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COMO DESENVOLVER A

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DE UM
TRABALHO CIENTÍFICO

A fundamentação teórica serve para apresentar os conceitos centrais da pesquisa. Com um detalhe: você
vai apresentar os conceitos centrais da sua pesquisa com base no que outros autores dizem.

RESUMINDO Fundamentação Teórica ou Referencial Teórico é apresentar os conceitos centrais


do seu paper com base no que outros autores dizem e escrevem sobre o assunto. Não é o que você
pensa sobre os conceitos, mas o que autores renomados e reconhecidos pensam.

A questão é que tomar com base outros autores e o que foi escrito antes sobre os conceitos centrais do seu
trabalho é a essência de uma produção científica.

Todos os trabalhos acadêmicos e científicos têm uma estrutura básica (pré-textuais): um tema, um problema
de pesquisa, objetivos, introdução e uma fundamentação teórica.. Assim, é na sessão da fundamentação
teórica que você vai apresentar diferentes abordagens, de diferentes autores, para explicar e analisar um
conceito/conhecimento em que você baseia sua pesquisa.

Para entender melhor como realizar a fundamentação teórica você pode seguir três passos:

PASSO 1: IDENTIFIQUE O SEU CONCEITO OU CONCEITOS CENTRAIS


Identifique o seu conceito ou conceitos centrais. Como você identifica o conceito central do seu
paper? Olhando o seu tema, problema de pesquisa e objetivos.

A estrutura básica de um paper é o conjunto formado pelo tema, problema de pesquisa e objetivos
geral e específicos. E é esse conjunto que vai deixar claro para você que conceitos centrais ou
conceito central você deverá trabalhar na sua Fundamentação Teórica.

Para ficar claro e cristalino, vamos ao exemplo! Lembre-se, o importante aqui não é se o tema é igual,
semelhante ou diferente do tema do seu paper. O importante é entender a técnica e aplicar ao seu
conteúdo. Então, vamos lá. Digamos que o tema do paper é: Novas mídias e o processo de
aprendizagem.
Você sabe que o tema é apenas um ponto de partida. E não adianta nem mesmo pesquisar
referencial teórico, quanto mais tentar montar a fundamentação teórica apenas com o tema nas
mãos. Nós precisamos de mais! Nós precisamos de uma estrutura básica.

Como o foco aqui não é explicar como montar a estrutura básica, vamos partir de uma pronta:

✣ Tema: Novas mídias e o processo de aprendizagem.


✣ Problema de pesquisa: Quais os principais impactos da utilização das novas mídias no processo de
aprendizagem em contexto escolar?
✣ Objetivo Geral: Identificar os principais impactos da utilização das novas mídias no processo de
aprendizagem em contexto escolar.
✣ Objetivos específicos: Conceituar novas mídias; conceituar processo de aprendizagem; analisar os
impactos das novas mídias no processo de aprendizagem dos alunos do ensino médio.

Bons problemas de pesquisa são aqueles que relacionam variáveis ou conceitos. No caso do nosso
exemplo, quais são as variáveis ou conceitos relacionados? Isso mesmo! NOVAS MÍDIAS e
PROCESSO DE APRENDIZAGEM.

Isso porque o nosso problema de pesquisa quer saber: como as novas mídias afetam a aprendizagem
dos alunos. Portanto, nós vamos relacionar novas mídias e aprendizagem! Simples assim.

Fica óbvio, então, que os conceitos centrais são NOVAS MÍDIAS e PROCESSO DE APRENDIZAGEM.
Portanto, para identificar os seus conceitos centrais, veja quais são os itens ou variáveis que
aparecem como essência do seu problema de pesquisa ou do seu objetivo geral.

Agora RESPONDA: Adianta começar a mostrar para o leitor do seu paper como as novas mídias
influenciam a aprendizagem, se esse leitor não sabe o que são novas mídias e o que é
aprendizagem? Da mesma forma: Adianta explicar como alguns métodos didáticos promovem
inclusão escolar, se o leitor do seu trabalho não tem a mínima ideia do que é um método didático e
do que vem a ser inclusão escolar? Adianta mostrar ao leitor como o empreendedorismo sustentável
gera emprego, se ele não sabe nem o que raios é empreendedorismo? E a resposta para A
PERGUNTA é: claro que NÃO! Não adianta relacionar conceitos que o seu leitor não conhece. Então…
olha só! É para isso que a Fundamentação Teórica serve. Para explicar os assuntos centrais que
serão tratados ao longo do seu trabalho.
Mas explicar com base no que você pensa ou acha? Claro que não! Explicar com base no que outros
autores já estudaram e produziram sobre o assunto.

Agora que você já sabe como identificar o conceito ou conceitos centrais do seu paper, vamos à
montagem do conteúdo da sua Fundamentação Teórica.

PASSO 2: MONTE SEU ROTEIRO


Quer produzir um texto com segurança, tranquilidade e produtividade? Faça um ROTEIRO! E isso vale
para todos os capítulos do trabalho.

Montar um roteiro é criar uma estrutura de tópicos para o desenvolvimento do seu texto e, no caso
da Fundamentação Teórica.

Roteiro para sua Fundamentação Teórica:

✣ Histórico do conceito/conceitos centrais;


✣ Apresentação de abordagens de diferentes autores;
✣ Análise comparativa dos autores.

Vou explicar o roteiro recorrendo ao nosso exemplo: NOVAS MÍDIAS e PROCESSO DE


APRENDIZAGEM.
Exemplos de Fundamentação Teórica – roteiro padrão para os conceitos centrais NOVAS MÍDIAS e
APRENDIZAGEM:

✣ Histórico do conceito/conceitos centrais: neste tópico, a gente conta a história das Novas Mídias:
como surgiram, como se desenvolveram, como se transformaram ao longo do tempo e como
chegam ao contexto atual.
✣ Apresentação de abordagens de diferentes autores: neste tópico, a gente conceitua, ou seja,
define novas mídias, com base em citações de diferentes autores, com abordagens semelhantes,
complementares ou mesmo divergentes.
✣ Análise comparativa dos autores: neste tópico, a gente compara os diferentes conceitos e
abordagens dos autores citados no tópico anterior.
E o processo de Aprendizagem? É só seguir o mesmo roteiro:

✣ Histórico do processo de aprendizagem;


✣ Apresentação de abordagens de diferentes autores sobre o processo de aprendizagem;
✣ Análise comparativa dos autores.

Aposto que você quer ver esse roteiro aplicado. Na prática mesmo, não é?! Então, vamos lá!

PASSO 3: ESCREVA A SUA FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA COM BASE NO SEU ROTEIRO


Para mostrar como é prático montar uma fundamentação teórica com base em um bom roteiro, eu
vou produzir um texto agora, de improviso, com autores e conteúdos fictícios.

Lembre-se de que, no caso do seu paper, quando você for construir a sua Fundamentação Teórica,
você já fez a sua pesquisa de referencial teórico.

Para exemplificar, vou produzir apenas um trecho de texto e não um referencial inteiro. A ideia é
mostrar a estrutura de argumentos ordenados em uma Fundamentação Teórica.

Você só vai precisar adaptar ao seu conteúdo e, obviamente, usar um volume maior de citações e
referenciais. O recomendado é que você utiliza de 5 a 7 autores diferentes para cada conceito
central da sua Fundamentação Teórica, ok? No nosso exemplo, eu vou usar três autores.

PASSO 4: ESTRUTURA DE ARGUMENTAÇÃO SEGUINDO O ROTEIRO


✣ Histórico do conceito/conceitos centrais: neste tópico, a gente conta a história das Novas Mídias:
como surgiram, como se desenvolveram, como se transformaram ao longo do tempo e como
chegam ao contexto atual.
✣ Apresentação de abordagens de diferentes autores: neste tópico, a gente conceitua, ou seja,
define novas mídias, com base em citações de diferentes autores, com abordagens semelhantes,
complementares ou mesmo divergentes.
✣ Análise comparativa dos autores: neste tópico, a gente compara os diferentes conceitos e
abordagens dos autores citados no tópico anterior.
CONCEITOS CENTRAIS: NOVAS MÍDIAS E APRENDIZAGEM

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
As mídias tradicionais (mídia impressa, rádio e TV) já ocupam lugar significativo em nossas vidas há
várias décadas. Como ferramentas de transmissão de informação e entretenimento e, sobretudo,
como veículos de divulgação de produtos e serviços, as mídias tradicionais exercem influência direta
no comportamento dos cidadãos e consumidores. Mas, no mundo contemporâneo, estamos também
expostos a novos modelos de comunicação, marcados pelo surgimento das novas mídias.
Segundo Quintela (2016), as novas mídias são um resultado direto da associação das mídias
tradicionais à internet. Assim, elas surgem quando as tecnologias informacionais se unem aos
métodos de comunicação e se propagam a partir da força da internet como veículo de transmissão
de informações em tempo real, de geração de conteúdos e de formação de opiniões (GONÇALVES,
2015). Às opiniões de Quintela (2016) e Gonçalves (2015) associa-se a reflexão de Santos (2017),
que coloca como forças propagadoras das novas mídias a velocidade de transmissão de informações
e a possibilidade de interação entre as pessoas e os conteúdos.
“As novas gerações não querem apenas ver um comercial, querem interagir com a sua marca,
produto ou conteúdo preferido” (SANTOS, 2017, p. 232). Com base nas opiniões dos autores, é
possível entender porque as novas mídias ocupam espaço central na vida dos jovens em um mundo
pós-moderno e como representam elemento que não pode mais ser ignorado na composição dos
processos de aprendizagem humana. (Viu?! Aí está o Histórico do Conceito de Novas Mídias! O primeiro tópico do
roteiro montado para a nossa fundamentação teórica. Surgimento,
evolução e presença atual das novas mídias e, no final, eu ainda fiz um link
com o processo de aprendizagem! É claro que, em uma fundamentação
teórica completa, nós usaríamos mais texto e autores, mas a estrutura de
argumentação seria a mesma!)

Como visto anteriormente, é impossível negar a importância das novas mídias como elemento central nos
processos de comunicação e aprendizagem no contexto social pós-moderno. Mas, em termos conceituais, o
que são exatamente novas mídias? Soares (2001) conceitua as novas mídias, de forma básica, como um
termo genérico para designar qualquer mídia não tradicional, equiparando-as a um novo meio de
comunicação. (Sempre que você for mudar de um tópico do seu roteiro para outro, faça uma TRANSIÇÃO, ou seja,
ligue o conteúdo que está por vir ao que você já disse).
Para Sathler (2002), o conceito é mais profundo, e as novas mídias são os meios de comunicação que reúnem
a tecnologia (informacional e da informática) às mídias. Ou seja, uma união entre “informática e comunicação”
(SATHLER, 2002). Santos (2017) complementa os conceitos anteriores adicionando a interação entre o
público (alvo da comunicação) e os conteúdos (insumo da comunicação) em um processo acelerado de troca
de informações como característica básica das novas mídias.
Para os autores já citados, a internet é o fio condutor das novas mídias, possibilitando a troca de
informações e a interação entre públicos e conteúdos através de e-mails, redes sociais e do
marketing digital. Entretanto, para Silva (2010), é preciso destacar o caráter transitório do conceito
de novas mídias. Para este autor, a internet, por exemplo, foi, durante um período, uma nova forma
de comunicação que associava tecnologia e mídia, mas, no contexto atual, já pode ser classificada
apenas como uma mídia (e não mais nova mídia), pois já não é um veículo de informações que foge
dos meios tradicionais, mas sim uma plataforma de comunicação já arraigada aos hábitos das
pessoas e grupos sociais. (Viu?! Aí está a apresentação das abordagens de diferentes autores! O segundo tópico do
roteiro montado para a nossa fundamentação teórica. Não custa lembrar: em uma
fundamentação teórica completa, nós usaríamos mais texto e autores, mas a estrutura
de argumentação seria a mesma!)

Com base nas diferentes abordagens conceituais sobre novas mídias, é possível notar semelhanças e
diferenças nas reflexões dos autores que se debruçam sobre esse tema. (Viu
(Viuaa TRANSIÇÃ.
transição?!) A maior parte
dos autores que se dedicam a estudar as novas mídias concordam que elas são novas plataformas de
condução de informações e conteúdos que fogem das chamadas mídias tradicionais e que associam
tecnologia e comunicação. Assim, a internet e sua capacidade de geração rápida de conteúdo e de promoção
de interação entre público e mensagem, seria o maior exemplo de uma nova mídia. Incluindo os seus,
digamos, subprodutos, como as redes sociais, por exemplo.
Soares (2001), Sathler (2002) e Santos (2017) seguem essa linha de argumentação. Entretanto, não se
pode deixar de registrar que alguns autores, como Silva (2010), não percebem a internet como um modelo de
nova mídia, uma vez que ela já alcançou um patamar de representatividade tão significativo em nosso
contexto social, que não mais permite que os seus mecanismos de comunicação (email e redes sociais, por
exemplo) sejam classificados como novos meios de comunicação. (Viu?! Aí está a análise comparativa das
abordagens de diferentes autores! O terceiro
tópico do roteiro montado para a nossa
E por que não, para arrematar, já criar um link entre o conceito fundamentação teórica.)
central de novas mídias e os conceitos de aprendizagem? Veja isso:

Mesmo que se considerem as eventuais divergências de conceitos, o fato é que não é mais possível
desconsiderar as novas mídias como elementos que ocupam lugar de destaque na dinâmica de aprendizagem
de jovens e adolescentes. Assim… (e aqui teria início a estrutura de roteiro – histórico, conceitos e análise

comparativa – para o processo de aprendizagem, nosso outro conceito central!)

Acadêmico, agora que você já sabe como desenvolver a fundamentação teórica do paper, mãos a obra! Não
esqueça que os autores que foram citados devem ser referenciados de acordo com as normas da ABNT no
final do trabalho no tópico referências. Qualquer dúvida entre em contato conosco.

FONTE: Adaptado de QUINTELA, Amilton. 3 exemplos de Fundamentação Teórica para usar no seu TCC. 23 jan. 2017. Disponível em:
http://www.comomontartcc.com.br/referencial-teorico-de-tcc/3-exemplos-defundamentacao-teorica-para-usar-no-seu-tcc/.
Acesso em: 16 ago. 2022

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