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APRESENTAÇÃO
DESAFIO
Um dos grandes estudiosos da Internet e da Cibercultura é o Filósofo Pierre Levy, que em seu
livro "O que é Virtual", descreve a diferença entre Real, Atual e Virtual.
Faça buscas na internet usando o Google e conceitue segundo Pierre Levy o que é Virtual, o que
é Real e o que é Atual.
INFOGRÁFICO
Nas últimas duas décadas aconteceu uma revolução tecnológica sem precedentes na história
humana. Tecnologias computacionais e informacionais moldaram uma sociedade em rede que
tem na informação sua principal matéria-prima.
A evolução dos computadores, dos microchips e das tecnologias de transmissão de dados
possibilitaram uma comunicação mais veloz e interconectada a nível mundial. Criou-se uma
cultura de interação em rede através do espaço virtual e aberto da Web.
Na obra Jornalismo Digital e Cibercultura, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, leia o
capítulo Cibercultura, onde você irá entender o contexto da revolução cibernética das últimas
décadas e seu impacto na construção de uma nova cultura: a cibercultura.
Boa leitura.
JORNALISMO
DIGITAL E
CIBERCULTURA
Introdução
Nas últimas duas décadas, a revolução cibernética transformou radical-
mente a comunicação e a cultura. O desenvolvimento tecnológico no
campo da microinformática, dos computadores e das telecomunicações
aumentaram as potencialidades dos sistemas de armazenamento, pro-
cessamento e difusão de informações. Com o surgimento da Internet,
conseguimos consolidar uma teia de comunicação global cada vez mais
rápida e participativa. Essas mudanças tecnológicas tiveram grande
impacto nas formas de sociabilidade entre as pessoas. Nesse âmbito, o
ciberespaço favorece práticas de participação e compartilhamento de
conteúdo interessantes e dinâmicas. O jornalista precisa estar atento a
esse novo cenário, para que possa estabelecer uma relação pertinente
com o seu público.
Neste capítulo, você vai estudar a cibercultura e entenderá como a
revolução cibernética ajudou a constituir esse tipo específico de cultura.
Além disso, vai descobrir o que é ciberespaço e como ele funciona. Por
fim, você vai identificar os impactos que o surgimento da Internet impõe
ao jornalismo.
A revolução cibernética
Iniciamos este capítulo com o seguinte questionamento: o que é revolução ciber-
nética e como ela afeta a nossa cultura? Para começar, é interessante notarmos
que a cibernética é uma área de conhecimento interdisciplinar vinculada à teoria
2 Cibercultura
O surgimento da Internet
Nessa esteira tecnológica, temos a criação da Internet, cuja história merece
um espaço próprio. A Internet nasceu da cooperação entre militares e univer-
sidades públicas norte-americanas, passando, em seguida, a agregar iniciativas
tecnológicas e inovações contraculturais. A chamada ARPANET, criada em
1969 por especialistas da Agência de Projetos de Pesquisa Avançada (ARPA)
do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, tinha o objetivo militar es-
tratégico de ser um sistema de comunicação invulnerável a ataques nucleares
para troca de pacotes de informação (CASTELLS, 2002). Assim, a rede passou
a ser utilizada pela comunidade de cientistas para troca de mensagens infor-
mais entre seus colegas. Em um determinado momento, lá por volta de 1995,
a estrutura da rede foi privatizada. Aos poucos, desenvolvedores começaram
a criar condições para expandir a rede em nível global, para que abarcasse
uma conexão entre vários computadores. Para isso, criaram um protocolo de
comunicação que possibilitou que várias redes já existentes conseguissem se
conectar à Internet (CASTELLS, 2002).
A partir da década de 1990, outro salto tecnológico sacudiu a Internet. Um
grupo de cientistas liderados por Tim Berners Lee criou a World Wide Web
(WWW), a grande teia mundial. A ideia era criar uma interface amigável para
que os não iniciados em programação ou linguagem computacional pudessem
navegar de forma mais fácil pela Internet (CASTELLS, 2002). Nesse momento,
foram criados os buscadores da Internet, a linguagem de hipertexto (HTML) e
de transferência de arquivos (HTTP) e um formato padronizado de endereços
(URL), elementos que formatam a Internet tal como a conhecemos.
4 Cibercultura
As fases da Web
Podemos classificar o uso da Web em quatro fases: a Web 1.0, a Web 2.0, a Web
3.0 e a Web 4.0. Essas fases se moldam de acordo com o tipo de tecnologia e
as possibilidades de consumo ofertadas pelas páginas da Internet. A Web 1.0,
por exemplo, se origina com a própria tecnologia www, na década de 1990, e
se caracteriza pelas páginas estáticas, que permitem ao usuário apenas ler, sem
poder interagir ou modificar a informação. A linguagem utilizada é a HTML.
A produção de conteúdo se encontra nas mãos de poucos canais, empresas
tradicionais de comunicação que estabeleceram sua presença na rede, investindo
no processo de comunicação de uma via (SCHMITT; OLIVEIRA; FIALHO,
2008), comum ao processo de editoração do jornal impresso. Grandes portais
como Aol, Uol e Yahoo! são representantes dessa fase.
A segunda fase da Web, a Web 2.0, começa lá por meados dos anos 2000.
Segundo relatam Schmitt, Oliveira e Fialho (2008), a transição de uma fase para
a outra é marcada pela falência de muitas empresas tecnológicas que tinham
ações hipervalorizadas, com a sobrevivência de algumas poucas. Essas poucas
que sobreviveram compartilhavam algumas características, como a oferta de
espaços de colaboração para escrita e produção de conteúdo.
Schmitt, Oliveira e Fialho (2008, p. 8) comentam alguns dos princípios
compartilhados por essas empresas, citando O’Reilly (2005):
O que é ciberespaço?
As tecnologias da Internet moldaram um espaço particular, chamado cibe-
respaço. Em termos técnicos, o ciberespaço pode ser definido como “[...] o
espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores
e das memórias dos computadores” (LÉVY, 2000, p. 92). Ele abrange tanto
os meios físicos — as redes e terminais de conexão — quanto as informações
que transitam entre os usuários das redes.
O termo ciberespaço foi utilizado pela primeira vez no livro de ficção
científica Neuromancer, de 1984, de autoria de William Gibson, para descrever
um conjunto de tecnologias engendradas na vida social e capazes de criar uma
realidade virtual (FRAGOSO, 2000). O termo se popularizou a partir da década
de 1990 e passou a ser usado para se referir à World Wide Web. No entanto,
o ciberespaço tem relação com aspectos de representação virtual espacial de
uma realidade que é ligeiramente diferente do que a Internet propõe nos seus
primórdios de navegação. Podemos dizer, porém, que essa potencialidade de
criar uma ambiência será mais bem desenvolvida com o aprimoramento da Web.
Segundo Lévy (2000), a virtualidade constitui o ciberespaço, tido como
um lugar não físico e aberto de acúmulo de informações e possibilidades de
conexão entre agentes. O autor também acentua o fato de que esse ambiente
virtual comprime a noção de tempo, enquanto expande o espaço. Assim, as
informações são disponibilizadas na rede em um contínuo “agora”, em um
espaço ilimitado. Não conseguimos visualizar os limites e as fronteiras do
espaço cibernético. Ao mesmo tempo, os recursos tecnológicos fazem com
que seja fácil obter qualquer tipo de informação disponível no ciberespaço,
independentemente do local onde esteja armazenada. É interessante lembrar
que essa dinâmica fluida se torna possível por meio da codificação digital das
informações. Esse processo possibilita um acúmulo de dados no ciberespaço,
consolidando o que Lévy (2000) já previa no início dos anos 2000: o fato de
que o ciberespaço se tornaria o principal canal de comunicação e suporte da
memória coletiva.
Em seu texto, Lévy (2000) cita três princípios que orientaram a expansão
do ciberespaço: a interconexão, a criação de comunidades virtuais e a
inteligência coletiva. A interconexão se refere à natureza técnica das redes
cibernéticas e digitais que, pela primeira vez, conseguiram conectar pontos
distantes do mundo. Hoje, todos estão interligados por meio da Internet e podem
distribuir informações de forma descentralizada para qualquer ponto da rede.
A formação de comunidades virtuais que compartilham ideias e formam uma
inteligência coletiva se deu justamente por essa natureza dialógica das redes.
Segundo Castells (2002), o termo comunidade virtual foi utilizado por
Howard Rheingold para se referir a uma nova comunidade criada por meio da
comunicação mediada por computador. A rede coloca em contato pessoas com
interesses em comum, que necessariamente não partilham o mesmo território
físico. Recuero (2001) aponta as seguintes características das comunidades
virtuais:
A Internet e o jornalismo
A cibercultura e o ciberespaço transformaram substancialmente o jornalismo,
afetando suas rotinas de produção e consumo. A democratização do acesso
a tecnologias digitais e a formação da cultura da participação e das comu-
nidades virtuais impulsionaram o jornalismo a criar suas próprias práticas
de colaboração e a inserir o seu público no processo de produção da notícia.
Segundo Primo e Träsel (2006), o jornalismo colaborativo ou participativo
despontou como uma alternativa ao webjornalismo devido a três fatores:
BLOOD, R. The weblog handbook: practical advice on creating and maintaining your
blog. Cambridge: Perseus Books, 2002.
BRAMBILLA, A. A identidade profissional do jornalismo open source. Revista Em Questão,
v. 11, n. 1, p. 103–119, 2005b.
BRAMBILLA, A. A reconfiguração do jornalismo através do modelo open source. Sessões
do Imaginário, n. 13, p. 87–94, 2005a.
BRUNS, A. Gatekeeping, gatewatching, realimentação em tempo real: novos desafios
para o jornalismo. Brazilian Journalism Research, v. 7, n. 2, p. 224–247, 2011.
CASTELLS, M. A sociedade em rede: a era da informação: economia, sociedade e cultura.
Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2002. v. 1.
CASTILHO, C.; FIALHO, F. O jornalismo ingressa na era da produção colaborativa de
notícias. In: RODRIGUES, C. (org.). Jornalismo on-line: modos de fazer. Rio de Janeiro:
EdiPUC-Rio: Editora Sulina, 2009.
FRAGOSO, S. Espaço, ciberespaço, hiperespaço. Textos de Comunicação e Cultura, n.
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LEMOS, A. Les trois lois de la cyberculture: libération de l’émission, connexion au réseau
et reconfiguration culturelle. Sociétés, v. 1, n. 91, p. 37–48, 2006.
LÉVY, P. A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. São Paulo: Edições
Loyola, 2003.
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LOMBORG, S. Navigating the blogosphere: towards a genre-based typology of weblogs.
First Monday, v. 14, n. 5, 2009. Disponível em: http://firstmonday.org/ojs/index.php/fm/
article/view/2329/2178. Acesso em: 23 dez. 2019.
MARTINO, L. M. S. Teoria das mídias digitais: linguagens, ambientes, redes. 2. ed. Petró-
polis: Editora Vozes, 2014.
PRIMO, A. F. T. Fases do desenvolvimento tecnológico e suas implicações nas formas
de ser, conhecer, comunicar e produzir em sociedade. In: PRETTO, N. L.; SILVEIRA, S. A.
(org.). Além das redes de colaboração: internet, diversidade cultural e tecnologias do
poder. Salvador: EDUFBA, 2008.
PRIMO, A. F. T.; TRÄSEL, M. Webjornaismo participativo e a produção aberta de notícias.
Contracampo (UFF), v. 14, p. 37–56, 2006.
RECUERO, R. C. Comunidades virtuais: uma abordagem teórica. In: SEMINÁRIO INTER-
NACIONAL DE COMUNICAÇÃO, 5., 2001, Porto Alegre. Anais [...]. Rio Grande do Sul:
16 Cibercultura
Leituras recomendadas
MACHADO, E. O ciberespaço como fonte para os jornalistas. Biblioteca online de Ciências
da Comunicação, 2002 Disponível em: www.bocc.ubi.pt/pag/machado-elias-ciberes-
paco-jornalistas.pdf. Acesso em: 23 dez. 2019.
MANOVICH, L. The language of new media. Cambridge: Massachusetts Institute of
Technology, 2001.
Os links para sites da Web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
DICA DO PROFESSOR
A linguagem digital é responsável por possibilitar uma revolução cibernética de impacto. Ela
permite, por exemplo, que as mídias digitais possam transferir e modificar os objetos digitais
circulantes em suas redes.
Na Dica do Professor, você vai conhecer os princípios da linguagem digital de Lev Manovich
(2001), que fazem com que ela seja uma linguagem dinâmica e flexível.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
EXERCÍCIOS
A) Edição de notícias.
B) As redes sociais podem ajudar o Jornalista a mensurar quais notícias são mais populares
entre os usuários.
E) As redes sociais ainda não geram impacto no jornalismo, pois seu conteúdo é disperso e
descentralizado.
A) A Segunda Geração da Web, a Web 2.0, que tem sites estáticos, como blogs e wikis.
B) A Terceira Geração da Web, a Web 3.0, com sites dinâmicos e algoritmos.
E) A Segunda Geração da Web, a Web 2.0, que tem sites com interface amigável, como blogs
e wikis.
NA PRÁTICA
No Na Prática desta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer algumas mudanças nas
rotinas produtivas das redações de jornais brasileiros trazidas pelas redes sociais. Confira.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:
Ética e ensino de mídia sustentam as reflexões do pesquisador Dairan Paul, do objETHOS, neste
texto para o Observatório de Imprensa.