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Disciplina Inovação na Política e no Planejamento Urbano

Professores Tamara Tania Cohen Egler, Lalita Kraus e Aldenilson Costa


Período 2022.2 Data 20/06/2022 a 20/08/2022
Dia quarta feira a tarde

Apresentação

O título da disciplina informa o nosso desígnio de produzir um espaço de interlocução


entre as ciências exatas e humanas, para examinar as marcas, tangíveis e intangíveis
da inovação no território. Nos primórdios da década de 90, quando a invenção de
tecnologias de informação e comunicação emergem com seu potencial de inovação, a
literatura sobre o tema não se cansou de observar suas potencialidades na
transformação do espaço e das relações sociais. Quando se observa alternativas de
ação comunicativa e sua derivação na autonomia dos grupos sociais, nesse contexto
epistemológico, se enaltecem práticas colaborativas e participativas. Para iluminar essa
análise Habermas dizia, serão comunidades auto-organizadas que se comunicam entre
si de forma autônoma (Habermas, 1997). Não foram poucos os estudos que
apontavam esse lugar para o avanço do bem-estar social.

Entretanto, nos últimos anos temos assistido a formas de sua utilização, principalmente
em eleições, quando se desenvolvem estratégias de ação autoritárias e que estão
colocando em perigo a democracia no Brasil, e por que não dizer no mundo. A
possibilidade de comunicação de todos para todos, quando desaparecem a importância
das instituições que legitimam a informação, abre caminho para a produção de uma
informação descolada da realidade (Kakutani,2018). A novidade é que fake news agora
podem ser difundidas por todos, e não apenas por órgãos de comunicação tradicionais
como jornais e a televisão. Isso por que as redes de comunicação digital – como
WhatsApp, Facebook, Twitter ampliam os sujeitos da enunciação, e permite uma
comunicação de todos para todos. O que permite a ampla difusão de Fake News, por
que desaparece o autor da enunciação, e toda mentira pode ser enunciada. E segundo,
já que todos podem enunciar a informação, se abre espaço para desvalorizar as
instituições da informação e conhecimento, como e o caso das agências de notícias e
universidades.

Na última década, as Tecnologias de Informação e Comunicação- TICs se


transformam no principal meio de comunicação e informação. A partir da popularização
do smartphone, muitas das ações da vida cotidiana são agora tecnicamente mediadas,
através de complexos sistemas de comunicação e informação, que interligam
fortemente a tecnologia e as práticas sociais (Kallinikos, 2011). De acordo com o
Manual de Oslo (Ocde, 1997), a inovação abrange diferentes elementos. Isto é, diz
respeito a introdução, melhoramento, invenção ou desenvolvimento de novos produtos,
tecnologias, processos de negócios, ideias, métodos, materiais, técnicas, tendo como
característica o caráter “novo” e disruptivo (Hopp et al., 2018; Christensen, Raynor, &
Mcdonald, 2015). Por isso, Ibañez (2014, p. 144) defende ser “fundamental uma
análise mais criteriosa da concorrência sob o prisma de novas mercadorias, novas
tecnologias, novas fontes de oferta, novos tipos de organização”. A competitividade
entre territórios e empresas passa a ser fundamentada na inovação (Grazzi, &
Pietrobelli, 2016; Vale, 2009; Diniz, & Gonçalves, 2005; Storper, 1999), existem
orientações de órgãos supranacionais como Nações Unidas, Banco Interamericano de
Desenvolvimento, Comissão Econômica para América Latina e Caribe, no sentido
impulsionar a inovação como uma política global para a promoção do desenvolvimento
territorial (Wef, 2017; Cirera, & Maloney, 2017; Schwab, 2016).

Por sua vez, as atividades de inovação exigem transformações econômicas, da base


técnica e dos meios e modos de produção, juntamente como dimensões tangíveis e
intangíveis que permitem legitimar as transformações sobre o território. Do ponto de
vista técnico, a inovação apresenta-se como avanço do qual é fundamental pensar o
meio técnico-científico-informacional. Do ponto de vista social, diz respeito ao sentido
que a sociedade atribui ao conjunto de produtos e processos inovadores. Segundo
Santos (2008), o meio técnico-científico-informacional é a cara geográfica da
globalização, sendo portando o seu conteúdo informacional aquilo que permite o
avanço em diferentes técnicas, sejam elas em formas de produtos, processos ou
organizacional. Por último, a dimensão territorial diz respeito ao impacto e
transformações promovidas pela inovação, o que exige considerar as relações entre
múltiplos atores seja no planejamento, implementação e manutenção.

Não menos importante e examinar seus resultados sobre o território, podemos pensar
na importante alteração das relações espaço-temporal, quando observamos a
velocidade que inaugura atemporalidades, ou a fluidez que produz a espacialidade
(SANTOS, 1994). Sendo fundamental entender como a política pública produz marcas
sobre o território (RIBEIRO, 2012). O que nos permite pensar com Milton Santos que
define o espaço como uma articulação de Objetos, fluxos e ações, a nos cabe
interrogar como a mediação tecnológica transforma o espaço. O desafio é analisar
como a fluidez da tecnologia amplia a conectividade e redefine os processos de
urbanização. No lugar da cidade industrial, em que se localizam as atividades no
espaço vital, estão emergindo processos de urbanização que fragmentam territórios
que se conectam entre si, e formam uma nova totalidade espacial.

Sessão 1

Inovação no território

Apresentação ao campo

Sessão 2

Capitalismo de plataformas

Zuboff, Shoshana A era do capitalismo de vigilância, Rio de Janeiro, intrínseca, 2021


Parte I cap 3 e 5. Disponível em : https://es.b-ok.lat/book/5794185/11aa53

Sessão 3

Redes digitais e democracia

Castanheda, Marcelo. Coletividade e conectividade em rede. In: Egler, T., Costa, A.,
Kraus, L. (orgs.) Marcas da inovação no território, v. II. Rio de Janeiro: Letra Capital.
Disponível em: https://ippur.ufrj.br/wp-content/uploads/2021/10/Marcas-da-inovacao-no-
territorio-Vol-1.pdf
EGLER, Tamara Tania Cohen; COSTA, T.; GONCALVES NETO, P. P. A
(in)visibilidade da rede bolsonarista. AR@CNE (BARCELONA). v.25, p.256 - 278,
2021.disponivel em: https://www.scilit.net/article/c7b42700cb147f188277eee6394e7fb9

Sessão 4
Tecnologia na política
Empoli, Giuliano. Os engenheiros do caos, São Paulo, Vestígio, 2020. Ler capítulos A
Netflix da política pág. 43 a 66; Os físicos e os dados; pág. 141 a 174; e A era da
política quântica 165 a 177. https://es.b-ok.lat/s/os%20engeheiros%20do%20caos%20

Sessão 5

EGLER, Tamara Tania Cohen, Kraus, Lalita, Oliveira. Fabiana Mabel de; Mathias.
Heitor Ney. Rede tecnopolítica e territórios nas Olimpíadas do Rio.

Costa, A., Egler, T. T., & Casellas Puigdemasa, M. A. (2019). Política urbana de
inovação tecnológica: experiências de cidades digitais no Brasil. Finisterra, 54(110),
93–113. Disponível em: https://doi.org/10.18055/Finis15347

Sessão 6
Geração cidadã de dados e ativismo digital

MEIJER, Albert; POTJER, Suzanne. Citizen-generated open data: a public governance


perspective. Government Information Quarterly, v. 34, ed. 3, p. 613-621, outubro 2018.
Disponível em: https://cutt.ly/SovBl9Y

FOGO CRUZADO. Fogo Cruzado. Rio de Janeiro; 2022. Disponível


em: https://fogocruzado.org.br/sobre/

DATA_LABE. Data_labe. Rio de Janeiro; 2018. Disponível


em: https://cocozap.datalabe.org/sobre/
Sessão 7

Aula – Tecnologia social para a (In)visibilidade e visibilização

Pablo de Soto (2018). #dronehackademy: contravisualidade áerea e ciência cidadã


para o uso de Vants como tecnologia social. In: Bruno, F. et al., Tecnopolítica da
vigilância: perspectiva da margem. Disponível
em: https://lavits.org/wp-content/uploads/2020/09/Tecnopoliticas-da-
vigilancia_miolo_download.pdf

Evangelista, R. et al (2018). DIO: o mapeamento coletivo de câmeras de vigilância


como visibilização da informação do espaço urbano. In: Bruno, F. et al., Tecnopolítica
da vigilância: perspectiva da margem. Disponível
em: https://lavits.org/wp-content/uploads/2020/09/Tecnopoliticas-da-
vigilancia_miolo_download.pdf

Sessão 8

Novas estratégias de urbanização e tecnologia social na escala da


cidade pequena Costa, A. (2020). O território importa quando da implementação de
um serviço público? ensaio preliminar sobre o serviço de bicicleta compartilhada na
cidade do Rio de Janeiro. In: Tamara Tania Cohen Egler; Aldenilson Costa; Lalita Kraus.
(Org.). Marcas da inovação no território. 1ed.Rio de Janeiro: Letra Capital, v. 2, p. 142-
154. https://ippur.ufrj.br/wp-content/uploads/2021/10/Marcas-da-Inovacao-no-territorio-
Vol-2.pdf.

Bria. Francesca. El dret a la ciutat (digital). Dossier. 2019


https://www.barcelona.cat/metropolis/ca/continguts/el-dret-la-ciutat-digital

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