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[REVISTA IGAPÓ - IFAM] ISSN 1982 - 5498

Ciberespaço e suas contradições: a questão do


analfabetismo digital

Mayara de Sousa Guimarães Fonseca1


TERRA

RESUMO
DA

O ciberespaço, considerado por muitos como a “rede das redes” é, atualmente, um mecanismo de
inclusão digital de alguns e exclusão de outros. A gama de informações diariamente lançadas na rede,
a velocidade em que caducam e a necessidade de atualização constante dos usuários, traz à tona
a problemática do analfabetismo digital, não distinto do analfabetismo funcional, já que remodela
E

a sociedade contemporânea. Este artigo se propõe avaliar os impactos sociais que a Internet tem
causado na população. De um lado, jovens sedentos por novas e mais informações, de outro, idosos
EXATAS

que não “alfabetizados” digitalmente ficam à margem da nova sociedade, a sociedade dos bits.

Palavras-chave: Ciberespaço. Analfabetismo digital. Inclusão. Exclusão.


CIÊNCIAS

1
Mestre em Ciências da Comunicação pela Universidade Federal do Amazonas – UFAM e Relações Públicas do Instituto
Federal de Roraima.
16 Volume 5 - Nº 1 (Jun. 2011) |
ISSN 1982 - 5498 [REVISTA IGAPÓ - IFAM]

CIBERESPAÇO E SUAS CONTRADIÇÕES: A QUESTÃO DO ANALFABETISMO


DIGITAL

Mayara de Sousa Guimarães Fonseca

ABSTRACT

Cyberspace, considered by many as the “network of networks” is currently a mechanism for including
some and excluding others. The range of information released daily on the network, the speed at
which expire and the need for constant updating of the users, raises the problem of the digital
illiteracy, not distinct from functional illiteracy, as it reshapes the contemporary society. This article
aims to evaluate the social impact that the Internet has had on the population. On one side, young
people hungry for new and more information, on the other side, the elderly who aren´t “literate”
digitally are at the mercy of the new society, the bits society.

Keywords: Cyberspace. Digital illiteracy. Including. Excluding.

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INTRODUÇÃO

Não foi com o advento da internet que o mundo passou a se conectar em rede, a internet
veio a “enxugar” e “agrupar” todos os artifícios anteriormente utilizados em um só espaço manipulado
através de um computador. A Internet, conhecida mundialmente como a “rede das redes”, virtualiza
todos os processos anteriormente existentes.

Pode-se citar como exemplo, um telefonema interurbano, antes de valor alto, hoje pode
ter o mesmo efeito através do programa skype ou através do MSN Messenger. As correspondências
antes enviadas pelos correios, hoje, podem ser enviadas de forma digital, quase que de forma
instantânea através dos e-mails e as fotos podem ser expostas em fotologs, da mesma forma que os
diários em blogs.

Em nível comunicativo, a passagem das tecnologias analógicas para aquelas digitais


comporta a alteração do processo de repasse das informações, alterando a direção dos
fluxos comunicativos e, sobretudo, a posição e a identidade dos sujeitos interagentes
[...] a comunicação digital apresenta-se como um processo comunicativo em rede e
interativo. Neste, a distinção entre emissor e receptor é substituída pela interação de fluxos
informativos entre o internauta e as redes, resultante de uma navegação única e individual
que cria um rizomático processo comunicativo entre arquiteturas informativas (site, blog,
comunidades virtuais etc.), conteúdos e pessoas, (FELICE, 2008 p. 44).

Porém a rapidez das mudanças que ocorrem no ciberespaço – espaço mediado pelo
computador – torna imprudente a realização de prognósticos, e de certa forma, o que está em voga
hoje na rede, em poucos dias já se tornará obsoleto.

Por consequência, não são todos que conseguem acompanhar essas sucessivas e incessantes
mudanças, já que existem aqueles que não possuem acesso ao manuseio correto das ferramentas
da Internet. Atualmente, muito pouco se garante que seu propósito democrático fundamental de
estar disponível e acessível a todos seja cumprido.

Seja em virtude de fatores econômicos e/ou tecnológicos, as dificuldades de acesso à


Internet geram uma nova categoria de excluídos sociais: os excluídos digitais. Tal cenário, conforme
explica (GATTI, 2005) é o chamado analfabetismo digital que inclui todos àqueles que não têm acesso
cotidiano aos computadores mas, em especial, as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs).

Em contrapartida, existe um outro grupo, seleto, porém não restrito, composto em sua
maioria por jovens e os chamados economicamente ativos, ansiosos por uma grande quantidade
de novas informações e das mais diversas modalidades. Este grupo acompanha as mudanças que
ocorrem na rede.

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“As tecnologias da globalização pós-industrial mudam o sentido da nova migração. O


mundo não se divide entre ricos e pobres, mas entre os informados e aqueles que ficaram fora da
era das conexões. Neste exato momento, alguns bilhões de pobres vivem na era do apagão digital
– são os desconectados do mundo.” (VILCHES, 2003 p. 32). Neste artigo, propusemos uma análise
comparativa entre esses dois hemisférios, incluídos e excluídos digitalmente, a fim de identificar
características e peculiaridades de cada grupo.

1. INTERCONEXÕES ENTRE A VIRTUALIDADE E A VIDA REAL

Toda a interface gráfica do computador é baseada no mundo real. A área de trabalho é


a escrivaninha, grande companheira do estudante, lugar onde encontramos os ícones, que por
analogia, são seus livros e cadernos. Além disso, encontramos na área de trabalho do computador,
arquivos divididos em pastas, assim como acontecem com os fichários, conforme assegura o autor
Steven Johnson, em sua obra “Cultura da Interface: como o computador transforma nossa maneira
de criar e comunicar”, publicada em 2001.

Na internet, não poderia ser diferente. Os blogs passaram a ocupar o lugar do antigo
diário íntimo – outrora de uso exclusivo e pessoal, para milhares de pessoas que optam por tornar
públicos muitos aspectos de suas vidas, suas experiências, memórias e opiniões. “Essa passagem do
antigo diário de um “eu” reservado e misterioso às confissões públicas do diário virtual de hoje foi
empreendida por homens e mulheres de diferentes idades que, deixando de lado escrúpulos e quiçá,
falsos moralismos, revelam a vontade de ter uma “plateia” para “ver”, “ouvir”, “aplaudir”, concordar e
discordar de suas ideias, opiniões, atitudes, experiências e julgamentos.” (Chagas, 2006, p. 04)

O que antes era sigiloso, secreto e de uso pessoal, no mundo virtual tais paradigmas foram
quebrados. Quanto mais exposto à opinião pública, melhor para o autor. Ainda temos o Orkut,
Sonico, Badoo, denominados de redes sociais, são os antigos cadernos de perguntas e o fotolog
mural de fotos.

2. A GEOGRAFIA DIGITAL REDEFINE A GEOGRAFIA CARTOGRÁFICA

Fronteiras e barreiras físicas foram quebradas com a Internet, Castells (2003, p.170) propõe
outras vertentes para a geografia.

A Era da Internet foi aclamada como o fim da geografia. De fato, a Internet tem geografia
própria, uma geografia feita de redes e nós que processam fluxos e informações gerados
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e administrados a partir de lugares. Como a unidade é a rede, a arquitetura, a dinâmica


de múltiplas redes são as fontes de significado e função para cada lugar. O espaço de
fluxos resultante é uma nova forma de espaço, característico da Era da Informação, mas
não é desprovida de lugar: conecta lugares por redes de computadores telecomunicadas e
sistemas de transporte computadorizados.

Uma mudança acarretada com o advento da Internet é a nova noção de tempo e espaço.
Passado, presente e futuro andam tão juntos, que parecem que planificaram na atualidade, nos
dando a noção de controle. O futuro, de certa forma ainda incerto, ficou mais previsível, devido a
diversidade de técnicas e metodologias, científicas ou não, que revelam expectativas e perspectivas
futuras.

No que tange o “espaço”, com o avanço dos meios de transporte e telecomunicações, em


especial a Internet, pode-se utilizar a mesma imagem da planificação: um globo não mais redondo,
mas plano, como nos mapas cartográficos. Isso significa que qualquer parte do planeta pode ser
visitada e conhecida, sem grandes esforços ou deslocamentos. As viagens duram menos tempo,
qualquer local pode ser visualizado na tela do computador por meio de um software (Google Earth),
o mundo virtual disponibiliza uma gama de textos e imagens sobre tudo. Ou seja, é possível ter o
mundo todo na palma da mão.

Em outras palavras, como a noção que se tem do passado e dos espaços é construída,
em essência, por comunicações mediadas tecnicamente. Não são mais as tradições orais que se
encarregam de transmitir os conhecimentos e as experiências de geração para geração, mas sim,
cada vez mais, o vasto arquivo de informações gerado e difundido pela mídia, assim como, o que se
sabe sobre os acontecimentos do globo é de origem midiática.

Vale ainda ressaltar, o papel desempenado pelas redes sociais, relações entre os indivíduos
na comunicação mediada por computador que atenuam a noção da não existência das fronteiras e
barreiras físicas. Funcionam através da interação social, buscando conectar pessoas e proporcionar
sua comunicação. As interações sociais que ocorrem na Internet através dos blogs, fotologs, Orkut,
constituem, de fato, laços estreitos entre os envolvidos. Constituem agrupamentos, por meio de
programas específicos que permitem a gravação de perfis, com dados e informações de caráter geral
e específico, das mais diversas formas e tipos (textos, imagens, fotos, vídeos, etc.), os quais podem
ser acessados e visualizados por outras pessoas. Há também a formação de grupos por afinidade,
com ou sem autorização, e de espaços específicos para discussões, debates e apresentação de temas
variados (comunidades, com seus fóruns).

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3. SURGE UMA NOVA MODALIDADE DE ANALFABETISMO

Analfabetismo digital é uma nova vertente do analfabetismo, não possui diferença


substancial do analfabetismo funcional. Esta expressão significa que contingentes populacionais
apesar de conseguirem pronunciar uma série de palavras em função da atividade e leitura, não
conseguem compreender as ideias que as mesmas significam, sem condições de decodificar
mensagens e produzir sentidos.

O analfabetismo digital compreende aquelas pessoas que manuseiam o computador, mas


não sabem utilizar as ferramentas de forma correta. Assim explicita (Gatti, 2005) apud Dimenstein
(2000, p.8):

Somos a rigor, uma nação de pessoas que não têm intimidade com o mundo escrito. Nem
precisamos ir para as camadas mais pobres: os hábitos de leitura dos universitários são
desprezíveis. [...] Quem já está a margem vai ficar mais fora ainda, vítima do apartheid
tecnológico; a rede aparece, aqui em formato de muro. [...] Cada vez mais quem tem acesso
à Internet vai sair na frente na busca pelo emprego, graças às facilidades para encontrar
uma vaga.

O “apartheid” caracterizou-se como uma política de segregação racial desenvolvida na África


do Sul, e que em 1948, tornou-se oficial. Elaborado por colonizadores europeus que acreditavam ser
escolhidos por Deus, propunham a hipótese de criar uma sociedade perfeita. Desta forma, passaram
a colocar em prática a separação entre brancos e negros, separação esta que durou até a década de
noventa.

Fazendo analogia a vida virtual, entendemos que essa segregação, não mais racial e sim, social,
tornou-se evidente no mundo digital. Não sendo algo imposto por distinção de povos por meio de
raça, cor e cultura o que anteriormente acontecia, e sim, resultado de um fenômeno de separação
social acarretado pela Internet.

Quanto à educação na Era Digital, um grande problema que ainda persiste na atualidade é
a metodologia que permanece sendo a mesma aplicada nas salas de aula convencionais. Ainda há a
necessidade da figura do professor em sala de aula, por mais que os alunos tenham a internet como
aliada. No entanto, é necessário que os professores e pedagogos tenham uma formação cada vez
mais qualificada para acompanharem o ritmo do alunado.

Neste artigo, abordaremos o analfabetismo digital enfocando a pessoa idosa. A pretensão


não é generalizar, pois existem pessoas com mais de 60 anos que sabem manusear e utilizar de
maneira eficaz as ferramentas da Internet, fazendo delas uma aliada no seu dia-a-dia.

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4. IDOSOS: PARCELA DE UMA POPULAÇÃO EXCLUÍDA DIGITALMENTE

A palavra“idoso”categoriza pessoas que tem idade acima de 60 anos. No Brasil, estes cidadãos
possuem uma série de privilégios devido aos diversos declínios de ordem fisiológica, cognitiva e
emocional que acometem o indivíduo idoso. Estes declínios limitam os idosos a acompanharem os
progressos tecnológicos, associado à sua indiferença ao uso dos computadores.

O distanciamento entre os idosos e os recursos digitais está atrelado ao fato destes terem
surgido após a fase economicamente social. Na fase adulta, outros eram os recursos utilizados para
o desempenho de suas tarefas. A maioria dos idosos, já se encontram aposentados dos trabalhos
laborais, o que vem a aumentar ainda mais este distanciamento.

Existem ainda as características físicas que acentuam o limite dos idosos, dentre elas:
enfraquecimento e disfunção motora, alterações na visão e audição, falta de memória e outras
funções cognitivas. Na fase idosa, há uma grande tendência de as pressões e as perdas sociais se
acumularem, sendo comum nas sociedades contemporâneas, restringirem novas oportunidades de
trabalho para o idoso.

Em contrapartida, estudos apontam que o envelhecimento é também uma fase de


desenvolvimento como as anteriores, na qual os idosos tomam decisões, realizam atividades
mesmo sendo em menor intensidade, interagem com outros, estudam, trabalham, e têm, acima de
tudo, motivação para aprender. Sendo assim, há uma parcela que possui a internet como uma nova
fonte do saber, mesmo que distante de seu manuseio. Portanto, faz-se necessário que haja políticas
públicas para viabilizar o ingresso dos idosos como um todo no mundo digital.

Aos poucos, esse quadro tende a mudar. Hoje, já existem idosos utilizando o computador
e internet para se comunicar, fazer compras, trabalhar. Pesquisas desenvolvidas por renomadas
universidades brasileiras a exemplo da UNIFESP (2006, 2007), no âmbito do projeto UATI (Universidade
Aberta à Terceira Idade), apontam que idosos não são indiferentes ao uso das modernas TIC,
gostariam de saber utilizá-las e que as utilizam quando recebem as devidas instruções.

5. “PDA: POPULAÇÃO DIGITALMENTE ATIVA”

A busca incessante por informações, a grande quantidade de fontes oferecidas no espaço


virtual, a comodidade, a agilidade e rapidez são as principais características do mundo moderno
alicerçado na Internet. Tais fatores configuram o mundo atual em que muitos jovens e os chamados
economicamente ativos são os principais protagonistas.

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Na era da comunicação global, nasce uma nova raça de transeuntes da comunicação.


Não se trata nem do espectador passivo dos meios tradicionais, nem do usuário do dos
meios interativos. Trata-se de emigrantes da rede, em parte viajantes do ciberespaço, mas
também um novo contingente de habitantes da rede. São jovens que passam 24 horas
à frente do computador ou do console de um videojogo, e que se acham perfeitamente
preparados para emigrar para as redes de inter-relação, (VILCHES, 2003 p.37).

A alta competitividade no mercado de trabalho, a qualificação profissional cada vez mais


exigida, não admite mais um profissional que tenha habilidades limitadas à sua área de formação. A
disponibilidade de informações na rede, o profissional que se limite apenas as tarefas que lhe foram
atribuídas, não tem mais espaço na sua área de formação.

Faz-se necessário estar bem preparado e, para tanto, tem que ser sempre bem informado
dos acontecimentos, ou seja, o indivíduo tem que acompanhar o que acontece na sociedade em que
vive e buscar sempre manter-se atualizado com as informações. Tudo isso ele consegue encontrar
em um só espaço: Internet.

Entre outras consequências, uma economia eletrônica requer o desenvolvimento de um


aprendizado eletrônico como companheiro na vida profissional. As características mais
importantes desse processo de aprendizado são, em primeiro lugar, aprender a aprender,
já que a informação mais específica tende a ficar obsoleta em poucos anos, pois operamos
numa economia que muda com a velocidade da Internet; em segundo lugar, a capacidade
de transformar a informação obtida a partir do processo de aprendizado em conhecimento
específico, (CASTELLS, 2003 p.77).

Além do valor simbólico, a informação adquiriu um valor econômico e cultural. Quanto mais
informações o indivíduo obtiver, mais status na sociedade e um melhor posicionamento financeiro.
E, assim, o indivíduo vive em constate estado de acumulação de informações; quanto mais, melhor.
Além da pressão financeira que motiva as pessoas a buscarem informações, há o fator de aceitação
social. Ser bem informado garante o reconhecimento e o status social ao indivíduo; sendo este
um fator de inclusão. A exigência à informação, portanto, é muito grande na era contemporânea.
Entretanto, o excesso tanto na produção quanto no consumo dessas informações propicia não
apenas um acúmulo efetivo de dados, mas um sentimento de que nunca se sabe o suficiente ou, até
mesmo nunca conseguirá saber o suficiente para se sentir bem preparado.

Comumente, o indivíduo competitivo sente-se intimidado frente à diversidade de


informações existentes, e busca cada vez mais informações na tentativa de suprir suas “impotências”
podendo gerar um transtorno psíquico, já que quanto mais possui, mais quer ter. São muitos os
estudiosos que apontam os grandes problemas acarretados com o uso desenfreado da Internet, já

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que existem àqueles que se isolam da sociedade e ficam imersos por completo no mundo digital,
tornando-se pessoas cada vez mais individualizadas. “Mas o papel mais importante da Internet na
estruturação de relações sociais é sua contribuição para o novo padrão de sociabilidade baseado no
individualismo” (CASTELLS, 2003 p. 109).

Este individualismo exacerbado, comportamento comum entre os jovens de hoje, acarreta


consequências na qualidade de vida psíquica e física do indivíduo. Outra sequela do excesso de
informação é a dificuldade na tomada de decisão. A imensa quantidade de informações disponíveis
deixa o indivíduo inseguro na tomada de decisões, seja ela qual for. O mesmo sente que poderia
obter mais algumas informações para dar-lhe um embasamento melhor.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Tecnologia da Comunicação e Informação (TIC) trouxe em seu bojo diversas mudanças,


dentre elas, a mais importante foi a mudança de hábitos. Com a nova configuração das ciências
da comunicação, a informação está ao alcance de todos, de maneira mais rápida e mais ágil.
Sabe-se que a vida digital modificou completamente a rotina da sociedade atual. As práticas de
comunicação já existiam em rede antes do advento da Internet. Telefonia, correio e fax permitiam
conexões planetárias sem necessidade de aproximação física entre os sujeitos. Porém, com certas
diferenças da Internet: custo, agilidade, comodidade e rapidez. Porém, permanece inacessível a
algumas camadas da população, como é o caso de idosos, que constituem os chamados “excluídos
digitalmente”. Em contrapartida, o grupo de jovens sedentos e viciados na rede. Com o passar do
tempo, estes dois grupos se distanciam ainda mais, dividindo a sociedade em dois grandes grupos:
os incluídos e excluídos digitalmente.

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REFERÊNCIAS

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GATTI, D. C. Sociedade Informacional e an/alfabetismo digital: relações entre comunicação,


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