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NUANCES GERAIS ATRELADOS AO CIBERCRIMES NO BRASIL

COSTA, Amanda Gabriele Henkel da 1


AMARAL, Daiani 2
CARVALHO, Sabrina Bittey Cavallari 3

RESUMO: Deve conter no mínimo 50 e no máximo 100 palavras contemplando o


objeto de pesquisa, objetivo do trabalho, os materiais e métodos sucintamente, os
principais resultados e as considerações finais. O resumo deve ser redigido em um
único parágrafo e não apresentar citações diretas ou indiretas.

Palavras-chave: de 3 a 5 palavras, separadas entre si por ponto e finalizadas


também com ponto.

1 INTRODUÇÃO

A introdução deve apresentar de forma sucinta o tema abordado, o


problema, a justificativa, os objetivos do trabalho, as principais pesquisas
desenvolvidas sobre a temática, sem subdivisões em tópicos, mas com texto
redigido em parágrafos.
O acadêmico também pode apresentar um pequeno resumo do que o
leitor encontrará no desenvolvimento do trabalho.

2 DESENVOLVIMENTO

O presente artigo visa discorrer sobre os crimes cometidos no ambiente


digital, comumente chamados de cibercrimes. No entanto, antes de adentrar ao
tema, se torna necessário abordar alguns alguns pontos, que são fundamentais para
a exata compreensão do que são crimes digitais, onde e como ocorrem.
Para tanto, recorreu-se a pesquisa bibliográfica, através de artigos
científicos e de doutrinas que abordam com profundidade e clareza, os temas
analisados, no âmbito do Brasil.

2.1 A Sociedade da Informação

1
Acadêmica do 6º período de Direito da UGV Centro Universitário.
2
Acadêmica do 6º período de Direito da UGV Centro Universitário.
3
Professora orientadora, Mestre em Direito.
Nos últimos cem anos, a humanidade tem observado uma verdadeira
revolução em seu desenvolvimento e nas condições do homem viver em sociedade.
O advento de novas tecnologias de informação e comunicação trouxeram à
sociedade inúmeras mudanças no estilo de vida e interação com o meio em que
vive. Diante destas mudanças, este aparato tecnológico propiciou o surgimento de
ferramentas que permitiram além da interação social, a transmissão, o
armazenamento e o processamento de dados, em alta velocidade e com grande
precisão.
LUCENA (2019, p.29), ao abordar o tema, afirma:

Na contemporaneidade, o aprimoramento tecnológico permite que as


informações sejam divulgadas e difundidas simultaneamente ao seu
acontecimento, por todo o mundo. Essa é a chamada sociedade da
informação, na qual dados são facilmente obtidos e armazenados, sem
fronteiras físicas ou temporais.

Similarmente, BRANDÃO (2018), abordando a obra “La Era de la


Informacion” de Manuel Castells Oliván, atesta que:

Em suma, Castells define a sociedade da informação como um período


histórico caracterizado por uma revolução tecnológica, movida pelas
tecnologias digitais de informação e de comunicação. O seu funcionamento
advém de uma estrutura social em rede, que envolve todos os âmbitos da
atividade humana, numa interdependência multidimensional, que depende
dos valores e dos interesses subjacentes em cada país e organização.

Essa evolução tecnológica, que se presencia na atualidade, é


considerada o que alguns autores chamam de Quarta Revolução Industrial, ou
simplesmente “Revolução 4.0”. SILVA [et. al.] (2021), assim explana:

A Revolução 4.0 acontece e evolui de modo exponencial — não fica presa


de modo linear na produção em série, mas tem característica marcante com
a velocidade. Em relação a tecnologias, com mudanças de paradigmas em
várias áreas e de forma setorial, a Revolução 4.0 provoca uma grande
amplitude (ampliada transformação em vários setores industriais) e
profundidade (incorporações de novas pesquisas tecnológicas na produção
industrial, que aumentam seu ritmo de modo grandioso). Acontece com a
fusão de várias áreas, envolvendo computação quântica, energias
renováveis, nanotecnologia e inteligência artificial, o que proporciona
interações tecnológicas fomentadas na disseminação de inovações
possíveis. Em relação ao impacto sistêmico, a Revolução 4.0 provoca
transformação de sistemas inteiros, que envolvem empresas, indústrias, a
sociedade e vários países. É perceptível a modificação das sociedades, nos
seus comportamentos e relações sociais, inclusive no que tange a resolução
de conflitos e normatizações da vida social.
A sociedade da informação, diante do alcance deste aparato tecnológico,
emprega-os no dia-a-dia, incorporando-os em suas rotinas e em sua cultura,
principalmente no que se refere à interação no mundo virtual. Diante desta nova
realidade, emerge um novo fenômeno que chamamos de Cibercultura. A
Cibercultura é, pois, a incorporação das novas tecnologias, aos costumes e a vida
cotidiana do homem, em um ambiente predominantemente virtual conhecido como
Ciberespaço, onde através da interconexão mundial de computadores, o homem
interage digital e virtualmente, participando e alimentando de informações esse
universo infinito. (LEVI, 1999).
No entanto, em que pese às vantagens dessa interação virtual, ante a
precária ou inexistente regulamentação deste universo digital, verifica-se uma
excessiva exposição das pessoas que, em troca das benesses que o ciberespaço
lhes proporciona de forma “gratuita”, inconsciente e de forma tácita, permitem que as
grandes empresas de tecnologia se apropriem de suas experiências humana,
através da obtenção de informações e de elementos inerentes ao seu
comportamento e sua personalidade, que processam e mercantilizam estes dados,
tornando as pessoas dependentes daquelas empresas que, com estes dados,
planejam e operacionalizam suas atividades e políticas de forma a “automatizar” e
“manipular” o comportamento humano, eliminando a autonomia e a livre escolha das
pessoas. Neste sentido, Koerner (2020), ao abordar a tese sustentada por Shoshana
Zuboff, sobre o Capitalismo e a Vigilância Digital na sociedade democrática,
assevera que:
Ela traz a história da economia da informação e sua mutação em
capitalismo de vigilância, apresenta e faz um balanço das tecnologias
existentes, da legislação e suas falhas, das ações e omissões dos
governantes, e ainda apresenta os planos dos dirigentes das principais
empresas de tecnologia para reorganizar a sociedade.

Assim sendo, importante se faz ponderar os benefícios que a


Ciberespaço proporciona, diante desta política “predatória” das grandes empresas,
na tentativa de limitar as vontades humanas, através da manipulação de seu
comportamento. Deste modo, deve sempre prevalecer a vontade consciente das
pessoas, sem ser contaminada pela influência desenfreada do capitalismo digital.
No Brasil, o surgimento de políticas governamentais direcionados para a
sociedade da informação teve seu início no final da década de 1990, com o
lançamento do Programa Sociedade de Informação, instituído pelo Decreto
Presidencial 3294 e que compreendia uma série de regras que delinearam a
implantação do programa (através do chamado “Livro Verde”), além de linhas de
ações do governo que permitiram ao país, de forma planejada, utilizar-se dos
recursos tecnológicos no meio governamental buscando agilidade e
“desburocratização”, bem como fomentando seu uso por toda sociedade.

2.2.1 Relação do Direito com a Tecnologia de Informação

Com a globalização e a revolução da internet que vem facilitando as


relações entre as pessoas, a tecnologia de informação e comunicação, tem sua
existência de objetivos e interesses ligados a ordem política, social, econômica e
cultural na vida social, a própria rede pode implicar transformações nas relações
entre as organizações envolvidas.
Com a necessidade e essa enorme conexão entre pessoas pela internet,
é importante estabelecer normatizações e regulamentações do uso dos ambientes
digitais pelas pessoas, bem como proteger os seus dados. É preciso reconhecer que
a internet pode ser útil de maneira positiva, e por outro lado pode ser negativa, pois,
ao acessar as plataformas digitais e aceitar os “cookies” você se torna um
dispositivo que gera dados de alto valor, entre outras formas de terem acessos.
Surgindo uma relação direta com a legislação. O direito digital é o instrumento
adequado para proceder de maneira correta junto com a legislação, a qual busca de
maneira autoregulamentativa e eficiência criar regras para proteger a sociedade e
punir os que a prejudicam.
Delimitar as alterações que o espaço virtual causa é de suma importância,
pois muito do que nele ocorre produz efeitos diversos no mundo real, ou seja, nem
sempre as mesmas regras são seguidas no mundo virtual.
No dia 27 de maio de 2021, o presidente da república sancionou a Lei
14155/2021, que altera o Código Penal e torna mais rigorosa a punição para os
crimes de violação de dispositivo informático, furto e estelionato cometidos pela
internet ou por meio de dispositivos eletrônicos.

2.2 Contexto Histórico do Direito Digital


O Direito Digital, da mesma forma que a Sociedade Digital, é fruto da
evolução do conhecimento e da cultura humana. A origem do Direito ocorreu no
momento em que o homem, ao constituir a vida em sociedade, passou a abrir mão
de parte de sua liberdade, transferindo ao Estado o controle de aspectos
fundamentais que regem sua interação com seus semelhantes. Coube a partir de
então, ao Estado estabelecer um modelo de sociedade onde coabitam a liberdade
do homem, os direitos a ela inerentes e a organização do Estado, formando o que se
chama Estado Democrático de Direito. A este cabem tanto regular os conflitos de
natureza individual, como restringir o poder de seus governantes, estabelecendo
quando necessárias, sanções para se contrapor à transgressão de suas normas.
Desta forma, o Direito e sociedade evoluíram, se amoldando a realidade de cada
momento da civilização.
O Direito Digital, uma das ramificações do Direito que se desenvolveu nas
últimas décadas, é uma nova seara jurídica, que visa estabelecer normas aplicáveis
ao ciberespaço, regulamentando as relações no mundo virtual, onde a legislação e a
doutrina jurídica tradicional foram insuficientes para regrar as inúmeras interações
que ocorrem no universo digital. Diante disto, percebe-se que o Direito Digital, por
sua complexa natureza, se comunica e se integra com todas as ramificações do
direito.
Nesse sentido, TERRA (2018, p.11), assim refere:

Direito Digital ou Virtual é uma evolução de todos os ramos do Direito que


interagem com a sociedade digital ou com o meio ambiente digital. Ele
alberga os princípios e institutos do Direito existentes, bem como os inova
em suas diversas áreas de atuação, tais como no Direito Internacional, no
Direito da Propriedade Intelectual, no Direito Constitucional, nos Direitos
Humanos, na Bioética, nas pesquisas científicas e genéticas, no Direito
Civil, Penal, Administrativo, Tributário, Financeiro, Ambiental, Processual,
Previdenciário, Trabalhista, Eleitoral, no Direito Médico, entre outros.

No mesmo sentido, PINHEIRO (2021, p.49), analisando o Direito Digital,


assim considera:

Direito Digital consiste na evolução do próprio Direito, abrangendo todos os


princípios fundamentais e institutos que estão vigentes e são aplicados até
hoje, assim como introduzindo novos institutos e elementos para o
pensamento jurídico, em todas as suas áreas (Direito Civil, Direito Autoral,
Direito Comercial, Direito Contratual, Direito Econômico, Direito Financeiro,
Direito Tributário, Direito Penal, Direito Internacional etc.). Quem não se
lembra da resistência ao videocassete? Agora temos o Internet Banking,
DVD, MP3, HDTV — High Definition Television, TV Interativa, TV Digital,
Banda Larga, WAP, VoIP. O que todas essas siglas significam para o
mundo jurídico atual? Significa que são os novos profissionais do Direito os
responsáveis por garantir o direito à privacidade, à proteção do direito
autoral, do direito de imagem, da propriedade intelectual, dos royalties, da
segurança da informação, dos acordos e parcerias estratégicas, dos
processos contra hackers e muito mais. Para isso, o Direito Digital deve ser
entendido e estudado de modo a criar novos instrumentos capazes de
atender a esses anseios.

No entanto, em que pese essa interação com os demais ramos do Direito,


o Direito Digital pelas suas peculiaridades avança mais rápido que o regramento
jurídico, fazendo surgir lacunas na legislação, que não abrangem infinidades de
comportamentos e relações decorrentes da evolução tecnológica. Neste sentido,
PINHEIRO (2021, p. 50) assim afiança:

No Direito Digital prevalecem os princípios em relação às regras, pois o


ritmo de evolução tecnológica será sempre mais veloz que o da atividade
legislativa. Por isso, a disciplina jurídica tende à auto-regulamentação, pela
qual o conjunto de regras é criado pelos próprios participantes diretos do
assunto em questão com soluções práticas que atendem ao dinamismo que
as relações de Direito Digital exigem
...
A velocidade das transformações é uma barreira à legislação sobre o
assunto. Por isso qualquer lei que venha a tratar dos novos institutos
jurídicos deve ser genérica o suficiente para sobreviver ao tempo e flexível
para atender aos diversos formatos que podem surgir de um único assunto.
Essa problemática legislativa, no entanto, não tem nada de novo para nós,
uma vez que a obsolescência das leis sempre foi um fator de discussão em
nosso meio.

Em virtude do acima evidenciado e do insuficiente enfoque legislativo


sobre o tema, onde se verifica poucas abordagens legais, até que o ordenamento
jurídico se adeque a estas situações, com a criação de regras e regulamentos
específicos, cabe ao Poder Judiciário encontrar a solução para as demandas que
vierem a surgir na seara do Direito Digital.
Além do aspecto tempo, outro fator que impacta o Direito Digital, é a
Territorialidade. No mundo real, esta condição pode ser estabelecida com
considerável facilidade, pois se demarca a amplitude física da eficácia legal. Já no
mundo virtual, o parâmetro “território” dificilmente pode ser demarcado, tendo em
vista que suas peculiaridades extrapolam os limites físicos de abrangência da lei.
Desta forma, o Direito Digital tem uma estreita relação com o Direito Internacional,
eis que somente assim, tendo como base tratados e convenções internacionais
sobre o tema, logra-se existo em regulamentar as peculiaridades jurídicas da
sociedade digital. Neste sentido, TERRA [et. al.] (2021, p. 11) destaca:
Sim, a globalização das sociedades, o compartilhamento de tecnologias
tanto pelos países quanto pelas pessoas e empresas, a coleta e troca de
informações que ocorrem a todo instante, com efeitos em todos os cantos
do planeta, exigem também uma globalização do pensamento jurídico, para
que seja possível delimitar critérios mínimos a serem observados pelos
diversos países e pelas pessoas. Assim, cada vez mais estão a surgir
Convenções e Tratados Internacionais a respeito.

Assim sendo, considerando que esse meio ambiente virtual trata-se de


um “patrimônio” imaterial, onde as interações que ocorrem na esfera digital através
de softwares e hardwares interconectados geram efeitos e consequências nas
relações entre pessoas, empresas e até em governos, impactando diretamente no
seu meio ambiente físico, o Direito Digital procura estabelecer regras e parâmetros
legais a fim de regulamentar o meio ambiente virtual.

2.3 A proteção dos dados pessoais na legislação brasileira

Inicialmente cabe destacar que a preocupação mundial com a proteção


de dados pessoais remonta à promulgação das primeiras legislações específicas
sobre o tema, ainda na década de 1970. No entanto, foi somente a partir dos anos
de 1990 que a regulamentação da proteção de dados pessoais foi se delineando de
forma mais consistente, tendo em vista o desenvolvimento do modelo de negócios
da economia digital, diante do aumento do fluxo internacional de dados,
especialmente aqueles relacionados às pessoas e empresas.
No Brasil, até 1994 o uso da internet, considerando o seu alto custo,
restringia-se ao meio acadêmico, onde somente grandes instituições de ensino
tinham condições de desfrutá-la. No entanto, a partir de 1995 o então Ministério das
Comunicações passa a permitir o seu uso comercial, dando início, mesmo que de
forma tênue, à popularização da internet. A partir daí, o crescimento da internet
passou a ocorrer de forma exponencial, com o advento e popularização do acesso à
rede mundial de computadores.
Por tratar-se de uma nova realidade, o desenvolvimento do mundo virtual
passou a ocorrer de forma desregrada, ante a pouca ou quase nenhuma
regulamentação deste novo mundo digital. Esta regulamentação restringia-se a
algumas regras específicas para o mundo virtual, oriundas de órgãos como o Comitê
Gestor da Internet no Brasil (CGI.BR) e em sua maioria de caráter técnico, sendo
necessário, com o passar do tempo, a adaptação dos enunciados legais, para
solucionar situações que passaram a ocorrer no universo digital, e que tinham
reflexo no mundo real. O surgimento de leis específicas, direcionadas à realidade da
internet, somente veio a ocorrer a partir da década de 2010, como a Lei Carolina
Dieckmann, o Marco Civil da Internet e a Lei Geral de Proteção de Dados.
Diante da realidade trazida com essas inovações tecnológicas, não só
dados pessoais, mas a privacidade, como ocorreu no caso da atriz Carolina
Dieckmann, passaram despertar interesse alheio. Nesse sentido, FERREIRA [et. al.]
(2022, p. 156) menciona:

O avanço das tecnologias digitais tem trazido inúmeras transformações no


cenário da privacidade, inclusive em relação ao que deve ser considerado
como objeto de privacidade. Com a expansão das tecnologias de
informação e comunicação para novos espaços da sociabilidade humana,
ganham destaque alguns problemas, como a violação da privacidade de
seus usuários diante do acesso e coleta de dados pessoais por meio dos
artefatos tecnológicos.

Não obstante os dados pessoais terem caráter personalíssimo, não só no


Brasil, mas a nível mundial, a virtualização das informações por empresas e órgãos
governamentais, transformaram esses dados pessoais em um ativo na economia da
informação. Tais informações, quando tratadas dentro de técnicas e filtros
específicos, possibilitam às empresas direcionar seus planos de trabalho e políticas
de mercado direcionadas a nichos distintos, pois objetivam identificar o
comportamento dos usuários.
Corroborando com este entendimento BIONI (2020, p. 33), assim assenta:

Com a inteligência gerada pela ciência mercadológica, especialmente


quanto à segmentação dos bens de consumo (marketing) e a sua promoção
(publicidade), os dados pessoais dos cidadãos converteram-se em um fator
vital para a engrenagem da economia da informação. E, com a possibilidade
de organizar tais dados de maneira mais escalável (e.g., Big Data), criou-se
um (novo) mercado cuja base de sustentação é a sua extração e
comodificação. Há uma “economia de vigilância” que tende a posicionar o
cidadão como um mero expectador das suas informações.

Na sociedade da informação, as pessoas acabam expostas a diversos


tipos de aparatos tecnológicos que possibilitam este monitoramento social (como
câmeras de monitoramento, rastreamento pelo celular, etc.). No entanto, o excesso
de exposição no mundo virtual, faz com que as pessoas revelem não só sua
privacidade, mas também seus dados pessoais. A maioria das pessoas,
conscientes ou não dos riscos e da gravidade de suas ações, publicam suas vidas
particulares nas redes sociais, permitindo que milhares de outras pessoas
acompanhem o seu dia-a-dia. Estes registros pessoais, que ficam armazenados nos
servidores de empresas, permitem a coleta, o tratamento e o uso dos dados
pessoais, possibilitando sua utilização para delinear estratégias comerciais e
publicitárias direcionadas para cada público. Além disso, pessoas mal intencionadas
(hackers), através de meios ilegais ou fraudulentos, acabam conseguindo acessar
dados e informações de caráter pessoal, utilizando-se de forma criminosa destas
informações, situações onde ocorrem crimes e delitos informáticos.
Em virtude do exposto, discorrer-se-á, na sequência, sobre os principais
regramentos legais que abordam a proteção dos dados pessoais.

2.3.1 Ponderações sobre o Artigo 5, inc. LXXIX da CF/88

Através da promulgação em 10 de fevereiro de 2022, da Emenda


Constitucional 115 pelo Congresso Nacional, estabeleceu a Constituição Federal
(BRASIL, 2022), em seu artigo 5, inc. LXXIX, que:

Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

LXXIX - é assegurado, nos termos da lei, o direito à proteção dos dados
pessoais, inclusive nos meios digitais..

Na mesma esteira, o inciso X do Artigo 5º da Carta Constitucional


(BRASIL, 2022) definiu a inviolabilidade da privacidade do homem::

Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação

De igual modo, a Emenda Constitucional 115 regulamentou a matéria no


âmbito constitucional, ao incluir o inciso XXVI no artigo 21 da Carta Magna (BRASIL,
2022):
Art. 21. Compete à União:

XXVI - organizar e fiscalizar a proteção e o tratamento de dados pessoais,
nos termos da lei.

Ao discorrer sobre o tema, PINTO (2022) analisa que a elevação do


direito a proteção de dados, ao patamar constitucional, positivou o entendimento
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, afirmando que:

Pode-se afirmar, portanto, que a emenda constitucional em comento apenas


sacramentou o status constitucional inerente à proteção de dados. Apesar
de não inovar normativamente, a positivação deste direito na Constituição
torna ainda mais explícita a sua relevância e sua crescente presença nas
relações sociais. Naturalmente, o conceito de dado pessoal não se resume
aos dados que se encontram no ambiente virtual. Contudo, diante da
aceleração do desenvolvimento tecnológico e a sua crescente presença na
vida pessoal, institucional e econômica, a regulamentação e a defesa de
prerrogativas constitucionais no tratamento de dados pessoais se tornam
um dos grandes imperativos e desafios contemporâneos à comunidade
jurídica. Como foi reconhecido pelo STF, a proteção de dados já não pode
ser compreendida como um simples exercício negativo do Estado em
relação aos indivíduos, mas como um direito/dever dos agentes sociais
públicos e privados agora sacramentado na Constituição, e que vem
reclamando esforços de diversos setores, em especial dos operadores do
Direito, para permear as relações jurídicas e alcançar, na prática, o status
concedido agora pela Lei Maior.

Em face do acima exposto, ao alçar à proteção de dados pessoais à


esfera constitucional, o legislador veio suprir essa lacuna legislativa, dando-lhe
status de direito fundamental garantido pela lei maior do país.

2.3.2 Marco Civil da Internet

O Marco Civil da Internet (MCI), como é chamado a Lei 12.965/2014,


possui trinta e dois artigos, divididos em cinco capítulos: Disposições preliminares;
Dos direitos e garantias dos usuários; Da provisão de conexão e aplicações da
Internet; Da atuação do poder público; e Disposições Finais. Objetiva regulamentar o
uso da internet no Brasil, instituindo princípios, garantias, direitos e deveres que
devem ser observados por provedores de internet, bem como por todos os usuários
da internet no país.
CARVALHO (2017), analisando o tema salienta:

Vê-se que a Lei n. 12.965/2014, conhecida como Marco Civil da internet,


surgiu com o objetivo de regulamentar o uso da internet no Brasil, fazendo
com que, a partir de sua vigência, os aplicadores do direito e principalmente
os julgadores possam utilizá-la como norte nas decisões que envolvam a
rede mundial de computadores e seus usuários. Trata-se de grande avanço
na legislação brasileira que abre espaço para discussões sobre temas
contemporâneos normatizando o “mundo virtual”, que faz parte da realidade
da maioria dos cidadãos e através do qual são tecidas relações humanas de
todas as espécies.

Os princípios que norteiam o MCI são a garantia da liberdade de


expressão, a proteção da privacidade e dos dados pessoais, a neutralidade da rede,
e a liberdade dos modelos de negócios. Com relação aos direitos a serem
considerados, o MCI estabelece o controle sobre os dados pessoais, a
inviolabilidade e sigilo das comunicações, a manutenção da qualidade contratada da
conexão, a exclusão definitiva de dados pessoais após término de contratos, bem
como determina o uso de informações claras e completas nos contratos. Já as
obrigações elencadas no MCI determinam que aos provedores de conexão a
guarda, sob sigilo, dos dados de conexão dos usuários (endereço de IP, data e hora
do início e término da conexão) pelo prazo de um ano, e aos provedores de
aplicativos a guardar, sob sigilo, os dados de navegação dos usuários pelo prazo de
seis meses, além de determinar a retirada, quando a pedido das vítimas, de imagens
e vídeos contendo cenas de nudez ou sexo que não têm a autorização dos
envolvidos. Institui ainda, que aqueles provedores sediados fora do país, devem
respeitar a legislação brasileira, garantindo os direitos à privacidade e ao sigilo dos
dados.
Por se tratar essencialmente de uma lei principiológica, o MCI não
abordou em detalhes como ocorreria sua implementação. Isto coube ao Decreto nº
8.771, de 11 de maio de 2016 que regulamentou a lei para tratar das hipóteses
admitidas de discriminação de pacotes de dados na internet e de degradação de
tráfego, indicar procedimentos para guarda e proteção de dados por provedores de
conexão e de aplicações, apontar medidas de transparência na requisição de dados
cadastrais pela administração pública e estabelecer parâmetros para fiscalização e
apuração de infrações (BRASIL 2022).

2.3.3 Lei Geral de Proteção de Dados

Podendo ser considerada como um desdobramento do Marco Civil da


Internet, a Lei 13.709 de 14 de agosto de 2018, comumente chamada Lei Geral de
Proteção de Dados objetivou a proteção dos direitos fundamentais da liberdade e
privacidade com relação a dados e seu uso, estabelecendo regras que abarcam
temas como consentimento, responsabilidade, fiscalização e transparência, entre
outros.

2.4 Crimes Cibernéticos


2.4.1 Penas aplicáveis aos Crimes Cibernéticos
2.5 Proteção contra Crimes Cibernéticos
2.6 O Direito Penal Informático nos Crimes Cibernéticos

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apresentar de forma sucinta as reflexões realizadas até o momento, os


aspectos relevantes sobre o trabalho e as recomendações que se façam
necessárias.

4 REFERÊNCIAS

BAUMAN, Zygmunt. Identidade. 34.ed. Tradução de ..., Rio de Janeiro: Zahar,


2012.

BRASIL. Código Penal. 2016. Disponível em: <link>. Acesso em: 31 jan. 2017.

PEDROSO, Altemir. A educação no Brasil. Propagare, Guarapuava, v. 6, n. 2, p.


100-125, jul./dez. 2016.

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