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Cibercultura

APRESENTAÇÃO

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

A evolução dos campos da microinformática, computadores e tecnologias de transmissão de


informações revolucionaram o modo de armazenar, processar e transmitir informação. Hoje,
graças a essas tecnologias, é possível viver num contexto hiperconectado, com práticas
interativas e colaborativas.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você conhecerá o contexto de avanço da cibernética das
últimas décadas. Você vai estudar o conceito de ciberespaço e cibercultura surgidos com essas
tecnologias e também identificará como o surgimento da Internet impactou a sociedade como
um todo.
Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Descrever a revolução cibernética das últimas décadas.


• Conceituar ciberespaço.
• Identificar o impacto do surgimento da Internet na sociedade

DESAFIO

Um dos grandes estudiosos da Internet e da Cibercultura é o Filósofo Pierre Levy, que em seu
livro "O que é Virtual", descreve a diferença entre Real, Atual e Virtual.
Faça buscas na internet usando o Google e conceitue segundo Pierre Levy o que é Virtual, o que
é Real e o que é Atual.

INFOGRÁFICO

O contexto tecnológico atual é fruto de um processo dinâmico de aperfeiçoamento de


tecnologias e práticas. Nas últimas duas décadas, houve a criação do primeiro computador e da
primeira rede de computadores conectados, a ARPANET, e a elaboração de interfaces e
plataformas mais dinâmicas e participativas. A própria Web, criada em 1990, teve fases
específicas de desenvolvimento tecnológico.
Confira, no Infográfico, a linha do tempo da revolução cibernética e da Web.
CONTEÚDO DO LIVRO

Nas últimas duas décadas aconteceu uma revolução tecnológica sem precedentes na história
humana. Tecnologias computacionais e informacionais moldaram uma sociedade em rede que
tem na informação sua principal matéria-prima.
A evolução dos computadores, dos microchips e das tecnologias de transmissão de dados
possibilitaram uma comunicação mais veloz e interconectada a nível mundial. Criou-se uma
cultura de interação em rede através do espaço virtual e aberto da Web.
Na obra Jornalismo Digital e Cibercultura, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, leia o
capítulo Cibercultura, onde você irá entender o contexto da revolução cibernética das últimas
décadas e seu impacto na construção de uma nova cultura: a cibercultura.

Boa leitura.
JORNALISMO
DIGITAL E
CIBERCULTURA

Natália Martins Flores


Cibercultura
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Descrever a revolução cibernética das últimas décadas.


 Conceituar ciberespaço.
 Identificar o impacto do surgimento da Internet no jornalismo.

Introdução
Nas últimas duas décadas, a revolução cibernética transformou radical-
mente a comunicação e a cultura. O desenvolvimento tecnológico no
campo da microinformática, dos computadores e das telecomunicações
aumentaram as potencialidades dos sistemas de armazenamento, pro-
cessamento e difusão de informações. Com o surgimento da Internet,
conseguimos consolidar uma teia de comunicação global cada vez mais
rápida e participativa. Essas mudanças tecnológicas tiveram grande
impacto nas formas de sociabilidade entre as pessoas. Nesse âmbito, o
ciberespaço favorece práticas de participação e compartilhamento de
conteúdo interessantes e dinâmicas. O jornalista precisa estar atento a
esse novo cenário, para que possa estabelecer uma relação pertinente
com o seu público.
Neste capítulo, você vai estudar a cibercultura e entenderá como a
revolução cibernética ajudou a constituir esse tipo específico de cultura.
Além disso, vai descobrir o que é ciberespaço e como ele funciona. Por
fim, você vai identificar os impactos que o surgimento da Internet impõe
ao jornalismo.

A revolução cibernética
Iniciamos este capítulo com o seguinte questionamento: o que é revolução ciber-
nética e como ela afeta a nossa cultura? Para começar, é interessante notarmos
que a cibernética é uma área de conhecimento interdisciplinar vinculada à teoria
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dos sistemas. Como contextualiza Castells (2002), as inovações nessa área


surgiram a partir de demandas e experiências tecnológicas da Segunda Guerra
Mundial e possibilitaram o surgimento de um novo paradigma tecnológico.
Em seu livro A sociedade em rede, Castells (2002) traça uma revisão
histórica dessa revolução tecnológica, pontuando algumas inovações impor-
tantes na área da microeletrônica, dos computadores e das telecomunicações.
Segundo o teórico, os estágios de inovação desenvolvidos nesses três campos
são responsáveis por criar essa nova paisagem tecnológica. No campo da mi-
croeletrônica, a criação do primeiro transistor, em 1947, pela Bell Laboratories,
marca o início desse ciclo de inovação de máquinas capazes de processar
informações em velocidade rápida de modo binário. Duas décadas depois,
em 1971, a invenção dos microprocessadores pelo engenheiro Ted Hoff, da
Intel, fez com que a microeletrônica fosse amplamente difundida. A partir
de então, esse chip com grande capacidade de processamento passou a ser
instalado em vários equipamentos (CASTELLS, 2002).
Segundo lembra Castells (2002), a criação dos computadores também
está relacionada à Segunda Guerra Mundial e seus avanços tecnológicos.
Ele também comenta que o primeiro computador, criado em 1946 para usos
bélicos, pesava 30 toneladas e sua estrutura metálica tinha 2,75 metros de
altura. Ou seja, a máquina era bem diferente do que conhecemos hoje. A
microeletrônica — capaz de gerar minúsculas estruturas de processamento de
informações — foi responsável por revolucionar também o computador. Além
dessas tecnologias, Castells também comenta que as estruturas de telecomu-
nicações sofreram grandes transformações, com o surgimento de tecnologias
de transmissão mais velozes e dinâmicas, como fibra ótica, laser e pacotes de
dados. Essas estruturas forneceram a base física para a criação da Internet.
Castells (2002) nos ajuda a traçar algumas características do paradigma tec-
nológico que vivemos desde então. A matéria-prima desse paradigma consiste
na informação e as tecnologias são moldadas para agir sobre a informação.
Nesse sentido, o foco da revolução tecnológica encontra-se no processo e não
no produto final e nas ferramentas propriamente ditas. As informações e os
conhecimentos são usados e aplicados “[...] para a geração de conhecimentos
e de dispositivos de processamento/comunicação da informação em um ciclo
de realimentação cumulativo entre a inovação e o seu uso” (CASTELLS,
2002, p. 69).
Como as ações humanas giram em torno da informação, as tecnologias
acabam penetrando integralmente nas mais variadas atividades cotidianas.
Outras propriedades do paradigma consistem na flexibilidade e abertura do
sistema, na adoção da topologia das redes para qualquer estrutura ou processo
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e na integração das tecnologias microeletrônica, de telecomunicações e dos


computadores (CASTELLS, 2002). A natureza aberta desse paradigma é
comentada no seguinte trecho:

O paradigma da tecnologia da informação não evolui para seu fechamento


como um sistema, mas rumo a abertura como uma rede de acessos múltiplos.
É forte e impositivo em sua materialidade, mas adaptável e aberto em seu
desenvolvimento histórico. Abrangência, complexidade e disposição em forma
de rede são seus principais atributos (CASTELLS, 2002, p. 113).

O surgimento da Internet
Nessa esteira tecnológica, temos a criação da Internet, cuja história merece
um espaço próprio. A Internet nasceu da cooperação entre militares e univer-
sidades públicas norte-americanas, passando, em seguida, a agregar iniciativas
tecnológicas e inovações contraculturais. A chamada ARPANET, criada em
1969 por especialistas da Agência de Projetos de Pesquisa Avançada (ARPA)
do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, tinha o objetivo militar es-
tratégico de ser um sistema de comunicação invulnerável a ataques nucleares
para troca de pacotes de informação (CASTELLS, 2002). Assim, a rede passou
a ser utilizada pela comunidade de cientistas para troca de mensagens infor-
mais entre seus colegas. Em um determinado momento, lá por volta de 1995,
a estrutura da rede foi privatizada. Aos poucos, desenvolvedores começaram
a criar condições para expandir a rede em nível global, para que abarcasse
uma conexão entre vários computadores. Para isso, criaram um protocolo de
comunicação que possibilitou que várias redes já existentes conseguissem se
conectar à Internet (CASTELLS, 2002).
A partir da década de 1990, outro salto tecnológico sacudiu a Internet. Um
grupo de cientistas liderados por Tim Berners Lee criou a World Wide Web
(WWW), a grande teia mundial. A ideia era criar uma interface amigável para
que os não iniciados em programação ou linguagem computacional pudessem
navegar de forma mais fácil pela Internet (CASTELLS, 2002). Nesse momento,
foram criados os buscadores da Internet, a linguagem de hipertexto (HTML) e
de transferência de arquivos (HTTP) e um formato padronizado de endereços
(URL), elementos que formatam a Internet tal como a conhecemos.
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As fases da Web
Podemos classificar o uso da Web em quatro fases: a Web 1.0, a Web 2.0, a Web
3.0 e a Web 4.0. Essas fases se moldam de acordo com o tipo de tecnologia e
as possibilidades de consumo ofertadas pelas páginas da Internet. A Web 1.0,
por exemplo, se origina com a própria tecnologia www, na década de 1990, e
se caracteriza pelas páginas estáticas, que permitem ao usuário apenas ler, sem
poder interagir ou modificar a informação. A linguagem utilizada é a HTML.
A produção de conteúdo se encontra nas mãos de poucos canais, empresas
tradicionais de comunicação que estabeleceram sua presença na rede, investindo
no processo de comunicação de uma via (SCHMITT; OLIVEIRA; FIALHO,
2008), comum ao processo de editoração do jornal impresso. Grandes portais
como Aol, Uol e Yahoo! são representantes dessa fase.
A segunda fase da Web, a Web 2.0, começa lá por meados dos anos 2000.
Segundo relatam Schmitt, Oliveira e Fialho (2008), a transição de uma fase para
a outra é marcada pela falência de muitas empresas tecnológicas que tinham
ações hipervalorizadas, com a sobrevivência de algumas poucas. Essas poucas
que sobreviveram compartilhavam algumas características, como a oferta de
espaços de colaboração para escrita e produção de conteúdo.
Schmitt, Oliveira e Fialho (2008, p. 8) comentam alguns dos princípios
compartilhados por essas empresas, citando O’Reilly (2005):

a) utilizar a Web como plataforma; b) aproveitar a inteligência coletiva; c)


gerenciar banco de dados; d) eliminar o ciclo de lançamento de software; e)
apresentar modelos leves de programação; f) não limitar o software a um único
dispositivo; g) oferecer ao usuário experiências enriquecedoras.

Encarada como plataforma, a Web passa a ser o meio onde acontece a


troca de informações e conexão entre os usuários de forma mais intensa, por
meio de sites de colaboração. Sites estáticos cedem lugar para sites dinâmicos,
mantidos com banco de dados e linguagens de programação mais simples.
Também vemos que a Web 2.0 segue um modelo aberto de programação,
permitindo que o próprio usuário colabore com o desenvolvimento de software
e produtos. Por essa razão, o uso da inteligência coletiva torna-se um dos
princípios dessa nova geração da Web.
Para Lévy (2003), a conexão em redes e outras tecnologias colaborativas
produziu um cenário ideal de aproveitamento e mobilização em tempo real
das competências e inteligências individuais dos sujeitos ligados a essas redes.
Neste sentido, a Internet tem a potencialidade de ser um ambiente criativo e
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múltiplo, capaz de somar conhecimentos individuais, tornando-os coletivos


e compartilhados entre a humanidade.

A Wikipedia é um bom exemplo de projeto que se alimenta da inteligência coletiva.


Trata-se de uma enciclopédia on-line escrita pelos usuários e criada pela Fundação
Wikimedia em meados do ano 2000. Os colaboradores são responsáveis por criar
páginas sobre temas específicos ou editar páginas já existentes, atualizando ou acres-
centando informações ao conteúdo de terceiros. Atualmente, a Wikipedia tem uma
vasta quantidade de informações sobre diversos assuntos. Além da Wikipedia, outros
projetos da Wikimedia vão nessa mesma linha de colaboração: Wikilivros (páginas sobre
livros), Wikinotícias (páginas sobre notícias) e Wikiversidade (espaço de construção de
conhecimento e saberes).

O desenvolvimento de interfaces amigáveis, na segunda geração, facilitou a


apropriação da Web pelos usuários do sistema. Vemos o surgimento, por exem-
plo, dos blogs, plataformas de autopublicação de conteúdo que ganharam grande
popularidade nas redes. Segundo Blood (2002), o blog é um formato com textos
de ordem cronológica reversa (chamados de posts), com atualização contínua
e presença de hiperlinks. Essas características dão a ele um caráter dinâmico,
calcado na interatividade, distinguindo-se de outros formatos da Web, como
sites e portais. Lomborg (2009) acrescenta mais algumas propriedades para o
blog: escrita por um autor individual, estilo informal de escrita; assíncrono e
persistente, ou seja, seu conteúdo se mantém armazenado na Web, e fácil de
ser operado, pois não requer habilidades técnicas. Essas características fizeram
com que essa ferramenta fosse utilizada por pessoas na forma de um diário
pessoal, sendo posteriormente apropriada por empresas, jornalistas e outros
usuários para fins jornalísticos, de comunicação empresarial, entre outros.
Na Web 3.0, vemos um aprimoramento das ferramentas colaborativas e
também uma automatização dos sistemas e mecanismos de busca da Internet.
Diante de um cenário de caos informativo crescente, surge a Web Semântica,
cujo princípio basilar consiste na organização das informações e páginas a
partir da colaboração entre computadores e humanos. Ela funciona segundo
um mecanismo interpretativo, em que o computador é ensinado a reconhecer
e conectar significados de palavras. Há uma integração entre linguagens e
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tecnologias globais que tornam todas as informações compreensíveis para as


máquinas. Podemos chamar essa fase de Web Inteligente.
Nessa etapa, a interação entre computador–usuário se torna mais funcional.
Uma grande quantidade de informações e dados sobre o usuário e seu perfil
de comportamento on-line abastece os sistemas de inteligência dos sites e
portais, que, a partir dessa leitura, conseguem predizer hábitos de compra e
consumo deste sujeito e oferecer serviços mais personalizados e customizados.
Sites buscadores de conteúdo passam a utilizar técnicas de Search Engine
Otimization (SEO) para mapear quais são as buscas mais frequentes dos
seus usuários sobre determinado tema. Essas análises, passam então a ser
usadas pelo jornalismo e outras esferas de produção de conteúdo para formatar
conteúdos de interesse do consumidor.
Por fim, a última fase da Web que começa a despontar no horizonte é a
Web 4.0. Ela tem como elemento central o uso de dispositivos móveis para o
consumo de informação. As tecnologias dessa fase, como o Wi-Fi, permitem
um descolamento do lugar físico (modem e computador) para pontos móveis
de conexão, por onde o usuário transita munido de um smartphone, enquanto
se desloca pelos espaços físicos da cidade. Essas tecnologias always on fazem
com que a comunicação seja ubíqua, ou seja, aconteça em todos os lugares.
A separação entre ambiente on-line e off-line tende a se dissipar, criando um
contexto de conexão total (SANTAELLA, 2007). O Quadro 1 resume as fases
da Web e seus principais elementos.

Quadro 1. Fases da Web

Fase da Web Tecnologias Característica

Web 1.0 HTML; sites estáticos Estática

Web 2.0 Sites dinâmicos com interface Colaboração e


amigável; bancos de dados; participação
blogs; wikis; fóruns (Web Social)

Web 3.0 Web semântica; técnicas Automatização


de SEO; XML; uso de (Web Inteligente)
algoritmos, redes sociais.

Web 4.0 Dispositivos móveis Ubiquidade e


(smartphones e tablets); Wi-Fi mobilidade

Fonte: Adaptado de Schmitt, Oliveira e Fialho (2008) e Santaella (2007).


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O que é ciberespaço?
As tecnologias da Internet moldaram um espaço particular, chamado cibe-
respaço. Em termos técnicos, o ciberespaço pode ser definido como “[...] o
espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores
e das memórias dos computadores” (LÉVY, 2000, p. 92). Ele abrange tanto
os meios físicos — as redes e terminais de conexão — quanto as informações
que transitam entre os usuários das redes.
O termo ciberespaço foi utilizado pela primeira vez no livro de ficção
científica Neuromancer, de 1984, de autoria de William Gibson, para descrever
um conjunto de tecnologias engendradas na vida social e capazes de criar uma
realidade virtual (FRAGOSO, 2000). O termo se popularizou a partir da década
de 1990 e passou a ser usado para se referir à World Wide Web. No entanto,
o ciberespaço tem relação com aspectos de representação virtual espacial de
uma realidade que é ligeiramente diferente do que a Internet propõe nos seus
primórdios de navegação. Podemos dizer, porém, que essa potencialidade de
criar uma ambiência será mais bem desenvolvida com o aprimoramento da Web.
Segundo Lévy (2000), a virtualidade constitui o ciberespaço, tido como
um lugar não físico e aberto de acúmulo de informações e possibilidades de
conexão entre agentes. O autor também acentua o fato de que esse ambiente
virtual comprime a noção de tempo, enquanto expande o espaço. Assim, as
informações são disponibilizadas na rede em um contínuo “agora”, em um
espaço ilimitado. Não conseguimos visualizar os limites e as fronteiras do
espaço cibernético. Ao mesmo tempo, os recursos tecnológicos fazem com
que seja fácil obter qualquer tipo de informação disponível no ciberespaço,
independentemente do local onde esteja armazenada. É interessante lembrar
que essa dinâmica fluida se torna possível por meio da codificação digital das
informações. Esse processo possibilita um acúmulo de dados no ciberespaço,
consolidando o que Lévy (2000) já previa no início dos anos 2000: o fato de
que o ciberespaço se tornaria o principal canal de comunicação e suporte da
memória coletiva.

A digitalização das informações, ou seja, sua transformação em uma representação


numérica binária torna-se condição para que elas sejam transportadas pelo ciberespaço.
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Em seu texto, Lévy (2000) cita três princípios que orientaram a expansão
do ciberespaço: a interconexão, a criação de comunidades virtuais e a
inteligência coletiva. A interconexão se refere à natureza técnica das redes
cibernéticas e digitais que, pela primeira vez, conseguiram conectar pontos
distantes do mundo. Hoje, todos estão interligados por meio da Internet e podem
distribuir informações de forma descentralizada para qualquer ponto da rede.
A formação de comunidades virtuais que compartilham ideias e formam uma
inteligência coletiva se deu justamente por essa natureza dialógica das redes.
Segundo Castells (2002), o termo comunidade virtual foi utilizado por
Howard Rheingold para se referir a uma nova comunidade criada por meio da
comunicação mediada por computador. A rede coloca em contato pessoas com
interesses em comum, que necessariamente não partilham o mesmo território
físico. Recuero (2001) aponta as seguintes características das comunidades
virtuais:

 ocorrência de discussões públicas;


 dinâmica de encontros e desencontros entre pessoas na rede;
 tempo persistente de interação;
 sentimento de pertencimento.

Recuero (2001) pontua a importância de haver uma recorrência nas intera-


ções on-line entre os indivíduos para que se forme uma comunidade virtual.
A autora também discorre sobre o pertencimento, sentimento que faz com
que o indivíduo se reconheça como fazendo parte daquele grupo e, assim, se
comprometa com ele. A pesquisadora recorre aos escritos de Palácios (1998
apud RECUERO, 2001) para distinguir entre a sensação de pertencimento
a uma comunidade virtual e a comunidades tradicionais. Nas comunidades
virtuais, o pertencimento não vem associado ao território geográfico ou lugar
dos indivíduos, pois está relacionado com a comunidade em si e os interesses
compartilhados em comum. Outra questão mencionada é que o indivíduo tem
poder de escolher se pertence ou não a uma comunidade virtual (PALÁCIOS,
1998 apud RECUERO, 2001) e, a partir daí, investe seu tempo em interações
que fortalecem seu vínculo social com aquele grupo escolhido.
A dinâmica de funcionamento das comunidades virtuais — de encontros
e desencontros na rede — permite-nos mencionar outra característica do
ciberespaço: o fato dele ter uma arquitetura aberta e descentralizada. Ele está
em constante transformação e evolução a partir das ações e interações entre
os usuários. Martino (2014, p. 29) pontua essa dinâmica diferenciada quando
comenta que esse espaço “[...] é fluido, em constante movimento — dados
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são acrescentados e desaparecem, conexões são criadas e desfeitas em um


fluxo constante”.

As três leis da cibercultura


O ciberespaço faz emergir uma cultura diferenciada, a chamada cibercultura.
Lemos (2006) a conceitua como uma cultura regida por três fatores: liberação
do polo de emissão, conexão às redes e reconfiguração cultural. A liberação
do polo de emissão remete à abertura de espaços de colaboração e participação
de diversas vozes. Principalmente a partir da Web 2.0, as mídias digitais são
remodeladas em um modelo todos–todos, baseado na troca de informações
e interação entre seus usuários (LÉVY, 2000). Esse modelo, ligeiramente
diferente das mídias tradicionais de broadcasting, abre a possibilidade do
usuário produzir seus próprios conteúdos e divulgá-los na Internet a partir de
um computador pessoal com conexão à rede. Arquivos digitais peer-to-peer
(P2P), blogs e sites de redes sociais funcionam por meio dessa lógica e trazem
um modo interativo e comunitário de habitar a Web.

As tecnologias cibernéticas fazem com que o usuário da rede se transforme em


produtor de conteúdo. As fronteiras entre produção e consumo de informação se
diluem, dando origem ao “prosumer” (producer + consumer, ou produtor + consumidor).

A segunda lei da cibercultura de Lemos (2006) trata da conectividade das


redes de comunicação. Segundo ele, o processo de conexão generalizado,
proporcionado pelo aprimoramento tecnológico dos meios de comunicação,
transforma o computador individual (PC) em computador coletivo (CC). O
surgimento de celulares e redes Wi-Fi ilustram essa conectividade generalizada.
Esse cenário transforma nossas relações com o tempo e o espaço, bem como
as relações entre as pessoas, que se estabelecem cada vez mais por meio das
redes. Lemos é categórico quando afirma que nós nos transformamos em
nômades hi-tech, emissores de informação de qualquer ponto de conexão.
Por fim, a última lei da cibercultura abrange a reconfiguração cultural
contemporânea suscitada pela produção de informação em rede. Lemos (2006)
explica que, antes de ser apenas a remediação de um meio sobre o outro, as
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tecnologias digitais permitem uma reconfiguração de práticas comunicacio-


nais, das estruturas sociais e dos espaços midiáticos. A utilização de blogs, de
fóruns e mídias sociais concretiza uma cultura que não é mais formada pelos
elementos fixos de produção–produto–audiência. Ao contrário, essa cultura se
define pela transformação, edição e compartilhamento de referências culturais
diversas, uma cultura do copyleft e do remix (LEMOS, 2006).
Podemos relacionar a cibercultura ao conceito de cultura da participação.
Shirky (2011) utiliza esse termo para nomear uma cultura marcada pela inclusão
do amador nos processos de produção de conteúdo. O baixo custo e facilidade
de acesso das mídias sociais e tecnologias da Internet favoreceriam uma maior
participação do usuário, que pode produzir, compartilhar e comentar informa-
ções com seus pares. É curioso notar que essas práticas de participação não
surgem com a Internet, mas sim são remodeladas, ganhando uma roupagem
tecnológica e uma escala pública, com acesso global e permanência ilimitada.

A Internet e o jornalismo
A cibercultura e o ciberespaço transformaram substancialmente o jornalismo,
afetando suas rotinas de produção e consumo. A democratização do acesso
a tecnologias digitais e a formação da cultura da participação e das comu-
nidades virtuais impulsionaram o jornalismo a criar suas próprias práticas
de colaboração e a inserir o seu público no processo de produção da notícia.
Segundo Primo e Träsel (2006), o jornalismo colaborativo ou participativo
despontou como uma alternativa ao webjornalismo devido a três fatores:

 a ampliação de acesso a Internet, blogs, wikis e outras ferramentas


que favorecem a integração de interagentes no processo de publicação
e cooperação na rede;
 a popularização das máquinas de fotografia digital e celulares, que faci-
litam o registro e disseminação de fatos no momento em que ocorrem; e
 a circulação de discursos de defesa da livre circulação e compartilha-
mento de informações, oriundos da cultura hacker.

Esta última característica se relaciona à própria cultura da Internet, de


descentralização e compartilhamento coletivo de dados em rede. Segundo
Primo (2008, p. 61), essa valorização do trabalho coletivo é típica da visão
pós-moderna de conhecimento, que se fixa no trabalho em equipe e no processo
coletivo como “[...] forma de compartilhar informações e resultados”, em
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detrimento da geração de conhecimento de forma individual. Vemos, então,


que essa cultura da rede, de aproveitamento da inteligência coletiva, respinga
também em novas formas de constituição do jornalismo.
Castilho e Fialho (2009) relacionam a emergência do jornalismo colabora-
tivo contemporâneo ao cenário de crise do jornalismo, agravada a partir dos
anos 1990, nos Estados Unidos, com a popularização das listas de anúncios
na Internet. A queda nas tiragens levou a um enxugamento das redações
jornalísticas e a processos de demissão em massa. Em seguida, os jornais
passaram a se concentrar na cobertura internacional e nacional, abandonando
as coberturas do noticiário local. A brecha da cobertura local passou a ser
ocupada, então, por blogueiros, que se firmam como produtores de informação
jornalística comunitária.
As primeiras iniciativas de jornalismo participativo na rede surgem como
formas do cidadão noticiar temas e fatos que não têm espaço nas coberturas
noticiosas nos canais de mídias tradicionais. Bruns (2011) relata que diversos
sites e blogs alternativos tiveram protagonismo na cobertura dos ataques
terroristas de 11 de setembro de 2001, em Nova York. Foi a própria mídia
mainstream dos Estados Unidos que abriu essa lacuna, pois promoveu uma
autocensura ao fazer a reportagem dos ataques, com medo de ser estigmatizada
de antipatriota. Os blogs serviram, então, como espaços de insurgência de
vozes alternativas silenciadas pela mídia convencional.

O principal impacto da Internet no jornalismo consiste na perda do papel de centra-


lidade da indústria jornalística na cobertura e disseminação de notícias, ao mesmo
tempo em que as fronteiras entre audiência e jornalista se tornam tênues (BRUNS, 2011).

O jornalismo participativo ou colaborativo surgiu como um movimento


de fora da indústria jornalística (BRUNS, 2011), sendo, aos poucos, cooptado
por ela. A inserção do usuário em espaços de colaboração passou a servir
como uma estratégica mercadológica dos veículos, para se aproximarem a
um público mais participativo e jovem, acostumado a compartilhar conteúdo
em rede. A figura do repórter-cidadão surge nesse contexto como uma pessoa
que colabora com a cobertura noticiosa, enviando conteúdo para os veículos
de comunicação.
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O jornalismo open source


A aproximação da cultura hacker à forma do jornalismo na rede faz com
que alguns pesquisadores, como Brambilla (2005a; 2005b) adotem o termo
jornalismo open source para se referir à inclusão do usuário nos processos
de produção noticiosa em rede. Derivada do termo para códigos abertos em
software, essa prática jornalística molda diversas etapas, desde a apuração,
com o uso de fontes open source na Internet para checar fatos, à produção
em conjunto da notícia entre colaboradores não jornalistas e jornalistas, até a
distribuição da notícia em rede. Sob esse modelo, a notícia é encarada como
um produto de domínio público tanto na sua elaboração quanto em sua apro-
priação e fruição (BRAMBILLA, 2005a).

Um novo paradigma de jornalismo?


Antes de serem fenômenos isolados, as práticas de colaboração e participa-
ção do usuário disseminaram-se no jornalismo contemporâneo, produzindo
mudanças estruturais em suas práticas. Essa é a tese que Axel Bruns (2011)
sustenta ao analisar a emergência de iniciativas colaborativas e projetos se-
melhantes em agências e organizações noticiosas. Para ele, essas iniciativas
são um prelúdio da morte de modelos de cobertura jornalística que operam
de cima para baixo. Há, então, “[...] uma mudança para um relacionamento
colaborativo mais igual, embora às vezes cauteloso, entre os profissionais do
jornalismo e os usuários de notícias” (BRUNS, 2011, p. 20). Esse processo,
segundo o pesquisador, faria o jornalismo passar de um modelo de gatekeeping
para um modelo gatewatching.
O paradigma do gatekeeping serviu para caracterizar as atividades do
sistema de produção jornalística na época da mídia de massas. Segundo Bruns
(2011), modelos em que o jornalista era o responsável por filtrar a notícia se
consolidaram a partir de uma necessidade prática que os veículos tinham de
selecionar uma quantidade específica de notícias para serem produzidas em
um cenário de escassez de canais de comunicação. Os jornalistas e editores
atuavam como gatekeepers (guardas, sentinelas) que mantinham o controle
total do que era publicado. Com o advento das mídias sociais digitais, ocorreu
uma multiplicação de canais de publicação de informação, o que faz com que
o sistema rígido do gatekeeping se torne desnecessário (BRUNS, 2011). Nesse
cenário, emergem práticas de curadoria colaborativa de notícias, que propõem
novos modelos colaborativos entre audiência e jornalistas, e sedimentam-se
no que o pesquisador chama de gatewatching.
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Práticas de gatewatching são esforços de curadoria coletiva e colaborativa realizados


pelos usuários das mídias sociais, que comentam, compartilham e observam (watch)
as notícias publicadas pela indústria jornalística.

Por mais que não sejam práticas de produção jornalística, a curadoria


coletiva de notícias nas redes sociais produzem impacto na produção de no-
tícias. As listas de assuntos mais comentados nas mídias sociais fornecem
aos veículos de comunicação e ao jornalista algumas pistas dos temas mais
populares e podem, assim, ajudá-los a produzir pautas e conteúdos que tenham
um apelo popular. Essa dinâmica das redes servindo como termômetro para a
produção de notícias já vem sendo inserida nas rotinas produtivas de jornais.
É importante frisar que as práticas de curadoria de notícias nas redes sociais
estudadas por Bruns (2011) não se moldam pela produção de notícias, mas sim
pela observação, avaliação e organização de notícias já publicadas. Assim,
firmam-se comunidades de produsage, (production + usage, ou produção +
uso/consumo) que republicam, divulgam, contextualizam e avaliam materiais
já existentes. Aqui entra novamente aquela ideia do esforço coletivo e da
inteligência coletiva:

Realizados em grande escala — por uma comunidade suficientemente grande


e diversificada de participantes dedicados — estes esforços coletivos podem
resultar em formas de cobertura noticiosa que são tão abrangentes como
aquelas conseguidas pela indústria jornalística (BRUNS, 2011, p. 124).

Outra ideia interessante de salientar é que essas práticas colaborativas não


são esforços planejados e organizados pelas mídias convencionais, como eram
as práticas de produção de conteúdo do repórter-cidadão. Ao contrário, elas
são descritas por Bruns (2011) como movimentos produzidos fora da indús-
tria jornalística e que, por envolverem uma escala significativa de usuários,
geram um impacto substancial na organização das lógicas do jornalismo. O
que acontece nos sites de redes sociais tem o poder de contaminar e pautar o
noticiário, fenômeno chamado de contra-agendamento.
Primo e Träsel (2006) mostram-nos que o webjornalismo participativo
abre novos campos de atuação para o jornalista. Eles frisam o papel de editor
14 Cibercultura

de conteúdo e também de instrutor, ensinando de técnicas jornalísticas para


cidadãos-repórteres interessados em participar de reportagens colaborativas.
Percebe-se, nesses dois casos, o reconhecimento do cidadão como produtor de
informações, acentuando formas de interação com ele. Outra iniciativa que
pode ser explorada nessa prática, segundo os pesquisadores, é a criação de seus
próprios weblogs e sites, que funcionam como uma imprensa alternativa e que
apostam em uma cobertura jornalística independente. Aqui se encaixariam,
por exemplo, os coletivos jornalísticos, que surgem como práticas alternativas
de produção de notícias em oposição ao modelo das empresas jornalísticas.

A Mídia Ninja (https://midianinja.org/) é uma iniciativa de mídia independente que


trabalha com uma lógica de produção colaborativa. Ela ganhou destaque no Brasil
durante os protestos de junho de 2013, quando fez cobertura em tempo real das
manifestações, com o uso de câmeras de celulares e uma unidade móvel. A rede
possui milhares de colaboradores cadastrados em mais de 250 cidades brasileiras, que
colaboram com a produção de conteúdo do site pelo envio de fotos, textos e vídeos.

Há um consenso entre os pesquisadores de que o cenário de jornalismo


participativo e colaborativo e as novas práticas de curadoria colaborativa nas
redes sociais exigem um novo posicionamento do jornalista, mais aberto a
ouvir a sua audiência, colocada numa posição de coprodutora da informação
(BRAMBILLA, 2005b; PRIMO; TRÄSEL, 2006; BRUNS, 2011). No entanto,
os processos de seleção e edição dessas informações ainda precisam ser bali-
zados pelos eixos do jornalismo de qualidade, exigindo do jornalista e editor a
habilidade crítica de separar quais conteúdos lhes interessam como notícia. O
desafio que se impõe a esse profissional seria, então, o de fomentar iniciativas
colaborativas, inserindo-as no sistema de trabalho jornalístico (BRUNS, 2011),
que preza pelos elementos de credibilidade e veracidade da informação.
Cibercultura 15

BLOOD, R. The weblog handbook: practical advice on creating and maintaining your
blog. Cambridge: Perseus Books, 2002.
BRAMBILLA, A. A identidade profissional do jornalismo open source. Revista Em Questão,
v. 11, n. 1, p. 103–119, 2005b.
BRAMBILLA, A. A reconfiguração do jornalismo através do modelo open source. Sessões
do Imaginário, n. 13, p. 87–94, 2005a.
BRUNS, A. Gatekeeping, gatewatching, realimentação em tempo real: novos desafios
para o jornalismo. Brazilian Journalism Research, v. 7, n. 2, p. 224–247, 2011.
CASTELLS, M. A sociedade em rede: a era da informação: economia, sociedade e cultura.
Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2002. v. 1.
CASTILHO, C.; FIALHO, F. O jornalismo ingressa na era da produção colaborativa de
notícias. In: RODRIGUES, C. (org.). Jornalismo on-line: modos de fazer. Rio de Janeiro:
EdiPUC-Rio: Editora Sulina, 2009.
FRAGOSO, S. Espaço, ciberespaço, hiperespaço. Textos de Comunicação e Cultura, n.
42, p. 105-113, 2000.
LEMOS, A. Les trois lois de la cyberculture: libération de l’émission, connexion au réseau
et reconfiguration culturelle. Sociétés, v. 1, n. 91, p. 37–48, 2006.
LÉVY, P. A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. São Paulo: Edições
Loyola, 2003.
LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 2000.
LOMBORG, S. Navigating the blogosphere: towards a genre-based typology of weblogs.
First Monday, v. 14, n. 5, 2009. Disponível em: http://firstmonday.org/ojs/index.php/fm/
article/view/2329/2178. Acesso em: 23 dez. 2019.
MARTINO, L. M. S. Teoria das mídias digitais: linguagens, ambientes, redes. 2. ed. Petró-
polis: Editora Vozes, 2014.
PRIMO, A. F. T. Fases do desenvolvimento tecnológico e suas implicações nas formas
de ser, conhecer, comunicar e produzir em sociedade. In: PRETTO, N. L.; SILVEIRA, S. A.
(org.). Além das redes de colaboração: internet, diversidade cultural e tecnologias do
poder. Salvador: EDUFBA, 2008.
PRIMO, A. F. T.; TRÄSEL, M. Webjornaismo participativo e a produção aberta de notícias.
Contracampo (UFF), v. 14, p. 37–56, 2006.
RECUERO, R. C. Comunidades virtuais: uma abordagem teórica. In: SEMINÁRIO INTER-
NACIONAL DE COMUNICAÇÃO, 5., 2001, Porto Alegre. Anais [...]. Rio Grande do Sul:
16 Cibercultura

UFRGS, 2001. Disponível em: http://pontomidia.com.br/raquel/teorica.htm. Acesso


em: 23 dez. 2019.
SANTAELLA, L. Linguagens líquidas na era da mobilidade. São Paulo: Paulus, 2007.
SCHMITT, V.; OLIVEIRA, L. G.; FIALHO, F. A. P. Jornalismo 2.0: a cultura da colaboração
no jornalismo. E-compós, v. 11, n. 3, 2008.
SHIRKY, C. A cultura da participação: criatividade e generosidade no mundo conectado.
Rio de Janeiro: Zahar, 2011.

Leituras recomendadas
MACHADO, E. O ciberespaço como fonte para os jornalistas. Biblioteca online de Ciências
da Comunicação, 2002 Disponível em: www.bocc.ubi.pt/pag/machado-elias-ciberes-
paco-jornalistas.pdf. Acesso em: 23 dez. 2019.
MANOVICH, L. The language of new media. Cambridge: Massachusetts Institute of
Technology, 2001.

Os links para sites da Web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
DICA DO PROFESSOR

A linguagem digital é responsável por possibilitar uma revolução cibernética de impacto. Ela
permite, por exemplo, que as mídias digitais possam transferir e modificar os objetos digitais
circulantes em suas redes.

Na Dica do Professor, você vai conhecer os princípios da linguagem digital de Lev Manovich
(2001), que fazem com que ela seja uma linguagem dinâmica e flexível.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

EXERCÍCIOS

1) A cibercultura é caracterizada por produzir uma reconfiguração das práticas


culturais. A liberação do polo de emissão e a conectividade das redes são alguns dos
fatores que possibilitaram o surgimento desta cultura.

Assinale a alternativa que caracteriza a cultura colaborativa do ciberespaço:

A) As empresas jornalísticas são as únicas distribuidoras de notícias e informações.

B) O usuário ganha ferramentas para consumir conteúdo em sites institucionais de empresas.

C) O usuário produz conteúdo e compartilha com seus amigos em plataformas colaborativas.

D) Os jornalistas são os únicos produtores de informação na rede e os usuários consomem


esse conteúdo.

E) O usuário apenas consome conteúdo em sites jornalísticos produzidos por jornalistas.

2) Um jornalista, ex-repórter da editoria de saúde, resolveu criar um grupo no site de


redes sociais sobre ciências e saúde. Ele pretende selecionar e postar as notícias mais
interessantes publicadas nos jornais Folha de S. Paulo, O Globo, Estado de S. Paulo e
outros. A ideia é criar um repositório de informações e notícias sobre a área, para
que pessoas interessadas possam encontrar esse conteúdo facilmente. Os usuários que
entrarem no grupo também poderão compartilhar notícias.

Essa prática pode ser conceituada como:

A) Edição de notícias.

B) Curadoria individual de notícias.

C) Produção individual de notícias.

D) Produção colaborativa de notícias.

E) Curadoria colaborativa de notícias.

3) O jornalismo vem passando por grandes mudanças devido ao cenário da cultura


colaborativa. Bruns (2011) utiliza o termo gatewatching para nomear uma série de
práticas que surgem com as redes sociais, em que o usuário assume uma posição de
vigília com relação às notícias publicadas pelo jornal.

Como as redações jornalísticas e o Jornalista se inserem neste novo cenário descrito?

A) Os jornalistas continuam mantendo total controle do que é publicado e consumido.

B) As redes sociais podem ajudar o Jornalista a mensurar quais notícias são mais populares
entre os usuários.

C) Os jornalistas não inserem o usuário como coprodutor de informações.


D) O Jornalista é o único agente a definir quais notícias são relevantes.

E) As redes sociais ainda não geram impacto no jornalismo, pois seu conteúdo é disperso e
descentralizado.

4) A revolução cibernética trouxe uma série de mudanças para o modo de armazenar,


processar e consumir informação. Uma delas se refere à criação de um novo espaço
de comunicação e troca de informações: o ciberespaço.

Assinale a alternativa que aponta as principais características deste espaço:

A) Lugar físico aberto ao acúmulo de informações e conexão entre agentes.

B) Ambiente virtual de espaço limitado para armazenamento de informações.

C) Lugar não físico, de espaço ilimitado para armazenamento de informações.

D) Lugar não físico, que propõe conexões hierárquicas entre agentes.

E) Ambiente virtual de armazenamento de informações não digitais.

5) A criação da Internet e sua popularização mundial revolucionaram as formas de


comunicação e troca de informação. A Internet teve uma trajetória longa de
evolução, desde a sua criação como ARPANET e uso para fins militares e acadêmicos
até a criação de uma nova roupagem para ela: a World Wide Web (WWW), por Tim
Berners Lee, na década de 1990. Hoje existe uma rede colaborativa e inteligente cujos
algoritmos podem predizer as preferências de consumo do usuário.

A natureza colaborativa da Web caracteriza:

A) A Segunda Geração da Web, a Web 2.0, que tem sites estáticos, como blogs e wikis.
B) A Terceira Geração da Web, a Web 3.0, com sites dinâmicos e algoritmos.

C) A Terceira Geração da Web, a Web Inteligente, com algoritmos e blogs.

D) A Primeira Geração da Web, a Web 1.0, com sites dinâmicos e wikis.

E) A Segunda Geração da Web, a Web 2.0, que tem sites com interface amigável, como blogs
e wikis.

NA PRÁTICA

A internet impactou a forma como se faz jornalismo. A emergência de um usuário mais


participativo, que transita entre as esferas de produção e de curadoria de conteúdo, faz com que
as redações jornalísticas tenham que adaptar as suas rotinas de produção a essas novas formas de
consumo de informação.

No Na Prática desta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer algumas mudanças nas
rotinas produtivas das redações de jornais brasileiros trazidas pelas redes sociais. Confira.
SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

É impossível controlar os poderosos sozinho

No texto do Observatório da Imprensa, Guilherme Amado, repórter investigativo do jornal O


Globo, reflete sobre a cultura jornalística brasileira e a lógica da colaboração entre jornalistas.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Precisamos ensinar ética jornalística para não jornalistas?

Ética e ensino de mídia sustentam as reflexões do pesquisador Dairan Paul, do objETHOS, neste
texto para o Observatório de Imprensa.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

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