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O PORTUGUÊS BRASILEIRO E SUAS CARACTERÍSTICAS

Por meio do exposto neste capítulo, explorou-se as diversas fases do


português brasileiro, indicando suas principais características, de modo a
entender como se deu o percurso histórico do português em território nacional.
O português é falado em grande área, inclusive no Brasil. Sendo que, foi
o processo de expansão territorial português que levou a língua a quatro
continentes. Onde essa língua chegou, o idioma sofreu com as influências locais.
No Brasil, por exemplo, há palavras em português que são de origem indígena
ou negra. Além da grande pluralidade cultural existente em todo o nosso país,
onde, cada região possui seus dialetos próprios.
O português do Brasil vai, com o tempo, apresentar um conjunto de
características não encontráveis, em geral, no português de Portugal, da mesma
maneira que o português, em diversas outras regiões do mundo, terá
características também específicas, em virtude das condições novas em que a
língua passou a funcionar.
Por meio do presente estudo, compreende-se que o primeiro registro
histórico de diversas vozes indígenas que até hoje são usadas no português
brasileiro, como biju, cipó, guará, paca, pajé, tatu, mandioca, tucano, caju,
canindé, jacaré, aipim, arara, jaguar, entre muitas outras já existiam antes
mesmo da colonização, bem como seus povos falantes.
A etapa correspondente ao português na fase inicial (1500- 1550) refere-
se apenas ao léxico da língua, que se enriqueceu de muitas palavras indígenas
nesse período.
Já a fase formativa compreende entre os anos de 1550 a 1700, nesta fase
é possível conjeturar diferenças entre as duas variedades de português que vão
além de empréstimos vocabulares e têm a ver, principalmente, com a estrutura
fonético-fonológica do português falado no Brasil. É interessante lembrar que a
diferença entre esses tempos gramaticais é marcada no português brasileiro
coloquial, principalmente no chamado “dialeto caipira”, através da oposição
“pescamos” (presente) vs. “pesquemos” (pretérito perfeito).
É relevante destacar que os jesuítas chegaram ao Brasil em 1549,
fundando as primeiras missões para ensinar catequese aos povos indígenas.
Todos os indícios levam a crer que essa educação religiosa era feita por meio
de uma das línguas gerais brasileiras; como veremos abaixo, foi apenas a partir
das primeiras décadas do século XVIII que o governo português publicou
medidas efetivas para a promoção do português no Brasil.
Outra fase é a diferenciadora que vai de 1700 a 1800, neste período,
encontramos diversos documentos que assinalam as diferenças que há entre o
português brasileiro e o europeu. Como exemplo, podemos citar a peça de teatro
O periquito do ar, de Rodrigues Maia, escrita por volta de 1800 (cf. NOLL, 2008).
Uma dos personagens dessa farsa é um brasileiro, estereotipicamente
caracterizado por sua fala e procedência: seu nome é Dom Periquito das Alturas
do Serro do Frio, em Minas Gerais, local em que foram encontrados os primeiros
diamantes, em 1729.
Quase todas as características documentadas durante os séculos XVIII e
XIX são ainda atestadas em maior ou menor grau no Brasil, principalmente na
fala coloquial. Também neste período, encontramos alguns movimentos políticos
efetivos partindo de Portugal para a promoção da língua portuguesa.
O penúltimo período da história do português brasileiro, corresponde à
fase de desenvolvimento da escrita e do ensino compreende entre os anos de
1800 a 1950.
Por volta do início do século, a pronúncia portuguesa chiante era criticada
no Brasil e vista com maus olhos, não existia nenhuma outra característica do
português europeu que tenha passado ao português brasileiro com a vinda da
corte, e seria no mínimo surpreende que apenas a pronúncia chiante tenha tido
esse privilégio, o encontro –sc– é realizado como [ʃs] em Portugal, mas não no
Brasil, onde ele é realizado como [s], além de encontrar-se uma mesma
pronúncia chiante em Belém do Pará sem a presença de portugueses. A
hipótese então avançada por Noll é a de que a pronúncia chiante no Brasil e em
Portugal se desenvolveu de modo independente.
De 1808 em diante o Brasil passou a contar com a impressa, com políticas
educacionais e com uma urbanização cada vez mais intensificada. Com a
imprensa escrita, foi possível pela primeira vez fixar normas estilísticas
exclusivamente brasileiras, sem as amarras da “sintaxe lusa”. As políticas
educacionais tiveram um reflexo imediato no número de analfabetos, que cai a
partir de então. E a urbanização, juntamente com tudo o mais que ela traz, como
veremos na sequência, foi um fator decisivo para a uniformização e o
nivelamento do português brasileiro em nosso vasto território
Desta fase, há uma quantidade bastante grande de textos que chegaram
até os dias de hoje. Exemplos interessantes podem ser encontrados no livro E
os preços eram com modos, organizado por Guedes e Berlinck (2000), que traz
anúncios de jornais de todas as regiões do Brasil publicados durante o século
XIX.
A fase de nivelamento, que corresponde aos anos de 1950 em diante foi
a última fase de desenvolvimento da língua portuguesa no Brasil. De 1900 em
diante o Brasil conheceu uma urbanização impressionante. Para efeitos de
“nivelamento”, os meios de comunicação desempenharam um papel
fundamental, não apenas a imprensa escrita, mas também o rádio e a televisão;
afinal, um mesmo canal poderia ser ouvido no Brasil inteiro, transmitindo para
qualquer lugar as características linguísticas da região de origem.
Podemos ainda citar como características linguísticas mais recentes do
português brasileiro as seguintes, o amplo uso de objeto nulo, o uso quase
exclusivo da ordem sujeito-verbo, a prevalecimento das orações relativas
“cortadoras” e “copiadoras” frente à forma padrão, como abaixo

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