesa do Consu-
midor – órgão do Ministério da Justiça
4.7 Proteção do consumidor – divulgou diretrizes para o comércio ele-
no comércio eletrônico trônico. O documento foi elaborado pelo
Ainda que o Código Civil não conte com Sistema Nacional de Defesa do Consumi-
alguma parte específica tratando do co- dor, durante a oficina “Desafios da Socie-
mércio eletrônico, algumas disposições dade da Informação: comércio eletrônico
são diretamente aplicáveis às questões e proteção de dados pessoais”. Ele está
jurídicas nesse meio, como o Art. 422, que disponível em: http://www.justica.gov.br/
trata da cláusula geral de boa-fé, mencio- seus-direitos/direito-do-consumidor/ar-
nando também o princípio da probidade quivos-publcacoes/diretrizes-do-comer-
ou lealdade no tráfico jurídico (RIBEIRO, cio-eletronico.pdf
2009). Considerando que a vulnerabilidade do
Transparência e confiança andam jun- consumidor se agrava no ambiente ele-
tas. Alcançar maior transparência nas trônico, o documento reafirma a aplicação
condições gerais contratuais e nas infor- integral do Código de Defesa do Consu-
mações sobre preços parece ser o grande midor nas relações de consumo on-line,
desafio do comércio eletrônico hoje. a necessidade imperiosa da proteção da
confiança, assim como a aplicação do De-
Não basta ao consumidor uma lei que creto 5903/2006.
assegure de forma plena a segurança nas
contratações no comércio eletrônico, se Como os problemas nos sites de co-
na prática essa mesma lei não for efeti- mércio eletrônico ocorrem no pós-venda,
va. Se há um espaço novo de comércio busca-se assegurar aos consumidores do
no mundo, que é a internet, as redes ele- comércio eletrônico proteção transparen-
trônicas e de telecomunicação em mas- te e eficaz, que facilitem o exercício do di-
sa (LIMA, 2004), a pergunta a ser feita é reito de arrependimento.
como conquistar a confiança dos consu- As diretrizes elencam a proteção contra
midores neste novo instrumento comer- práticas abusivas, publicidade enganosa,
cial e proteger a suas expectativas nor- direito de acesso a informações claras e
42

precisas, acesso prévio às condições ge- Portanto, os sites de comércio eletrô-


rais da contratação, acesso facilitado ao nico devem promover a adaptação legal
exercício do direito de arrependimento e de suas práticas comerciais às novas di-
proteção da privacidade, intimidade e de retrizes estabelecidas pelo Ministério da
seus dados pessoais. Justiça.

Cabe às administradoras de cartão de Espera-se que tais medidas sejam efi-


crédito facilitar e acelerar o cancelamen- cientes para se alcançar a indispensável
to da cobrança solicitado pelo consumidor segurança jurídica nas compras realizadas
nos casos de descumprimento contratual no comércio eletrônico, principalmente
pelo fornecedor. quanto à sedimentação de jurisprudência
pacificadora no que tange a responsabili-
A página inicial do fornecedor deve in-
dade dos fornecedores (BARRETO, 2010).
dicar seu endereço físico e eletrônico e
CNPJ, provendo o consumidor com infor-
mações claras e ágeis para resolução de
eventuais conflitos. Devem ainda esta-
belecer mecanismos eficientes para pre-
venção e resolução direta de demandas
dos consumidores, não sendo aplicável o
instituto da arbitragem para elidir direitos
e garantias previstos no CDC.

A responsabilidade dos fornecedores


se baseia no reconhecimento do desco-
nhecimento da técnica e na consequente
vulnerabilidade do consumidor na plata-
forma digital.

Obriga-se aos fornecedores de produ-


tos implantarem mecanismos de registro
de pedidos que possibilite o armazena-
mento pelo consumidor, assim como os-
tentar a descrição detalhada do produto,
a existência de custos adicionais da tran-
sação, as condições de entrega, as restri-
ções associadas à compra, detalhes sobre
troca e reembolso.

O processo de confirmação da compra


deve assegurar ao consumidor o acesso a
informações relativas à transação pactu-
ada, assim como disponibilizar mecanismo
de cancelamento, antes da conclusão da
compra.
43

UNIDADE 5 - A Força das Redes Sociais

Que as redes sociais possuem uma for- um caderno universitário (TORRES, 2009,
ça enorme de mobilização, isso não pode- p. 140).
mos negar e basta lembrarmos dos acon-
Logo, ao acessar a página inicial do Fa-
tecimentos em meados de junho de 2013
cebook são percebidas algumas caracte-
em várias cidades brasileiras, não somen-
rísticas.
te as capitais mais expressivas, diga-se de
passagem. A página mostra as últimas atualiza-
ções de seus amigos. Nela, qualquer coisa
O Brasil viveu momentos de mudanças,
escrita na caixa “Atualizar Status” é com-
pelo menos por todo o país, o povo tomou
partilhada com todos os contatos. É pos-
as ruas para lutar por causas que vão da
sível escrever uma frase, compartilhar
redução na tarifa do transporte público à
ideias, imagens, vídeos ou até criar uma
melhoria dos sistemas de saúde e educa-
enquete (SOUZA, 2012).
ção. Protestos organizados, quase que na
totalidade, com a força da internet. Esse esquema é de fácil interação, pois
clicando na atualização de outro amigo é
Alguns conseguiram o seu intento que
possível comentar, curtir, compartilhar o
hoje não é mais somente a coletivida-
link para seus próprios amigos e respon-
de. Hoje, cada ser tenha suas aspirações,
der às enquetes, promovendo assim uma
seus objetivos, seus desejos e suas lutas
interação entre os usuários. Além disso, é
particulares. Naqueles dias ficou até difí-
permitido criar álbuns de fotos e armaze-
cil saber qual realmente era o motivo da
nar vídeos à escolha do usuário. Ou seja,
luta, tantos eram os cartazes de pedido,
como define Kirkpatrick (2011, p.17) “No
de indignações. Eram todos por todos e
Facebook, todos podem ser editores, cria-
cada um por si nas suas manifestações
dores de conteúdo, produtores e distri-
solitárias no meio da multidão.
buidores”.
Mas vamos falar um pouco sobre essas
redes sociais? Essas atualizações afetam de maneira
direta qualquer organização. Se uma in-
a) Facebook formação negativa sobre um mau atendi-
mento ou funcionamento de um produto
O Facebook inicialmente foi criado para
é escrita na atualização de um usuário e
ser restrito aos estudantes de Harvard.
logo em seguida repassada à frente, uma
Aos poucos, com a expansão de interesse
empresa pode estar sofrendo uma perda
e abertura de cadastros para outras uni-
de valor direta, sem nem ao menos tomar
versidades, o Facebook foi se desenvol-
conhecimento. Sendo assim, é extrema-
vendo.
mente necessária a atuação e monitora-
Sua estrutura é diferente das outras mento de qualquer assunto relacionado
redes de relacionamento, por isso seu ao produto/serviço para que se possa ra-
layout é uma mistura de mural de escola e pidamente sanar as dúvidas e retirar uma
44

impressão incorreta (SOUZA, 2012). determinado assunto feito por um mem-


bro para que outros possam responder,
Além disso, o perfil do Facebook é bas-
expondo sua opinião.
tante interativo e descritivo.
Deve-se ficar atento a isso, pois o
O Facebook proporciona a liberdade de
marketing direto de uma empresa pode
customizar completamente o perfil com
estar acontecendo diretamente nessas
suas informações pessoais, básicas e de
comunidades sem qualquer aviso. Um
entretenimento, para que outros usuários
usuário qualquer que goste do produto/
que acessem essa página saibam um pou-
serviço tem a liberdade de criar uma co-
co sobre quem estão conversando.
munidade relativa à empresa e ali tomar
b) Orkut discussões sobre o produto. Cabe ao ad-
ministrador descobrir essas comunidades
O Orkut era o site de relacionamento e monitorar os acontecimentos, opiniões
mais utilizado no Brasil. Foi líder absoluto e sugestões, pois um feedback sem cus-
no país até a chegada do Facebook. Suas tos, sem mão de obra está ali (SOUZA,
metodologias e conceitos são parecidos; 2012).
cria-se um perfil composto por informa-
ções pessoais, fotos e vídeos, podendo Foi com essa ideia, que o Twitter se
convidar pessoas para serem seus amigos desenvolveu. Uma ferramenta que fosse
e conversa entre si (TORRES, 2009). capaz de repassar diretamente uma infor-
mação e atualização do que está aconte-
O grande diferencial dos dois é a for- cendo no momento.
ma de comunicar-se em grupo. No Orkut
existe a possibilidade que se encontra no c) Twitter
canto inferior direito, a capacidade de se
No Twitter é permitido que os usuários
criar uma comunidade, algo parecido com
enviem atualizações sobre o que estão
um fórum de discussão, eventos e enque-
fazendo, onde estão fazendo ou simples-
tes, ligada a qualquer tema que imaginar,
mente compartilharem um texto ou pen-
sendo, apenas, necessário convidar qual-
samento que gostam.
quer pessoa a participar dela para que os
mesmos possam usufruir e interagir com Como definição, Torres (2009, p. 149)
outros (TORRES, 2009). diz que “A ideia é manter seus amigos in-
formados sobre sua vida por meio da res-
Basicamente, as comunidades são
posta, em 140 caracteres, de uma simples
participadas por membros que gostam e
pergunta: ‘O que você está fazendo ago-
compartilham ideias de um mesmo tema
ra?’ ”. Essa é o elemento que se encontra
específico. Cada comunidade geralmente
na parte superior da imagem. Feito isso, a
possui suas regras que define como um
resposta passa a ser chamada de twit; as
membro deve se comportar perante to-
atualizações que aparecem logo abaixo da
dos.
Timeline (uma ferramenta que orienta e
Uma comunidade tem normalmente põe em sequência as postagens dos usu-
como objetivo ser um fórum de discussão, ários), e são mandadas para o perfil de to-
onde é possível a criação de tópicos sobre dos os amigos, chamados de seguidores.
45

Outro aspecto importante são os Trend


Topics, que são os tópicos mais debatidos,
em um determinado momento, dentro do
twitter. Não é incomum esses trends nor-
malmente se tornarem notícias durante as
próximas horas na mídia tradicional, pois é
exatamente ali que os assuntos mais co-
mentados se encontram (SOUZA, 2012).

É possível definir que a principal vanta-


gem do Twitter sobre as outras redes so-
ciais é a possibilidade de rápida atualiza-
ção sobre determinado assunto, virando
assim um grande blog coletivo, o qual per-
mite dissipar e seguir informações apenas
de quem é de interesse.

Diante disso, uma organização deve


sempre aproveitar a capacidade de oferta
que um Twit possui. Promoções, anúncios
e propagandas do serviço ou produto re-
passadas para milhares de pessoas, que
se gostarem repassam para outras tantas
e assim sucessivamente deve-se ser in-
vestido. Será da capacidade do adminis-
trador de aproveitar o espaço para conse-
guir conquistar a atenção de um potencial
consumidor. Mas a partir do momento que
alguém foi atingido, o processo de retwit
(repassar um twit de interesse para sua
lista de seguidores) é iniciado e os resul-
tados devem aparecer (SOUZA, 2012).
46
46
UNIDADE 6 - Informação, Conhecimento
e Aprendizagem – Um Caminho Para a
Sociedade Digital
No século XXI, o conhecimento – infor- teriores, em que era dada proeminência a
mação, inteligência e competência para um aspecto em detrimento de outro.
aprender – será o recurso mais valorizado
Capacidade de penetração dos
da organização. A Gestão do Conhecimen-
efeitos das novas tecnologias – refere-
to deverá ser o processo que promoverá a
-se ao poder de influência que os meios
capacidade competitiva da organização.
tecnológicos exercem na vida social, eco-
Pela Gestão do Conhecimento, a organi-
nômica e política da sociedade.
zação procura transformar o conhecimen-
to tácito ou explícito de seus profissionais Lógica de redes – é uma caracterís-
em um de seus ativos intangíveis, como tica predominante deste novo modelo de
é a sua marca, sua reputação ou seu fun- sociedade, que facilita a interação entre
do de comércio (CHIAVENATO; SAPIRO, as pessoas, podendo ser implementada
2003). em todos os tipos de processos e organi-
zações, graças às recentes tecnologias da
Para Senge (2005), a única vantagem
informação.
competitiva sustentável é a capacidade
de aprender mais rápido e melhor. Nesse Flexibilidade – esta característica
contexto, as pessoas são os principais re- refere-se ao poder de reconfigurar, alte-
cursos para a execução dos processos de rar e reorganizar as informações.
mudança. Portanto, o interesse das orga-
nizações no conhecimento advém da ne-
Convergência de tecnologias es-
pecíficas para um sistema altamente
cessidade de superar desafios, diferen-
integrado – o contínuo processo de con-
ciando-se pelo que sabem e pela forma
vergência entre os diferentes campos
como conseguem usar esse conhecimen-
tecnológicos resulta da sua lógica comum
to. Com esta visão, o conhecimento torna-
de produção da informação, onde todos
-se o ativo mais importante das organiza-
os utilizadores podem contribuir, exer-
ções.
cendo um papel ativo na produção deste
Castells (2002) destaca as principais conhecimento.
características deste novo paradigma da
Estas características estão diretamen-
sociedade da informação e sociedade di-
te ligadas ao processo de democratiza-
gital que acabam se confundido, visando
ção do saber, fazendo emergir novos es-
entender a base material desta nova so-
paços para a busca e o compartilhar de
ciedade, denominada também de socie-
informações, apontado por Lévy (1996)
dade pós-industrial.
como processo de “desterritorialização do
A informação é a sua matéria-pri- presente”, visto que não há barreiras de
ma – existe uma relação simbiótica entre acesso a bens de consumo, produtos e co-
a tecnologia e a informação, em que uma municação. O importante nesta sociedade
complementa a outra, fato este que dife- não é a tecnologia em si, mas as possibili-
rencia esta nova era das revoluções an- dades de interação que elas proporcionam
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47

através de uma cultura digital (COUTINHO; usuários e redefini-los. As novas tecno-


LISBOA, 2011). logias da informação não são apenas fer-
ramentas para se aplicar, mas processos
Falamos em algum momento (não com
para se desenvolver. (...) Pela primeira vez
essas palavras) que a internet é um canal
na história, a mente humana é uma força
de comunicação em sentido horizontal,
produtiva direta, não apenas um elemen-
onde as pessoas, independentemente do
to decisivo do sistema de produção.
status ou classe social a que pertençam
podem aceder a todo e qualquer tipo de Desta forma, concordamos com Cas-
informação. Essa é a teoria, porque a re- tells (2003) quando refere que estamos
alidade (lembrem-se das autopistas e es- vivendo uma revolução tecnológica. Po-
tradas rurais) é muito distinta e por dois rém, o desafio é saber de que forma todo
motivos: este arsenal de informações que não en-
contram barreiras de tempo e de espaço,
em primeiro lugar, ficam de fora à
poderá contribuir para a democratização
partida todos os que não têm condições
do conhecimento, visando aprendizagens
de acesso (e são muitos!);
significativas em que a nova informação
em segundo lugar, porque o aces- seja interiorizada e incorporada naquilo
so à informação não é garantia que disso que o sujeito já conhece (AUSUBEL, 1982).
resulte conhecimento e, muito menos,
Fica essa dica para refletirem!
aprendizagem.
Para Pellicer (1997, p. 88 apud Couti-
Para que tal ocorra, é necessário que,
nho e Lisboa, 2011), as informações cons-
frente às informações apresentadas,
tituem a base do conhecimento, mas a
as pessoas possam reelaborar o seu co-
aquisição deste implica, antes de mais, o
nhecimento ou até mesmo desconstruí-
desencadear de uma série de operações
-lo, visando uma nova construção. Esta
intelectuais, que colocam em relação os
construção deverá estar alicerçada em
novos dados com as informações armaze-
parâmetros cognitivos que envolvam a
nadas previamente pelo indivíduo. O co-
autorregulação, aspectos motivacionais,
nhecimento adquire-se, pois, quando as
reflexão e criticidade frente a um fluxo de
diversas informações se inter-relacionam
informações que se atualizam permanen-
mutuamente, criando uma rede de signifi-
temente, pois segundo Castells (2003, p.
cações que se interiorizam.
7), o que caracteriza a revolução tecno-
lógica atual não é o caráter central do co- Na atualidade, uma das perturbações
nhecimento e da informação, mas a apli- provocadas pelas mídias é o fato de que o
cação deste conhecimento e informação homem moderno crê ter acesso à signifi-
a aparatos de geração de conhecimento cação dos acontecimentos, simplesmente
e processamento da informação/comuni- porque recebeu informação sobre aque-
cação, em um círculo de retroalimentação les. Sabemos que não é verdade! Ser crí-
acumulativa entre a inovação e seus usos. tico e reflexivo é percorrer outro tanto do
A difusão da tecnologia amplifica infinita- caminho, não é verdade?
mente seu poder ao se apropriar de seus
O conhecimento é entendido como a
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capacidade que o sujeito tem, diante da requer educação continuada ao longo da


informação, de desenvolver uma com- vida, que permita ao indivíduo não ape-
petência reflexiva, relacionando os seus nas acompanhar as mudanças tecnológi-
múltiplos aspectos em função de um de- cas, mas sobretudo inovar (TAKAHASHI,
terminado tempo e espaço, com a possibi- 2000, p.7).
lidade de estabelecer conexões com ou-
Este é um grande desafio não somen-
tros conhecimentos e de utilizá-lo na sua
te no campo da educação, mas para cada
vida quotidiana (PELIZZARI et al., 2002).
sujeito ao longo de toda a vida, seja pen-
Rezende e Abreu (2000, p. 60) ressal- sando no seu lado emocional, social ou
tam que embora exista uma relação entre profissional.
informação e conhecimento, há uma dis-
Ele precisa ter acesso à tecnologia, tem
tinção entre os dois conceitos:
esse direito e precisa também de capaci-
Informação é todo o dado traba- dade, habilidade, esforço para transfor-
lhado, útil, tratado, com valor signi- mar as informações que chegam em co-
ficativo atribuído ou agregado a ele, nhecimento usável.
e com um sentido natural e lógico
para quem usa a informação. O dado
é entendido como um elemento da
informação, um conjunto de letras,
números ou dígitos, que, tomado iso-
ladamente, não transmite nenhum
conhecimento, ou seja, não contém
um significado claro. Quando a infor-
mação é “trabalhada” por pessoas e
pelos recursos computacionais, pos-
sibilitando a geração de cenários, si-
mulações e oportunidades, pode ser
chamada de conhecimento. O con-
ceito de conhecimento complementa
o de informação com valor relevante
e de propósito definido.

Enfim, queremos fazê-los entender que


para que a sociedade da informação possa
ser considerada uma sociedade do conhe-
cimento é imprescindível que se estabele-
çam critérios para organizar e selecionar
as informações, e não simplesmente ser
influenciado e “moldado” pelos constan-
tes fluxos informativos disponíveis.

A dinâmica da sociedade da informação


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