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O PARADIGMA DOS PROCESSOS DIGITAIS EM RELAÇÃO A TEORIA DE

SHUMPETER E A SOCIEDADE

Ana Paula Fidelis de Oliveira Santos


Mestranda no Programa de Pós-Graduação
em Desenvolvimento Regional- PPGDR-UEPB
E-mail:ana.paula.fidelis@aluno.uepb.edu.br

RESUMO:
1 INTRODUÇÃO

Durante toda a linha cronológica de todos os eventos que impulsionaram


transformações no formato geral de sociedade, sempre foi promovido um novo paradigma que
foi sendo gradativamente inserido sobre outro, esse trabalho focará no processo
contemporâneo - dos processos digitais que vem substituindo processos manuais, transações,
as redes de relacionamento, a burocracia, e as relações internacionais.
Nesse sentido, o que ocasionou esse efeito de digitalizar o formato de sociedade, foi a
tecnologia neuromórfica, que integra sistemas imitando as sinapses do sistema nervoso. esse
termo neuromórfico que qualifica a Internet foi desenvolvido e conceituado por Carver
Mead, nesse sentindo graças a essa qualidade da internet pode-se elevar o paradigma do
digital a escala mundial.
O mundo está conectado através da rede mundial e muitos processos agora digitais
configuram um formato de sociedade, condicionando todos os autores à necessidade de se
inserir no processo digital e interagir passivamente e ativamente com o todo, ou seja, o
complexo planetário.
Desse modo o trabalho buscará conceituar a atualidade e as implicações dos principais
eventos em relação ao paradigma do digital e a Internet, em seguida tomará como base
epistemológica a Teoria de Desenvolvimento de Shumpeter com sua decodificação de
economia, tecnologia e inovação e por fim os efeitos no âmbito social.
A problemática do trabalho é através de uma pesquisa bibliográfica desenvolver
argumentos plausíveis sobre a extensão do digital nos mais diferentes âmbitos, os estudos
acerca do que se chama de quarta Revolução Industrial é também caminho para este trabalho.
Uma vez que fomenta a tecnologia da Internet, não enquanto mero recurso, mas como o
principal recurso para o desenvolvimento das regiões e a instauração do novo paradigma: os
processos que estão sendo digitai se que acontecem no espaço virtual.
Buscando responder o estágio e nível do processo digital que é formato da sociedade
conectada em rede, e na dimensão do desenvolvimento o que ocorre na perspectiva total de
desenvolvimento, buscando dialogar com a perspectiva de Shumpeter, que conceitua
tecnologia, inovação ao desenvolvimento não meramente econômico, mas todas as variáveis
envolvidas em questão como tecnologia disponível, inovação, formato de sociedade, relações
internacionais e a matriz de desenvolvimento instaurado no contexto atualizado e na escala
estudada, hoje se torna impossível falar de qualquer lugar, sem falar na escala mundial, uma
vez que a região é vista na perspectiva de interação global.
2 REFERENCIAL TEÓRICO

Nesta seção, do estudo será escrito o referencial teórico sobre a problemática o


paradigma do digital em relação a teoria de Shumpeter.

2.1 A EXTENSÃO DO DIGITAL, NA ATUALIDADE

Para que processos se tornem digitais e ocorra num espaço virtual é necessário que o
homem tenha conhecimento tácito e uma habilidade naturalizada, porém adquirida de
interação com a tecnologia multimídia em massa, uma das evidências que isso já está
ocorrendo é um fragmento extraído da obra intitulada 4 ͦ ( Quarta) Revolução Industrial, do
autor SCHWAB KLAUS (2016, p.126), que relata uma inflexão até o ano de 2025 para a
presença digital, ou seja, que até o referido ano, 90% da população acessará regularmente a
Internet, que será um direito básico de acesso por meio de um computador ou smartphone
com capacidade de processamento melhor e maior a cada dia.
Em 2016, 43% da população já esta conectada a Internet e que 1.2 bilhões de
smartphone foram vendidos em 2014, e a cada ano as vendas de processadores se superam, o
que mostra a generalização do serviço e maciça presença digital da população no espaço
virtual. (Reuters, 2019)
Essa extensão do digital como principal meio para mudanças na disponibilidade de
serviços, como por exemplo na educação, na saúde, em todos os âmbitos configuram uma
mudança geral na organização de sociedade, tendo como pilar a internet e a digitalização dos
vários processos, o ensino, por exemplo é um processo que se tronou digital enquanto
modalidade de ensino a distância, mudando o formato de ensino.
A pandemia da Covid-19, está sendo um processo que tem acelerado a expansão dos
variados processos digitais, e mais uma evidencia sobre a penetração da Internet: um estudo
realizado em 2019, de acordo com o Reuters Institute Digital News Report (Reuters, 2019),
que informa a constatação de 57%, da população global tem acesso regular a internet. No
Brasil de acordo com Agência Brasil (2020) Conforme o estudo, 74% dos brasileiros
acessaram a internet pelo menos uma vez nos últimos três meses. Outros 26% continuam
desconectados. Se consideradas as pessoas que utilizam aplicativos que necessitam da
conexão à internet (como Uber ou serviços de delivery de refeições), o percentual sobe para
79%.
Desses estudos já apresentados na referências que são denotações de pesquisas
nacionais e internacionais, esclarece que ocorreu expansão do digital, que é o paradigma atual
em expansão na sociedade.

2.2 A TEORIA DE SHUMPETER EM RELAÇÃO AO DIGITAL

Para Shumpeter, as causas das mudanças que ocorrem no sistema econômico devem
ser buscadas fora das variáveis preços, quantidade de bens e deve ser consideradas outras
como condições naturais, como os dados socais não econômicos, gosto dos consumidores,
nesse sentido a digitalização dos processos que intensificou sua penetração desde o início da
pandemia da Covid-19 é uma condição que tem se naturalizado a cada dia como perspectiva
de mudança e contribuindo ainda mais para a automação de muitos processos, numa
perspectiva de descontinuidade de processos anteriores. (SHUMPETER, 1960).
Ainda dialogando sobre a teoria de Desenvolvimento, de Shumpeter outro aspecto ao
qual o autor dá importância é o fator inovação, que na perspectiva Shumpertiana surge do
produtor e não do consumidor, o que faz muito sentido, embora o inovador identifique as
necessidades do consumidor, o agente de mudança só de dar através do monopólio do
inovador, ou seja, do seu poder para o investimento. (SHUMPETER, 1960).
No caso especifico dos processos digitais correspondentes ao que Shumpeter
exemplifica como de um novo método de produção e de fato o meio muda na produção
ocasionado pelo digital, como por exemplo no e-commerce, onde todo o processo de compra
é digital, mudando a forma como era feito antes todas as etapas presencialmente.
(SHUMPETER, 1960).
Outro aspecto importante dessa teoria em relação ao paradigma do digital é que o
inovador o causador da mudança, pode ser do empreendedor ao Estado, pois o conceito de
inovador é aquele que financia a inovação, que investe de forma maciça. O Inovador é nesse
caso é diferente do capitalista ele é o criador de um novo método e ele nem visa ao lucro e
nem o prejuízo. (SHUMPETER, 1960).
Em síntese sobre esse aspecto do digital que se relacionou com a teoria de Shumpeter
coloca os processos digitais como método novo de fazer, provocado por esse inovador que é
capaz de condicionar o consumidor a esse novo método criado pela descontinuidade do
processo anterior, criando uma dinâmica natural nesse fluxo.
.2.3 O IMPACTO DO PARADIGMA DIGITAL NA SOCIEDADE

Como todo processo de transformação ocasiona efeitos e propagações na sociedade de


um modo geral, os processos de digitalização não se diferencia nesse aspecto, está incluso o
condicionamento a nova técnica de conexão, um dispositivo para acessar a internet, mas o
importante salientar é que por determinado período de tempo a nova técnica digital, vai
demandar adaptações do homem ao meio e alguns desafios como o acesso necessário para
utilizar as novas técnicas.
O processo digital não é um evento, tendência, que ocorreu imediatamente, mas a
pandemia da covid-19, acelerou e até obrigou alguns atores a fazerem uso, criando assim
oportunidades a longo prazo que persistiram e condicionaram as pessoas a longo prazo ao
modo digital.
“Mesmo supondo que existam três entidades ̶ técnica, cultura
e sociedade, em vez de enfatizar o impacto das tecnologias, poderíamos
igualmente pensar que as tecnologias são produtos de uma sociedade e uma
cultura. Mas a distinção traçada entre cultura (a dinâmica das
representações), sociedade ( as pessoas, seus laços, suas trocas, suas relações
de força) e técnica (artefatos eficazes) só pode ser conceitual. Não há
nenhum autor, nenhuma “causa” realmente independente que corresponda a
ela. Encaramos as tendências intelectuais como atores porque há grupos
bastantes reais que se organizam ao redor destes recortes verbais
(ministérios, disciplinas científicas, departamentos de universidades,
laboratórios de pesquisa) ou então porque certas forças estão interessadas em
nos fazer crer que determinado problema é “puramente técnico” ou
“puramente cultural” ou ainda “puramente econômico”. As verdadeiras
relações, portanto não são criadas entre “a” tecnologia (que seria de ordem
da causa) e “a” cultura que seria (que sofreria os efeitos), mas sim entre um
grande números de atores humanos que inventam, produzem, utilizam e
interpretam de diferentes formas as técnicas .”( LÉVY, PIERRE; 2010, ,
p.23).
Uma técnica não é nem boa, nem má (isto depende dos contextos,
dos usos, e dos pontos de vista), tampouco neutra (já que é condicionante ou
restritiva, já que de um lado é condicionante ou restritiva, já que de um lado
abre e de outro fecha o espectro de possibilidades). Não se trata de avaliar
seus “impactos”, mas situar as irreversibilidades às quais um de seus usos
levaria, de formular os projetos que explorariam as virtualidades que ela
transporta e de decidir o que fazer dela. (LÉVY, PIERRE; 2010, p.26).

Filtrando o argumento do estudioso em questão podemos compreender que os


processos digitais é paradigma irreversível, pois o que pode mudar sempre é a técnica, mas a
nova matriz em questão, é a fonte principal do novo utilitário da sociedade a conexão em rede
dos processos digitais. E que o impacto não é o mais importante mas o estado do digital, o que
se fazer nesse contexto, como ser sociedade no paradigma do digital.
1.1. A MUNDIALIZAÇÃO DA REGIÃO E A CIDADE DA REDE VIRTUAL, COMO
UM PROCESSO DIGITAL

Nesse novo momento da região, que até mesmo os cultivares são transportados e as
regiões não são mais conhecidas, por exemplo, por sua agricultura e devido a migração dos
cultivares para outras regiões, eleva a região da escala cultural globalizada com troca de
diversos saberes, técnicas, e demais transferências entre os lugares e as redes. O papel das
cidades não é mais centralizado ao processo de urbanização e sim ponto de atividade para
integrar e articular lugares no formato de rede, nessa mesma linha conceitual,Moreira, Ruy
(2007, p.59) estabelece que as cidades“diante de um espaço transformado numa grande rede
de nodosidade, vira um ponto fundamental da tarefa do espaço de integrar lugares cada vez
mais articulados em rede”.

A partir da construção de todo o corpo deste trabalho, todos os argumentos extraídos


dos estudos realizados apontam para uma nova variável na geração de renda nas teorias do
desenvolvimento de base exógena, que trata da tecnologia como geradora de renda e não
apenas como recurso arquitetônico ou meio de veicular informação.

E através dessa nova dimensão de organização pode-se chamar o espaço de mera


região e sim de regiões mundializadas com capacidade de um espaço pluralizado. Conforme
Moreira, Ruy (2007, p.59, apud Milton Santos 1996):

“Daí que cada lugar nasce diferente do outro, dando ao todo da globalização
um cunho nitidamente fragmentário, já que “o lugar são todos os lugares”.
Condição que leva Milton Santos (1996) a dizer que é o lugar que existe, e
não o mundo, de vez que as coisas e as relações do mundo se organizam no
lugar, mundializando o lugar e não o mundo”.

Pode-se, então, finalizar a seção deste trabalho, concluindo que a cidade e a região
estão organizadas em rede e, portanto, isso significa que forma uma entidade real, mas
abstrata, que fomenta a transferência em escala mundial.
3 METODOLOGIA

O presente estudo tem como principal método de pesquisa científica a investigação


sobre a problemática levantada - a O PARADIGMA DOS PROCESSOS DIGITAIS EM
RELAÇÃO A TEORIA DE SHUMPETER E A SOCIEDADE, o método da revisão
bibliográfica, que consiste em atualizar-se sobre o tema a partir de dados secundários, ou seja,
a partir de outros estudos científicos com finalidade de analisar a produção de conhecimento
teórico e comparar as conclusões já existentes sobre a problemática abordada.
Do mesmo modo que também elucida (FONSECA, 2002, p. 32).

[...]” a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e


publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos
científicos, páginas de web sites. Qualquer trabalho científico inicia-se
com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer
o que já se estudou sobre o assunto. Existem porém pesquisas
científicas que se baseiam unicamente na pesquisa bibliográfica,
procurando referências teóricas publicadas com o objetivo de recolher
informações ou conhecimentos prévios sobre o problema a respeito do
qual se procura a resposta”.

Esta pesquisa partiu da análise de outros estudos sobre o paradigma digital e


organização em rede do espaço para auferir se a situação do paradigma digital e da conexão
planetária através do pilar tecnologia implica para o desenvolvimento da região de forma
mundializada. O método foi realizado através de pesquisas no google acadêmico, usando as
palavras chaves: Paradigma Digital; Sociedade, Tecnologia, após essa etapa, foi feito uma
leitura e fichamentos dos artigos selecionados, para consolidar de forma sumária, porém não
fragmentada o consolidado da revisão alicerçada em argumentos que validem a premissa
levantada, ou levante novos problemas.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DIGITAL NEW REPORT.Disponível em: https://www.digitalnewsreport.org/survey/2019/.


Acessado: 07/03/2022.

FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002. Apostila.

LÉVY, Pierre. Cibercultura. 3. Ed. São Paulo: Editora 34, 1-272, 2010.

MOREIRA, Ruy.Da região à rede e ao lugar: a nova realidade e o novo olhar geográfico
sobre o mundo.etc..., espaço, tempo e crítica. N° 1(3), VOL. 1, 1° de junho de 2007, ISSN
1981-3732 55 Recebido para Publicação em 10.05.2007.

MOREIRA, Ruy.Da região à rede e ao lugar: a nova realidade e o novo olhar geográfico
sobre o mundo.etc..., espaço, tempo e crítica. N° 1(3), VOL. 1, 1° de junho de 2007, ISSN
1981-3732 55 Recebido para Publicação em 10.05.2007, p.59.

SCHWAB, K. The Fourth Industrial Revolution. New York: Crown Business Ed, 2016.

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