Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PROPÓSITO
Refletir sobre como a cultura da convergência permite a compreensão das transformações
sociais, culturais, políticas e tecnológicas nos cenários comunicacional e informacional.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Identificar o novo paradigma da transformação midiática no âmbito das inovações tecnológicas
e de suas repercussões na sociabilidade
MÓDULO 2
INTRODUÇÃO
Pense sobre o papel das redes sociais na sua vida e, principalmente, os contextos, as
situações e as motivações de uso de cada uma delas. Depois de compreender as suas
especificidades, analise como a cultura da convergência permite que você poste, curta,
compartilhe, comente e transite por entre assuntos − dos mais leves aos mais complexos.
Vivemos em uma sociedade que, aparentemente, não consegue mais se desfazer da internet,
com todos os benefícios (e malefícios?) trazidos por ela. As convergências chegaram a tal
ponto que não basta ter todas as informações na palma da mão e a um clique de distância.
Atualmente, acompanhamos os debates político-partidários acalorados nas comunidades
virtuais e os compartilhamentos de múltiplas ideologias nas redes sociais.
É NECESSÁRIO, PORTANTO, QUE NOS QUESTIONEMOS:
COMO OCORREM ESSES PROCESSOS DE PARTICIPAÇÃO?
QUAIS SÃO AS ESTRUTURAS E OS AGENCIAMENTOS
ENVOLVIDOS NESSAS QUESTÕES? DE QUE MODO
PASSAMOS DE USUÁRIOS A ATORES SOCIAIS
PARTICIPANTES DE UMA CIBERDEMOCRACIA?
MÓDULO 1
CULTURA DA CONVERGÊNCIA
(JENKINS, 2008)
Segundo Jenkins (2008), pensar a cultura da convergência é refletir sobre como ela ocorre
dentro dos cérebros dos consumidores individuais e em suas interações sociais com
outros.
PROSUMERS
MIGRAÇÃO DIGITAL
Acompanhando as múltiplas transformações causadas pela cultura de convergência, temos o
crescimento da chamada migração digital. Tal expressão conceitual encontra guarida nas
explicações do intelectual espanhol Lorenzo Vilches que, de forma pioneira, estabeleceu que
existe uma migração das maneiras de se fazer economia e consumir conectadas às lógicas
dos meios de comunicação e da sociedade da informação.
De acordo com Vilches (2001), a migração digital diz respeito, acima de tudo, a sujeitos
interconectados que chegam à nova fronteira da comunicação e do real. Uma fronteira
que não separa mais geograficamente o globo, mas redefine, inclusive, o conceito de
globalização. Um cruzamento não apenas de limites geográficos, mas também dos (citados)
limites comunicacionais e reais.
Dessa maneira, vale a pena pensar como as novas conformações dos meios digitais
aproximam as pessoas, as corporações, os espaços culturais, os ambientes educacionais etc.
Como tudo, porém, essa não é uma posição consensual: há posicionamentos críticos que
apontam justamente o oposto − como as relações sociais são afetadas por essa migração que,
ao fim, acaba por produzir distanciamento, isolamento social e exclusão digital.
(VILCHES, 2001)
Por fim, de acordo com o autor, a migração digital nos mostra que novos serviços e novas
formas de informação artística, cultural, audiovisual e estética começam a fazer parte de
metassistemas de informação interconectados, ou seja, que são parte de uma cultura da
convergência que se moderniza diariamente.
METASSISTEMAS
METASSISTEMAS DE INFORMAÇÃO
SOCIEDADE EM REDE
Sociedade interconectada não apenas pela internet, mas também por outras redes
informacionais, como de informação financeiras ou governamentais.
(CARDOSO, 2007)
Afinal, a cultura da convergência postula justamente a integração entre as muitas formas do
fazer comunicacional e não apenas entre aquelas já nascidas nos ambientes online.
As redes sociais na internet constroem formas de interação que são únicas do ponto de vista
de ruptura com as noções de proximidade física. Algo que, na visão de alguns teóricos,
promove, além da mobilidade simbólica no campo das ideias, uma mobilidade muito mais
objetiva a partir da ascensão e da estabilidade dos celulares (smartphones) e de outros
dispositivos móveis como parte da vida ordinária.
EXEMPLO
Essa reconfiguração de espaços rurais, assim como do alcance e das potencialidades da mídia
digital, é retratada no premiado filme Bacurau (2019), de Kleber Mendonça Filho. Nele, uma
comunidade do interior no Nordeste se mobiliza através das redes e dos dispositivos móveis
para se defender. Enquanto drones passeiam pelos céus, e estrangeiros chegam à cidade, os
habitantes do pequeno povoado percebem que ele não consta mais no Google Earth. Diante
das ameaças que surgem, os habitantes identificam os inimigos e criam coletivamente um meio
de defesa.
Tal fenômeno (conectando as discussões sobre mobilidade e redes sociais) também avança ao
terreno acadêmico que busca por definições para entender o que se passa na sociedade.
(COSTA, 2005)
1969
1971
Segundo D’Aquino (2012), outro passo importante nessa evolução foi o envio do primeiro e-
mail em 1971, sendo seguido sete anos mais tarde pela criação do Bulletin Board System
(BBS), um sistema criado por dois entusiastas de Chicago para convidar seus amigos para
eventos e realizar anúncios pessoais. Essa tecnologia usava linhas telefônicas e um modem
para transmitir os dados.
1985
O fato mais marcante que compõe o surgimento das redes sociais e a possibilidade de
comunidades virtuais se dá a partir da America Online (AOL), em 1985, quando as pessoas
podiam criar perfis virtuais e comunidades para trocar informações e promover discussões
sobre assuntos diversos.
1990
De acordo com D’Aquino (2012), até o início da década de 1990, houve um grande avanço na
infraestrutura dos recursos de comunicação. Por exemplo, em 1984 surgiu um serviço
chamado Prodigy para desbancar o CompuServe — feito alcançado uma década depois.
2020
O uso das redes sociais cresceu a ponto de alguns estudiosos postularem que o termo
comunidade demonstra peculiaridades nunca antes vistas ou mesmo que tenha mudado de
sentido. Há quem fale da falência das comunidades e do desgaste desse termo, enquanto
outros miram as possibilidades e mesmo os focos de resistência.
A busca pelo senso de comunidade é algo que, obviamente, antecede e muito o advento das
redes sociais.
Como muito bem explica Zygmunt Bauman (2003), atualizando O mal-estar na civilização de
Freud, fazer ou não fazer parte de um grupo é algo que a evolução humana apresenta em toda
a sua trajetória biopolítica e social.
Por Rawpixel.com | Fonte: Shutterstock
ZYGMUNT BAUMAN
Zygmunt Bauman foi um sociólogo polonês de origem judaica nascido em 1925. Ele teve
de se refugiar com sua família na então União Soviética quando os nazistas invadiram a
Polônia em 1939. Após o término da Segunda Guerra, Bauman se formou em Sociologia
pela Universidade de Varsóvia, onde posteriormente passou a lecionar. Em 1971, ele
recebeu uma cátedra em Sociologia na Universidade de Leeds, Inglaterra, ocupando-a
até 1990. Bauman continuou vivendo em Leeds como professor emérito e nesse período
escreveu suas principais obras e manteve influente presença no debate público até sua
morte, em 2017.
Por Fonte: Gil C | Fonte: Shutterstock
As comunidades eram o forte da rede social mais popular dos anos 2000.
Algo que é, muitas vezes, complexo e contraditório, pois, como lembra Bauman, não ter
comunidade significa não ter proteção, ainda que a vida em comunidade dependa do
cerceamento de algumas liberdades.
Estamos em um momento no qual a figura do prosumer que atua nas redes sociais ganha
novos contornos, especialmente quando o tema da vez são as produções jornalísticas.
Fonte: Wikimedia
Prosumers
Isso se dá, entre outros pontos, porque participantes de comunidades virtuais vão atuar nas
redes sociais com um papel informativo em diferentes vetores; segundo Recuero (2009), como
fontes, como filtros ou como espaço de reverberação das informações.
A estrutura das redes sociais permite que ocorram conexões por um ou vários tipos de
relações, além de compartilhamento de valores e de objetivos comuns entre pessoas,
organizações, instituições e mesmo inteligência artificial das mais variadas naturezas.
Como é o caso dos chatbots, programas de computador cada vez mais aperfeiçoados que
emulam conversas, tons e linguagem coloquial com usuários de várias plataformas.
Sob essa lente de análise, Elizabeth Saad ainda mostra que as redes sociais colocam como a
base de sua estrutura, necessariamente, um termo que se tornou a palavra-chave das relações
sociais hodiernas: a visibilidade.
Em outros termos, o “agir” não está reservado unicamente a uma dimensão moral das escolhas
voluntárias. Ao contrário, o agenciamento é também uma forma de demonstração de como se
pode agir de maneira nem sempre consciente ou proposital, ainda mais tratando-se do agir
coletivo nas comunidades virtuais, visto como um reflexo que só é possível pela própria
estrutura participativa das redes sociais.
(COSTA, 2005)
Mas se, dentro ou fora da rede, a elaboração das preferências individuais envolve o coletivo,
como apontado por Saad, a rede traz uma possibilidade − e, em alguns casos, uma demanda
de visibilidade −, além de uma agilidade na interação, que modula diferentemente a relação
indivíduo-coletivo.
Entenda um pouco mais sobre comunidades virtuais, coletivos em rede e redes de movimentos
sociais.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) A captura das atenções nas redes sociais é motivada pelo uso de plataformas sociais e
programas de TV que incentivam a mobilidade participativa, ao permitirem a discussão político-
partidária monológica apenas entre os que compartilham dos mesmos valores.
B) A captura das atenções nas redes sociais é motivada pelo uso de plataformas sociais e
apps que incentivam a mobilidade participativa, personalizada, geolocalizada e oportunizada de
quem possui algum dispositivo analógico sem conexão à rede.
C) A captura das atenções nas redes sociais é motivada pelo uso de plataformas sociais e
veículos de comunicação tradicional que incentivam a volta aos hábitos de consumo
operacionalizados exclusivamente pela mídia imprensa.
D) A captura das atenções nas redes sociais é motivada pelo uso de plataformas sociais e
apps que incentivam a mobilidade participativa, personalizada, geolocalizada e oportunizada de
quem possui algum dispositivo conectado à rede.
GABARITO
2. Segundo Saad (2016), como parte das correlações entre a estrutura e o agenciamento
próprio das lógicas configuradoras de interação e participação nas redes sociais, é
correto afirmar que a “visibilidade” é um tema muito caro aos participantes desses
espaços digitais. O peso e a importância da “visibilidade” nesse contexto se dão
porque:
Na obra Visibilidade e consumo da informação nas redes sociais, de 2016, a autora Elizabeth
Saad aponta que existe um exercício coletivo, entendido quase como uma batalha pela captura
das atenções nos ambientes digitais das redes e comunidades virtuais. Para a autora, estar
visível nas redes digitais parece ser um mantra da contemporaneidade para pessoas, marcas e
toda a expressão comunicativa gerada pelas conexões digitais. (SAAD, 2016)
MÓDULO 2
No jogo de forças citado no módulo anterior, entram em cena os coletivos em rede e as redes
de movimentos sociais que, na esteira das revoluções digitais, têm sido comumente
confundidos. Laços sociais, mas também políticos, ganham novas configurações diante do
atual paradigma informacional e comunicacional.
Coletivos em rede
São formas de agrupamento que ocorrem no locus das redes sociais e das comunidades
virtuais de modo que os sujeitos que dele participam se identifiquem ou se projetem uns nos
outros por meio de interesses compartilhados.
Redes de movimento sociais
As redes de movimentos sociais, por sua vez, são agrupamentos e conexões entre quaisquer
movimentos − como LGBTQI+ ou sem-teto, por exemplo −, sem necessariamente uma ligação
com redes sociais.
Dando o exemplo dos coletivos políticos, Francisco Rolfsen Belda e Laiara Perin (2017) são
categóricos ao afirmar que os canais de comunicação online são os principais meios que
podem, ao menos em tese, gerar uma apropriação dos instrumentos de participação política, o
que envolve um novo elo com a informação, que potencializa instrumentos de debate e a
cidadania.
De acordo com Belda e Perin (2017), entre as características fundamentais dos coletivos de
ativismo político contemporâneos que utilizam os chamados cibermeios como instrumento de
mobilização social estão a participação majoritária e a posição de liderança exercida por
nativos digitais.
Dentro da rede de movimento social, a efemeridade dos nós que conectam um ator social ao
outro é ponto central da discussão de autores como Karine Pereira Goss e Kelly Prudencio.
Elas defendem que o padrão organizacional da ação coletiva atual é uma rede de grupos
compartilhando uma cultura de movimento e uma identidade coletiva.
NATIVOS DIGITAIS
Assim são chamados os indivíduos que nasceram ou cresceram com o uso das
tecnologias digitais em sua vivência de maneira banal, como parte das experiências mais
básicas de socialização humana. Estão, portanto, familiarizados com os modos de
formação de coletivos desse meio.
E ESSAS REDES FAZEM E DESFAZEM SEUS NÓS,
TORNANDO PROBLEMÁTICA A DEFINIÇÃO DE
MOVIMENTOS SOCIAIS COMO SISTEMAS FECHADOS.
(...) O CAMPO DE AÇÃO PERMANECE, MAS NÃO SEUS
ATORES.
Olhando por esse ângulo, os movimentos sociais, mesmo os que tiveram seu início
independentemente dos meios virtuais, não podem mais se omitir perante os debates e as
decisões políticas, sociais, culturais e econômicas que surgem nos fóruns da Web, nas
comunidades virtuais e nas discussões suscitadas, por exemplo, pelos influenciadores digitais.
As redes sociais configuram-se como espaços de participação cuja essência está naquilo que
poderíamos chamar de política do reconhecimento. Nas palavras de Costa (2005), trata-se de
reconhecer no outro – como uma atitude de inclusão e integração – as suas habilidades, as
suas competências, os seus conhecimentos e os seus hábitos de modo a compartilhar todas
essas características pela empatia.
Por FERNANDO MACIAS ROMO | Fonte: Shutterstock
A política do reconhecimento opera de modo a trazer os usuários das redes sociais como
fomentadores do debate político (não necessariamente partidário) na esfera pública
emoldurada pela sociedade da informação. E, segundo Costa (2005), isso por meio da aptidão
de perceber, detectar, localizar numa outra pessoa uma característica que não havia sido
percebida antes.
RESUMINDO
Segundo Costa (2005), quanto mais um indivíduo interage com outros, mais ele está apto a
reconhecer comportamentos, intenções e valores que compõem seu meio. Inversamente,
quanto menos alguém interage (ou interage apenas num meio restrito), menos tenderá a
desenvolver plenamente esta habilidade fundamental que é a percepção do outro. Mas
reconhecer é também, e ao mesmo tempo, dar valor a alguém, aceitá-lo em seu meio, integrá-
lo como colega ou parceiro.
A CULTURA DA CONVERGÊNCIA
De acordo com Werthein (2000), o ponto central aqui é que trajetórias de desenvolvimento
tecnológico, em diversas áreas do saber, tornam-se interligadas e transformam-se as
categorias segundo as quais pensamos todos os processos.
REDES, SOCIABILIDADE DIGITAL E
TRANSPOLÍTICA
As redes sociais são afeitas aos processos de socialização. Os laços construídos por meio das
redes possibilitam uma sociabilidade que, nas palavras de Santos e Cypriano (2014), atua na
prática dos compromissos com rosto.
Ainda que de forma diferente das interações face a face, o cultivo dos laços sociais é
estimulado pelo reconhecimento de si e do outro (como mostra o exemplo das fotos nos perfis,
os avatares) como copartícipes de um espaço operado pela mesma lógica. Os autores partem
da premissa do cuidado necessário à criação e manutenção de conexões, o que sempre exige
atenção, disposição, sutileza etc.
Pode-se dizer que as sociabilidades digitais transbordam para as relações do dia a dia. No
exemplo do Facebook, como afirmam Santos e Cypriano (2014), é possível ver que quando se
compartilha informações em que todos se reconhecem, os comentários reforçam os traços
comuns e, no mais das vezes, são efusivos. Ou, como sinaliza Braga (2011), ao pensar sobre a
vinculação das redes sociais com as dinâmicas de sociabilidade e de relação entre pares:
nesses ambientes, é conveniente manter relações amistosas, cordiais, mesmo com estranhos.
Falar de modo formal e frio pode ser entendido como arrogância e grosseria, então as relações
nessas redes são “pessoalizadas”, mesmo que superficialmente.
Por View Apart | Fonte: Shutterstock
Um dos maiores estudiosos do tema, Eugenio Trivinho (2006) explica que o conceito de
transpolítica traz uma demarcação social-histórica, tecnocultural e operacional específica:
vincula-se exclusivamente ao modus operandi dromocrático da cibercultura, que ele defende
como cultura definidora da nossa época, e ainda define como civilização midiática avançada.
DROMOCRÁTICO
Dessa maneira, não é surpresa que as pessoas participem muito mais ativamente de
discussões acaloradas na Web e em coletivos em rede do que propriamente se organizem por
meio de redes de movimentos sociais reais e atuantes dentro e fora de cliques, postagens,
curtidas e compartilhamentos.
Para Dutra e Oliveira Junior (2018), por exemplo, tanto a ciberdemocracia quanto a ágora
digital são permeadas por participações de sujeitos que vislumbram a transformação política da
sociedade, dos governos e dos representantes eleitos.
Fonte: flickr
Manifestação no Egito durante a Primavera Árabe (2011), ilustrando o que se entende pelos
usos sociopolíticos voltados à transformação de governos e nações inteiras.
Uma definição didática e clara sobre o que é ciberdemocracia é trazida pelo intelectual
espanhol Carballido (2008):
Baseando-se em Pierre Lévy (1999, 2004) e em seus estudos sobre o ciberespaço, Dutra e
Oliveira (2018) acreditam que os indivíduos que transitam pelas redes sociais começam a se
expressar pelos meios de comunicação digital como forma de reavivamento ou mesmo
ressemantização das antigas ágoras gregas (praças públicas), nas quais os cidadãos
realizavam discussões públicas, debates, arguições e assembleias para decidir os rumos da
democracia. Para os autores, a analogia ao conceito da ágora digital seria a interação entre os
cidadãos em tempo real por meio de ferramentas digitais.
Alguns teóricos avaliam que um dos aspectos fundamentais de solidificação das comunidades
em redes (e, por conseguinte, nas ágoras digitais) reside no sentimento de confiança mútua
entre os indivíduos. Algo que também se vincula ao espaço da ciberdemocracia. Para Costa
(2005), por exemplo, essa confiança e sua construção estão diretamente relacionadas à
capacidade que cada um teria de entrar em relação com o outro, percebendo-o e o incluindo
em seu universo de referência.
Dader (2001) afirma que, por mais otimista que seja essa visão de participação da sociedade
em espaços digitais e potencialmente transformadores, vale ressaltar que estamos falando de
uma ciberdemocracia possível, que sai de visões idealistas ou utópicas para uma realidade
palpável e excetuável.
Por Sergey Nivens | Fonte: Shutterstock
VERIFICANDO O APRENDIZADO
B) Para todos os autores, a ciberdemocracia é a saída mais bem aprimorada para todos os
problemas sociais, já que não existe exclusão digital nesse cenário e, por extensão, as ágoras
digitais permitem que todas as vozes (de maneira idêntica) sejam ouvidas.
A) No espaço das sociabilidades digitais, é possível observar que os laços sociais não
pressupõem o reconhecimento do outro enquanto sujeito coparticipante de um mesmo espaço
digital, o que é provado pelo grau de agressividade em determinadas interações.
B) No espaço das sociabilidades digitais, de maneira idêntica ao que se passa nas interações
analógicas, observa-se que o cultivo dos laços sociais é estimulado apenas pelos nativos
digitais, isto é, pessoas já nascidas e criadas no ambiente digital.
C) No espaço das sociabilidades digitais, vê-se que as interações são construídas sempre de
modo extremamente superficial e efêmero entre os sujeitos (algo muito similar ao que ocorre
com as interações vivenciadas em ambientes fora da rede).
D) No espaço das sociabilidades digitais, mesmo que de maneira um pouco diferente das
interações que ocorrem fora dos meios digitais, o cultivo dos laços sociais é estimulado pelo
reconhecimento de si e do outro enquanto coparticipantes de um mesmo espaço.
GABARITO
O debate proposto pelos pesquisadores Braga (2011) e Santos e Cypriano (2014) toca no tema
das sociabilidades digitais (ou em rede) de maneira profunda para entender como as
interações e participações dos usuários de redes sociais se dão enquanto fenômeno
sociocultural. Para os autores, as redes sociais são afeitas aos processos de socialização e
isso pressupõe que o reconhecimento de si mesmo e dos outros sujeitos que participam de um
mesmo ambiente virtual (como é o caso das redes e comunidades) é o ponto basilar para o
cultivo dos laços.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As novas formas de participação e interação propiciadas pela cultura da convergência são
auxiliadas pelos processos de migração digital e evidenciadas pelas sociabilidades
desenvolvidas nas redes sociais e nas comunidades virtuais. De acordo com Werthein (2000),
nesse novo paradigma, a lógica de redes e as tecnologias digitais permitem modelar resultados
imprevisíveis da criatividade que emanam da interação complexa, desafio quase intransponível
no padrão tecnológico anterior.
Quando o assunto é o espaço de participação política, faz-se necessário refletir sobre como as
configurações das redes sociais permitem o surgimento da “ágora digital” na sociedade da
informação. É relevante observar como muitos autores pontuam que esse debate não é
monológico ou que não se chega a ele com uma única resposta, correta e inconteste ao final
da discussão. Ao contrário, as relações criadas nas redes sociais e nas comunidades virtuais,
como um todo, são complexas justamente porque estão instauradas em novas formas de
participação e interação. Formas que são frutos diretos do paradigma comunicacional baseado
e promovido pela cultura da convergência.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
BAUMAN, Z. Comunidade: a busca por segurança no mundo atual. Rio de Janeiro: Zahar,
2003.
D’AQUINO, F. A história das redes sociais: como tudo começou. In: Tecmundo, 2012.
DUTRA, D. C.; OLIVEIRA JUNIOR, E. F. Ciberdemocracia: a internet como ágora digital. In:
Revista Direitos Humanos e Democracia, v. 6, n. 11, jan./jun. 2018.
LÉVY, P. Ciberdemocracia: ensayo sobre filosofia política. Barcelona: Editorial UOC, 2004.
EXPLORE+
Para saber mais sobre a cultura da convergência e os seus vínculos específicos com o
campo do jornalismo, visite o site do Grupo de Pesquisa Convergência e Jornalismo,
da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).
Para analisar a relevância das redes sociais na construção de gosto, mobilidade e
comunidades virtuais, assista ao documentário Fyre Festival. A história, baseada em
fatos, apresenta a organização e a divulgação de um grande evento musical no Caribe
através das redes sociais. Mesmo contando com o apoio de celebridades e
influenciadores digitais, o evento foi um fiasco.
CONTEUDISTA
Anderson Lopes da Silva
CURRÍCULO LATTES