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Módulo 1 - A Cultura Digital e suas possibilidades para

a Educação Criativa

Capítulo 1
Conceituando Cultura Digital e identificando suas
possibilidades para uma Educação Criativa

Iniciaremos nossa jornada de estudos conceituando a Cultura Digital compreendendo


como ela é marcada pelas múltiplas oportunidades de aprendizagem que podem ser
potencializadas pela Educação Criativa.

A Cultura Digital, ou cibercultura, começa a ser difundida a partir do avanço das


Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDICs), principalmente com a
ampliação do acesso à internet, computadores pessoais e dispositivos móveis, gerando
transformações nas relações humanas e na sociedade. O ciberespaço, este novo
ambiente midiático característico da Cultura Digital, não se refere apenas aos dispositivos
tecnológicos, mas especialmente à maneira como nos articulamos e interagimos com eles
em nosso cotidiano para a produção de sentidos.

A vida conectada em rede e com o fluxo da informação sendo alterado exponencialmente


representam uma mudança histórica. As mídias sempre impactaram a forma como as
sociedades e culturas se desenvolveram em seus tempos, desde a quirografia
(manuscrito), tipografia (impressa) e, recentemente, as eletrônicas e digitais, sendo possível
analisarmos o ambiente midiático e social com base em alguns fatores:
a disseminação da informação à distância e sua velocidade;

a preservação e o acúmulo do conhecimento ao longo do tempo;

as formas de produção, controle e acesso sobre a informação e comunicação;

o fluxo da comunicação e seus processos de interação;

os sentidos envolvidos (visão, audição, tato);

os tipos de formas simbólicas empregadas (palavras, imagens, sons).

“A introdução da escrita, da imprensa, do telégrafo, do rádio, do automóvel, da televisão


ou da internet nos afeta de modos mais profundos do que meramente a nossa
capacidade de enviar mensagens. Afeta, também, os modos como entendemos o
mundo, e o próprio significado que palavras como 'distância', 'velocidade', 'cidadania',
'direito', 'democracia', 'poder', 'informação' e 'sociedade' passam a ter."

(Strate, Lance – Introdução à ecologia das mídias, Ed. PUC-Rio, Rio de Janeiro, 2019, p. 16.)

Nessa perspectiva, trazemos a célebre afirmação de


Marshall McLuhan que, ao dizer que “o meio é a
mensagem”, nos convida a refletir sobre como as
evoluções tecnológicas na comunicação têm maior
significado e impacto na cultura não especificamente
pelo seu conteúdo, mas principalmente pela
transformação provocada no modo como vivemos e nos
relacionamos socialmente. O meio altera nosso
comportamento coletivo, a maneira como nos
organizamos e construímos conhecimento.

Especialmente a partir da popularização das tecnologias digitais, ressignificamos o fluxo de


construção de conhecimento, diversificando modos de produção e acesso da informação,
abrindo novas possibilidades de protagonismos e, com isso, fazendo emergir uma série de
novos desafios para a sociedade.

As relações tornam-se multidirecionais, descentralizadas, colaborativas, abundantes,


remixadas e impactadas pela alta velocidade das atualizações. A cultura digital possibilitou
nossa transformação em produtores capazes de criar e disseminar textos, imagens e
vídeos tão facilmente quanto recebê-los.
A sociedade do conhecimento pressupõe nas pessoas a capacidade de, diante da
informação, desenvolver uma competência reflexiva. E para que saibamos nos relacionar
de forma crítica, consciente e ética com esse universo digital e midiático é fundamental
trabalharmos multiletramentos.

Multiletramentos referem-se a uma capacidade de leitura


e produção que vai além da compreensão e produção de
textos, pois incorporam a leitura e (re)produção de
imagens e fotos, diagramas, gráficos e infográficos,
vídeos, áudios etc.

Já a sociedade da aprendizagem abarca o processo contínuo de formação ao longo da


vida. Nela a produção de conhecimento depende da capacidade dos membros de uma
sociedade de se adaptarem às mudanças e seguirem aprendendo de forma autônoma e
coletiva (HARGREAVES, 2003 apud COUTINHO e LISBÔA, 2011).

Vivemos num mundo em que tudo está sempre mudando, se atualizando. Por exemplo,
nós aprendemos na escola a usar régua e compasso, mas quantas vezes fizemos isso nos
últimos anos em relação à quantidade de vezes que pesquisamos alguma coisa na
Internet? Uma vez que as tecnologias estão permanentemente em mudança, a
aprendizagem ao longo da vida é consequência natural do momento social e tecnológico
que vivemos.

No campo da Educação, é importante destacar que o ciberespaço rompeu a ideia de


tempo e espaço próprios para a aprendizagem.

Este novo fluxo de transmissão de informação e construção de conhecimento, em um


sistema colaborativo, hiperconectado e descentralizado, transformou os processos de
aprendizagem, criando ambientes educacionais mais criativos, lúdicos e relevantes.

A Cultura Digital é notadamente marcada pelas múltiplas oportunidades de aprendizagem


e que podem ser potencializadas pela Educação Criativa, viabilizada pela interatividade e
personalização das TDICs.

Elas aproximam o aprendizado de competências e habilidades conectadas aos desafios do


mundo real, centrando no estudante o processo de construção do conhecimento.
Capítulo 2
Cultura Digital e a BNCC - A Cultura Digital nas
diferentes áreas do conhecimento

Agora que você já conhece um pouco mais do conceito de Cultura Digital, que tal
reconhecer como essa concepção está presente na Base Nacional Comum Curricular
(BNCC)?

Desde a invenção do quadro negro, passando pela chegada do projetor de transparências,


da fotocopiadora, do videocassete, o foco da tecnologia em sala de aula vinha sendo a
apresentação da informação. No século XXI, em razão da disseminação de computadores
e de programas interativos, o desafio é outro: como acessar a informação e como
construir uma relação crítica e consciente com este gigantesco universo digital.

O ambiente digital traz novas possibilidades para o desenvolvimento de protagonismo e


autonomia dos estudantes e, para tanto, é fundamental que docentes atuem na facilitação
deste processo.

A BNCC (Base Nacional Comum Curricular) reconhece o


papel fundamental das tecnologias e estabelece que
estudantes devem dominar o universo digital, sendo
capazes, portanto, de fazer o uso qualificado e ético das
diversas ferramentas existentes, constituir o pensamento
computacional e compreender os impactos das
tecnologias na vida das pessoas e na sociedade.

As competências gerais foram definidas a partir de direitos assegurados pelas Diretrizes


Curriculares Nacionais (DCNs) e de conhecimentos e habilidades essenciais para o mundo
conectado em que vivemos, explicitando “o compromisso da educação brasileira com a
formação humana integral e a construção de uma sociedade justa, democrática e
inclusiva”.

A publicação Dimensões e Desenvolvimento das Competências Gerais da BNCC,


elaborada por membros do Grupo de Desenvolvimento Integral do Movimento pela Base e
especialistas do Center for Curriculum Redesign, detalha as dimensões que compõem
cada uma das dez competências gerais da BNCC e sua progressão ao longo das etapas
da Educação Básica. O projeto gráfico foi elaborado pela equipe do portal Porvir. Para
acessá-lo, clique aqui.
Fonte: Adaptado de OSMUNDO, L. (2018).

A cultura digital é tematizada nas diferentes áreas, nos


seus componentes curriculares e nas competências
gerais. A quinta competência geral, por exemplo, prevê:
"Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de
informação e comunicação de forma crítica, significativa,
reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as
escolares) para se comunicar, acessar e disseminar
informações, produzir conhecimentos, resolver
problemas e exercer protagonismo e autoria na vida
pessoal e coletiva" (BRASIL, 2018, p. 09).

As Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDICs) se tornam cada vez mais


relevantes nas interações sociais. No contexto da pandemia, com o ensino remoto e
híbrido, a necessidade de conhecer e interagir com o universo digital foi evidenciada. Por
isso, é muito importante fortalecer o uso crítico e consciente das mídias como estratégia
para transformar informação em conhecimento.
Explorar a cultura digital no processo de aprendizagem estimula o desenvolvimento do
trabalho de curadoria como prática pedagógica, tanto para os educadores quanto para os
estudantes, sendo possível entender os mecanismos de funcionamento, modos de
produção e circulação no ciberespaço.

Permite ainda que ambos exerçam novos protagonismos e construam um ambiente


saudável, diverso e inclusivo - este trabalho pode ser realizado de forma transversal a
todos os componentes curriculares.

Fonte: Adaptado de OSMUNDO, L. (2018).

Para inspirar
Ao final deste e dos próximos módulos, colocaremos a mão na massa para conectar
cultura digital e educação criativa. Enquanto isso, propomos um aquecimento!

Disponibilizamos a você os Guias de Práticas Pedagógicas Inovadoras e-Nave 1 e e-Nave 2 ,


que reúnem mais de 80 experiências elaboradas na Escola Técnica Estadual Cícero Dias,
em Recife, e no Colégio Estadual José Leite Lopes, no Rio de Janeiro, integrando
criatividade e resolução de problemas. São práticas de todas as áreas do conhecimento,
que podem ser adaptadas à realidade da sua escola, mesmo com poucos recursos
digitais.

Que tal selecionar uma das experiências e convidar colegas para pensarem em uma
proposta interdisciplinar?
Não se preocupe se não der tempo agora: acesse e curta a leitura dentro das suas
possibilidades.
Capítulo 3
Estudantes e a Cultura Digital

Nós já tratamos do conceito de Cultura Digital e entendemos como ela está presente na
BNCC, não é mesmo?!

Agora, como esses temas se apresentam no cotidiano escolar dos estudantes?

Vamos conhecer um pouco mais a experiência no podcast "Estudantes e Cultura Digital".


do estudante Vinicius Rodrigo, egresso da Escola Técnica Cícero Dias - NAVE Recife, em
Pernambuco.

Para escutar o podcast, clique aqui .

No vídeo a seguir, a UNICEF Brasil (Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas
para a Infância) apresenta a experiência de estudantes e professores no projeto Trilhas
Digitais - Espaços de Aprendizagem.

Para assistir, clique aqui .


Referências

5. Cultura digital - A BNCC nos currículos. [S. I.], 2018. 1 vídeo (1 min.). Publicado pelo canal
Movimento pela Base. Disponível em: <https://youtu.be/appNaWPyb6o?
list=PLt15ALf7TnLAPQQAhy1d3LKzDinMPiXzp>. Acesso em: 14 jun. 2022.

Atividade 4 - Estudantes e Cultura Digital. Entrevistado: Vinnícius Rodrigo. [S. I.], MídiaLab,
abr. 2021. Navecast. Disponível em:
<https://open.spotify.com/episode/1JC2kVlE1HzStZ24u0Bmdr?si=bsxOYm6nQLCx-
xqOLSv8Dg>. Acesso em: 14 jun. 2022.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.

COUTINHO, C.; LISBÔA, E. Sociedade da informação, do conhecimento e da aprendizagem:


desafios para a Educação no século XXI. Revista de Educação, v. XVIII, nº 1, 2011. Disponível
em:
<https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/14854/1/Revista_Educa%C3%A7%C3
%A3o%2CVolXVIII%2Cn%C2%BA1_5-22.pdf>. Acesso em: 09 junho 2022.

CRIANDO Roteiros para Podcasts - Tutoriais Mídia_LAB. [S. I.], 2020. 1 vídeo (7 min.).
Publicado pelo canal NAVE- Núcleo Avancçado em Educação. Disponível em:
<https://youtu.be/aSAsp3_CBmc?list=PLt15ALf7TnLAPQQAhy1d3LKzDinMPiXzp>. Acesso
em: 14 jun. 2022.

DIMENSÕES e Desenvolvimento das Competências Gerais da BNCC. Movimento pela


Base. [s. l.], 2018 Disponível em: <https://movimentopelabase.org.br/wp-
content/uploads/2018/03/BNCC_Competencias_Progressao.pdf>. Acesso em: 14 jun. 2022.

EDUCAÇÃO para o Futuro | Atila Iamarino | TEDxUSP. [S. I.], 2017. 1 vídeo (18 min.). Publicado
pelo canal TEDx Talks. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?
v=B_x8EccxJjU&list=PLt15ALf7TnLCGRtW2h__oSbh65bYslgq1>. Acesso em: 14 jun. 2022.

EVOLUÇÃO das Tecnologias na educação. [S. I.], 2016. 1 vídeo (4 min.). Publicado pelo canal
Projeto Dias. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?
list=PLt15ALf7TnLCGRtW2h__oSbh65bYslgq1&v=tcLLTsP3wlo&feature=youtu.be>. Acesso
em: 14 jun. 2022.

FILATRO, Andrea. Como preparar conteúdos para EAD. 1 ed. São Paulo: Saraiva Educação,
2018.
HARGREAVES, 2003 apud COUTINHO, C e LISBÔA, E. Sociedade da informação, do
conhecimento e da aprendizagem: desafios para a Educação no século XXI. Revista de
Educação, v. XVIII, nº 1, 2011. Disponível em:
<https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/14854/1/Revista_Educa%C3%A7%C3
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09 junho 2022.

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<https://www.cieb.net.br/wp-content/uploads/2018/10/BNCC-e-cultura-digital.pdf>. Acesso
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Transformação Digital nas Escolas | Mindset Digital. Locução de: Carla Arena e Samara
Brito. [S. I.], Amplifica, 21 fev. 2019. Amplicast. Disponível em:
<https://anchor.fm/amplicast/episodes/01-Transformao-Digital-nas-Escolas--Mindset-
Digital-eargqm>. Acesso em: 14 jun. 2022.

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