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UNIDADE III

Linguística Geral

Prof. Me. Adilson Oliveira


Áreas da análise linguística

 Fonética
 Fonologia
 Morfologia
 Sintaxe
 Semântica
 Cada uma dessas áreas está relacionada a um nível de análise linguística, com seus
próprios métodos e técnicas em uma perspectiva teórica.
Fonética e fonologia

 Fonética: é o estudo dos sons da fala ou os sons possíveis de serem produzidos pelo
aparelho fonador e utilizados em algum sistema linguístico.

 Fonologia: verifica quais os sons da fala que exercem função em uma língua específica,
quais os que não exercem função específica nessa língua e quais as regras de combinação
desses sons para formarem unidades maiores.

 Sincrônico x estudo diacrônico.


Morfologia, sintaxe e semântica

 Morfologia: estudo dos menores signos linguísticos, os morfemas; e estudo de suas


regras de combinação, da formação dos vocábulos, constituindo o sistema morfológico
de uma língua.

 Sintaxe: é o estudo das regras de combinação dos elementos linguísticos na constituição


de unidades maiores como as frases.

 Semântica: é o estudo das significações, dos sentidos veiculados pela linguagem.


Níveis da estrutura da língua

 A divisão da língua em níveis está relacionada a uma visão estruturalista da linguagem:


decomposição dos enunciados produzidos pelos falantes para conhecer a estrutura
da língua.

 Cada nível da estrutura da língua é constituído por unidades menores que entram
na composição de unidades maiores.
Exemplos de níveis da estrutura da língua

 Nível 1 = “O menino estuda”

 Nível 2 = vocábulo “menino”


 (os elementos do nível 2 constituem as unidades do nível 1)

 Nível 3 = sons da língua:


 /m/, /e/, /n/, /i/, /n/, /o/
 (os elementos do nível 3 constituem as unidades do nível 2)
Níveis e regras específicas

Portanto:

 Cada nível é constituído por suas unidades próprias e possui regras específicas para formar
a unidade de nível superior.

 Cada nível é constituído de unidades do nível inferior.


A gramática da língua: duas articulações

 O conjunto de regras de combinação entre as unidades de cada um dos níveis constitui


a gramática da língua.

 As estruturas das línguas são compostas de duas articulações.


Dois planos de articulação da linguagem

Articulação é a organização da linguagem em dois planos:

 Plano dos elementos desprovidos de significado ou não significativos,


estudados pela fonética e pela fonologia.

 Plano dos elementos significativos, estudados pela morfologia e pela sintaxe.


Interatividade

Assinale a alternativa que aponte o objeto de estudo da morfologia.

a) A morfologia estuda os sons da língua.


b) A morfologia estuda a combinação de frases.
c) A morfologia estuda o sentido das palavras.
d) A morfologia estuda os elementos significativos dos vocábulos.
e) A morfologia estuda a pronúncia dos vocábulos.
Resposta

Assinale a alternativa que aponte o objeto de estudo da morfologia.

a) A morfologia estuda os sons da língua.


b) A morfologia estuda a combinação de frases.
c) A morfologia estuda o sentido das palavras.
d) A morfologia estuda os elementos significativos dos vocábulos.
e) A morfologia estuda a pronúncia dos vocábulos.
Primeira articulação da linguagem

 Signos são os sinais constituídos de significante e de significado.

 Primeira articulação: resulta da combinação de unidades mínimas dotadas de significação


ou signos mínimos.

 Cada uma das partes é significativa e pode entrar na constituição de um outro enunciado.
Nível sintático

 Os meninos jogam bola

 Os __________ Os livros são bons.

 Meninos ______ Meninos bonitos.

 Jogam _______ As meninas jogam bola.

 Bola _________ A bola é de sabão.


Nível morfológico

Continuando a segmentação:

 “O s menin o s jog am bola.”

 As menina s comem chocolates.


(o “s” entra no enunciado com o significado de plural).

 Os menin o s comem chocolates.


(o “o” entra no enunciado com o significado de masculino).
Morfemas: significante e significado

 As menores unidades significativas são os morfemas. Cada morfema é constituído


de significante e de significado.

 {menin} – significante: “menin”


significado: (criança)

 {o} – significante: “o”


significado: (masculino)

 {s} – significante: “s”


significado: (plural)
Morfemas e fonemas

Portanto:

 Os morfemas são signos.

 Os morfemas são formados pela combinação de unidades ainda menores, porém,


sem significado.

 Os fonemas são partes constituintes dos enunciados sem significado (segunda articulação).
Exemplos de fonemas

 /o/ fonema que não possui significado.

 /s/ fonema que não possui significado.

 /me/ combinação de fonemas que não possuem significado.

 /m/ fonema que não possui significado.


Análise dos diferentes níveis

 Cada um dos elementos deve ser analisado em seu próprio nível.

 “o” – se analisado no nível dos fonemas, é interpretado como uma unidade da segunda
articulação e não significativa: /o/

 “o” – se analisado no nível dos morfemas, é interpretado como unidade de primeira


articulação e é constituído de significado (marca de gênero masculino). Neste caso
é um signo linguístico: {o}
Primeira articulação e segunda articulação

Portanto, a dupla articulação é a organização da língua em dois planos:

 Primeira articulação: o domínio das formas significativas.


 Segunda articulação: o domínio das formas sem significado.

 A dupla articulação é a principal característica para distinguir a linguagem humana


da chamada “linguagem dos animais”.
Interatividade

Em relação à dupla articulação das línguas naturais:

a) A primeira articulação nem sempre ocorre.


b) A primeira articulação relaciona-se às formas significativas.
c) A segunda articulação relaciona-se às formas significativas.
d) A primeira articulação relaciona-se às formas sem significado.
e) A segunda articulação nem sempre ocorre.
Resposta

Em relação à dupla articulação das línguas naturais:

a) A primeira articulação nem sempre ocorre.


b) A primeira articulação relaciona-se às formas significativas.
c) A segunda articulação relaciona-se às formas significativas.
d) A primeira articulação relaciona-se às formas sem significado.
e) A segunda articulação nem sempre ocorre.
Karl von Frish: o pai da etologia

 Karl von Frish (1886-1982)

 Cientista austríaco que decifrou a comunicação entre as abelhas.


 Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina em 1973.
 Pai da etologia: estudo do comportamento animal.
 Estudou a “coreografia” das abelhas ao procurar alimento.
A “dança” das abelhas

 A abelha-obreira retorna à colmeia após identificar a fonte de alimentos.

 É rodeada por suas companheiras, passa o pólen para as demais pelas antenas e executa
uma dança.

 As abelhas dirigem-se ao local do alimento sem erro sobre sua localização.

 Na volta, essas últimas abelhas executam novamente a dança e outras abelhas partem.
Descrição da “coreografia” das abelhas

Coreografia
 Círculos horizontais da direita para a esquerda e vice-versa, ou em forma de oito.
 Se o alimento estiver a menos de cem metros, a abelha executa uma dança circular;
se o alimento estiver mais distante, a dança é em forma de oito.
 A abelha segue em linha reta.
 Faz um giro para a direita.
 Uma volta completa à esquerda.
 Corre em linha reta.
Distância e quantidade de giros

 Quanto maior a distância, menos giros faz.

 Cem metros: a abelha percorre nove ou dez vezes, em 15 segundos, a linha reta que faz
parte da dança.

 Quanto maior a distância, menos giros faz a abelha – 500 metros = 6 giros em 15 segundos.

 A direção é dada pela direção da linha reta em relação à posição do sol.


Capacidade de comunicação das abelhas

As abelhas:

 São capazes de produzir e de compreender uma mensagem que transmite inúmeros dados:
posição e distância.
 São capazes de utilizar símbolos, por meio dos quais transmitem as várias informações.
Esses símbolos são arquivados na memória.
 A relação entre o passo da dança e o que significa é convencional (cada membro da
comunidade emprega a mesma simbologia).
Comparação entre as abelhas e os homens: aparelho vocal e diálogos

 As abelhas não têm aparelho vocal.

 Nos homens, o uso do aparelho vocal possibilita a transmissão da linguagem, mesmo


que os interlocutores não sejam visíveis um ao outro.

 A mensagem não provoca uma resposta, apenas uma certa conduta (não há diálogo
no sentido convencional).

 Humana: há construção de diálogos, com a interferência de um na linguagem do outro.


Comparação entre as abelhas e os homens: transmissão de mensagens

 A mensagem não pode ser reproduzida por outra abelha que não tenha visto os fatos que
a primeira anunciou. A abelha não constrói uma mensagem a partir de outra mensagem.

 Não há necessidade de passar pela mesma experiência; pode haver a (re)transmissão da


mesma mensagem indefinidamente.
Comparação entre as abelhas e os homens: limites e segmentação da
mensagem
 O conteúdo da mensagem é limitado: refere-se à direção e à distância em relação
a uma fonte de alimento.
 O conteúdo da mensagem é infinito.

 Importante: a mensagem produzida pelas abelhas não pode ser decomposta


em elementos menores.
 Importante: a mensagem pode ser decomposta em suas partes constituintes.

 As possibilidades de combinações dos elementos são indefinidas, permitindo a variedade


da linguagem humana, a criatividade do falante.
Comunicação das abelhas: código de sinais

Portanto

 A comunicação das abelhas não é uma linguagem, é um código de sinais, como se pode
observar pelas suas características: conteúdo fixo, mensagem invariável, relação a uma só
situação, transmissão unilateral e enunciado que não se pode decompor (PETTER, 2002).
Interatividade

Assinale a alternativa incorreta a respeito da comunicação das abelhas.

a) As abelhas não fazem uso de um aparelho vocal.


b) A “linguagem” das abelhas não constrói um diálogo.
c) As abelhas não elaboram uma mensagem a partir de outra.
d) A “linguagem” das abelhas pode ser decomposta para construir outras mensagens.
e) As abelhas possuem um código de sinais.
Resposta

Assinale a alternativa incorreta a respeito da comunicação das abelhas.

a) As abelhas não fazem uso de um aparelho vocal.


b) A “linguagem” das abelhas não constrói um diálogo.
c) As abelhas não elaboram uma mensagem a partir de outra.
d) A “linguagem” das abelhas pode ser decomposta para construir outras mensagens.
e) As abelhas possuem um código de sinais.
Fonética e fonologia: objetivos diferentes no estudo dos sons da fala

Recordando

 Fonética: descreve os sons da fala possíveis de serem produzidos pelo aparelho fonador
e usados em uma língua natural. É uma ciência descritiva.

 Fonologia: interpreta e explica o valor que os sons da fala adquirem em cada sistema
fonológico particular de cada língua. É uma ciência explicativa e interpretativa.
Interdependência: fonética e fonologia

 Cada uma tem seus próprios métodos e técnicas de análise e está em busca
de resultados diferentes.

 São interdependentes: a fonética depende da fonologia para entender a realidade sonora da


língua, ou seja, para entender como os sons da fala funcionam nos sistemas linguísticos.

 A fonologia depende da fonética para atuar sobre dados reais de fala.


Fonética acústica e fonética auditiva

 Fonética acústica: estuda a estrutura física dos sons da fala. Ela classifica os sons segundo
a frequência, a amplitude e o tempo de propagação das ondas sonoras.

 Fonética auditiva: descreve a maneira como os sons da fala são percebidos pelo sistema
auditivo humano, em termos de altura, intensidade e duração.
Fonética articulatória

 Fonética articulatória: preocupada em descrever os movimentos dos órgãos do aparelho


fonador para a produção dos vários sons da fala.

 Dependendo do movimento executado pelo aparelho fonador, o som terá uma qualidade
acústica específica que implicará na percepção de um som particular.
Produção da fala: processos neurolinguístico e neuromuscular

 Esquema da produção da fala de acordo com Cagliari.

1. Processo neurolinguístico: obedecendo às regras naturais da língua, o falante programa


sua mensagem.

2. Processo neuromuscular: mensagens são enviadas do cérebro para provocar movimentos


musculares necessários à formação dos sons da fala.
Produção da fala: processos aerodinâmico e fonatório

3. Processo aerodinâmico: modifica-se o sistema respiratório: a inspiração fica mais rápida e


a expiração fica mais lenta.

4. Processo fonatório: o ar passa pela glote e encontra as pregas vocais abertas.


 Se as pregas vocais vibrarem, o som é vozeado (sonoro).
 Se as pregas vocais não vibrarem, o som é desvozeado (surdo).
Produção da fala: processo oronasal

5. Processo oronasal: origina os sons orais, nasais ou nasalizados.


 Som oral: [a] – o ar sai pela cavidade bucal.
 Som nasal: [m] – o som sai pela cavidade nasal.
 Som nasalizado: [ã] – o ar sai pelas cavidades bucal e nasal.
Produção da fala: processos articulatório, acústico e auditivo

6. Processo articulatório: relaciona-se aos impedimentos encontrados pelos sons na cavidade


oral quanto ao modo de articulação e quanto à zona de articulação.

7. Processo acústico: transmissão das ondas sonoras através do ar até o ouvinte.

8. Processo auditivo: vibrações no ouvido que são transmitidas para o cérebro, onde ocorre
a compreensão da mensagem pelo ouvinte.
Sons consonantais

 Sons consonantais são os produzidos com algum impedimento à passagem de ar.

 Podem ser classificados quanto ao modo de articulação (maneira de modificar a corrente


de ar) e zona de articulação (lugar onde a corrente de ar é modificada).
Exemplos de sons consonantais

Modo de articulação
 Oclusiva – é o som produzido com impedimento total à passagem de ar: Para / Bola
 Fricativa – é o som produzido com ruído de fricção: Faro / sapo

Zona de articulação
 Bilabial – os lábios impedem a passagem do ar: Pato / Mato
 Alveolar – o ar é impedido pela língua em direção aos alvéolos: Dado / tatu
Sons vocálicos

 São os produzidos com passagem livre da corrente de ar pela cavidade bucal.

 Podem ser classificados de acordo com a abertura da cavidade oral e posição


da língua. Exemplos:

Abertura da cavidade oral Posição da língua


 Vogal fechada: uva  Central: caso
 Vogal aberta: caso  Posterior: uva
Interatividade

Assinale a alternativa correta em relação à produção dos sons na fala.

a) Os sons vocálicos encontram obstáculos à passagem de ar.


b) Os sons consonantais não encontram obstáculos à passagem de ar.
c) Os sons da fala só podem ser classificados quanto ao modo de articulação.
d) O grau de abertura da cavidade oral relaciona-se aos sons consonantais.
e) Existem vogais abertas e fechadas.
Resposta

Assinale a alternativa correta em relação à produção dos sons na fala.

a) Os sons vocálicos encontram obstáculos à passagem de ar.


b) Os sons consonantais não encontram obstáculos à passagem de ar.
c) Os sons da fala só podem ser classificados quanto ao modo de articulação.
d) O grau de abertura da cavidade oral relaciona-se aos sons consonantais.
e) Existem vogais abertas e fechadas.
ATÉ A PRÓXIMA!

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