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Educação e inovação tecnológica

Um olhar sobre as políticas públicas brasileiras1

Nelson Pretto
Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia

Trabalho apresentado na XX Reunião Anual da ANPEd, Caxambu, setembro de 1997.

Um mundo em transformação cente das tecnologias de comunicação e informação


para com isso compreendermos sua relação com a
Como já intensamente discutido e estudado em educação.
diversas áreas, vivemos um momento especial da A idéia de se construir a primeira máquina que
história da humanidade. Grandes transformações possibilitasse o processamento de dados de forma
estão ocorrendo em todo o planeta, com grande ve- mais veloz vem do início do século, quando, em
locidade e de difícil dimensionamento. 1925, foi desenvolvida no M assachusetts Institute
Um dos conceitos-chave deste mundo contem- of Technology (MIT), nos Estados Unidos, a primei-
porâneo é o de rede. Este não é um conceito novo, ra máquina de calcular eletrônica.
que surge somente neste final de milênio. N o entan- Mas é somente a partir da segunda metade des-
to, a partir da segunda metade deste século, esse te século que este movimento de transformações
conceito amplia-se de forma considerável e passa a científicas e tecnológicas se manifesta de forma mais
ter uma dimensão planetária. É importante aprofun- intensa, a partir da invenção do transistor, em 1947,
dá-lo, articulando-o com o desenvolvimento cres- por John Bardeen, Walter Houser Bratain e William
Bradford. Essa nova descoberta passa a revolucio-
1Este texto foi produzido a partir das pesquisas Edu- nar o mundo das máquinas e dos equipamentos e,
cação e novo m ilênio: as novas tecnologias da com unicação alguns anos depois, deu-se início à chamada minia-
e inform ação e a educação e T ecnologias da com unicação turização das tecnologias, promovendo um grande
e do projeto de pós-doutoramento do autor no Centre for impulso em todo o desenvolvimento dos sistemas
Cultural Studies/Goldmiths College, com o apoio financei-
de comunicação em informação, com especial ên-
ro do CNPq. Meu especial agradecimento a Marília Gouveia
(Faculdade de Educação/UFG) e M aria Inez Carvalho (Fa-
fase para a televisão.
culdade de Educação/UFBA) pelas críticas a este texto e dis- Com este impulso, novas formas de comuni-
cussões em torno dele. cação foram introduzidas e, hoje, discute-se a tele-

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visão segmentada, a televisão interativa, o telecom - teamento dos equipamentos. Este aumento de pro-
puter, a automação dos sistemas informacionais, cessamento dos dados e as pesquisas com vistas a
as sinergias e megafusões de grandes empresas do uma maior integração dos computadores, que cada
mercado audiovisual e de comunicação. Estes inten- dia mais se espalhavam pelo mundo, foram mais
sos movimentos de transformação fazem com que uma vez mudando o cenário, dando especial impul-
atualmente uma única geração seja capaz de acom- so à história da humanidade. N ovos atores entram
panhar o nascimento e a morte de uma tecnologia, em cena. Fala-se, então, em descentralização dos
constituindo-se efetivamente em uma novidade his- sistemas, em redes interativas, em conexões em tem-
tórica do mundo contemporâneo. Leitura indispen- po real.
sável para os que querem compreender o que nos A enorme diminuição dos custos dos equipa-
espera em termos de equipamentos de comunica- mentos eletrônicos foi impulsionando a área, com
ção, George Gilder (1994) e N elson H oineff (1991, importantes reflexos em toda a sociedade. Simul-
1996) fazem uma interessante retrospectiva deste taneamente desenvolvem-se os equipamentos de co-
alucinado movimento. nexões (comutadores, hubs, fibras, m odens), assim
São muitas as tentativas de sistematização da como a indústria do softw are desenvolve-se de for-
evolução científica e tecnológica no mundo das co- ma acelerada, com especial ênfase no desenvolvi-
municações. A invenção do transístor e o conse- mento de programas para serem usados nas redes.
qüente desenvolvimento dos sistemas computacio- A Internet passa a fazer parte da realidade do
nais são sempre apontados como marcos importan- mundo acadêmico e, rapidamente, vai despontando
tes neste universo. Para Leila Dias (1995), podemos como importante elemento de conexão entre equi-
analisar este recente desenvolvimento em três fases. pamentos, já que consegue desenvolver um proto-
A primeira, durante a década de 70, fez com que a colo de comunicação que viabiliza a troca de dados
informática fosse sendo gradativamente introduzida entre os computadores distantes e, o mais signifi-
na sociedade, ainda como algo traumatizante, pró- cativo, de naturezas distintas. Este protocolo de con-
ximo da alquimia, com os computadores de gran- versação entre as máquinas ficou conhecido como
de porte (m ain fram e), geralmente instalados em transm ission control protocol/Internet protocol ou,
salas especiais, isoladas, centralizadas, com pessoal mais simplesmente, TCP/IP. N o entanto, ao estabe-
altamente especializado. Basicamente, era o mo- lecer as conexões entre equipamentos, estas redes
mento dos sistemas centralizados. M as é ainda na começam, mais do que tudo, a estabelecer os link s
década de 70 que a Canon, no Japão, lança o Pock- entre diferentes culturas, que agora passam a ter a
tronic — o primeiro computador de bolso —, dan- possibilidade, pelo menos potencial, de se comuni-
do início a um movimento de transformação mui- car, se expor, de intercambiar multi-relações entre
to forte. Começam a surgir, durante esta década: o sujeitos e máquinas. Com isso, introduzem-se no-
microprocessador (m icro processing unit) e a cen- vas formas de se produzir conhecimento e cultura.
tral processing center (CPU), conhecida como o cé- O conceito de rede passa a ser um elemento-
rebro do computador. Definitivamente, aquele ce- chave deste momento e está sendo objeto de análi-
nário dos sistemas centralizados começou ali mes- se em diversos campos do saber, ganhando impor-
mo a ser transformado. N asce assim a microinfor- tância no mundo contemporâneo. Ele não é, no en-
mática, caracterizando a chamada segunda fase do tanto, um conceito novo. Leila Dias, em seu texto
recente desenvolvimento tecnológico. Implantam- R edes: em ergência e organização (1995), recupera
se as redes, conectando computadores em tempo sua trajetória desde a segunda metade do século
real. Ao longo da década de 80, instala-se a chama- XIX, quando rede passa a assumir importante pa-
da terceira fase, com o aumento da capacidade de pel como elemento de organização dos territórios,
análise instantânea de dados paralelamente ao bara- em função da implantação das grandes malhas fer-

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roviárias que cortam os Estados Unidos da Améri- equivalentes do ponto de vistas das relações esta-
ca de costa a costa, introduzindo novos elementos belecidas entre os elem entos do sistem a (ou com o
culturais, com reflexos na organização de todo o meio ambiente)” (idem — grifo meu). A última ca-
sistema social. racterística é a nodalidade, que, basicamente, “ per-
Das malhas ferroviárias passa-se para as ma- mite caracterizar os nós da rede do ponto de vista
lhas rodoviárias, urbanas e, agora, malhas óticas de sua capacidade relacional para o sistema” (Be-
e eletromagnéticas, que continuam a se constituir nakouche, 1995).
em elementos estruturadores de territórios, de no- Castells (1996), por sua vez, analisa a presen-
vas formas de agir, pensar, sentir. Alguns elemen- ça das tecnologias na sociedade contemporânea,
tos deste conceito de rede precisam ser aprofunda- buscando compreender melhor quais são as carac-
dos, porque, assim como Castells (1996), acredito terísticas que constituem o coração do paradigm a
que estamos vivendo esta sociedade em rede. Q uais da tecnologia da inform ação. Para ele, são cinco
são as características deste conceito de rede de que estas características básicas. A primeira é que a in-
estamos falando? Tamara Benakouche (1995), em formação é a própria matéria bruta deste paradigma
sua pesquisa sobre o papel das telecomunicações tecnológico. Um segundo elemento característico é
na criação do espaço urbano, apresenta um con- a “ penetração dos efeitos das novas tecnologias” .
junto destas características que creio ser importan- Para ele, “ porque a informação é parte integral de
te resgatar. toda atividade humana, todos os processos de nossa
Para ela, usando como base os trabalhos de existência individual ou coletiva são diretamente
Dupuy, as redes de telecomunicações possuem cin- afetados (embora certamente não determinados)
co características básicas: conexidade, conectivida- pelos novos meios tecnológicos” (idem, p. 62). A
de, homogeneidade, isotropia e nodalidade (idem, terceira característica, que é fundamental para a
1995). A conex idade é a propriedade essencial de perspectiva deste texto, é a existência de uma lógi-
uma rede, pois é ela quem garante a relação entre ca própria das redes de comunicações. As demais
os subsistemas, os nós que compõem a rede. É ela características são a flex ibilidade e a convergência
que garante, portanto, a coesão dos elementos do das tecnologias específicas num sistema altamente
sistema, indicando se os elos estabelecidos na rede integrado, no qual cada tecnologia, separadamen-
são fracos ou fortes. Para a autora, “ um exemplo te, torna-se absolutamente indistinguível.
de uma rede fortemente conexa seria a rede viária Todas estas características são apontadas co-
dos países desenvolvidos” . A conectividade é a li- mo fundamentais por estes autores e, aqui, acres-
gação entre os elementos deste sistema e nos reme- cento e destaco a idéia de equivalência. Ela é fun-
te à idéia de circulação. “ Uma forte conectividade damental no atual contexto mundial, uma vez que
conduz a uma espécie de supra-conexidade, ampli- não podemos considerar a implantação destes mo-
ando as malhas da rede e reforçando seu caráter dernos e velozes complexos de comunicação digi-
solidário vis-a-vis do sistema” (Dupuy apud Bena- tal se continuarmos a pensar que estas redes se ins-
kouche, 1995). Já a homogeneidade “envolve a idéia talam sobre espaços vazios. Ao contrário, como
de correlação espaço-temporal e traduz a coerên- afirma Dias (1995, p. 158), as redes se instalam
cia, no tempo ou em um espaço, das entradas e saí- sobre uma realidade complexa e não em espaços
das entre os elementos do sistema” . A isotropia é a virgens. N este sentido, torna-se urgente compreen-
característica que nos possibilita ver a rede enquan- der que a implantação e ampliação destas redes de
to um conjunto homogêneo e, portanto, também comunicação pressupõem a existência de nós for-
tem a ver com esta correlação espaço-temporal. “De talecidos (valores/culturas locais) e, principalmen-
uma maneira geral, isotropia (ou grau de isotropia) te, com alto nível de visibilidade e flex ibilidade.
da rede significa que todas as ligações da rede são Visibilidade e flexibilidade estas que só serão con-

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seguidas se, além da necessária presença dos elemen- taque para o mercado de trabalho nos grandes cen-
tos técnicos básicos (fios, cabos, linhas telefônicas, tros urbanos.
satélites, transponders, televisões, computadores, Países como o Brasil vivem contradições pro-
centrais de comunicação), tivermos, ao mesmo tem- fundas em seus sistemas sociais exatamente por es-
po, os elementos culturais amplificados/produzidos/ tarem inseridos nestes mercados planetários sem
difundidos a partir das culturas locais. terem resolvido, ou pelo menos encaminhado, so-
É, portanto, fundamental estabelecer uma mais lução para graves problemas sociais internos. De-
ampla compreensão deste conceito e destas relações, terminadas e específicas áreas destacam-se e, sem
agora introduzindo uma nova e básica relação, uma dúvida, o exemplo mais significativo em todo o
relação entre o que chamo de local e não-local, 2 mundo está relacionado aos sistemas de comunica-
entre aquilo que é a cultura e o conhecimento pro- ção e informação. Em relação a isso, o Brasil, mais
duzidos em cada região e o que pode ser absorvido uma vez, está plenamente inserido neste mercado
e disponibilizado a partir das interações do mun- planetário, com o maior grupo de comunicação bra-
dial, do planetário. Assim, o conceito de rede pode sileiro — a Rede Globo de Televisão — associado
ser o elo que nos faltava para compreendermos o a um dos cinco maiores conglomerados de comu-
papel da escola nesta virada de milênio. Isto por- nicação do mundo. A Rede Globo de Televisão —
que entendo que só poderão sobreviver com auto- mídia eletrônica do conglomerado da família Ro-
nomia e independência neste mundo de conexões berto M arinho — está associada ao grupo lidera-
aqueles povos e culturas que conseguirem estabe- do pelo magnata australiano Rupert M urdoch, in-
lecer relacionamentos com o conjunto da rede de tegrando um complexo multimediático que inclui
forma intensa e com valores culturais locais poten- o T he N ew Y ork Post, T he T im es, BSkyB, Delphi
cialmente fortes para serem disponibilizados e, as- Internet, Twentieth Century-Fox, H arperCollins
sim, interagirem com autonomia com o conjunto do (editora), Sky Latin America, TCI (uma das opera-
planeta. Isso porque, como afirma Castells, “ as re- doras líderes de TV a cabo e telefonia nos Estados
des constituem a nova morfologia social de nossas Unidos), entre outros.
sociedades e a difusão desta lógica de rede modi- O bviamente, quando pensamos no sistema
fica substancialmente os processos e os resultados educacional, a situação é absolutamente diversa.
de produção, experiência, poder e cultura” (Cas- Esta distância entre o m undo da informática e da
tells, 1996, p. 467). O bviamente, acrescento aqui comunicação com o m undo da educação é muito
a educação. grande, induzindo-nos a pensar na quase existên-
cia de um impasse. Tem sentido continuarmos in-
Impasse para a educação vestindo neste sistema escolar que não consegue dar
conta destas transformações? Está claro que neces-
Estes novos paradigmas tecnológicos, com a sitamos de muito mais do que simplesmente aper-
informatização veloz e quase generalizada da so- feiçoar o sistema educacional. O momento exige a
ciedade, estão presentes em todo o mundo e, mes- profunda transformação estrutural deste sistema.
mo em países como o Brasil, onde as desigualdades Uma transformação que passa necessariamente, co-
sociais e regionais são muito grandes, ele é deter- mo venho expondo aqui, pela sua maior articula-
minante em vários campos, com um necessário des- ção com os sistemas de informação e comunicação.
Isto porque, neste contexto de mudanças, so-
mos verdadeiramente empurrados para pensar e
refletir mais profundamente como pode sustentar-
2Aprofundo mais esta questão em outro trabalho: se este sistema, ainda centrado em velhos paradig-
Um a escola sem /com futuro: educação e m ultim ídia (1996). mas, muitas vezes enfatizando apenas a formação

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de uma mão-de-obra, sem nem mesmo perceber que nuam centrados, segundo Emilia Ferreiro, em três
está mudando o próprio conceito de mão-de-obra, grandes falácias. Essa autora afirmou para a Revista
num movimento de velocidade muito intensa. TV Escola que insistimos ainda que a aprendizagem
Como afirmava Francisco de O liveira na aber- deve se dar sempre “ do concreto para o abstrato,
tura da Reunião Anual da AN PEd, já em 1990: do próximo para o distante e do fácil para o difícil”
(M EC, 1996). M antendo esta perspectiva, eviden-
N um mundo que corre com esta velocidade,
temente não conseguimos compreender as trans-
com transformações que não esperam amanhecer o dia
formações contemporâneas que estão modificando
para serem anunciadas, uma inserção rápida da eco-
todos os campos: do trabalho, do lazer, do social,
nomia brasileira no sistema internacional, com estes
do saber e, seguramente, também da educação.
critérios, seguramente vai nos conduzir não mais para
Continuar adotando esta perspectiva é desco-
uma exploração de mão-de-obra barata, porque não
nhecer completamente as transformações que esta-
se está mais atrás disso: tecnologia de ponta não se faz
mos vivendo no mundo contemporâneo e os novos
com mão-de-obra barata (O liveira, 1990, p. 12).
elementos que estão fazendo parte da realidade de
Passados mais de oito anos deste discurso de nossos jovens e adolescentes.
Francisco de O liveira, continuamos a perceber um Precisamos compreender melhor de que forma
caminhar nesta direção. Ana Leda Barreto, anali- esta G eração X (novas tribos) convive com video-
sando os Parâmetros Curriculares N acionais, uma games, televisões, Internet, esportes radicais, tudo
das principais bandeiras do governo de Fernando simultaneamente, de forma múltipla e fragmenta-
H enrique Cardoso, elaborados sob forte crítica da da, tudo ao mesmo tempo. Esta geração já se rela-
comunidade acadêmica nacional, reforçava a neces- ciona com as novas mídias de forma diversa e já
sidade de uma sólida formação dos profissionais da existem sinais de um novo processo de produção de
educação, como base para a transformação deste conhecimento, ainda praticamente desconhecido
sistema. Segundo ela: pela escola.
Para Douglas Rushkoff, ao analisar como a
N ão é mais possível em mais uma proposta de
cultura das crianças nos ensina a prosperar na era
governo ser ‘esquecida’ a obrigação dos dirigentes da
do caos, esta geração se utiliza das diversas mídias
nação com a formação sólida e continuada dos prin-
não à procura de respostas, mas sim de perguntas.
cipais formadores de mentalidade do país. Tal esque-
Elas entendem a descontinuidade e o que ela signi-
cimento nos faz pensar que a desqualificação das pro-
fica e conseguem estabelecer uma relação de pro-
fessoras e professores é um dos mecanismos “ para
dução de conhecimento com elas. “ Para a audiên-
mantê-los fracos e disponíveis a manobras e conchavos
cia jovem, a descontinuidade das mídias não é uma
político-burocráticos” (Arroyo, 1985, p. 9), forman-
exceção, é a regra” (Rushkoff, 1996, p. 14).
do outros cidadãos e cidadãs fracos e disponíveis às
Estas transformações tecnológicas que toma-
mesmas manobras e conchavos (Barreto, 1996, p. 4).
ram grande impulso justamente com o desenvolvi-
Assim, a transformação do sistema educacio- mento nos idos da década de 60 dos videogames —
nal passa, necessariamente, pela transformação do à epoca jogos eletrônicos que se utilizavam de ve-
professor. N ão podemos continuar pensando em lhos consoles conectados a antigos televisores —
formar professores com teorias pedagógicas que se ganham impulso e passam a estimular, simultanea-
superam cotidianamente, centradas em princípios mente, o próprio desenvolvimento científico. M as
totalmente incompatíveis com o momento históri- também este desenvolvimento não se dá e não se deu
co. N ossos currículos, programas, materiais didá- de forma estanque e isolada.
ticos, incluindo os novos e sofisticados multimídias, A ciência moderna, que no início do século
softw ares educacionais, vídeos educativos, conti- sofre os abalos das teorias da relatividade de Ein-

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stein, começa a experimentar outros paradigmas. um elemento vital deste processo coletivo de pro-
Passa-se a trabalhar da perspectiva de compreender dução de conhecimento. N esta navegação, portan-
a com plex idade do mundo contemporâneo, sem a to, percorremos caminhos ilimitados, sem frontei-
preocupação da unificação, das meta-unificações. ras. Como diz Pierre Lévy: “ N avegar no ciberespa-
Segundo o físico italiano M arcello Cini, o que ve- ço equivale a passear um olhar consciente sobre a
mos hoje, olhando a evolução da ciência, é uma interioridade caótica, o ronronar incansável, as ba-
grande mudança de concepção. nais futilidades e as fulgurações planetárias da in-
Passou-se a uma concepção de mundo em que, teligência coletiva. O acesso ao processo intelectual
em vez de se tentar reduzir tudo à ordem, regulari- do todo informa o de cada parte, indivíduo ou gru-
dade e continuidade, emergem categorias e perspec- po, e alimenta em troca o do conjunto. Passa-se
tivas completamente opostas. Estudam-se a desor- então da inteligência coletiva para o coletivo inte-
dem, a irregularidade, os fenômenos que não se re- ligente (Lévy, 1996, p. 117, grifos meus).
petem, em vez de tentar unificar fenômenos muito Como já venho afirmando ao longo deste tex-
diferentes pela explicação resultante de uma única to, esta passagem não corresponde apenas a um
lei fundamental. A individualidade começa a ser aperfeiçoamento do sistema educacional. Ela exige
reconhecida, por exemplo, no fato de que sistemas uma transformação profunda, que imponha, obri-
estruturalmente idênticos podem revelar compor- gatoriamente, a implantação de políticas educacio-
tamentos radicalmente diferentes, ocasionados ape- nais coerentes com as transformações da socieda-
nas por pequeníssimas diferenças que, até então, de como um todo, e não, simplesmente, moderni-
todos consideravam não essenciais (Cini, 1998). zadoras.
Compreender os novos processos de aquisição
e construção do conhecimento é básico para tentar- Um olhar sobre os
mos superar este impasse. Esta compreensão, por projetos governamentais
outro lado, empurra-nos necessariam ente para con-
siderarmos fundamental a introdução das chama- A história recente da educação no Brasil é re-
das tecnologias da comunicação e informação nos pleta de projetos governamentais que, para serem
processos de ensino-aprendizagem. compreendidos plenamente, exigem de nós uma lei-
N o entanto, a pura e simples introdução des- tura um pouco mais atenta dos imbricados movi-
tas tecnologias não é garantia desta transformação. mentos que relacionam as políticas educacional,
Esta introdução é, portanto, uma condição neces- cultural, científica, tecnológica e de comunicação.
sária, m as não suficiente para que tenhamos um N ão está no escopo deste texto aprofundar estas
sistema educacional coadunado com o momento análises em todas as suas múltiplas dimensões, mas
histórico. Desta forma, introduzir estas tecnologias sim resgatar alguns elementos significativos para o
exige compreender de forma mais ampla a necessi- entendimento de como estas políticas estão — ou
dade de fortalecer os nós — as unidades escolares deveriam estar! — afetando diretamente a escola.
que por sua vez articulam-se intensamente com os Desde o final da década passada que o gover-
valores locais — de tal forma a dar maior visibili- no avança decididamente no seu projeto de priva-
dade aos nós desta rede, aumentando concomitan- tização das estatais, notadamente na área das tele-
temente a conectividade entre estes nós, estabelecen- comunicações. Paralelamente, o próprio governo
do-se com isso as rede de conexões que estão sen- promoveu a implantação no País de um sistema de
do referidas ao longo deste texto. E, mais uma vez, rede, através do Ministério da Ciência e Tecnologia,
não basta apenas a rede física. com a criação da Rede Nacional de Pesquisa (RNP),
A escola, conectada, interligada, integrada, ar- sendo com isso introduzida, de forma definitiva, a
ticulada com o conjunto da rede, passa a ser mais Internet no País. O s projetos políticos de implan-

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tação de complexos tecnológicos de comunicação considero um dos pontos que mereceriam uma pro-
e informação sempre buscaram na educação ele- funda revisão nesta área. O próprio título do arti-
mentos complementares para sua sustentação. Inú- go, “ TV Escola: construindo um caso de sucesso” ,
meros decretos foram promulgados com o objeti- já mereceria uma análise mais profunda. N o entan-
vo de identificar e estimular possíveis usos na área to, é no conjunto do texto que percebemos a insis-
educacional deste sistema de rede. O mesmo foi fei- tência no uso de palavras como recurso e treinamen-
to décadas atrás com o sistema de comunicação via to e que, somado a outras manifestações públicas
satélites geoestacionários. É da memória da edu- do M EC, indica-nos claramente a perspectiva ins-
cação brasileira o pioneiro Projeto SACI, desen- trumental da introdução destas novas tecnologias.
volvido no Rio Grande do N orte, no final da déca- O artigo do ministro buscava analisar o TV Escola
da de 60, analisado, entre outros, por Laymert Gar- e, exatamente ao fazer a referência ao outro gran-
cia dos Santos (1981) em seu livro D esregulagens. de projeto para a área, o de informatização, deixa-
Àquela época, pensava-se em introduzir um siste- va evidente a perspectiva equivocada desta políti-
ma de educação básica, com aulas sendo transmi- ca educacional. Vejamos as palavras do ministro:
tidas via satélite, num projeto desenvolvido pelo
N este sentido, desde o início do governo Fer-
Instituto N acional de Pesquisas Espaciais (IN PE),
nando H enrique que traçamos a estratégia de médio
com forte articulação com o governo americano.
prazo que contemplou, inicialmente, o uso da televi-
Alguns anos depois (1986), como já descrevi
são como recurso para a atualização de professores e
anteriormente (Pretto, 1996), o governo federal
para o apoio ao seu trabalho na sala de aula.
tenta novamente implantar um projeto como o SA-
O próximo passo será a introdução do compu-
CI, instituindo uma Comissão Interministerial para
tador das escolas públicas de 1° e 2° graus. Trata-se,
estudar a viabilidade de im plantação de um siste-
entretanto, de dois program as totalm ente distintos em
m a de educação básica via satélite.
seus objetivos, abrangência e m etodologia de im plan-
Atualmente, no âmbito do M inistério da Edu-
tação (Souza, 1997, grifos meus).
cação, o atual governo vem implantando dois gran-
des projetos: o TV Escola e o Projeto de Informa- O s trechos grifados são destaques que gosta-
tização das Escolas Públicas Brasileiras (PRO IN - ria de comentar aqui. A utilização como recurso, a
FO ). N ão cabe aqui fazer uma longa descrição des- meu ver, indica claramente esta perspectiva instru-
tes projetos, mas acho importante destacar alguns mental a que me referi anteriormente. Um discur-
de seus aspectos, utilizando-se para esta análise so que parte do pressuposto, ainda que implícito,
elementos do discurso governamental sobre eles, de que o sistema educacional está com seu caminho
publicados na grande imprensa nacional. Basica- definido, faltando, portanto, apenas atualizar os
mente, confronto a visão oficial destes projetos de professores. Percebe-se, claramente, a existência de
inovação tecnológica com a perspectiva de rede já uma lógica linear de prioridades e não de sim ulta-
apontada neste texto. neidade, evidenciada no segundo parágrafo acima
Para a análise dos projetos e uma comparação citado. Ao tratar os dois projetos, o TV Escola e o
com os elementos teóricos que aqui apresento, con- PRO IN FO , como projetos “ distintos em objetivo,
siderarei algumas declarações públicas do ministro abrangência e metodologia” , o M EC atesta com
e de seus secretários. O primeiro texto significati- todas as letras — letras de seu ministro e grande
vo que utilizarei é um artigo do próprio ministro, mentor destas transformações — o seu equívoco.
publicado no jornal Folha de S. Paulo em 2 de mar- Entende, claramente, as tecnologias como suporte,
ço de 1997. N o referido artigo o ministro propu- como instrumento, como material de apoio a um
nha-se a analisar o caso de sucesso do Projeto TV processo que está com suas bases teóricas anacrô-
Escola e, assim fazendo, expôs de forma clara o que nicas. N ão consegue o M EC perceber a necessida-

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de de interdependência destes projetos e destes com com filmes e programas de maneira a fortalecer nas
outros, como o projeto da Fundação Roquete Pin- escolas, em todo o País, a perspectiva de transfor-
to, Um Salto para o Futuro. má-las em espaço vivo de produção de cultura e de
N ovamente, vemos aqui a dicotomia presen- conhecimento, o que estimularia uma maior inte-
te nos projetos, uma vez que, no lugar de fortale- gração com a comunidade?
cer os sistemas de televisão pública brasileira, insis- Integrar todos estes projetos e, com eles, for-
te-se em segmentar, em partir, em tratar como dis- talecer a escola e os professores não é, tenho certe-
tintas e diversas coisas que são, pela própria natu- za, uma tarefa simples. Principalmente porque es-
reza, parte de um processo maior e, principalmen- tes projetos nasceram como fruto de ações quase
te, integrado e integrador. O exemplo do Salto é antagônicas. Antagônicas dentro do próprio M EC
gritante. Pega-se o canal do satélite (transponder) e também deste com os demais ministérios, como
usado pelo sistema das TVs educativas, divide-se- o da Cultura, Comunicação e Ciência e Tecnologia.
o em dois, diminuindo claramente a qualidade do Com relação a esta articulação intraministé-
sinal gerado e recebido tanto pelo sistema das TVs rios, é interessante retomar a questão da rede, ana-
educativas como pelo TV Escola e coloca-se no ar lisando um pouco mais o processo de privatização
um a program ação de apenas três horas, repetidas da telefonia brasileira. Este processo de privatiza-
incansavelmente ao longo do dia com o argumen- ção foi regulado pela Lei 9.472, a Lei Geral das
to de que os professores possam gravar e montar Telecomunicações (LGT), 3 de julho de 1997. N es-
as videotecas escolares. Das oito da noite às oito da ta lei, de forma tímida, é verdade, estava previsto,
manhã temos simplesmente 12 horas de um canal no artigo 81, a criação do Fundo de Universalização
de satélite completamente sem uso. Se é apenas este dos Serviços de Telecomunicações (FUST). De acor-
o objetivo — veiculação de três horas de programa- do com o texto da lei, o FUST é um “ fundo especi-
ção educativa! —, por que não garantir com as TVs ficamente constituído para essa finalidade, para o
educativas essa veiculação, que inclusive já é em boa qual contribuirão prestadoras de serviços de tele-
parte produzida e veiculada por elas mesmas, em comunicações nos regimes público e privado, nos
horários alternativos, canalizando o conjunto dos termos da lei” a partir de uma regulamentação que
recursos para o fortalecimento desse sistema de te- tramita de forma lenta e que não ocorreu, como era
levisão que, potencialmente, garantiria a produção de se esperar, antes da venda das empresas.
de imagens com a verdadeira cara do País. Imagens Este fundo, em teoria, tem como função bási-
e informações que estariam colocando os lugares ca possibilitar que camadas que não tenham recur-
não-virgens em permanente troca com os demais sos próprios para ter acesso à telefonia e acesso à
lugares não-virgens do País. Paralelamente, esta- Internet de forma privada e direta possam ter acesso
ríamos colocando os postos do Salto interligados à através de mecanismos sociais mais amplos. Como
Internet e, com isso, garantindo de fato a tal inte- afirma Tadao Takahashi, ex-coordenador da RN P
ratividade, tão falada e tão pouco vivenciada nes- no Brasil, em artigo que circulou na lista EAD,4 “ é
tes projetos. evidente que, na política de telecomunicações de
Se, por outro lado, adotamos como estratégia
a divisão do transponder para implantação de um
canal exclusivo para a educação (e não para o M i- 3 Toda a documentação relativa a este processo encon-
nistério!), por que não disponibilizar estas 12 ho- tra-se no sítio da Agência N acional de Telecomunicações
ras sem uso para grupos e associações de educado- (ANATEL), no seguinte endereço: http://www.anatel.gov.br/
res, universidades, associações comunitárias, sindi- biblioteca.
catos ou, mesmo, ocupá-lo com uma programação 4 Lista EAD. E-mail: ead@cr-df.rnp.br. Mensagem dis-
cultural, articulada com o M inistério da Cultura, tribuída por Leonardo Lazarte (UnB), em 04/09/97.

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Educação e inovação tecnológica

um país, é desejável ter formas de induzir determi- vação, em julho de 1997, da Lei Geral de Telecomu-
nados serviços para, extrapolando a fria lógica co- nicações, que, apesar da sua sofisticação normativa,
mercial, buscar atingir fins socialmente úteis. Por ignorou totalmente a tarifa especial oportunamente
exemplo, aumentar o acesso à telefonia por parte criada pelo legislador de 1962. E, ainda que se possa
das classes D e E” (Takahashi, 1997). argumentar que a questão está contemplada no pro-
Ampliar este acesso é fundamental e, neste sen- jeto do Fundo de Universalização das Telecomunica-
tido, a conexão das escolas, bibliotecas e postos de ções, a polêmica que já começa a cercar a tramitação
saúde públicos poderia se constituir, como em ou- do referido projeto no Congresso N acional sinaliza a
tros países, numa forma de propiciar a universa- continuidade do descaso com que o setor de teleco-
lização do acesso. municações tratou, até hoje, a questão da educação
E novamente Takahashi exemplifica isso com (Ramos, 1998).
a situação americana: “ O T elecom m unications A ct
de 1996 nos EUA definiu a obrigação de universa- Esta visão panorâmica da questão possibilita
lização de acesso a serviços de telecomunicações. pensar na necessidade de uma articulação política
Após regulamentação, a coisa resultou em um sub- dos educadores, também no âmbito das políticas de
sídio para acesso mais barato por parte de escolas telecomunicações.
e bibliotecas a serviços de telecomunicações (espe- É necessário avançar na questão das conexões.
cialmente Internet), até um limite de 2,25 bilhões M as isso não basta. As questões conceituais que
de dólares anuais!” (Takahashi, 1997). sustentariam uma política de educação que contem-
No Brasil, as mobilizações e articulações visan- plasse esta dimensão de produção do conhecimen-
do a uma maior democratização do acesso não se to e de cultura aqui referida exigem uma outra pos-
iniciaram com a LGT. Em verdade, desde o início tura política. Uma postura que não parece ser a do
da implantação da RN P, este sempre foi um dos M inistério da Educação. Em uma entrevista no
pontos presentes. N ão cabe aqui fazer um percur- programa H iperm ídia do canal GN T, em julho de
so histórico desde o Código Brasileiro das Teleco- 1997, o ministro mais uma vez afirmava a dificul-
municações de 1962. N o entanto, é no interior da dade de conexão das escolas à Internet, ao mesmo
própria documentação da Agência N acional das tempo que acenava como um futuro promissor esta
Telecomunicações (AN ATEL) que podemos ler co- conexão com o objetivo de os professores acessarem
mo foi este percurso, em apenas dois parágrafos, um grande banco de dados do M inistério para re-
escritos por M urilo Cesar Ramos, professor da Uni- ceberem materiais didáticos.5 Novamente a perspec-
versidade de Brasília (UnB) e mobilizador do gru- tiva de um movimento do centro para a periferia
po de trabalho da Agência, responsável pela dis- pode ser percebida aqui.
cussão e acompanhamento do processo de transfor- Como vemos, mais uma vez, as análises sobre
mação das telecomunicações brasileiras e sua rela- o futuro da educação no mundo contemporâneo
ção com a educação. Em suas palavras: não podem ser feitas olhando-se apenas para o cam-
po educacional. A questão amplia-se de forma in-
O que se depreende do longo hiato entre a Lei tensa, e não se pode pensar que a simples presença
nº 4.117/62 e o primeiro Decreto, de 93, e, depois, da de equipamentos — ainda que necessária e louvá-
rápida saraivada de decretos para tratar de tão singe- vel enquanto iniciativa —, associada a um progra-
lo, ainda que fundamental, assunto para os destinos ma de treinam ento de professores, dará conta des-
do país, é que até os dias de hoje o desafio da educa-
ção não foi acolhido, mesmo que minimamente, pelo
setor de telecomunicações. 5 H iperm ídia. Direção de Celso Freitas. Veiculado pe-
Isto vai ficar ainda mais evidente com a apro- lo canal GN T, em 02/07/97.

Revista Brasileira de Educação 83


Nelson Pretto

ta transformação. Muito mais do que isto, é urgente


N ELSO N PRETTO é professor da Faculdade de Edu-
perceber a necessidade da montagem desta estrutu- cação da Universidade Federal da Bahia. Fez o pós-doutora-
ra de rede, que, entretanto, ainda é muito tímida nas mento no Centro de Estudos Culturais de Goldsmiths Col-
políticas governamentais para a educação. E isto, lege, Universidade de Londres, no período de outubro de
numa forte articulação com outras áreas, tanto de 1998 a agosto de 1999. Pesquisa sobre as tecnologias da co-
municação e informação (televisão, vídeo, informática, In-
governo quanto acadêmicas.
ternet) e sua relação com a educação. Publicou, entre ou-
tras obras, Um a escola sem /com futuro, pela Papirus. O li-
Um conclusão, vro mais recente editado pelo autor intitula-se G lobalização
ainda que provisória & educação: m ercado de trabalho, tecnologias de com uni-
cação, educação à distância e sociedade planetária, pela Uni-
Estas reflexões procuram dar conta de um pro- juí. Sua home-page: http://www.ufba.br/~pretto.

cesso em andamento. Tenho acompanhado e viven-


ciado a existência de espaços para correções de rota Referências bibliográficas
nestes projetos. Lamentavelmente, eles estão sendo
tocados sem um grande envolvimento das univer- BARRETO . A.L., (1996). Análise da proposta Parâmetros
sidades públicas, apesar de muitas delas já se terem Curriculares N acionais (PCN ). R evista de Educação
A EC, ano 25, abr.-jun., p. 134-41.
tornado um espaço concreto de reflexão sobre es-
tas temáticas. Existe hoje no país uma m assa crítica BEN AKO UCH E, T., (1995). Redes de infra-estrutura téc-
nica e a criação do espaço urbano: o que se pode espe-
razoável de pesquisadores e pesquisas que já apon-
rar das telecomunicações. Cadernos de Pesquisa, nº 6,
tam alguns indicadores sobre o tema. Caberia ao
nov., UFSC.
governo fazer um esforço de articulação destas di-
CASTELLS, M ., (1996). T he rise of the netw ork society, v.
versas vertentes, incorporando, inclusive, as críti-
I. O xford, UK: Blackwell.
cas, de forma a corrigir a rota destes projetos e, de
CIN I, M ., (1998). Un paradiso perduto: dall’universo delle
fato, construir um caso de sucesso na educação bra-
leggi naturali al mondo dei processi evolutivi. Entrevis-
sileira. Uma construção não apenas nas palavras e ta a Ciência H oje, nº 138, http://www.sbpcnet.org.br.
para os números, mas que atue, na prática, no país
DIAS, L., (1995). Redes: emergência e organização. In:
como um todo, que vem clamando por transforma- CASTRO , J.E. et al. (orgs.). G eografia: conceitos e te-
ções estruturais em diversas áreas. Este é, sem dú- mas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.
vida, o nosso grande desafio, e estas novas tecnolo- GILDER, G., (1994). L ife after televison. W.W. N orton &
gias de comunicação e informação podem vir a se Company.
constituir em um importante elemento destas trans- H O IN EFF, N ., (1991). T V em ex pansão. Rio de Janeiro:
formações se pudermos vê-las em outra perspecti- Record.
va que não a de simples instrumentos metodológi- __________, (1996). A nova televisão: desmassificação e o
cos mais modernos que podem ser implantados de impasse das grandes redes. Rio de Janeiro: Relume Du-
forma isolada e desarticulada, mantendo crianças, mará.
jovens, adolescentes e professores como meros con- LÉVY, P., (1996). O que é o virtual? São Paulo: Editora 34.
sumidores de um conhecimento pronto que passa M EC, (1996). R evista da T V Escola. Brasília, nº 2, mar.-
agora a circular e ser entregue via as ditas novas abr.
tecnologias. Em oposição a isso, se pensamos nas O LIVEIRA, F., (1990). A rm adilha neoliberal e as perspec-
tecnologias a serviço da produção de conhecimen- tivas da educação. XIII Reunião Anual da AN PEd, Belo
to e de cultura, podemos pensar na inserção do país H orizonte.
no mercado mundial dito globalizado, numa outra PRETTO , N elson De Luca, (1996). Um a escola sem /com
perspectiva. Uma perspectiva de efetiva cidadania. futuro: educação e multimídia. Campinas: Papirus.

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Educação e inovação tecnológica

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